Uvas-passas:gambling pokeralimento erótico da Bíblia à polêmica das ceiasgambling pokerNatal:gambling poker

Pote com uvas-passas

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Segundo a gastrônoma e historiadora Camila Landi, professora e coordenadora do cursogambling pokerTecnologiagambling pokerGastronomia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os indícios apontam que o consumo das passas começou por uma questãogambling pokersobrevivência, na remota Antiguidade.

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"Sementes e frutas que caíam das árvores e secavam naturalmente [serviamgambling pokeralimento]", explica ela à BBC News Brasil.

"No decorrer da história da alimentação, por observação do homem, torna-se resultadogambling pokerum métodogambling pokerconservação natural, que ocorre por meio da desidratação natural do ingrediente", explica Landi.

A gastróloga Karyna Muniz, consultora especialistagambling pokeralimentos e bebidas, concorda que, como boa parte da história da alimentação, esse consumo começougambling pokerforma acidental, por observação das uvas que "caíam dos pés e secavam naturalmente ao sol".

Mas o gostinho agradou.

"E após a descobertagambling pokerum sabor intenso e um dulçor específico, passaram a ser amplamente consumidas durante a Roma Antiga", afirma Muniz.

Energia para o inverno

E se a necessidadegambling pokerum tipogambling pokeralimento como as passas era ainda maior nos intensos invernos do hemisfério norte, não é difícil entender por que a iguaria se tornou comum nas mesas durante os festejosgambling pokerfimgambling pokerano, seja os que já ocorriam antes da Era Cristã, seja as comemoraçõesgambling pokerNatal.

"A origem do consumo se deu devido ao solstíciogambling pokerinverno no hemisfério norte, o que levou à necessidade do consumo e armazenagemgambling pokerprodutos com maior validade", conta Muniz. "Daí a preferência pelas oleaginosas, como as nozes, e frutos secos, desidratados ou passificados, alémgambling pokerembutidos, entre outros."

Massagambling pokerbolo com frutas secas

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Frutas secas se tornaram tradicionais nas festasgambling pokerfimgambling pokerano porgambling pokercapacidadegambling pokerconservação

Camila Landi destaca que o alimento acabou ganhando novos significados.

"Chegou ao mundo todo com a mesma simbologia para o período: a promessa o povogambling pokerum novo ciclogambling pokertransformações,gambling pokerprosperidade e fartura", aponta a historiadora.

Os registros mais antigos das uvas-passas aparecem no compiladogambling pokerantigos escritos que daria origem à Bíblia, livro considerado sagrado por boa parte das civilizações.

Na Bíblia, um alimento ligado ao sexo

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Uvas-passas são citadas com certa frequência no Antigo Testamento.

Segundo o teólogo e historiador Gérson Leitegambling pokerMoraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, essas citações podem ser divididasgambling pokerdois tipos, considerando os significados dos trechos.

Há passagens que associam a passa a aspectos eróticos e aquelas que valorizam o alimento como algo prático, nutritivo egambling pokerfácil transporte e conservação.

"Quanto à sexualidade, há aspectos positivos e negativos", explica ele,gambling pokerconversa com a BBC News Brasil. "No livro Cântico dos Cânticos, [a uva-passa] aparecegambling pokerum poema que é feito pela esposa ao seu amado."

O trecho exalta o marido, dizendo que "seu fruto é doce ao meu paladar". E depoisgambling pokerdestacar que "faz-me entrar na taberna, seu estandarte sobre mim é amor", o eu-lírico pede para que o amado a refaça "com bolosgambling pokeruva-passa" porque ela está "doentegambling pokeramor".

Outra passagemgambling pokercunho sexual está no livrogambling pokerOseias, quando Deus repreende aqueles que "se voltam para outros deuses" envolvendo-se com prostituição e adultério. No texto, estes "gostamgambling pokertortasgambling pokeruva-passa".

Como explica Moraes, "chama a atenção a presença da maçã e das uvas-passas no contexto do relacionamento sexual, porque são dois alimentos associados à questão afrodisíaca".

