A luta dos universitários indígenas para não desistir das aulasjogar pela internet caixaensino remoto nas aldeias durante a pandemia:jogar pela internet caixa

  • Vinícius Lemos - @oviniciuslemos
  • Da BBC News Brasiljogar pela internet caixaSão Paulo
Montagem com fotosjogar pela internet caixaDionísio e Geizy,jogar pela internet caixaPenha ejogar pela internet caixaErtiel

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto,

Dionísio Crixi (ao fundo está Geizy, funcionária da faculdadejogar pela internet caixaque ele estuda), Maria da Penha e Ertiel: alunos do ensino superior tiveramjogar pela internet caixaestudarjogar pela internet caixasuas aldeias durante a pandemia

jogar pela internet caixa Logo que o ensino remoto teve iníciojogar pela internet caixameio à pandemiajogar pela internet caixacovid-19, no ano passado, a universitária Maria da Penha,jogar pela internet caixa25 anos, passou a enfrentar diversos problemas para continuar no cursojogar pela internet caixaserviço social da Universidadejogar pela internet caixaBrasília (UnB).

A estudante indígena, que faz parte do povo Atikum, moravajogar pela internet caixaBrasília desde que ingressou no ensino superiorjogar pela internet caixa2019. No início da pandemia,jogar pela internet caixamarço passado, a jovem precisou deixar a capital federal e retornar para ajogar pela internet caixaaldeia no municípiojogar pela internet caixaCarnaubeira da Penha, no sertãojogar pela internet caixaPernambuco.

Em agostojogar pela internet caixa2020, quando as aulas remotas da UnB começaram, surgiram também as dificuldades, como a faltajogar pela internet caixaum computador e uma conexãojogar pela internet caixainternet precária. "Já fiquei dias sem conseguir assistir a uma aula", diz Penha à BBC News Brasil. Os problemasjogar pela internet caixaconexão, que costumam afetar até mesmo estudantes que moram nos centros urbanos, são ainda maiores para quem morajogar pela internet caixaáreas rurais ou terras indígenas.

Em meio às dificuldades, a universitária também convive com o temor da covid-19, que tem afetado duramente os povos indígenas do país. "Dois tios idosos faleceram por causa do coronavírus. Isso mexe muito com o nosso psicológico. Já passei alguns dias bem nervosa e preocupada", conta ela, que chegou a considerar a possibilidadejogar pela internet caixatrancar o curso.

Problemas como os enfrentados por Penha têm sido vivenciados por outros milharesjogar pela internet caixauniversitários indígenas no país. O estudo a distância improvisadojogar pela internet caixameio à pandemia encontra problemas como a faltajogar pela internet caixaaparelhos eletrônicos, internet ruim, faltajogar pela internet caixaapoio pedagógico e ausênciajogar pela internet caixalocal adequado para os alunos estudarem.

Especialistas consideram que a inclusãojogar pela internet caixaindígenas no ensino remoto tem sido extremamente precária. E a situação deve se estender por mais tempo, porque muitas instituiçõesjogar pela internet caixaensino vivem um períodojogar pela internet caixaincertezajogar pela internet caixarelação ao retorno das aulas presenciais,jogar pela internet caixarazão da piora do cenário da pandemia no Brasil nos últimos meses.

'Um período estressante'

Penha posa para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto,

Penha admite que pensoujogar pela internet caixatrancar o cursojogar pela internet caixaserviço social por conta das dificuldades trazidas pela pandemia

"Tem sido um período complicado e muito estressante", desabafa Penha sobre o ensino remoto. Ela afirma que não abandonou as aulas durante a pandemia porque acredita que é fundamental ter um curso superior para ter uma profissão. "Tenho que continuar (estudando)", diz.

Pule Podcast e continue lendo
BBC Lê

Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.

Episódios

Fim do Podcast

A internet na aldeia dela funciona por meiojogar pela internet caixasatélite. "É bem fraca", diz a jovem. Em muitos momentos, não há conexão. "Já perdi muitas aulas por causa da internet. Cheguei a perder provas por causa disso", comenta.

