Os examespixbet aposta politicasangue que prometem prever doenças e revelar 'idade real' do corpo:pixbet aposta politica

Elas oferecem examespixbet aposta politicasangue que prometem monitorar biomarcadores, sinais dentro dos nossos corpos que são mensuráveis e que podem nos fornecer informações sobre o estado atual da nossa saúde.

Esses sinais podem ser desde moléculas, a genes e a níveispixbet aposta politicahormônios e vitaminas.

As empresas coletam essas informações com alguma frequência —pixbet aposta politicatrêspixbet aposta politicatrês oupixbet aposta politicaseispixbet aposta politicaseis meses — e oferecem diversos serviços a seus clientes.

Algumas empresas usam os dados para calcular a “idade biológica real” ao comparar os biomarcadorespixbet aposta politicauma pessoa com os do resto da população. É o chamado “relógio epigenético”.

Uma pessoa pode ter 60 anospixbet aposta politicaidade, por exemplo, mas ter “um corpinhopixbet aposta politica50”. Assim, embora a idade considerada real — ou cronológica — seja 60, diversos biomarcadores indicam que seu corpo é comparável aopixbet aposta politicaalguémpixbet aposta politica50 anos.

Um desses biomarcadores pode ser, por exemplo, a chamada metilação do DNA.

Trata-sepixbet aposta politicaum processo químico que acontece dentro das nossas células, mas sem alterar a estrutura do DNA.

Cientistas acreditam que existe uma ligação forte entre a metilação do DNA e a idade “biológica”. E existem processospixbet aposta politicaestudo que poderiam ajudar a conter e até mesmo reverter a metilação.

O que essas empresas afirmam é que a idade “biológica” pode ser mais relevante para a saúdepixbet aposta politicauma pessoa do quepixbet aposta politicaidade cronológica ou real.

Além disso, ao contrário da idade cronológica, existiriam formaspixbet aposta politicaintervir e fazer a idade regredir biológica — até certos limites —, com mudançaspixbet aposta politicahábitos, estilospixbet aposta politicavida e usopixbet aposta politicasuplementos.

Além da ideiapixbet aposta politica“hackear” o próprio corpo, alguns biomarcadores poderiam servir como alertas para doenças, como câncer.

Ao mesmo tempo, a multiplicaçãopixbet aposta politicaempresas que oferecem esses serviços é alvopixbet aposta politicacríticas entre especialistas que alertam que isso pode gerar uma demanda desnecessária por serviços que são caros e podem desencadear um ciclo interminávelpixbet aposta politicaexames e tratamentos.

Isso estaria mais a serviço dos interesses financeiros das companhias que atuam no setor do quepixbet aposta politicaseus clientes.

Eles também alertam que a tecnologia não é 100% precisa e pode levar a diagnósticos equivocados e que as promessaspixbet aposta politicaalgumas empresas que apresentam seus serviços como um "elixir da juventude" pode ludibriar consumidores.

Idade biológica

A ideiapixbet aposta politicamonitorar biomarcadores não é nova. Na verdade, qualquer examepixbet aposta politicasangue feitopixbet aposta politicalaboratório há décadas já são testespixbet aposta politicabiomarcadores.

A hemoglobina A1c, uma molécula presente nas células do nosso sangue, por exemplo, é um biomarcador para diagnosticar diabetes.

As duas grandes novidades no setor são o desenvolvimentopixbet aposta politicatecnologias para analisar esses dados e, principalmente, a queda nos custospixbet aposta politicafazer estes exames.

“Esse teria sido um produto muito difícilpixbet aposta politicalançar no mercado há dez anos, porque o custopixbet aposta politicaexames era muito mais alto”, diz à BBC News Brasil o presidente da Lifeforce, Dugal Bain-Kim.

No Brasil, laboratóriospixbet aposta politicaexames já fazem análisespixbet aposta politicabiomarcadores há anos, sob pedido dos médicos. Mas ainda não existe no mercado brasileiro empresas como essas que estão surgindo na Europa e nos EUA,pixbet aposta politicaque diversos biomarcadores são monitoradospixbet aposta politicaconjunto e com periodicidade frequente.

