O que exploradores espaciais vão comer quando estiverem vivendo na Lua?:ganhar um dos tempos betano

"A alimentação é algo que mantém a sanidade dos astronautas", afirma a subchefeganhar um dos tempos betanooperações com astronautas da Agência Espacial Europeia, Sonja Brungs.

"Alimentos bons e adequados, com muita variedade, elaboradosganhar um dos tempos betanoacordo com as necessidades individuais dos astronautas, são fundamentais para uma missão bem sucedida para o espaço profundo. Acho que as pessoas subestimam como isso é importante."

Atualmente, os astronautas recebem pequenas bolsasganhar um dos tempos betanocomida, contendo refeições já preparadas. Empresas especializadas na produçãoganhar um dos tempos betanoalimentos elaboram essas refeições, que são congeladas, desidratadas ou termoestabilizadas.

Os astronautas acrescentam água para aquecer ou resfriar os alimentos e comê-los. E eles podem também levar uma refeição especial que relembreganhar um dos tempos betanocasa – e que também precisa ser cuidadosamente formulada e termoestabilizada.

Mas existem alimentos que não são adequados. Comidas que soltem migalhas, como pão, não podem ser levadas para o espaço. As migalhas podem ficar facilmente suspensas no arganhar um dos tempos betanoum ambienteganhar um dos tempos betanobaixa gravidade. Com isso, elas podem ser inaladas ou entrarganhar um dos tempos betanoequipamentos vitais.

O sal é limitado porque o corpo armazena sódio no espaçoganhar um dos tempos betanoforma diferente, causando osteoporose acelerada. E o álcool também não é permitido, porque prejudica o sistemaganhar um dos tempos betanoreciclagemganhar um dos tempos betanoágua residual da ISS.

"A novidade certamente é um problema", explica Brungs. "Os astronautas que ficam no espaço por apenas seis meses já sentem falta da textura e da crocância. É muito importante para o bem-estar mental ter uma variedadeganhar um dos tempos betanotexturas e, especialmenteganhar um dos tempos betanomissões para o espaço profundo, ter uma variedadeganhar um dos tempos betanoalimentos para comer."

Em 2021, a Nasa lançou o Desafio da Comida no Espaço Profundo. O objetivo é descobrir novas formasganhar um dos tempos betanocriar alimentos no espaço com recursos limitados, produzindo o mínimoganhar um dos tempos betanoresíduos, e também fornecer alimentos seguros, nutritivos e saborosos que possam ser usadosganhar um dos tempos betanomissõesganhar um dos tempos betanolonga duração no espaço profundo.

Com sedeganhar um dos tempos betanoHelsinque, na Finlândia, a Solar Foods é uma das oito empresas que chegaram à fase final do desafio. Seu conceito é notável: usar os resíduos espaciais para criar proteínas.

"Nós quase literalmente criamos alimentos do ar", orgulha-se o vice-presidenteganhar um dos tempos betanoEspaço e Defesa da Solar Foods, Arttu Luukanen.

Sua empresa descobriu um micróbio comestível no interior da Finlândia, que cresce se alimentandoganhar um dos tempos betanouma misturaganhar um dos tempos betanodióxidoganhar um dos tempos betanocarbono, hidrogênio e oxigênio. O resultado é uma fonteganhar um dos tempos betanoproteína oriundaganhar um dos tempos betanobactérias.

Esta proteína pode ser misturada com uma sérieganhar um dos tempos betanosabores ou texturas para criar vários tiposganhar um dos tempos betanoalimentos nutritivos, como macarrão, barrasganhar um dos tempos betanoproteína, carnes alternativas e até um substituto do ovo.

"Começamos a pensar nos alimentos espaciais porque,ganhar um dos tempos betanoqualquer habitat no espaço, você tem dois gases residuais principais: hidrogênio e dióxidoganhar um dos tempos betanocarbono", explica Luukanen. "Ou seja, o que realmente estamos falando aqui não é apenasganhar um dos tempos betanouma tecnologiaganhar um dos tempos betanofabricaçãoganhar um dos tempos betanoalimentos para o espaço, mas algo que será uma parte integrante do sistemaganhar um dos tempos betanocontrole ambiental e suporte à vida."

A proteína da Solar Foods pode ser transformadaganhar um dos tempos betanopasta ou pó e misturada com farinha e ingredientes alimentares mais comuns, para criar alimentos enriquecidos com proteína, como macarrão, barrasganhar um dos tempos betanoproteína e até chocolate.

Os experimentos prosseguem, para descobrir se a proteína pode ser misturada com óleos e transformadaganhar um dos tempos betanoalgo com a texturaganhar um dos tempos betanoum bife, usando uma impressora 3D.

Os alimentos frescos também estãoganhar um dos tempos betanoconsideração. Pastilhasganhar um dos tempos betanovitaminas podem ajudar, mas os astronautas precisamganhar um dos tempos betanoprodutos frescos. Continuam a ser realizados experimentos para estudar como cultivar vegetaisganhar um dos tempos betanoum ambiente único, sem gravidade e sem a luz do Sol.

A ISS temganhar um dos tempos betanoprópria horta minúscula a bordo, conhecida como Veggie. Nela, os astronautas estudam o crescimento das plantasganhar um dos tempos betanocondiçõesganhar um dos tempos betanomicrogravidade.

De volta à Terra, a empresa Interstellar Lab,ganhar um dos tempos betanoMerritt Island, na Flórida (Estados Unidos), desenvolveu um sistema biorregenerativo modular para produzir microverduras, legumes, cogumelos e até insetos.

