Os rastros 'apocalípticos' do maior incêndio já registrado na Europa:apostas esportivas grupo

A floresta também é uma rota conhecidaapostas esportivas grupomigrantes que tentam entrar na Europa. Um grupoapostas esportivas grupocorpos carbonizados foi encontrado amontoado na floresta, um punhadoapostas esportivas grupopertences pessoais deixando pequenas pistas sobre quem poderiam ser.

As carcaçasapostas esportivas grupoum número incontávelapostas esportivas grupoanimais estão espalhadas, e os bichos sobreviventes não têm para onde ir.

A comunidade foi instruída a sair dali por segurança, mas muitos recusaram.

“Apocalíptico” e “inimaginável” são as palavras que os gregos usaram para descrever o que aconteceu na regiãoapostas esportivas grupoEvros. O fogo começouapostas esportivas grupo19apostas esportivas grupoagosto, durou maisapostas esportivas grupoduas semanas e tornou-se o maior incêndio florestal já registrado na Europa.

Entre a população, há raiva e dúvidas sobre as causas, a resposta e o que fazer agora - mas, fora da Grécia, há alertasapostas esportivas grupoque incêndios florestais só irão aumentar e ser mais frequentes.

Ao ladoapostas esportivas grupouma estradaapostas esportivas grupoterra que serpenteia pela florestaapostas esportivas grupoDadia há uma placa queimada que diz: “A floresta é valiosa. Proteja-a." Ao redor, a terra está queimada e as árvores enegrecidas permanecem despojadasapostas esportivas gruposuas folhas.

A fumaça gruda nas roupas e fica presa na garganta. Existem poucos sinais óbviosapostas esportivas grupovida nas áreas atingidas pelo fogo, alémapostas esportivas grupoinsetos ocasionais lutando entre as cinzas ou o somapostas esportivas grupoum pássaro cantando.

Na aldeiaapostas esportivas grupoLefkimi, um pai abraça o filho adolescente, murmurando palavras reconfortantes. Uma mulher rega suas floresapostas esportivas grupocostas para as chamas que se aproximam.

À medida que novos incêndios irrompem - estimulados por ventos rápidos e mutáveis - andorinhas fogemapostas esportivas gruporevoadas, disparando através da fumaça. Aviões e helicópteros lançam água sobre a paisagem, criando uma névoa sobre chamas alaranjadas.

No chão, os bombeiros da Grécia eapostas esportivas grupotoda a União Europeia dirigem-seapostas esportivas grupofilasapostas esportivas grupodireção às árvoresapostas esportivas grupochamas, enquanto os caminhões o seguem.

Às vezes, quando o fogo é apagado, escavadeiras são trazidas para derrubar árvores, removendo qualquer coisa que possa entrarapostas esportivas grupocombustão novamente.

Todos os bombeiros com quem a BBC conversou disseram que esse foi o incêndio florestal mais difícil com o qual eles já lidaram.

Os bombeiros têm dificuldade dar conta das muitas frentes que surgem à medida que as chamas são carregadas pelo vento e percorrem a vegetação densa. Tudo piora à noite, quando não há apoio aéreo.

Muitos aqui são voluntários. Numa clareira, encontramos um grupoapostas esportivas grupohomens da cidade portuáriaapostas esportivas grupoTessalônica, a quatro horasapostas esportivas grupocarro.

“O terreno está tão feio, tão violento, tão difícil”, diz Stelios Vairlis,apostas esportivas grupo53 anos, um experiente bombeiro voluntário motivado pelo seu “amor pela natureza” e por seus filhos.

Ele morou na região durante o serviço militar na décadaapostas esportivas grupo1980 e descreve a floresta como uma “jóia” da Grécia.

“É... Era uma floresta muito bonita”, diz ele emocionado.

A União Europeia (UE) lançou seu sistemaapostas esportivas grupomonitoramento no ano 2000, mas diz que dadosapostas esportivas grupomonitoramento mais antigos, desde os anos 1980, mostram que nenhum incêndio florestal foi comparável a esse.

Portugal sofreu um grave incêndioapostas esportivas grupo2017 que matou dezenasapostas esportivas grupopessoas, mas mesmo esse não foi tão grande nem tão violento quanto o da Grécia neste ano.