A Lifeforce é uma das empresas que surgiu no boom recente do mercadopixbet aposta politicabiomarcadores.

"O custo dos testes caiu e, pelo menos nos Estados Unidos, por meiopixbet aposta politicaserviçospixbet aposta politicacoleta [de sangue]pixbet aposta politicacasa, você pode fazer esse tipopixbet aposta politicacoisa a um preço muito mais acessível."

Fundada há três anos na Califórnia, a Lifeforce afirma já ter realizado maispixbet aposta politica50 mil examespixbet aposta politicasangue.

O modelopixbet aposta politicanegócios desta epixbet aposta politicaoutras empresas do tipo é parecido com opixbet aposta politicaoutros negóciospixbet aposta politicatecnologia como Netflix ou Spotify, baseadopixbet aposta politicaassinaturas.

Ao contratar o serviço, o cliente tem seu sangue examinadopixbet aposta politicatempospixbet aposta politicatempos — indo a um centropixbet aposta politicacoleta ou usando kits caseiros.

As empresas dizem que conseguem reduzir os preços dos exames devido ao alto volume com que costumam lidar.

A Function Health — outra destas novas empresas — afirma que, se uma pessoa fosse encomendar no mercado cada um dos examespixbet aposta politicabiomarcadorespixbet aposta politicaseu pacote, gastaria cercapixbet aposta politicaUS$ 15 mil (quase R$ 80 mil).

A assinatura anual da Function Health custa cercapixbet aposta politicaUS$ 500 (R$ 2,6 mil). A empresa oferece exames anuaispixbet aposta politicamaispixbet aposta politica100 biomarcadores e testes trimestrais ou semestraispixbet aposta politicaoutros 60.

Já o pacote da Lifeforce custa US$ 349 (R$ 1,8 mil) no primeiro mês e depois US$ 129 (R$ 680) por mês.

A empresa testa com frequência 40 biomarcadores, como hormônios, nutrientes e condições metabólicas, e oferece um acompanhamento por uma equipe médica, que cria um plano personalizado para “otimizar” a saúde do assinante.

'Medicina 3.0'

Um dos lemas repetidos pelas empresas é “parepixbet aposta politicaadivinhar, comece a medir”.

“Quando perguntamos a nossos clientes ‘você é saudável?’, a resposta mais comum é ‘acho que sim, porque não estou doente ou não tenho nenhuma doença grave’", afirma Bain-Kim, da Lifeforce

"Mas, quando realmente analisamos o que está acontecendo ‘embaixo do capô’, 25% dos novos membros estão com a saúde abaixo do ideal; 23% deles estãopixbet aposta politicaestágiopixbet aposta politicapré-diabetes, por exemplo. E a maioria não sabe disso."

Os resultados dos exames são colocadospixbet aposta politicaum painelpixbet aposta politicaum aplicativo que exibe os dadospixbet aposta politicagráficospixbet aposta politicaforma didática.

O primeiro passo é usar os biomarcadores para tentar detectar as doenças mais preocupantes — como problemas cardíacos, câncer e demência.

Outro objetivo dos exames é montar planos personalizados para fazer a idade biológica regredir e melhorar a qualidadepixbet aposta politicavida dos clientes.

"Um dos grandes problemas no setorpixbet aposta politicasaúde para os consumidores é a fragmentação [das informações]”, diz Bain-Kim.

"As pessoas falam com seus médicos, mas depois tomam um suplemento, talvez porque viram no Instagram, e adotam uma dieta que virampixbet aposta politicaoutro lugar. O consumidor acaba tendo que integrar todas essas informações sozinho."

Os planos incluem planejamentopixbet aposta politicadieta, estresse, sono, suplementos e medicamentos — já que a empresa conta com médicos que podem receitar.

Mas por que alguém assinaria um planopixbet aposta politicamonitoramentopixbet aposta politicasaúde tão detalhado?

Para se manter com a saúdepixbet aposta politicadia, não bastaria realizar uma bateriapixbet aposta politicaexames comum e seguir as recomendaçõespixbet aposta politicapraxe, como comer bem, se exercitar ou controlar as horaspixbet aposta politicasono?

