Psicanálise é pseudociência? A polêmica que divide opiniões há um século:vera john bonus

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Validade científica da psicanálise foi questionada por figuras como o filósofo Karl Popper
Em artigo no jornal Folhavera john bonusS.Paulo, Pasternak e Orsi afirmaram que "muitos dos ataques são ou deliberadamente mentirosos, ou revelam um grau constrangedorvera john bonusignorância por parte dos "críticos"".
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Alguns especialistas afirmam que o próprio trabalhovera john bonusFreud era inteiramente pseudocientífico por natureza e que os defensoresvera john bonussua teoria pouco fizeram para revisá-la.
Outros defendem que a eficácia da psicanálise pode ser comprovada cientificamente.
Também destacam que ela teve uma tremenda influência na cultura ocidental e, apesarvera john bonustodas as críticas, ainda conta com muitos adeptosvera john bonustodo o mundo (ler mais abaixo).
Freud, o pai da psicanálise
Desde seus primórdios, nos primeiros anos do século 20, tem havido discussões exaltadas sobre se a psicanálise é mesmo uma ciência.
Mas, antesvera john bonusmergulhar nessa polêmica, é preciso primeiro entender o que é a psicanálise, método para tratar transtornos mentais e teoria que explica o comportamento humano.
O austríaco Sigmund Freud (1856-1939) é considerado seu pai fundador.
Freud acreditava que os acontecimentosvera john bonusnossa infância têm grande influênciavera john bonusnossa vida adulta, moldando nossa personalidade.
Por exemplo, para explicarvera john bonusforma simplificada, a ansiedade originadavera john bonusexperiências traumáticas no passadovera john bonusuma pessoa é escondida da consciência e pode causar problemas na idade adulta (neuroses).
Assim, quando explicamos nosso comportamento para nós mesmos ou para os outros (atividade mental consciente), raramente damos um relato verdadeirovera john bonusnossa motivação.
Freud dedicou-se, portanto, a tentativasvera john bonuspenetrar essa "camuflagem", muitas vezes sutil e elaborada que obscurece a estrutura e os processos ocultos da nossa personalidade.
Ele insistia que suas postulações formavam a base da ciência da psicologia.
Ou seja, para Freud, a psicanálise era uma "ciência natural".
Por outro lado, dizia sobre si mesmo: "A verdade é que não sou um homem da ciência, absolutamente. Sou apenas um conquistador, um aventureiro".

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Natalia Pasternak provocou polêmicavera john bonusseu novo livro ao descrever psicanálise como 'pseudociência'
Popper e o 'falsificacionismo'
Um dos principais críticos das teoriasvera john bonusFreud foi o austro-britânico Karl Popper (1902-1994).
Um dos mais influentes filósofos do século 20, Popper considerava a psicanálise uma pseudociência por produzir hipóteses que não podem ser refutadas empiricamente, chegando a compará-la à astrologia.
Ele defendia que a ciência se diferencia da pseudociência ou da superstição, porque hipóteses científicas podem se mostrar falsas por meio da observação evera john bonusexperimentos.
Trata-se do "falsificacionismovera john bonusPopper": segundo ele, qualquer afirmação científica baseadavera john bonusobservação jamais poderá ser considerada uma verdade absoluta ou definitiva.
Popper sustentava que as teorias científicas são caracterizadas por implicar previsões que observações futuras podem revelar ser falsas.
Por exemplo: no passado, por desconhecer a existênciavera john bonuscisnes negros, acreditava-se que "todo cisne era branco".
Mas, para Popper, não importa se todos os cisnes observados eram brancos; basta o aparecimentovera john bonusum único cisne negro para desmontar essa teoria.
Por consequência, não podemos afirmar cientificamente que "todos os cisnes são brancos".
Quando as teorias se mostram falsas por tais observações, os cientistas podem responder revisando a teoria ou rejeitando a teoriavera john bonusfavorvera john bonusuma rival ou mantendo a teoria como está e mudando uma hipótese auxiliar.
No caso da psicanálise freudiana, Popper argumentava que ela, assim como outras teorias que ele descreve como não científicas, não fazem nenhuma previsão que possa permitir que sejam "falsificadas".
Neste sentido, por não haver previsões precisas, essas teorias acabam sendo criadas para se adequar e fornecer uma suposta explicaçãovera john bonusqualquer comportamento observado.

