Lilly e Felice: a históriabets apostas esportivasamor proibida entre a mulherbets apostas esportivasum soldado nazista e uma judia durante a 2ª Guerra Mundial:bets apostas esportivas

Seu paradeiro é até hoje desconhecido, assim como obets apostas esportivasmilharesbets apostas esportivasjudeus e outras minorias que desapareceram durante o sangrento conflito.

A vidabets apostas esportivasLilly, como seus amigos e familiares conheciam, nunca mais seria a mesma.

"Esses 18 meses foram um presente que jamais esquecerei. Apesar do meu infortúnio, tive a sortebets apostas esportivasconhecê-la e por isso serei grata por toda a minha vida", diz Elisabethbets apostas esportivasum documentário da BBC gravadobets apostas esportivas1997.

Como Lilly e Felice se conheceram

Até 1942, a vidabets apostas esportivasLilly era como abets apostas esportivasmuitas outras mulheres alemãs. Casada com um ex-funcionário do banco Deutsche Bank, enviado à Frente Oriental com o Exército nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ela era o que muitos chamavambets apostas esportivas"uma boa alemã".

Aos 29 anos, Lilly já tinha quatro filhos e simpatizava com o nazismo. O Terceiro Reich concedeu-lhe a Cruzbets apostas esportivasHonra da Mãe Alemã, uma condecoração dada às mulheres ao terem seu quarto filho.

Seus primeiros anos como mulher casada transcorreram conforme ditava a sociedade da época.

Mas tudo mudou depoisbets apostas esportivasUlla Schaaf chegar para trabalhar como babá no apartamentobets apostas esportivastrês quartos da famíliabets apostas esportivasSchmargendorf, um bairro no sudoestebets apostas esportivasBerlim.

Ulla começou a trabalhar para Lilly como parte do anobets apostas esportivastrabalho obrigatório estabelecido pelo governo nazista; segundo essa regra, as mulheres jovens deveriam trabalharbets apostas esportivascasa ou na agricultura.

Foi assim que Ulla, uma mulherbets apostas esportivasfamília comunista e antinazista que recebia regularmente judeus embets apostas esportivascasa, acabou servindo uma família nazista que tinha até um bustobets apostas esportivasHitlerbets apostas esportivascasa.

"Minha casa era como abets apostas esportivasmilhõesbets apostas esportivasalemães. Nunca voteibets apostas esportivasHitler, mas fui casada com um nazista", diz Lilly.

"Foi assim que conheci Ulla", lembra elabets apostas esportivasconversa com a escritora e jornalista alemã Erica Fischer, que deu origem ao livro "Aimée & Jaguar".

Apesarbets apostas esportivasmais tarde ter relutadobets apostas esportivasadmitir que se deixou levar pelos ideais nazistas, naqueles anos ela não pôde evitar fazer comentários antissemitas, algobets apostas esportivasque algumas pessoas ao seu redor, como Ulla, lembram muito bem.

"Lilly me disse um dia, não me lembro por que ela disse isso, que ela sentia cheirobets apostas esportivasjudeus", explica Ullah no documentário.

"E quando voltei, contei para Felice e decidimos que tínhamos que colocá-la à prova", acrescenta.

Felice e Ulla eram mais do que apenas amigas — a primeira mudou-se para a casa da segunda quando ela se escondeu para evitar as deportações que se intensificaram no segundo semestrebets apostas esportivas1942.

Foi assim que se forjou o primeiro encontro. No dia 27bets apostas esportivasnovembro daquele ano, Ulla e Lilly encontraram Felice à tarde no Café Berlim, perto da estaçãobets apostas esportivasmetrô Zoo, no centro da capital alemã.

"Lilly ficou muito feliz por conhecer alguém tão interessante", observa Ulla.

"Felice era uma pessoa muito interessante. Você poderia conversar com ela sobre muitas coisas. Queria ser jornalista, mas primeiro teve que sobreviver àqueles tempos", acrescenta.

A atração entre as duas foi instantânea.

"Conversamos e gostei dela desde o primeiro momento", lembra Lilly.

"Ficamos juntas cercabets apostas esportivasuma hora. Depois, ela me acompanhou até a parada do bonde e me deu uma maçã."