Este é um grande debate no mundo da Medicina hojepixbet aposta politicadia.

A noçãopixbet aposta politicaque as pessoas devem realizar mais exames se popularizou graças às novas empresas que surgiram no setor e também a médicos que escrevem livros e falam sobre o assunto no YouTube.

Um dos livros mais influentes é Outlive: A Arte e a Ciênciapixbet aposta politicaViver Mais e Melhor (Intrínseca, 2023), do médico canadense Peter Attia,pixbet aposta politicaque ele diz que o mundo está chegando um ponto que chamapixbet aposta politica"Medicina 3.0".

Segundo o livro, nos dois estágios anteriores, a medicina se desenvolveu como uma ciência e ajudou a tratar condições gravespixbet aposta politicasaúde.

No terceiro, que estaria começando agora, poderá ajudar a estender a vida das pessoas com foco na prevenção e não no tratamentopixbet aposta politicadoenças.

Isso só seria possível, segundo Attia, por causa do desenvolvimento tecnológico da humanidade.

Attia defende que as pessoas monitorem — com o devido acompanhamento médico — diversos biomarcadores com frequência.

Não apenas os mais comuns, como colesterol e glicose, mas outros que ajudem a medir os riscospixbet aposta politicaataque cardíaco, derrame, câncer e doenças neurodegenerativas.

Um exemplo desses testes avançadospixbet aposta politicabiomarcadores é o Galleri, desenvolvido pela empresa californiana GRAIL, e detecta sinais para maispixbet aposta politica50 tipospixbet aposta politicacâncer.

O Galleri verifica maispixbet aposta politica1 milhãopixbet aposta politicalocais específicos no DNA para detectar sinais da doença.

O examepixbet aposta politicasi não diagnostica o câncer, mas ajuda a dar pistaspixbet aposta politicatumores que podem se desenvolver.

Após o Galleri, é preciso realizar mais investigações com acompanhamento médico para se chegar a um diagnóstico preciso.

Disponível apenas nos Estados Unidos, o exame custa US$ 949 (maispixbet aposta politicaR$ 5,1 mil), não costuma ser coberto por planospixbet aposta politicasaúde e só pode ser feito com prescrição médica.

Esses preços e barreiras mostram que a "Medicina 3.0" ainda é um conceito acessível apenas a pessoas com mais dinheiro.

Segundo Bain-Kim, da Lifeforce, seus clientes têm necessidadepixbet aposta politicaentender melhor o que podem fazer porpixbet aposta politicasaúde,pixbet aposta politicavezpixbet aposta politicaseguir apenas as recomendações geraispixbet aposta politicaalimentação e exercício emitidas pelas autoridadespixbet aposta politicasaúde.

"No meu caso, tenho um histórico familiarpixbet aposta politicadoenças cardíacas, mas, fora isso, estou razoavelmentepixbet aposta politicaboa forma”, diz.

"Olhando para mim ou para meus hábitospixbet aposta politicavida, seguindo as diretrizes geraispixbet aposta politicasaúde da população, você não diria que eu precisaria mudar nada na minha vida."

No entanto, afirma Bain-Kim, quando começou a rastrear seus biomarcadores, ele descobriu, conforme os resultados dos exames, que tinha um risco elevadopixbet aposta politicater ataques cardíacos e derrames.

"Ou seja, estava seguindo todas as diretrizes das autoridadespixbet aposta politicasaúde, mas os dados e os biomarcadores mais relevantes estavam apontando que eu estava na direção errada.”

Bain-Kim diz que, a partir desses dados — que são confirmados por um histórico familiarpixbet aposta politicaproblemas cardíacos —, passou a seguir uma dieta específica para reduzir estes riscos.

“Em termospixbet aposta politicariscopixbet aposta politicaataque cardíaco, eu não estou apenas na média, eu tenho risco maior. Portanto, eu preciso fazer mais coisas contra esse risco do que uma pessoa mediana faria."

Críticas e perigos

A explosãopixbet aposta politicanovas empresas oferecendo examespixbet aposta politicabiomarcadores também despertou críticas entre acadêmicos.

Em um artigo no Journal of the American Medical Association, dois pesquisadores alertam para o marketing agressivo do setor.