No início das aulas virtuais, ela não tinha computador. Por meiojogar pela internet caixaum editaljogar pela internet caixainclusão digital da UnB no ano passado, destinado a alunosjogar pela internet caixabaixa renda, ela conseguiu R$ 1,5 mil. "Tive que me virar com meus pais para complementar mais R$ 1 mil e comprar um notebook, porque esse valor (do edital) não era suficiente", relata.

O aparelho logo se tornou um outro problema. Ela relata que cercajogar pela internet caixa25 dias após a compra, o notebook começou a desligar várias vezes. "Ele começou a apagarjogar pela internet caixarepente. Muitas vezes tive que assistir aulas pelo celular, que não é lá essas coisas, porque tem pouca memória", relata.

Quando não consegue assistir a uma aula, por problemas no notebook ou na internet, ela manda mensagens aos professores logo que consegue se reconectar. "Eu avisei que estou na aldeia e expliquei as dificuldades com o notebook e com a internet", relata. "Os professores entenderam a minha situação, me disseram para ficar tranquila", diz Penha.

Ela relata que concluiu três disciplinas do seu segundo semestre no curso, entre agosto e dezembrojogar pela internet caixa2020. "Tive que trancar duas disciplinas. Não consegui terminar as cinco do semestre porque era muita coisa. As dificuldades com o computador e com a internet tornaram tudo mais complicado", lamenta.

Na semana passada, Penha iniciou um novo semestre. Segundo ela, as dificuldades continuam. "Mandei o meu notebook para o conserto (durante as fériasjogar pela internet caixajaneiro), mas ainda tá complicado porque ele voltou muito lento", diz.

Na mesma aldeia dela há outros universitários que enfrentam dificuldades semelhantes. Entre eles está o primojogar pela internet caixaPenha, Leonel Alcides,jogar pela internet caixa30 anos, que cursa ciências biológicas na UnB.

Ele também comprou um computador com o editaljogar pela internet caixaR$ 1,5 mil da UnB — e, assim como a prima, relata que precisoujogar pela internet caixamais R$ 1 mil para adquirir o aparelho. "A situação está difícil. Nem mesinha tenho para acompanhar as aulas. Coloco as coisas na cadeira para conseguir estudar", relata.

O estudante comenta que o númerojogar pela internet caixadisciplinas que cursou no primeiro semestrejogar pela internet caixaensino remoto representou menos da metade das que ele fazia quando o curso era presencial. "Foi muito puxado e fiquei muito perdido. Não consegui acompanhar tudo nesse primeiro período (online)", diz ele, que está no quinto período do curso.

Em meio aos problemasjogar pela internet caixaconexão, Leonel relata que também sente dificuldades para aprender os conteúdos. "Nas aulas remotas, ficamos sem saber o que aprender. Presencialmente a gente aprende mais", relata. Ele afirma que sente falta do apoio dos professoresjogar pela internet caixasalajogar pela internet caixaaula e da companhiajogar pela internet caixaoutros indígenas que também são universitários, por meiojogar pela internet caixacoletivos criados por eles.

Materiais entregues com a ajudajogar pela internet caixabarco

Geizy faz uma selfie enquanto está no barco

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto,

Geizy Carla Ribeiro usa um barco para levar materiais aos universitários indígenas do interior do Pará

Pelo país, as instituiçõesjogar pela internet caixaensino criaram diferentes alternativas para tentar incluir os estudantes indígenas na educação remota. Nem todos os casos se restringem ao estudo online.

Mesmo se definindo como pioneira no métodojogar pela internet caixaensino a distância no país, a Faculdade Fael também precisou rever o acesso dos estudantes indígenas às disciplinas no atual período.

Na cidadejogar pela internet caixaJacareacanga, no Pará, por exemplo, muitos indígenas iam ao polo da Fael para acompanhar alguns conteúdos das aulas ou pegar materiais para estudar. Com a pandemia, porém, muitas aldeias passaram a impedir que os moradores deixassem o local para evitar o riscojogar pela internet caixacontágio; Em razão disso, a Fael distribuiu kits com material universitário aos estudantes. Segundo a empresa, o objetivo é fazer com que os alunos não interrompam os estudos por causa da pandemia.