Durante esse encontro, Felice Schragenheim,bets apostas esportivas20 anos, se apresentou a Lilly como Barbara F. Schrader, nome que apareciabets apostas esportivasseus documentos falsos.

Felice se muda para a casabets apostas esportivasLilly

Desde o primeiro encontro, as duas mulheres cultivaram uma amizade intensa até que finalmente, após ser internada para uma operação no hospital, Lilly finalmente aceitou seus sentimentos e,bets apostas esportivasmaiobets apostas esportivas1943, Felice mudou-se para a casa delas.

Lilly finalmente acabou se divorciando do maridobets apostas esportivasoutubro daquele mesmo ano.

"Não sabia que ela gostavabets apostas esportivasmulheres. Foi uma surpresa para ela, embora mais tarde, olhando para trás, ela tenha reconhecido que sempre as observou", diz Erica Fischer à BBC News Mundo, o serviçobets apostas esportivasnotíciasbets apostas esportivasespanhol da BBC, sobre as inúmeras conversas que teve com Lilly para escrever seu livro.

"Embora ela estivesse muito relutantebets apostas esportivasfalar sobre seu passado como simpatizante do nazismo, quando se tratavabets apostas esportivasseu relacionamento com Felice ela tinha uma memória longa e falava livremente sobre sexualidade. Ela me contou que teve o primeiro orgasmo da vida com Felice, embora tivesse quatro filhos com o marido", conta Fischer sobre Lilly, uma mulher que, segundo ela, a impressionou particularmente pela intensidade com que falava.

Felice confessa que é judia

Para evitar suspeitas, Lilly apresentou Felice aos vizinhos como uma primabets apostas esportivasFrankfurt que havia fugidobets apostas esportivascasa por causa das bombas.

"Além disso, havia poucos homens por causa da guerra e era normal que as mulheres saíssem juntas e dançassem umas com as outras. Ninguém considerou isso suspeito", diz a escritora alemã.

Coisas como Felice não ter cartãobets apostas esportivasracionamentobets apostas esportivascomida (algo que os judeus não podiam ter) nunca fizeram Lilly suspeitar que ela era judia.

A certa altura, Lilly começou a achar estranho que Felice às vezes saíabets apostas esportivascasa sem dizer para onde estava indo. Apesarbets apostas esportivasmorarem juntas, Felice manteve suas atividades clandestinas para passar documentos aos judeus.

"No iníciobets apostas esportivasmaio, perguntei-lhe incansavelmente uma noite se algo estava acontecendo. Se quisermos ficar juntas por toda a vida, devemos ser completamente honestas uma com a outra", Lilly se lembrabets apostas esportivaster dito a ela.

"'Se eu lhe contar o que está acontecendo, você ainda me amará?', ela me perguntou. E, então, me disse: 'Sou judia'", conta Lilly.

"Naquele momento, todos os momentos que vivi passaram diante dos meus olhos e eu disse a ela: 'Está tudo bem agora' e a abracei", acrescenta.

Prisão e deportaçãobets apostas esportivasFelice

Na primaverabets apostas esportivas1944, Felice foi trabalhar no jornal nazista National-Zeitung como estenógrafa.

"Sabia que ela fazia coisas clandestinas, mas não o quê nem como. Ainda tenho os diáriosbets apostas esportivasFelice onde estão as citações marcadas, mas o que elas significam é um mistério para mim", explica Lilly no livro.

"Ela sempre me disse para não me contar nada a ninguém porque era muito perigoso."

Felice Sara Schragenheim foi declarada fugitivabets apostas esportivasjunhobets apostas esportivas1943, mas as duas mulheres continuaram vivendo sem se esconder.

"Felice vivia com medo constantebets apostas esportivasque alguém a reconhecesse oubets apostas esportivasser descoberta num postobets apostas esportivascontrole da Gestapo. Também sabia que havia judeus que revelavam o paradeirobets apostas esportivasoutros judeus para salvar suas vidas", explica Jörg Waßmer, historiador do Museu Judaicobets apostas esportivasBerlim, à BBC News Mundo.

No dia 21bets apostas esportivasagostobets apostas esportivas1944, as duas mulheres foram tomar banho no rio Havel, próximo ao Wannsee, um balneáriobets apostas esportivasverão muito famosobets apostas esportivasBerlim.