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Sigmund Freud é considerado pai fundador da psicanálise
Criança na água
Para ilustrar seu ponto, Popper dá como um exemplo dois homens, um que empurra uma criança na água com a intençãovera john bonusafogá-la e outro que mergulha na água para salvá-la.
Segundo ele, a psicanálise pode explicar essas duas ações aparentemente contraditórias.
No primeiro caso, o psicanalista pode afirmar que a ação foi impulsionada por um componente reprimido do id (inconsciente) e, no segundo caso, que a ação resultouvera john bonusuma sublimação bem-sucedida desse mesmo tipovera john bonusdesejo pelo ego e pelo superego.
Em outras palavras: para Popper, independentementevera john bonuscomo uma pessoa realmente se comporta, a psicanálise pode ser usada para explicar tal comportamento.
Isso, porvera john bonusvez, nos impedevera john bonusformular quaisquer experimentos cruciais que possam servir para "falsificar" a psicanálise.
Para Popper, a psicanálise era "simplesmente não testável, irrefutável. Não havia comportamento humano concebível que a contradissesse".
"O ponto é muito claro. Nem Freud nem Adler (Alfred Adler, psicólogo austríaco fundador da psicologia do desenvolvimento individual) excluem a açãovera john bonusqualquer pessoavera john bonusparticularvera john bonusqualquer maneira particular, quaisquer que sejam as circunstâncias externas. Se um homem sacrificouvera john bonusvida para resgatar uma criança que se afogava (um casovera john bonussublimação) ou se ele assassinou a criança por afogamento (um casovera john bonusrepressão) não poderia ser previsto ou excluído pela teoriavera john bonusFreud", escreveu elevera john bonus1974.
"Eu pessoalmente não duvido que muito do que eles (Freud e Adler) dizem évera john bonusconsiderável importância e pode muito bem desempenhar seu papel um diavera john bonusuma ciência psicológica que pode ser testada".
"Mas isso quer dizer que aquelas 'observações clínicas' nas quais os analistas ingenuamente acreditam confirmarvera john bonusteoria não são nada diferentes do que as confirmações diárias que os astrólogos encontram", acrescentou.
Popper, por outro lado, assinalou que muitas vezes existem propósitos legítimos para postular teorias não científicas.
Ele argumentava que as teorias que começam como não científicas podem mais tarde se tornar científicas, à medida que determinamos métodos para gerar e testar previsões específicas com base nessas teorias.
Um exemplo citado por ele é a teoriavera john bonusNicolau Copérnico (1473-1543)vera john bonusum universo centrado no sol, que inicialmente não produziu previsões potencialmente falsificadas e, portanto, não teria sido considerada científica pelos critériosvera john bonusPopper.
No entanto, astrônomos eventualmente determinaram maneirasvera john bonustestar a hipótesevera john bonusCopérnico, tornando-a científica.
Criticando o crítico
Ao longo dos anos, a validade científica da psicanálise foi postavera john bonusxeque por outras figuras proeminentes como o psicólogo Steven Pinker, o linguista Noam Chomsky, o biólogo evolutivo Stephen Jay Gould e o físico Richard Feynman.
Alguns mergulharam fundo na obravera john bonusFreud, dissecando o que consideravam suas deficiências, como o filósofo alemão-americano Adolf Grünbaum (1923-2018).
Seu livro, Os Fundamentos da Psicanálise: Uma Crítica Filosófica,vera john bonus1984, o tornou mundialmente famoso.
Na época, a obra foi encarada como um pontovera john bonusinflexão no debate sobre a psicanálise e considerada por alguns críticosvera john bonusFreud como uma "obra-prima".
Curiosamente, Grünbaum era um críticovera john bonusPopper antesvera john bonusse tornar um críticovera john bonusFreud.
Na verdade, foi por meiovera john bonusPopper que Grünbaum passou a se interessar por Freud.
Isso porque, tanto na teoria quanto na prática, insistia Grünbaum, Freud compreendeu e aceitou a lógica da falseabilidadevera john bonusPopper.
"O primeiro ímpeto para minha investigação sobre os méritos intelectuais do empreendimento psicanalítico", escreve ele, "veiovera john bonusminhas dúvidas sobre a filosofia da ciênciavera john bonusKarl Popper",vera john bonusalusão ao falsificacionismo.