Uma das responsáveis por auxiliar os estudantes nas aldeias da região é Geizy Ribeiro, que trabalha na assistência acadêmica da faculdade. Em uma embarcação, ela leva os materiais necessários para os alunos, como livros, exercícios e avaliações. Muitos alunos indígenas da Fael têm estudado somente por meio das apostilas entregues pela faculdade.

"São poucos alunos da região que têm acesso à internet, nem todos têm computador. Os que têm apenas celular preferem fazer no computador, porque acham melhor, por isso vinham até o laboratório da faculdade. Muitos não conseguiram vir nos últimos meses, por causa da pandemia", diz Geizy à BBC News Brasil.

De acordo com Geizy, na faculdade há cercajogar pela internet caixa200 estudantes do povo munduruku, que tem uma populaçãojogar pela internet caixaaproximadamente 14 mil pessoas na região.

Os estudantes, segundo ela, pagam a mensalidade do curso com dinheiro do benefício do Bolsa Família ou do próprio salário, principalmente aqueles que são servidores públicos. Durante a pandemia, cercajogar pela internet caixa20 alunos tiveramjogar pela internet caixatrancar seus cursos por faltajogar pela internet caixacondições financeiras.

Para aqueles que continuam estudando, Geizy se tornou o principal apoio na região. Ela, que conhece o idioma munduruku por ter sido professorajogar pela internet caixaaldeiasjogar pela internet caixaJacareacanga, é a responsável por orientar os alunos da faculdade. "Eu uso um rádio amador para me comunicar com os estudantes que estão nas aldeias", conta.

Um dos alunos da Fael na regiãojogar pela internet caixaJacareacanga é o indígena Dionísio Crixi,jogar pela internet caixa54 anos, do povo munduruku. Antes do avanço do novo coronavírus, ele costumava ir com frequência à cidade para usar o laboratório da faculdade. Por meiojogar pela internet caixaum barco, levava cercajogar pela internet caixauma hora até chegar ao polo mais próximo da áreajogar pela internet caixaque mora. Porém, desde março passado tem evitado sair da aldeia.

Dionísio comenta quejogar pela internet caixajulho passado perdeu o irmão, que teve covid-19. Muitos outros parentes seus também foram infectados pelo novo coronavírus. "Tem sido um período bem difícil. Até a entradajogar pela internet caixaassistência na aldeia foi proibida para não prejudicar ninguém. Estamos isolados", relata ele, que trabalha na aldeia como professor da língua materna do povo munduruku.

Dionísio cursa pedagogia. Ele afirma que, apesar das dificuldades, não pensoujogar pela internet caixadesistir da faculdade.

"Quero estudar mais porque não quero ficar para trás, quero avançar e ter mais conhecimento até onde der", diz. Ele comenta que também quer aprender, cada vez mais, a ler e escreverjogar pela internet caixaportuguês para que possa ensinar os indígenas. "Primeiro, a gente estuda a nossa língua e depois faz a tradução para o português", diz Dionísio, que deve se formar neste ano.

Desistências

Ertiel posa para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto,

Ertiel Amarilia,jogar pela internet caixa20 anos, desistiu do cursojogar pela internet caixahistória. Ele afirma que as dificuldades do ensino remoto o desestimularam

Muitos universitários indígenas acabaram trancando o curso por causa das dificuldades do ensino remoto na pandemia.

Ertiel Amarilia, do povo Guarani Kaiowá, cursou somente um mêsjogar pela internet caixahistória no iníciojogar pela internet caixa2020 na Universidade Estadualjogar pela internet caixaMato Grosso do Sul (UEMS). O jovemjogar pela internet caixa20 anos, que morajogar pela internet caixauma aldeia no municípiojogar pela internet caixaAmambaí, no interior do Mato Grosso do Sul, decidiu trancar o curso logo no começo do ensino remoto.

"Foi muito difícil fazer as atividades sozinho (no ensino remoto)", diz. Os estudantes indígenas da UEMS recebem apostilas com os conteúdos das aulas para que possam estudar. As avaliações são feitas por meio dos exercícios nas apostilas. O método foi escolhido porque muitos universitários da região não possuem nenhum acesso à internet.