Ao retornarem, a Gestapo as esperava na portabets apostas esportivascasa com uma fotobets apostas esportivasFelice na varanda.

"Foi muito provavelmente uma denúnciabets apostas esportivasalguém, embora não sabemos quem foi, se foi um vizinho, um velho conhecido…", diz o historiador Waßmer.

Felice foi levada para um centrobets apostas esportivasdetençãobets apostas esportivasBerlim, onde passou alguns dias até que,bets apostas esportivas5bets apostas esportivassetembro, foi transferida para o campobets apostas esportivasconcentraçãobets apostas esportivasTheresienstadt.

Dali, levaram-na para Auschwitz, depois para Groß Rosen, e finalmente para Bergen Belsen.

"A partir daí, não sabemos mais sobre o paradeiro dela. Ou ela morreu numa das chamadas marchas da morte ou ao chegar a Bergen Belsen", acrescenta o historiador.

A vidabets apostas esportivasLilly depoisbets apostas esportivasperder Felice

Lilly pagou um preço alto por ter a coragembets apostas esportivasvisitar Felice enquanto ela estava detidabets apostas esportivasBerlim e arriscar-se a viajar a Theresienstadt para tentar vê-la: foi forçada a se apresentar na delegaciabets apostas esportivaspolíciabets apostas esportivasseu bairro dia sim, dia não.

Apesarbets apostas esportivasestar sob vigilância dos nazistas, Lilly não hesitoubets apostas esportivasreceber embets apostas esportivascasa, alguns meses depois, três outras vítimas da perseguição nazista: Lucie Friedländer, Katja Lazerstein e Rosa Ohlendorf, que conheceu antes do Natalbets apostas esportivas1944.

As três mulheres judias permaneceram escondidas com ela até o fim da guerra.

Alimentá-las foi um desafio devido à grave escassezbets apostas esportivasalimentos que existiabets apostas esportivasBerlim na época. As mulheres sobreviveram, embora Lucie Friedländer tenha cometido suicídio logo após o fim do conflito.

Após a guerra, Lilly não recebeu a pensão como viúva porque não anulou seu divórcio a tempo. Ela recebia assistência social e vivia desse dinheiro com seus quatro filhos.

"Ela trabalhava como faxineira. Ela era muito pobre e deprimida, o que a levou a tentar o suicídio duas vezes", diz Fischer.

"Ela se casou com um eletricista para sustentar os filhos, mas acabou se divorciando dele porque ele maltratava seus filhos e tinha muito ciúme."

Muitos anos se passaram até quebets apostas esportivashistória se tornasse conhecida, primeiro com o livrobets apostas esportivasFischer "Aimée e Jaguar. Uma históriabets apostas esportivasamor, Berlim 1943" e depois com o filme "Aimée & Jaguar" (1999), baseado na obra literária.

Aimée e Jaguar eram os apelidos pelos quais as duas mulheres se chamavam afetuosamente.

"Lilly era a amorosa, por isso Aimée. E Felice parecia uma onça, a caçadora", explica Fischer.

"A décadabets apostas esportivas1950 na Alemanha ainda era uma época muito homofóbica. Fiquei com medobets apostas esportivasfalar sobre isso", explica a autora sobre os motivosbets apostas esportivasLilly manterbets apostas esportivashistóriabets apostas esportivassegredo por tanto tempo.

"Os sobreviventes receberam pouca atenção nas décadasbets apostas esportivas50, 60 e 70 na Alemanha", observa o historiador do Museu Judaico.

"Além disso, não devemos esquecer que se tratavabets apostas esportivasum relacionamento lésbico e que os homossexuais foram perseguidos até o finalbets apostas esportivas1969", acrescenta Waßmer.

Lilly viveubets apostas esportivassuas memórias até o fimbets apostas esportivasseus dias.

"Felice era insubstituível para mim. Tinha os livros dela, as fotos dela. Nunca vivi sem ela. Talvez achassem que era uma louca, mas quando eu andava pela rua me sentindo sozinha, e me sentia muito sozinha, ia trabalhar, mas ninguém me conhecia, então, naqueles momentos eu a sentiabets apostas esportivasalguma forma comigo."