A empresa é outra finalista do Desafio da Comida no Espaço Profundo, ao lado da Enigma of the Cosmos,ganhar um dos tempos betanoMelbourne, na Austrália, que está desenvolvendo uma formaganhar um dos tempos betanocultivar microverduras no espaçoganhar um dos tempos betanoforma eficiente.

Um ponto que parece provável é que é o futuro da alimentação espacial incluirá os fungos. Três das seis empresas finalistas do desafio da Nasa trabalham com ideias relacionadas.

Uma delas é a Mycorena,ganhar um dos tempos betanoGotemburgo, na Suécia. Ela desenvolveu um sistema que usa uma combinaçãoganhar um dos tempos betanomicroalgas e fungos para produzir uma micoproteína – um tipoganhar um dos tempos betanoproteína origináriaganhar um dos tempos betanoum fungo, que é frequentemente utilizadaganhar um dos tempos betanoprodutos alternativos à carne.

"Os fungos são muito versáteis", explica Carlos Otero, que trabalha na equipeganhar um dos tempos betanoPesquisa e Desenvolvimento da Mycorena.

"Eles podem crescerganhar um dos tempos betanodiferentes substratos, crescem com rapidez e você pode projetar um sistema pequeno e eficiente, capazganhar um dos tempos betanoproduzir alimentos suficientes para a tripulação. E também são muito robustos, residentes à radiação e facilmente armazenados e transportados."

Todos estes alimentos espaciais ficamganhar um dos tempos betanoum sistema circularganhar um dos tempos betanocircuito fechado. Ele inclui um produto final que pode ser impressoganhar um dos tempos betano3D para criar o alimento, com a textura aproximadaganhar um dos tempos betanoum filéganhar um dos tempos betanofrango. Outro benefício é que aganhar um dos tempos betanofonteganhar um dos tempos betanoproteína contém todos os aminoácidos essenciais para o funcionamento do corpo humano.

À medida que crescem as oportunidades para que empresas privadas entrem na corrida espacial, as chances dos chefsganhar um dos tempos betanocozinha particulares também aumentam. Rasmus Munk, do restaurante com estrela Michelin Alchemist,ganhar um dos tempos betanoCopenhague, na Dinamarca, é um dos muitos chefs que estão prontos para a decolagem.

Munk anunciou recentemente uma parceria com a empresaganhar um dos tempos betanoturismo espacial SpaceVIP para fornecer uma experiência imersivaganhar um dos tempos betanojantar na espaçonave Neptune, da companhia espacial Space Perspective. Seus ingressos custam US$ 495 mil (cercaganhar um dos tempos betanoR$ 2,6 milhões) por pessoa, para uma viagemganhar um dos tempos betanoseis horas ao espaço.

Munk é um dos muitos chefsganhar um dos tempos betanocozinha que veem potencial no atendimentoganhar um dos tempos betanoturistas ricosganhar um dos tempos betanovoos espaciais comerciais.

É fácil imaginar que este tipoganhar um dos tempos betanodesenvolvimento se destine apenas aos muito, muito poucos que conseguem pagar pela viagem (ou aos que decolam como astronautas). Mas o desenvolvimento da comida espacial não envolve apenas o que iremos comer na gravidade zero, mas também o que podemos acabar consumindo no nosso próprio planeta.

O Desafio da Comida no Espaço Profundo da Nasa também foi projetado para criar sistemas alimentares avançados que nos beneficiem na Terra. Eles irão oferecer novas formasganhar um dos tempos betanoproduçãoganhar um dos tempos betanoalimentosganhar um dos tempos betanoambientes extremos eganhar um dos tempos betanoáreas com escassezganhar um dos tempos betanorecursos.

"Estamos enfrentando grandes desafios decorrentes das mudanças climáticas, particularmenteganhar um dos tempos betanorelação às secas, que influenciam nossa capacidadeganhar um dos tempos betanoproduçãoganhar um dos tempos betanoalimentos", explica Luukanen.

"O espaço nos colocaganhar um dos tempos betanoum teste final, onde usamos os recursos considerados resíduosganhar um dos tempos betanooutras atividades e os transformamosganhar um dos tempos betanoprodutos com valor agregado. É uma filosofiaganhar um dos tempos betanoeconomia circular. A Terra é a melhor espaçonaveganhar um dos tempos betanoque já viajamos e seus recursos são limitados."

Para a chefeganhar um dos tempos betanoPesquisa e Desenvolvimento da Mycorena, Kristina Karlsson, aplica-se o mesmo princípio: "Nosso projeto trabalha rumo à eficiênciaganhar um dos tempos betanorecursos, na Terra e no espaço."

"Quase não há emissões e quase não há resíduos. O espaço é apenas um ambiente extremo, onde você pode testar o desenvolvimento deste tipoganhar um dos tempos betanoprojeto. Se funciona lá, irá funcionar na Terra."

A terceira fase do desafio da Nasa estáganhar um dos tempos betanodesenvolvimento neste verão do hemisfério norte. Ele pretende realizar novos testes do funcionamento destes projetosganhar um dos tempos betanocondições similares ao espaço.

É algo para se observar com cuidado. Afinal, embora seja quase certo que esses alimentos inovadores irão fazer parte do perfil nutricional dos astronautas no espaço, também parece provável que eles influenciem nossa alimentação na Terra no futuro.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.