O teólogo lembra que rituais pagãos antigos costumavam ofertar à deusa da fertilidade um bologambling pokeruva-passas.

"A diferença entre os dois trechos é que no primeiro, o contexto afrodisíaco está dentrogambling pokerum casamento aprovado aos olhosgambling pokerDeus; no segundo, é uma relaçãogambling pokerpromiscuidade, prostituição, ou seja, o alimento está associado a um ambientegambling pokeradultério", compara.

Bíblia ao ladogambling pokerterço

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Uvas-passas são citadas com certa frequência no Antigo Testamento

Conservação e transporte

Outro aspecto das uvas-passas que ganha destaque nos textos bíblicos é o utilitário.

"Era um alimento fácilgambling pokercarregar, favorito para os viajantes desses tempos antigos. Há várias menções às passas como um insumo essencial às longas jornadas", pontua Moraes.

No primeiro livrogambling pokerSamuel, por exemplo, há a descriçãogambling pokercomo a personagem Abigail preparou tudo para uma longa viagem. E diz que ela "tomou depressa duzentos pães, dois odresgambling pokervinho, cinco ovelhas já preparadas, cinco medidasgambling pokergrão tostado, cem cachosgambling pokeruva-passa e duzentas tortasgambling pokerfigo".

"Era um alimentogambling pokerfeitura simples, seco ao sol, e que, desidratado, estava fácil ao manuseio e ao armazenamento", diz Moraes. "Nutritivo, saudável."

E, dada a concentraçãogambling pokeraçúcar, o alimento dava energia aos viajantes, que muitas vezes passavam longas jornadas sem nada para comer.

No livrogambling pokerSamuel, no meio da viagem, a caravana encontra um egípcio que havia perdido "o alento, pois durante três dias e três noites não comera nem bebera nada".

"Deram-lhe pão para comer e água para beber. Deram-lhe também uma tortagambling pokerfigos e dois cachosgambling pokeruva-passa", diz o texto bíblico.

Mas emboragambling pokerimportante valor utilitário, as passas não eram relegadas apenas a esse uso corriqueiro — também há indíciosgambling pokerque eram frutas valorizadasgambling pokercelebrações.

No primeiro livro das Crônicas, quando há o relato da proclamaçãogambling pokerDavid como reigambling pokerIsrael, diz-se que os que foram reconhecê-lo "ficaram lá três dias com David, comendo e bebendo, pois seus irmãos haviam feito preparativos para eles".

Na sequência, detalha-se que eles "traziam víveres sobre jumentos e camelos, mulas e bois: farinhas, tortasgambling pokerfigos, e uvas passas, vinho, aceite, bois e ovelhasgambling pokerabundância, pois havia alegriagambling pokerIsrael".

Moraes cita os contextosgambling pokerque as uvas-passas costumam aparecer na Bíblia.

"De forma geral, podemos dizer que as uvas-passas na Bíblia aparecemgambling pokercontextos muito específicos,gambling pokerviagens e festa, e tambémgambling pokersexualidade aflorada, no contexto afrodisíaco", sintetiza.

A historiadora Landi complementa que a uva "é um elemento presentegambling pokerdiversos ritosgambling pokerhospitalidade das sociedades da Idade Antiga, como mesopotâmicos, egípcios, hebreus, gregos e romanos".

A fruta é constantegambling pokerbanquetes e convescotes, "com registrosgambling pokerseu consumo e simbologia alimentar ligada à fartura, à fertilidade e a prosperidade".

Benefícios: libido e saúdegambling pokergeral

Mas a carga simbólica não é por acaso. Analisando as propriedades do alimento, toda essa semântica encontra sentido. Primeiro: a ideia do açúcar concentrado e da riquezagambling pokernutrientesgambling pokerum alimento pequenino, facilmente carregado e guardado.

“Quando desidratamos uma uva, ou outro ingrediente, conservamos seus açúcares naturais e retiramosgambling pokerumidade, o que a deixa ainda mais doce, concentradagambling pokersabores e nutrientes”, conta Landi. “Há quem goste e quem odeie. O fato é que esse elemento era um métodogambling pokerconservação para evitar a ausênciagambling pokeralimentos disponíveis e, também, sendo uma fontegambling pokerenergia ao homem.”