Especialistas da UE alertam para uma “tendência crescenteapostas esportivas grupograndes incêndios” nos últimos anos, que deverá continuar e piorar.

O Comissário Europeu para a Gestãoapostas esportivas grupoCrises, Janez Lenarcic, disse que a área queimada na UE até agora este ano é maisapostas esportivas grupo40% maior do que a média dos últimos 17 anos.

A BBC acompanhou o controle do incêndioapostas esportivas grupoEvros. Mas depois da tragédia, as comunidades foram deixadas com cicatrizes profundas e duradouras.

No estacionamentoapostas esportivas grupoum hospital na cidadeapostas esportivas grupoAlexandroupolis, contêineres frigoríficos guardam os corpos das pessoas mortas. Acredita-se que todos sejam migrantes e dois eram crianças – com idades entre 10 e 15 anos.

Dezoito corpos foram encontradosapostas esportivas grupo22apostas esportivas grupoagosto, irreconhecíveis. Alguns claramente se amontoaram enquanto as chamas vinham emapostas esportivas grupodireção.

“Talvez eles tenham entendido que não havia como escapar e essa foi a última tentativa desesperadaapostas esportivas grupoficarem juntos, como um último momentoapostas esportivas grupovida”, reflete o legista Pavlos Pavlidis.

Outros corpos foram encontrados nas proximidades. Pavlidis acredita que eles estavam tentando escapar.

Ele diz que foram coletadas amostrasapostas esportivas grupoDNA, mas os resultados ainda não saíram. Por enquanto, ainda não se sabe os nomes e nacionalidades das vítimas.

O legista tiraapostas esportivas gruposua mesa um grande envelopeapostas esportivas grupopapel e coloca sobre ela quatro embalagens plásticas transparentes. Elas contêm os únicos itens sobreviventes do grupo: um anelapostas esportivas grupoprata, um relógio, um telefone e uma bateria portátil.

Pavlidis espera que estes itens possam ser pistas das identidades das vítimas. Ele acredita que é provável que haja mais vítimas na floresta que não foram encontradas – migrantes que estavam tentando entrar no país.

Esta região, perto da fronteira com a Turquia, é uma rota comumapostas esportivas grupoentrada na União Europeia. A polícia estima que cercaapostas esportivas grupo900 pessoas por dia atravessaram a fronteiraapostas esportivas grupoagosto.

Essa migração continua depois do incêndio. Vários grupos são parados pela polícia, incluindo uma mãe e dois filhos.

Um homem carregando uma mochila e caminhando por entre as árvores carbonizadas diz que veio do Marrocos. Outros membros do seu grupo foram levados pela polícia, explica, mas ele escapou e se escondeu na florestaapostas esportivas grupochamas durante três dias, observando os aviões no alto combatendo os incêndios.

Embora as causas do enorme incêndio florestal ainda não sejam conhecidas, a maioria das pessoas entrevistadas pela BBCapostas esportivas grupoEvros acredita que os migrantes foram os responsáveis - talvez por tentarem cozinhar ou manterem-se aquecidos. É uma afirmação também feita pelo primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.

Alguns sugerem que uma faísca inicial pode ter vindoapostas esportivas grupoum raio.

Muitos acreditam que o incêndio não seria tão devastador se o governo tivesse dado uma resposta melhor.

Moradoresapostas esportivas grupoáreas como Lefkimi dizem que se sentem esquecidos. Ambientalistas afirmam que a floresta cresceu sem controle - aumentando a quantidadeapostas esportivas grupovegetação que poderia queimar.

Na área donde os 18 corpos foram encontrados, uma luva médica azul jaz no solo devastado, único sinalapostas esportivas grupoque ali foram encontrados cadáveres.

As carcaçasapostas esportivas grupojavalis e coelhos jazem nas cinzas, junto com cascosapostas esportivas grupotartaruga carbonizados e quebrados.

Os animais que sobreviveram ao desastre vivem agora num desertoapostas esportivas grupocinzas - que antes era um ecossistema próspero, compostoapostas esportivas grupogrande parte por pinheiros e carvalhos.

O Parque Nacional da Floresta Dadia-Lefkimi-Soufli era famoso pelas suas avesapostas esportivas gruporapina e abrigava três das quatro espéciesapostas esportivas grupoabutres da Europa: o abutre-preto, o grifo-eurasiático e o abutre-do-egito. Mas os silvicultores dizem que o principal localapostas esportivas gruponidificação foi completamente destruído.

