O médico americano que testemunhou o desespero da fomea jogos de apostasGaza:a jogos de apostas

Já se passaram três semanas desde que ele voltou para Chicago, mas poderia muito bem ter sido ontem.

Os rostos desse outro mundo estão com ele: Jenna, a garotinha traumatizada definhando, pálida como um fantasmaa jogos de apostasuma camaa jogos de apostashospital, enquantoa jogos de apostasmãe mostrava a Attar um vídeo no celular do último aniversário da criança. Lembrançasa jogos de apostasdias felizes antes do desastre.

Outra mãe, cujo filhoa jogos de apostas10 anos acabaraa jogos de apostasmorrer, também são saia jogos de apostasseus pensamentos.

"A mãe acabaraa jogos de apostasme dizer, com um olhar vazio e entorpecido no rosto, que ele havia morrido cinco minutos antes. A equipe tentava cobrir seu corpo com cobertores, mas ela simplesmente se recusava a permitir. Ela estavaa jogos de apostasluto, soluçando e ficou assim por uns 20 minutos, ela só não queria sair do lado dele."

Depois teve o homema jogos de apostas50 anos, esquecido num quarto, após ter as duas pernas amputadas.

"Ele havia perdido seus filhos, seus netos,a jogos de apostascasa", lembra Attar.

"E ele estava sozinho, no canto deste hospital escuro, com vermes saindoa jogos de apostassuas feridas e ele gritava: 'Os vermes estão me comendo vivo, por favor me ajude'. Esse foi apenas um de… não sei, simplesmente pareia jogos de apostascontar, mas essas são as pessoasa jogos de apostasquem ainda penso porque elas ainda estão lá."

Sam Attar é um homem sensível e atencioso,a jogos de apostas40 anos, filhoa jogos de apostasmédicos, nascido e criadoa jogos de apostasChicago e que trabalha como cirurgião no hospital Northwestern da cidade.

Enquanto estevea jogos de apostasGaza, manteve diáriosa jogos de apostasvídeo e filmou suas experiências.

Durante duas semanas,a jogos de apostasmarço e abril – pela ONG Palestinian American Bridge – trabalhoua jogos de apostashospitaisa jogos de apostasGaza que careciam desesperadamentea jogos de apostastudo, exceto pacientes gravemente feridos.

No diaa jogos de apostasque entroua jogos de apostasGaza desta última vez, foi imediatamente confrontado com a crise da fome.

"Fomos cercados por pessoas batendo nos carros, algumas pessoas tentando pular sobre os carros. Os motoristas… eles simplesmente entenderam. Eles não param porque, se parassem, as pessoas pulariam nos carros. Eles não estão tentando nos atacar. Estão apenas implorando por comida. Eles estão morrendoa jogos de apostasfome."

Attar recorda suas experiências com calma, como seriaa jogos de apostasesperara jogos de apostasum homem treinado para deixar os pacientes à vontade.

Todos os dias havia uma pressão implacável para realizar uma triagem, decidindo quem poderia ser salvo, e para quem não havia mais esperança.

Pacientes deitados no chão do hospital cercadosa jogos de apostassangue e bandagens descartadas, o ar repletoa jogos de apostasgritosa jogos de apostasdor ea jogos de apostasparentes enlutados.

Não há como apagar tais horrores. Mesmo que você seja um médico altamente treinado com experiência anteriora jogos de apostaszonasa jogos de apostasguerra como Ucrânia, Síria e Iraque.

"Ainda pensoa jogos de apostastodos os pacientesa jogos de apostasquem cuidei", diz ele.

"Ea jogos de apostastodos os médicos que ainda estão lá. Há um poucoa jogos de apostasculpa e vergonhaa jogos de apostassair porque há muito a ser feito. As necessidades são exasperadoras. E você deixa para trás pessoas que ainda estão lá e ainda estão sofrendo."

Ema jogos de apostasúltima viagem – a terceira dele a Gaza desde o início da guerra –, o médico americano se juntou à primeira equipea jogos de apostasmédicos internacionais a trabalhar num hospital no nortea jogos de apostasGaza, onde a desnutrição é mais aguda.

A missão foi organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que alertou sobre a grave situação da fome na região.

Cercaa jogos de apostas30% das crianças com menosa jogos de apostasdois anos sofrema jogos de apostassubnutrição aguda e 70% da população no nortea jogos de apostasGaza enfrenta o que a ONU chamaa jogos de apostas"fome catastrófica".

No mês passado, o chefea jogos de apostasDireitos Humanos da ONU, Volker Turk, acusou Israela jogos de apostasum potencial crimea jogos de apostasguerra devido à crise alimentara jogos de apostasGaza.

"A extensão das contínuas restriçõesa jogos de apostasIsrael à entradaa jogos de apostasajudaa jogos de apostasGaza, juntamente com a forma como continua a conduzir as hostilidades, pode equivaler ao uso da fome como métodoa jogos de apostasguerra”, disse ele.

Israel nega e culpou a ONU e as agênciasa jogos de apostasajuda pela entrega lenta ou inadequadaa jogos de apostassuprimentos.

O governo israelense disse que os cálculos da ONU sobre a fome se basearama jogos de apostas"múltiplas falhas factuais e metodológicas, algumas delas graves".

O governo afirma ainda ter monitorado relatos na imprensaa jogos de apostasque os mercadosa jogos de apostasalimentosa jogos de apostasGaza, incluindo no norte do território, tinham suprimentos suficientes.