Ele também defendia que o pai da psicanálise praticava o que pregava:vera john bonusvárias ocasiões, Freud realmente desistiuvera john bonusideias porque elas se mostraram empiricamente insustentáveis.
Em outras palavras, na opiniãovera john bonusGrünbaum, Freud agiu exatamente como a teoria popperiana diz que um cientista deveria fazer, abandonando as posições teóricas quando elas eram contrariadas pelos fatos.
Mas, segundo ele, o problema da psicanálise estava no que chamavavera john bonus"Tally Argument" ("argumento da adequação").
Resumidamente, Grünbaum criticava Freud por acreditar que apenas a psicanálise podia produzir efeitos terapêuticos.
Segundo ele, os pacientes não são fontes confiáveis para descobrir o que realmente "funcionou" para curar seus transtornos.
Outro lado
Muitos especialistas defendem que algo merece ser considerado uma ciência quando há uma consideração predominante pelos dados, que estão disponíveis para todas as partes interessadas, e quando a teoria é orientada por dados e mudavera john bonusresposta a novas observações.
Essa é uma visão mais tradicional. Segundo esse pontovera john bonusvista, o progresso da teoria é cumulativo, e o modelo original pode servirvera john bonusbase para modelos mais novos.
As alegações também devem ser baseadasvera john bonusevidências e nãovera john bonusautoridade.
"A psicanálise, por outro lado, é baseada principalmentevera john bonuspostulações pseudocientíficas que são inerentemente não falsificáveis", diz Anna Järvinen, psicóloga clínica, neuropsicóloga e terapeutavera john bonustradição não psicanalítica/psicodinâmica em artigo no The Skeptic, revista britânicavera john bonusceticismo sem fins lucrativos.
Em entrevista à BBC News Brasil, ela diz que as reações inflamadas sobre se a psicanálise é ou não ciência "se devem, pelo menosvera john bonusparte, ao fatovera john bonusque, apesarvera john bonussuas deficiências bastante debatidas e delineadas, a psicologia continua a ter uma presença bastante proeminente, não menos no domínio clínico".
"Muitos acham isso desconfortável e francamente ameaçador, possivelmente devido ao fatovera john bonusque a teoriavera john bonusFreud não é fácilvera john bonusentender no sentido intelectual (e muito poucos leram seus textosvera john bonusprimeira mão), e tocavera john bonusáreas muito sensíveis", acrescenta ela, que tem PhDvera john bonusPsiciologia no Goldsmiths College, da Universidadevera john bonusLondres, no Reino Unido.
Segundo Järvinen, "a psicanálise é extremamente poderosa, com o paciente sendo frequentemente colocado na posiçãovera john bonusobjeto, e os tratamentos costumam ser vistos como misteriosos e até sombrios".
"Por seremvera john bonusdifícil compreensão, os psicanalistas às vezes são vistos como "elitistas" nas fileirasvera john bonusdiferentes profissionais da saúde mental. Não ajuda que existam alguns grupos ou cultosvera john bonuspraticantes que assumem uma atitude muito acríticavera john bonusrelação ao trabalhovera john bonusFreud", completa.
"Os fatores acima mencionados tornam a teoriavera john bonusFreud altamente provocadora/evocadora emocionalmente, e as pessoas respondem naturalmente com uma atitude defensiva".
"Além disso, nesta era do modelo médico e tratamentos baseadosvera john bonusevidências, muitos possivelmente acham incompreensível por que se dá atenção à psicanálise. No entanto, o tratamento continua a beneficiar muitos", conclui.
Apesar de, assim como muitos psicólogos, Järvinen não considerar a psicanálise como uma ciência, ela ressalva que tratamentos médicos mais comprovados cientificamente nem sempre "atingem os níveis mais profundos da psique e carecem da flexibilidade necessária", diz ela.
"Precisamosvera john bonusuma ampla variedadevera john bonusopçõesvera john bonustratamento para atender à enorme heterogeneidade da população humana e seus vários sintomas, e indiscutivelmente a psicanálise é uma opção útil", destaca.