Alguns estão otimistasapostas esportivas grupoque os abutres continuarão a utilizar uma segunda área menor na floresta, onde ainda existem algumas árvores que podem sustentar ninhos, mas há outras dúvidas sobre o futuro do ecossistema.

“Temos que pensar no que aprendemos na escola com a pirâmide alimentar – as avesapostas esportivas gruporapina no topo, depois todos os níveis dos outros animais até às pequenas presas”, diz Dora Skartsi, que dirige a Sociedade para a Proteção da Biodiversidade da Trácia.

Essa pirâmide não pode funcionar “até que todas as espécies recolonizem as áreas queimadas”, mas ela teme que a mudança climática e as condiçõesapostas esportivas gruposeca prejudiquem a regeneração da floresta da qual todos dependem.

Dirigindo pelas vastas áreas afetadas pelo incêndio, é possível ver avesapostas esportivas gruporapina circulando no alto.

A ambientalista Elzbieta Kret, que veio da Polônia para cá há 16 anos, observa os pássaros com fascínio.

“Estou tentando entender se eles estão voando porque tudo continua normal ou se estão voando por aí dizendo ‘O que aconteceu aqui? O que aconteceu com nossos ninhos? Qual é o nosso futuro?’”, diz ela.

Com uma notaapostas esportivas grupootimismo, ela decide que a natureza é mais resiliente que as pessoas. “Acho que eles estão dizendo: OK, sobrevivi, vamos passar para a próxima página.”

Próximo a Lefkimi, o criadorapostas esportivas grupocabras Kleanthis Raptis leva uma jovem cabra ferida para um local seguro. Ele diz que dezenasapostas esportivas gruposeus animais morreramapostas esportivas grupopoucas horas.

“Estou muito triste. O que vou fazer com isso agora?”, diz ele, segurando um sino retirado do pescoçoapostas esportivas grupouma cabra morta.

Muitos dos que vivem nestas pequenas comunidades dependem da floresta para aapostas esportivas gruposubsistência – com a exploração madeireira, a caça e o pastoreio.

É a segunda vez que a pequena propriedadeapostas esportivas grupoKleanthis pega fogo, mas o homemapostas esportivas grupo56 anos não se imagina vivendoapostas esportivas grupooutro lugar porque para ele a floresta significa “saúde, oxigênio, trabalho, aventura e relaxamento”.

Paschalis Christodoulou, presidente da Associaçãoapostas esportivas grupoApicultoresapostas esportivas grupoEvros Central, tem 120 colmeiasapostas esportivas grupoabelhas e correu para retirá-lasapostas esportivas grupoEvros quando o fogo começou.

Mas ele diz que era a hora errada para movê-las, e muitas das abelhas estavam do ladoapostas esportivas grupofora quando ele transportou as colmeias para uma caminhonete, sendo picado enquanto trabalhava.

A área criada como habitat para abelhas foi completamente devastada.

Ele estima que metade das abelhas foram queimadas no fogo, mas está mais preocupado com a perdaapostas esportivas grupoplantas para a polinização dos insetos.

“O problema para nós é o dia seguinte. Precisamos do pólen. O que vai acontecer agora?”, diz Christodoulou. “Como pessoa, sou otimista, mas a lógica e a realidade dizem que precisaremosapostas esportivas grupopelo menos quatro a cinco anos para entender (a extensão do estrago).”

Janez Lenarcic afirma que as alterações climáticas estão acelerando a propagação, duração e intensidade dos incêndios florestaisapostas esportivas grupotodo o continente.

Em Evros também existe uma preocupação generalizadaapostas esportivas grupoque o verão quente e seco tenha ajudado a alimentar o incêndio. Vários moradores contam que rezam pedindo por chuva.

Para Lenarcic, da UE, isso mostra como se tornou muito mais difícil conter os incêndios - e que eles “se propagam e atingem cada vez mais a interface entre terras selvagens e áreas urbanas”.

Nos primeiros dias do incêndioapostas esportivas grupoEvros, as chamas aproximaram-seapostas esportivas grupoAlexandrópolis, obrigando o seu principal hospital a transferir os seus pacientes para uma balsa atracada no porto. Moradoresapostas esportivas grupocomunidades próximas correram para a cidade para escapar.