"O mais difícil era não poder tirar as dúvidas na hora, como nas aulas presenciais. Como eu era iniciante (no curso), não fazia a mínima ideiajogar pela internet caixacomo fazer as atividades sem ter um professor por perto", comenta o jovem. Ele relata que ficou ainda mais desestimulado porque não tinha internetjogar pela internet caixacasa e não conseguia fazer pesquisas para se aprofundar nos assuntos abordados.

Sem estudar, o jovem viajou no mês passado para o interior do Rio Grande do Sul para trabalhar na colheitajogar pela internet caixamaçã para uma empresa. "Na regiãojogar pela internet caixaque moro é difícil achar emprego. A situação piorou na pandemia e agora preciso trabalhar", relata. Ele deve retornar para ajogar pela internet caixaaldeiajogar pela internet caixamarço. "A universidade era uma esperança para mim", diz o jovem, que não sabe se irá retomar o cursojogar pela internet caixaalgum momento.

Desde o início da pandemia, Kâhu Pataxó, que coordena ações nacionaisjogar pela internet caixaestudantes indígenas, acompanhou diversos relatosjogar pela internet caixauniversitários que abandonaram seus cursos. "Não é uma situação nada fácil. Há muitos casosjogar pela internet caixaindígenas que precisam se deslocar para outras comunidades para tentar acessar a internet para estudar. Outros precisam ir para a cidadejogar pela internet caixabuscajogar pela internet caixasinaljogar pela internet caixatelefone para ter acesso aos conteúdos", diz Pataxó, que lidera o Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).

"Há, por exemplo, casosjogar pela internet caixauniversitários que tinham que se deslocar por três dias da aldeia à cidade para conseguir internet. Por causa dessa dificuldade, não conseguiram continuar estudando", comenta Pataxó.

Ele relata que acompanhou diversos casosjogar pela internet caixauniversitários indígenas que somente irão retornar ao curso superior quando a situação da pandemia melhorar e as aulas presenciais forem retomadas.

Em 2018, o Brasil tinha cercajogar pela internet caixa57 mil indígenas matriculados na educação superior, segundo o Censo da Educação Superior do Instituto Nacionaljogar pela internet caixaEstudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). É o levantamento mais recente sobre o tema. Esse número corresponde a cercajogar pela internet caixa0,7% do totaljogar pela internet caixaestudantes do ensino superior no Brasil.

Não há, ao menos por enquanto, dados sobre o impacto que o ensino remoto durante a pandemia causou na inclusão dos indígenas na educação superior.

A antropóloga Mônica Nogueira avalia que o atual momento é o período mais difícil desde o início dos anos 2000, quando começaram as políticas públicasjogar pela internet caixaacesso dos indígenas ao ensino superior — por meiojogar pela internet caixaações como o vestibular indígena e as cotas.

"Testemunhei desistência entre indígenas nesse períodojogar pela internet caixapandemia. Não que não queiram estudar ou não tenham se empenhado, mas é porque realmente estamos vivendo condições muito adversas", lamenta Nogueira.

A antropóloga afirma que a atual situação se torna ainda mais preocupante porque as dificuldades dos indígenas no ensino superior já haviam aumentado nos anos anteriores à pandemia.

"Aumentaram as oportunidadesjogar pela internet caixaingresso, mas as condições para permanência (nas universidades) se tornaram mais difíceis nos últimos anos", diz Nogueira.

"Muitas universidades aderiram à modalidadejogar pela internet caixavestibular indígena e investiramjogar pela internet caixaprocessos preparatórios para os indígenas se candidatarem aos cursosjogar pela internet caixagraduação e pós-graduação. Mas as unidadesjogar pela internet caixaensino têm perdido orçamento ano a ano. Então, mais indígenas ingressam nas universidades, mas os recursos para a permanência estão diminuindo", acrescenta a antropóloga, que é coordenadora do Mestradojogar pela internet caixaSustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT) da UnB.