"Rejeitamos categoricamente quaisquer alegaçõesa jogos de apostasque Israel esteja propositalmente matandoa jogos de apostasfome a população civila jogos de apostasGaza", afirmou um comunicado da Coordenaçãoa jogos de apostasAtividades Governamentais nos Territórios (Cogat).

Sam Attar lembra-se da mulhera jogos de apostas32 anos que admitiu sofrera jogos de apostasdesnutrição grave, com o filho, a mãe e o pai no quarto com ela.

Ela foi submetida a RCP – reanimação cardiopulmonar – mas não pôde ser salva.

"Eu tive que declarar a morte", diz Sam. A jovem mãe estava deitada num banco, com o braço esquerdo penduradoa jogos de apostasdireção ao chão, os olhos voltados para cima no momento da morte.

Do outro lado da sala, uma enfermeira consolou a mãe dela, que chorava.

Havia a menina, Jenna Ayyad,a jogos de apostassete anos, "apenas pele e ossos", cuja mãe esperava chegar ao sul, onde havia melhores instalações médicas disponíveis.

Jenna ficou traumatizada pela guerra e parecia extremamente desnutrida. Ela sofrea jogos de apostasfibrose cística, o que dificulta a digestão.

Sua condição foi agravada pelas condições da guerra e ela também sofrea jogos de apostastraumas. Nas imagens feitas por um cinegrafista da BBC, Jenna parece perdida e agora só fala com a mãe.

"O que posso fazer? Ela não pode ser tratada", disse Nisma Ayyad.

"O estado mental dela é muito difícil. Ela não responde nada quando alguém fala com ela. A situação dela é ruim e, como mãe, não posso fazer nada."

O doutor Sam Attar diz que, enquantoa jogos de apostasequipe fazia as malas para regressar ao sula jogos de apostasGaza, a mãea jogos de apostasJenna abordou-o.

"A mãea jogos de apostasJenna veio até mim e disse: 'Pensei que íamos com você... O que está acontecendo? Por que você vai e nós vamos ficar?'"

Attar teve que explicar que o comboio para o sul só estava autorizado para entregaa jogos de apostascombustível e alimentos e não para transportea jogos de apostaspacientes.

Mas antesa jogos de apostaspartir, Attar e seus colegas preencheram os documentos necessários para a transferênciaa jogos de apostasJenna.

Levaria dias, mas eles garantiriam que a papelada chegasse aos escritórios certos.

Quando o médico foi falar com a mãea jogos de apostasJenna, outras mães notaram.

"O problema é que são quartos abertos e compartilhados, [com] talvez dez pacientesa jogos de apostasum quarto. Então, quando as outras mães me viram conversando com ela, todas me cercaram."

Jenna foi transferida e agora está sendo tratada no hospital do International Medical Corps, pertoa jogos de apostasRafah.

De acordo com estimativas da ONU do mês passado, a maioria dos mortos na guerra são mulheres e crianças: 13 mil crianças, 9 mil mulheres.

A guerra está agora no seu sétimo mês. As negociações para um cessar-fogo e a libertaçãoa jogos de apostasreféns estão paralisadas.

Todos os dias e todas as noites, os feridos e os desnutridos chegam aos poucos hospitaisa jogos de apostasfuncionamento que restam. A OMS afirma que apenas dez dos 36 hospitaisa jogos de apostasGaza ainda funcionam.

Viajara jogos de apostasGaza pode ser muito perigoso para os trabalhadores humanitários.

Basta lembrar da mortea jogos de apostassete trabalhadores humanitários, incluindo três britânicos, quando os militares israelenses atacaram seu comboio com mísseis no dia 1°a jogos de apostasabril.

Attar descreve filasa jogos de apostashoras nos postosa jogos de apostascontrole israelenses.

"Muitas vezes esperamosa jogos de apostasuma a quatro horas, dependendoa jogos de apostasquanto tempo leva para os israelenses aprovarem a passagem, porque estão conduzindo operações militares."

O médico americano quer ver um esforço conjunto para levar mais ajuda ao nortea jogos de apostasGaza.

"O norte precisaa jogos de apostasmais acesso, mais alimentos, mais combustível, mais água, estradas precisam ser abertas… E há tantos pacientes que precisam ser evacuados do norte para sul e o problema é que o sul também está lotado. Quer dizer, os hospitais aqui estão explodindo."

Ele vai voltar. Em breve, espera. Existem laçosa jogos de apostasamizade que o chamam.

O paramédico Nabil que Attar via todos os dias, trazendo os feridos para tratamento, até que ele próprio se tornou uma vítima que tevea jogos de apostasser retirada dos escombros pelos colegas. Ele está vivo, mas não poderá saira jogos de apostasGaza.

O médico cuja filha foi morta, mas que teve a generosidadea jogos de apostasconfortar uma mãe cujo filho pequeno sofria com uma lesão cerebral causada por estilhaçosa jogos de apostasbomba.

E há os pacientes e suas famílias, que veem nos médicos, enfermeiros e paramédicos não apenas a possibilidadea jogos de apostasajuda prática, mas a luz constante da decência humana num lugara jogos de apostashorror e degradação.

Essa é a turmaa jogos de apostasSam Attar. Todos eles.

Com reportagem adicionala jogos de apostasAlice Doyard, Annie Duncanson, Haneen Abdeen e Nik Millard