Os moradoresapostas esportivas grupoKirki, a noroeste, foram levadosapostas esportivas grupoônibus para um local seguro quando as chamas se aproximaram no finalapostas esportivas grupoagosto.

Dirigindo até lá agora, é preciso atravessar por quilômetrosapostas esportivas grupopaisagem enegrecida, onde as árvores se erguem esqueléticasapostas esportivas grupoum tapeteapostas esportivas grupocinzas.

“Veioapostas esportivas grupomuito longe, mas numa noite queimou tudo”, diz Michalis,apostas esportivas grupo81 anos, que viveu na aldeia durante toda aapostas esportivas grupovida.

Ao regressar no dia seguinte a ter fugido do incêndio, encontrou aapostas esportivas grupocasa ilesa, mas outros choraram ao verem as suas casas destruídas.

“É o mesmo para todos nós. Somos todos locais. Meu coração estáapostas esportivas grupochamas”, diz ele.

Michalis aponta para a paisagem montanhosa queimada ao seu redor. Ele se lembra dos diasapostas esportivas grupoinfância brincando na floresta.

A comunidade encolheu à medida que ele envelheceu, mas ele espera que a floresta traga memórias semelhantes às pessoas no futuro.

“A nova geração viverá para ver esta floresta novamente. Mas eu sou muito velho. O dano está feito."

Nos arredoresapostas esportivas grupoAlexandroupolis, Vasilis Adamidis,apostas esportivas grupo28 anos, olha impotente para um olival queimado que foi passadoapostas esportivas grupogeraçãoapostas esportivas grupogeração emapostas esportivas grupofamília.

Ele e o irmão deram os primeiros passos no bosque, e o avô cresceu com as árvores, depoisapostas esportivas grupoajudar a plantá-las ainda criança.

“Ele costumava conversar com elas. Ele podia sentir o que a árvore precisava”, diz Vasilis.

Ele ainda não tem certezaapostas esportivas grupoquantas das 3 mil oliveiras da família sobreviveramapostas esportivas grupoalguma forma, mas andando pelo bosque a devastação é óbvia.

Quando o fogo se aproximou, Vasilis ligou para os bombeiros para ouvir que não havia pessoal para ajudar. As chamas logo chegaram àapostas esportivas grupopropriedade e ficou claro que tentar enfrentá-las sozinho seria fatal.

“Uma grande parte das nossas vidas é o olival, por isso quando ele começou a arder, um pedaçoapostas esportivas gruponós também pegou fogo”, diz-me com lágrimas nos olhos.

“Só foi necessária uma noite. Nada mais. E toda essa vida, todo esse esforço acabou”, diz ele.

Os produtosapostas esportivas grupoVasilis - incluindo azeiteapostas esportivas grupoluxo - são vendidosapostas esportivas grupotoda a Europa e ele fala com igual paixão sobre o cultivo do negócio e das azeitonas.

Grande parte da maquinaria derreteu no fogo e Vasilis estima que levará pelo menos 10 anos para voltar à “uma boa produção”, mas nunca mais será o que era antes.

Ele diz que a destruiçãoapostas esportivas grupoEvros deveria ser uma lição para a Europa e o mundo.

“Pode acontecer com qualquer um”, diz ele, enquanto acaricia seu cachorro Rocco, que se perdeu no incêndio e foi encontrado, dias depois, a quilômetrosapostas esportivas grupodistância do olival, com o pelo chamuscado e a peleapostas esportivas grupocarne viva ao redor dos olhos e do nariz.

Tais catástrofes têm um impacto muito além das comunidades locais mais afetadas.

“As pessoas deveriam saber desde cedo que os produtos que comemos – os vegetais, a fruta, a carne – não vêm do mercado. Vem da natureza. De lugares como este. É importante para todos nós”, diz ele.

O avôapostas esportivas grupoVasilis está agora na casa dos 90 anos. Aapostas esportivas grupofamília não lhe contou que o bosque que ele ajudou a plantar desapareceu. “Seriam as últimas palavras que ele ouviria.”

*com informações e fotografiaapostas esportivas grupoGiorgos Moutafis e Daphne Tolis