Hoje se sabe que as uvas-passas trazem muitos benefícios para a saúde.

Segundo Muniz, é considerada um superalimento, “com benefícios nutricionais e vitais à saúde do corpo e da mente”.

Ela enumera que as passas ajudam na regulação intestinal, pois são ricasgambling pokerfibras. Também atuam no fortalecimento imunológico, porque contêm vitaminasgambling pokercomplexo B, alémgambling pokermineirais como o ferro.

São benéficas ao coração, porque “são ricasgambling pokerantioxidantes eficazes para eliminar o colesterol e limpar as artérias”. Esses antioxidantes também agem contra os radicais livres e ajudam a evitar o surgimentogambling pokertumores.

De acordo com a especialista, as uvas-passas também têm propriedades anti-inflamatórias, contribuem para a saúde bucal, atuam na regulação da acidez do organismo e, por terem potássio, fortalecem os músculos e o sistema nervoso.

Por fim, uma possível explicação para o uso afrodisíaco que aparece na Bíblia.

“Dá energia: a frutose aumenta o nível energético, aumentando o rendimento físicogambling pokeratividades do cotidiano”, comenta ela.

E não só. Hoje se sabe que a uva-passa tem arginina, "um amionácido importante para estimular a libido”.

Então é Natal: com passa ou sem passa?

Arroz com uva passa

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Nem todos gostam da uva-passa nos pratos na ceiagambling pokerNatal

Voltemos à ceiagambling pokerNatal. A essa altura você já sabe: goste-se ou não, o costumegambling pokeroutrora no hemisfério norte, sobretudo nas regiões do Mediterrâneo e da Mesopotâmia, foi incorporado às celebrações festivas do Brasil.

"É importante falar que o consumogambling pokerpassas na alimentação acontecegambling pokermuitas comidas no mundo inteiro. Historicamente, elas são utilizadasgambling pokerreceitas salgadas e docesgambling pokerdiversas partes do mundo", aponta o escritor e jornalistagambling pokergastronomia Rafael Tonon, autor do livro As Revoluções da Comida e coordenador do mestradogambling pokerJornalismo Gastronômico e Comunicação do BasqueCulinary Center, na região basca da Espanha.

Ele explica que o apelo festivo que o ingrediente ganhou na mesa brasileira está justamente no fatogambling pokero uso não ser corriqueiro.

"Para o brasileiro, tornou-se uma coisa esporádica. E como o Natal pede uma circunstância, uma certa pompa, ela aparece nesta época", diz Tonon.

Antesgambling pokerpolemizar, Muniz atenta para o fatogambling pokerque "precisamos compreender que gosto é algo particular e individual".

Mas ela atribui ao exagero a má fama das passas natalinas, pois vê um "uso excessivo delasgambling pokervárias preparações ao mesmo tempogambling pokeruma única noite".

"Elas estão na farofa, no arroz, no salpicão, na salada…", enumera.

Tecnicamente, o que interfere na cor das passas — as escuras ou aquelas mais douradas — é o processogambling pokerdesidratação e não o tipo da uva.

Hojegambling pokerdia, elas são feitasgambling pokeruva thompson ou moscatel, na maior parte das vezes.

De acordo com a especialista, essas duas variedades são ideais para o processo, porque têm "casca fina, polpa firme e alto teorgambling pokeraçúcar".

"Geralmente elas são produzidasgambling pokeruvas frescas classificadas como 'uvas finasgambling pokermesa' que não estão com os padrões aceitáveis para a comercialização no varejo", comenta Muniz.

"As marrons, na maioria das vezes, secam ao sol, e essa cor escura é resultado do queimado do sol, digamos assim", diz Tonon. "Já a dourada é secagambling pokerdesidratador, com temperatura controlada. Isso faz com que ela consiga ser seca num processo mais determinado, o que não mudagambling pokercoloração."