Järvinen também lembra ser "crucialmente importante" colocar a teoriavera john bonusFreudvera john bonusseu contexto cultural adequado — "ele viveu e foi criado no mundo sexista, racista e imperialista do século 19, na privilegiada Viena, e isso com certeza se reflete emvera john bonusteoria; no entanto, ele provavelmente estaria atualizandovera john bonusteoria se pudesse testemunhar a evolução da psicologia".
"No entanto, a meu ver, a contribuiçãovera john bonusFreud para o campo da psicologia é irrefutável", conclui ela.
Conceito 'não uniforme'
Para Érico Andrade, psicanalista, filósofo e professor da Universidade Federalvera john bonusPernambuco (UFPE), a concepçãovera john bonusciência "não é uniforme".
"A própria concepção da ciência vai variar ao longo da história. O ataque à psicanálise é pautado num modelovera john bonusevidência científica estritamentevera john bonusordem empírica, demonstrávelvera john bonustermosvera john bonusobservação laboratorial. A ideiavera john bonusempiria também está ligada nesse contexto a algo que podemos mostrarvera john bonustermos físicos, ou seja, a evidência évera john bonusordem material", assinala.
"Com o advento das Ciências Humanas, tivemos uma reelaboração da própria concepçãovera john bonusevidência. A evidência empírica não está mais no plano material, mas na observação do comportamento humano a partirvera john bonusanálises sociológicas, antropológicas, etc. A psicanálise deixavera john bonusorbitarvera john bonustorno da ligação com a psiquiatria e neurociência e passa a dialogar mais com as Ciências Humanas", acrescenta.
"Quando se diz que a psicanálise não é uma ciência, há um desentendimento da produção das Ciências Humanas. E, mais grave, quando se fala que a psicanálise é uma pseudociência, coloca-se a ideiavera john bonusque seus efeitos são calcadosvera john bonuscoisas mágicas e misteriosas, que não tem a ver com a reflexão que a própria psicanálise propõe".
Segundo Andrade, a psicanálise não propõe ser "a única verdade, uma solução transcendental, como mecanismos imateriais, tampouco uma substância física possa mudar o ser humano".
"A base da psicanálise é a ideiavera john bonusque, por um processovera john bonusanálise pessoal, chegar a compreender melhor nosso desejo e isso tem implicaçõesvera john bonusnossa vida, porque parte do nosso sofrimento está ligado a questões psíquicas e nãovera john bonusordem material."
Em entrevista ao jornal Folhavera john bonusS.Paulo, Ana Cláudia Zuanella, diretora da Febrapsi (Federação Brasileiravera john bonusPsicanálise), defendeu a psicanálise como uma ciência.
"Não uma ciência dura, que implica refutações por meiovera john bonusreplicabilidade, mas uma ciência que engloba um conjuntovera john bonusconhecimentos solidamente estabelecidos atravésvera john bonuspesquisas clínicas e infindáveis debates teóricos", afirmou ela.
Na opiniãovera john bonusZuanella, a psicanálise "tem incessantemente mostradovera john bonuseficácia, não no interior dos laboratórios, mas dentro do sujeito".
Problemasvera john bonusmetodologia
Para Martin Hoffmann, pesquisador-associado do Departamentovera john bonusFilosofia da Universidadevera john bonusHamburgo, na Alemanha, "mesmo que o próprio Freud considerasse a psicanálise uma teoria científica válida,vera john bonusprópria metodologiavera john bonuspesquisa enfrenta sérios problemas".
"Mas — ao contrário da proeminente críticavera john bonusPopper — não se pode negar que muitas reivindicações da teoria psicanalítica são empiricamente testáveis e que, desde a décadavera john bonus1950, um notável corpovera john bonusevidências que atende aos padrõesvera john bonuspesquisa científica foi gerado com o objetivovera john bonusconfirmar as reivindicações teóricas centraisvera john bonuspsicanálise e a eficácia da terapia psicanalítica", escreveu ele, no artigo "Psicanálise como ciência" do livro Manualvera john bonusFilosofia da Medicina, publicadovera john bonus2017.
"Portanto,vera john bonusum sentido processual ou metodológico, a psicanálisevera john bonushoje é sem dúvida uma ciência".
"Mas, ao mesmo tempo, é uma questãovera john bonusaberto se o esforço científico para confirmar as afirmações centrais da psicanálise será bem-sucedido".





