Por que o século 21 é o 'século da China':pix betr

Fotopix betrXangai toda iluminada feita a noite.

Crédito, Kevin Frayer/Getty Images

Legenda da foto, A riqueza gerada pela China no início do século 21 está expostapix betrsuas grandes cidades, como Xangai

É possível resumir as duas primeiras décadas do século 21pix betrapenas uma frase? Difícil. Talvez seja mais fácil resumi-laspix betrcinco letras: China.

Do comércio internacional ao aquecimento global, das novas tecnologias à exploração do espaço, a maior nação do planeta deixoupix betrmarcapix betrquase tudo que ocorreu nas últimas duas décadas.

Com 1,4 bilhãopix betrhabitantes, a China começou o novo milênio donapix betrum PIB (Produto Interno Bruto)pix betrUS$ 1,2 trilhão. Vinte e três anos depois, ele batia os US$ 17 trilhões, o segundo maior do planeta, com analistas projetando que na década seguinte o país superaria os Estados Unidos como a maior economia do mundo. Em 20 anos, nenhum país cresceu e se transformou tanto como a República Popular da China.

Depoispix betrapenas 20 anos, na virada do milênio, veio o reconhecimento internacional do avanço obtido pelos chineses. Em novembropix betr1999, com a assinaturapix betrum acordo com os Estados Unidos, a China eliminou barreiras à entradapix betrprodutos e serviços estrangeirospix betrseu mercado - e iniciava seu caminho rumo à entrada na Organização Mundial do Comério (OMC).

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Fim do Matérias recomendadas

"O acordo obriga a China a cortar tarifaspix betr23%pix betrmédia e promete maior acesso ao relativamente fechado mercado chinês para tudo,pix betrserviços financeiros a telecomunicações e filmespix betrHollywood", escreveu o site da rede americana CNN no dia seguinte à assinatura.

O governo americano defendeu a nova relação com a China como benéfica para o mundo todo. "O acordo China-OMC é bom para os Estados Unidos, é bom para a China, é bom para a economia mundial", afirmou o então presidente dos EUA, o democrata Bill Clinton.

Em seguida, seria apenas uma questãopix betrformalizar a aceitação do novo papel da China pela comunidade internacional, o que aconteceupix betrnovembropix betr2001, na rodadapix betrnegociaçõespix betrcomérciopix betrDoha (Qatar).

Eventopix betrassinatura do acordo

Crédito, STEPHEN SHAVER/Getty Images

Legenda da foto, O acordo entre EUA e China assinadopix betr1999 abriu caminho para a expansão chinesa no século 21
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Que História!

A 3ª temporada com histórias reais incríveis

Episódios

Fim do Que História!

No final do primeiro ano do novo milênio,pix betr11pix betrdezembro, a China tornava-se oficialmente membro da Organização Mundial do Comércio.

A abertura do mercado doméstico chinês representava desafios para o regimepix betrPequim, especialmente no mercadopix betrtrabalho. Como lembrou texto da BBC Newspix betrnovembropix betr1999, devido ao acordo com os EUA "o desemprego poderá aumentar significativamente, com suas ineficientes indústrias estatais enfrentando uma concorrência crescente".

Num primeiro momento, o aumento realmente aconteceria, porém numa proporção menor do que se poderia esperar.

Dos 3,3% registradospix betr2000, a taxapix betrdesemprego subiria para 4,6%pix betr2003, mas a variação ficaria por aí.

Nos anos seguintes, o desemprego chinês continuaria na faixa dos 4%, atingindo seu maior picopix betr2009, ano da crise global, com 4,7%, e chegando a 5,2%pix betr2023.

Nas duas décadas após a entrada na OMC, o governo chinês conseguiria evitar grandes impactos negativos da medida, enquanto aproveitava a nova liberdadepix betroperar comercialmente no exterior.

Em vezpix betro mundo dominar a China, Pequim espalhariapix betrmarca pelos quatro cantos do planeta.

Essa expansão chinesa não incluía apenas benefícios econômicos e políticos. O comando comunista do gigante asiático estava determinado a construir uma nova imagem do país, moderna e positiva.

Uma das principais vitórias nesse sentido veio aindapix betr2001. Em julho daquele ano, Pequim, a capital chinesa, ganhou a disputa para organizar os Jogos Olímpicospix betrverãopix betr2008. Assim a China reservava no calendário o momentopix betrque, sete anos depois, o mundo se curvaria diantepix betrsua força. Tudo conspiravapix betrfavorpix betrum século chinês.