Apoio aos estudantes

Dionísio posa para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto,

Dionísio,jogar pela internet caixa54 anos, cursa pedagogia. Ele costumava ir várias vezes ao laboratório da faculdade para acessar a internet (como na foto), mas durante a pandemia tevejogar pela internet caixasuspender essas visitas

As dificuldades do ensino durante a pandemia evidenciam as falhas da inclusão dos universitários mais vulneráveis, como indígenas e quilombolas, aponta o professor Gersem José dos Santos, membro da coordenação do Fórum Nacionaljogar pela internet caixaEducação Escolar Indígena (FNEEI).

"Nós, indígenas, sabemos que a tecnologia não é um agente salvacionista, mas é muito importante. Os povos indígenas não são contra o uso das tecnologias, principalmente quando servem para atender direitos, como o acesso à Educação", declara Santos, que é professor da Faculdadejogar pela internet caixaEducação da Universidade Federal do Amazonas.

"Ninguém é contra o ensino remoto. Ele pode ser uma saída, principalmente no atual período. Mas é preciso criar a base para isso. É preciso ter uma infraestrutura que passa pelo acesso a equipamentosjogar pela internet caixaqualidade e inclusão digital", acrescenta Santos.

Coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Afer Jurum afirma que o acesso dos indígenas à internet nunca foi uma preocupação do poder público. "Os governos anteriores lançaram planos nacionaisjogar pela internet caixabanda larga, mas não contemplaram os indígenas. Hoje, o reflexo disso está nos problemas que os estudantes indígenas têm para acessar a plataforma digitaljogar pela internet caixaensino remoto", declara.

"O desenvolvimento do ensino requer internet hojejogar pela internet caixadia, mas isso se torna difícil com os problemasjogar pela internet caixaconexão nas aldeias. Quando há internet nas aldeias, éjogar pela internet caixabaixa qualidade. Sem dúvida isso está prejudicando o ensino remoto e causando um dano irreparável aos estudantes.", afirma Jurum à BBC News Brasil.

O Ministério da Educação (MEC) afirma que contratou 400 mil chipsjogar pela internet caixainternet banda larga para estudantesjogar pela internet caixasituaçãojogar pela internet caixavulnerabilidade, entre eles os indígenas. "Os chips oferecem internet 4G pré-paga, as universidades e institutos federais informam quantos chips precisam e distribuem aos estudantes", informa a pasta,jogar pela internet caixanota à BBC News Brasil.

Mas a medida do MEC é criticada por ativistas das causas indígenas. Isso porque apontam que muitos universitários não conseguiram ter acesso a um chip, pois o procedimento para obter o item foi feitojogar pela internet caixamodo virtual. Outra dificuldade relacionada a essa ação, segundo especialistas, é que muitas aldeias estãojogar pela internet caixaáreas sem nenhum tipojogar pela internet caixasinaljogar pela internet caixainternet e os estudantes teriamjogar pela internet caixase deslocar para outros locais para conseguir conexão.

"O mais adequado seria o MEC colocar internet via satélite nas escolas indígenas, para atender duas demandas: as próprias escolas que necessitam da internet para dar uma melhor assistência aos alunos e os universitários indígenas", opina Kâhu Pataxó.

O MEC não informou se fará novas ações para auxiliar os indígenas ou outras populações mais vulneráveis durante o períodojogar pela internet caixaensino remoto.

A pasta afirma ainda que manteve, desde o início da pandemia, o repasse dos valores da Assistência Estudantil, recurso destinado a alunos mais vulneráveisjogar pela internet caixainstituições públicas, como os indígenas. Por meio da verba, cada instituiçãojogar pela internet caixaensino avalia como executará os recursos,jogar pela internet caixaações como moradia estudantil, alimentação, transporte, inclusão digital ou cultural e apoio pedagógico.

A Assistência Estudantil é considerada fundamental para manter os estudantes indígenas nas universidades públicas. É por meio desses recursos que muitos conseguem pagar a internet e até comprar alimentos. Mas o recurso deve sofrer cortes neste ano.