Os autores argumentam que, mais do que atender às necessidades dos pacientes, podem estar servindo aos interesses econômicospixbet aposta politicaempresas, hospitais e laboratórios, que estariam fabricando um novo mercado baseadopixbet aposta politicaserviços pelos quais são cobrados preços elevados dos consumidores.

É um fenômeno que eles chamampixbet aposta politicabiomarkup — um trocadilhopixbet aposta politicainglês que combina biomarcadores e aumentopixbet aposta politicapreços.

“É um quadro complicado. Biomarcadores são essenciais para monitorar doenças e respostas a terapias e gerar diagnósticos precisos. Mas ao mesmo tempo há forças econômicas poderosas que tendem a usar biomarcadores para gerar mais tratamentos e mais exames”, disse à BBC News Brasil Kenneth Mandl, do Departamentopixbet aposta politicaInformática Biomédica da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, e um dos autores do artigo.

Outro risco, segundo Mandl, é a existênciapixbet aposta politicafalsos positivos. A tecnologiapixbet aposta politicatestespixbet aposta politicalaboratório não é 100% precisa, e, às vezes, alguns exames diagnosticam equivocadamente uma doençapixbet aposta politicaum paciente saudável.

Em muitos laboratórios, a precisão épixbet aposta politica95%. Ou seja, a cada 20 exames realizados, um deles está errado,pixbet aposta politicamédia.

Os falsos positivos são problemáticos não só porque geram ansiedade e medo no paciente. Também podem desencadear uma sériepixbet aposta politicanovos exames e até mesmo tratamentos que, alémpixbet aposta politicaserem inúteis para alguém saudável, geram gastos desnecessários.

Outro estudopixbet aposta politicaMandl estima que falsos positivos geram gastos desnecessários da ordempixbet aposta politicaUS$ 4 bilhões (maispixbet aposta politicaR$ 20 bilhões) por ano sópixbet aposta politicacasospixbet aposta politicacâncerpixbet aposta politicamama nos Estados Unidos.

Mas o pesquisadorpixbet aposta politicaHarvard acredita que há uma oportunidade importante na explosãopixbet aposta politicaempresaspixbet aposta politicaexamespixbet aposta politicabiomarcadores com usopixbet aposta politicainteligência artificial.

Os novos avanços podem aumentar substancialmente a margempixbet aposta politicaprecisão dos exames, diminuindo os falsos positivos.

Isso acontece porque a inteligência artificial permite que os laboratórios examinem diversos biomarcadores e outros fatores — como histórico familiar — ao mesmo tempo,pixbet aposta politicavezpixbet aposta politicabasear seus diagnósticospixbet aposta politicaapenas um marcador.

Bain-Kim pixbet aposta politica diz quepixbet aposta politicaempresa está montando uma basepixbet aposta politicadados com os examespixbet aposta politicaseus clientes que é usada para treinar modelospixbet aposta politicainteligência artificial para melhorar a precisão das análises.

“Acho que há oportunidades, mas também riscos. É muito importante discernir esforços que são projetados para gerar mais testes e aumentar receita daqueles que são realmente projetados para melhorar a saúde. Essa distinção nem sempre é óbvia, nem mesmo para quem está trabalhando no setor”, diz Mandl.

O pesquisadorpixbet aposta politicaHarvard defende mais atenção das autoridadespixbet aposta politicaregulação e também maior educação dos consumidores por meiopixbet aposta politicacampanhas.

O presidente da Lifeforce concorda que esse é um problema para os consumidores.

“Há empresas que estão fazendo isso da maneira certa e outras que não estão. Que não estão coletando os dados certos ou os interpretando da maneira certa", diz Bain-Kim.

"Há muito entusiasmo no setor. E há também todos os perigos que acompanham isso. O consumidor precisa ter bastante atenção.”

Ele também alerta para empresas que prometem soluções que se apresentam como um “elixir da juventude”.

“Há empresaspixbet aposta politicabiotecnologia que estão trabalhandopixbet aposta politicamoléculas e coisas do tipo para prolongar a vida humana. Mas esse tipopixbet aposta politicapromessapixbet aposta politicaelixir da juventude está muito distante.”