De acordo com o Fórum Nacionaljogar pela internet caixaPró-reitoresjogar pela internet caixaAssuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), a previsão, conforme o Projetojogar pela internet caixaLei Orçamentária Anual, éjogar pela internet caixaque o Plano Nacionaljogar pela internet caixaAssistência Estudantil (Pnaes) sofra cortejogar pela internet caixa17,5% a 21% nas instituições federaisjogar pela internet caixaensino superior — os cortes variam conforme a verbajogar pela internet caixacada lugar.

"A previsão para este ano éjogar pela internet caixaque o Pnaes tenha um cortejogar pela internet caixarecursos superior a R$ 200 milhões. Essa redução representa menos estudantes atendidos e menos bolsas estudantis", diz a coordenadora nacional do Fonaprace, Maísa Miralva da Silva.

A BBC News Brasil questionou o MEC sobre os impactos que os cortes na verba repassada à Educação podem causar na Assistência Estudantil. A pasta não respondeu até a conclusão desta reportagem.

Problemas históricos e a pandemia

Leonel mexejogar pela internet caixanotebook enquanto acompanha aula online. Ele está sentado na cama e com um fonejogar pela internet caixaouvido.

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto,

Leonel Alcides,jogar pela internet caixa30 anos, relata dificuldades até mesmo para ter um local confortável para estudar. Além disso, o estudante comenta que sofre com as dificuldadesjogar pela internet caixaconexão á internet emjogar pela internet caixaaldeia

As dificuldades enfrentadas pelos universitários indígenas no atual período não se restringem às questões diretamente relacionadas ao ensino superior.

O cenário da pandemia, com uma vacinação lenta pelo país e o aumentojogar pela internet caixacasosjogar pela internet caixacovid-19 nos últimos meses, preocupa. A situação, dizem especialistas, atinge diversos universitários indígenas que tentam se dedicar ao ensino remoto enquanto convivem com o temor constantejogar pela internet caixaque o novo coronavírus afete duramente seu povo.

Até sexta-feira (19/02) já haviam sido registrados 43,1 mil casosjogar pela internet caixacoronavírus entre indígenas, sendo 571 mortesjogar pela internet caixatodo o país, segundo a Secretaria Especialjogar pela internet caixaSaúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.

Mas conforme a Apib, também até sexta, foram registrados 48,9 mil casosjogar pela internet caixacovid-19 entre indígenas no país e 969 morreram. A diferença entre os dados ocorre porque a Sesai não contabiliza casosjogar pela internet caixaindígenas que não moramjogar pela internet caixaaldeias ou que vivemjogar pela internet caixacontexto urbano.

"Essas dificuldades do atual período vêmjogar pela internet caixatodas as dimensões possíveis, não é apenasjogar pela internet caixarelação ao acesso às aulas. Existe também o contexto psicológico, porque muitos indígenas enfrentam mortes por conta da covid-19", aponta Gersem dos Santos.

Outro problema são as disputas territoriais. "A pandemia trouxe questões como a vulnerabilidade dos indígenas. A faltajogar pela internet caixademarcaçãojogar pela internet caixaterras é um problema muito grande. Faltam políticas públicas sobre o nosso território. Os agentes que cometem invasõesjogar pela internet caixaterras indígenas não estãojogar pela internet caixahome office", declara Dinamam Afer, da Apib.

"Essas dificuldades territoriais também influenciam o estudante que tevejogar pela internet caixasair dajogar pela internet caixauniversidade e voltar para ajogar pela internet caixaterra. Ele também faz parte da comunidade e precisa ajudar nesse enfrentamento, muitas vezes", acrescenta o indígena.

Em razão dos diversos problemas trazidos no contexto da pandemia, especialistas apontam que seria fundamental haver apoio psicológico a esses estudantes. "Pouquíssimas instituiçõesjogar pela internet caixaensino oferecem esse tipojogar pela internet caixaatendimento (psicológico) aos universitários indígenas. Alguns (que conseguem receber esse tipojogar pela internet caixaapoio), acabam recebendo esse atendimento por meiojogar pela internet caixaprojetos articulados pelos movimentos indígenas", diz Gersem dos Santos.

A inclusão dos indígenas no ensino superior

Dinamam posa para foto com vestimentasjogar pela internet caixaseu povo

Crédito, Mídia Índia

Legenda da foto,

Dinamam Afer, da Apib, afirma que o acesso dos indígenas à internet nunca foi uma preocupação dos governantes

As dificuldades atuais evidenciam também os problemas históricosjogar pela internet caixainclusão dos indígenas no ensino superior.

Eles costumam estudar grande parte do ensino fundamental na aldeia, onde tem como principal língua a que é falada pelo seu povo. Depois, por volta do ensino médio, costuma estudar na sede do município. E quando consegue uma vagajogar pela internet caixauma universidade,jogar pela internet caixamuitos casos precisa deixar ajogar pela internet caixaterra e viajar muitos quilômetros para que possa fazer uma graduação.

"O ensino recebido pelo indígena ao longo da vida varia muito. Eventualmente, eles trazem deficiênciajogar pela internet caixarelação à cultura acadêmica e a conteúdos específicos", diz a antropóloga Mônica Nogueira.

Especialistas defendem que é fundamental que os indígenas recebam apoio pedagógico, assim como outras populações mais vulneráveis como os quilombolas. "É uma obrigação das universidades", diz Kâhu Pataxó. Ele aponta, porém, que muitos indígenas não têm recebido nenhum tipojogar pela internet caixaapoio das universidades no atual período, o que também tem colaborado para que muitos abandonem o curso superior.

Segundo o Ministério da Educação, cabe a cada universidade analisar o desempenho dos indígenas e as medidas necessárias para auxiliá-los durante o ensino remoto.

Em meio à pandemia, os universitários indígenas convivem com a incerteza da conclusão do curso superior. Para muitos dos que continuaram estudando, o prazo para se formar deve ser ainda maior, porque tiveramjogar pela internet caixadeixar algumas disciplinas para depois porque não conseguiram acompanhar toda a grade curricular.

"Perder alguns semestres significa estender um períodojogar pela internet caixasacrifícios por parte deles e, frequentemente,jogar pela internet caixatoda a família", comenta Mônica Nogueira.

Maria da Penha, por exemplo, terá que ficar ao menos um semestre a mais para concluir o curso por não ter conseguido acompanhar todo o conteúdo do primeiro períodojogar pela internet caixaensino remoto. Apesar disso, ela diz que continuará estudando e mantém o sonhojogar pela internet caixase tornar a primeira entre os oito irmãos — ela é a filhajogar pela internet caixanúmero seis — a ter um diploma do ensino superior.

Para ela, concluir o cursojogar pela internet caixaServiço Social é também uma formajogar pela internet caixaajudar o seu povo. "Na minha aldeia não tem assistente social e quando a gente precisajogar pela internet caixaum, é preciso chamar alguémjogar pela internet caixafora. Então, penso que se eu me formar, as coisas podem ficar mais fáceis nesse sentido por aqui", diz Penha.

Línea

jogar pela internet caixa Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube jogar pela internet caixa ? Inscreva-se no nosso canal!

Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosjogar pela internet caixaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticajogar pela internet caixausojogar pela internet caixacookies e os termosjogar pela internet caixaprivacidade do Google YouTube antesjogar pela internet caixaconcordar. Para acessar o conteúdo cliquejogar pela internet caixa"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdojogar pela internet caixaterceiros pode conter publicidade

Finaljogar pela internet caixaYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosjogar pela internet caixaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticajogar pela internet caixausojogar pela internet caixacookies e os termosjogar pela internet caixaprivacidade do Google YouTube antesjogar pela internet caixaconcordar. Para acessar o conteúdo cliquejogar pela internet caixa"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdojogar pela internet caixaterceiros pode conter publicidade

Finaljogar pela internet caixaYouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimosjogar pela internet caixaautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticajogar pela internet caixausojogar pela internet caixacookies e os termosjogar pela internet caixaprivacidade do Google YouTube antesjogar pela internet caixaconcordar. Para acessar o conteúdo cliquejogar pela internet caixa"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdojogar pela internet caixaterceiros pode conter publicidade

Finaljogar pela internet caixaYouTube post, 3