China e EUA

O novo papel da China no mundo, apóspix betrabertura comercial, seria avaliadopix betrgrande medida pelapix betrrelação com os Estados Unidos.

No primeiro semestrepix betr2001, Washington e Pequim envolveram-se numa disputa diplomática depois que um aviãopix betrreconhecimento americano chocou-se no ar com um caça da China, próximo à ilha chinesapix betrHainan. O piloto do caça ficou desaparecido, provavelmente morto, e o avião americano foi danificado, sendo obrigado a fazer um pouso forçado na ilha. A tripulaçãopix betr24 pessoas e a aeronave foram mantidas sob custódia das autoridades chinesas.

Ao anunciar o incidente,pix betr1ºpix betrabril, o governo chinês culpou os Estados Unidos pela colisão, enquanto mantinha detidos os que ocupavam a aeronave considerada espiã pelos chineses. Após o tenso período,pix betr11pix betrabril a China anunciou a libertação dos tripulantes, depoispix betrreceber uma carta do embaixador americano dizendo que o presidente George W. Bush "lamentava muito" a perda do piloto.

O retorno do avião só foi confirmado no fimpix betrmaio, o que levou a grande especulação sobre quais informações secretas os chineses poderiam ter obtido ao vasculhar a aeronave americana.

Os Estados Unidos continuariam com seu trabalhopix betrreconhecimento e espionagem do litoral chinês, próximo do Japão, Coreia do Sul e Taiwan - ilha que o regime comunista sempre considerou pertencente à China.

Da partepix betrPequim, essa espionagem seria constante fontepix betrincômodo e suspeita.

George W. Bush cumprimenta líder chinês Jiang Zemin

Crédito, Getty

Legenda da foto, O presidente Bush viajou à Chinapix betr2002, 30 anos depois que Richard Nixon fez história ao visitar o país

Nada disso, porém, impediu quepix betrfevereiropix betr2002 o presidente Bush fizesse uma importante visita à China, marcando os 30 anos desde a idapix betrRichard Nixon ao país,pix betr1972, a primeirapix betrum presidente americano desde a fundação do regime comunista,pix betr1949.

O encontro entre Bush e o então presidente chinês, Jiang Zemin, foi cordial e repletopix betrpromessaspix betrcooperação mútua.

Apesar da cordialidade na política, um dos mais claros resultados da entrada da China na OMC foi a penetraçãopix betrseus produtospix betroutros mercados. Com custos mais baixospix betrprodução, os fabricantes chinesespix betrroupas, brinquedos e equipamentos eletrônicos tornaram-se extremamente competitivos.

No caso dos EUA, o que se viu foi uma avalanche. Em 2000, os Estados Unidos já tinham com a China um significativo déficit comercial - importaçõespix betrvalores maiores que suas exportações -pix betrUS$ 83,8 bilhões, segundo o órgão americano Census. Em apenas sete anos, esse déficit triplicaria, chegando a US$ 259 bilhões.

Quando Bush recebeu na Casa Branca o sucessorpix betrJiang Zemin na Presidência da China, Hu Jintao,pix betrabrilpix betr2006, o clima era bem diferente.

Nos Estados Unidos, o que muitos repetiam era que a China roubava empregos americanos. "Os americanos gastaram US$ 200 bilhões a maispix betrimportações chinesas do que os chineses gastarampix betrbens dos EUA", escreveu a rede CNN empix betrreportagem sobre o encontro.

Hu disse que a China estava se esforçando para reduzir essa diferença, mas reclamou que Washington restringia a vendapix betrprodutospix betralta tecnologia que poderiam também ter uso militar. O fato é que, a partirpix betrmeados da décadapix betr2000, a economia passou a pautar a interação entre Washington e Pequim.

Êxodo rural

A história da explosão econômica da China na primeira década do século pode ser contadapix betrnúmeros, todos impressionantes. Em 2000, o Produto Interno Bruto (PIB) do país erapix betrUS$ 1,2 trilhão. Com taxas anuaispix betrcrescimento entre 8% e 14%pix betr2001 a 2010, o PIB chinês disparou no período. Chegou aos US$ 5 trilhõespix betr2009 e atingiu US$ 6 trilhões no ano seguinte.

Em apenas uma década, a economia chinesa foi multiplicada por cinco. Com crescimento populacional relativamente controlado, o PIB per capita acompanhou a trajetória: foipix betrUS$ 1.053,pix betr2001, para US$ 4.550pix betr2010.

Cartazpix betrlocal público com imagempix betrDeng Xiaoping

Crédito, AFP

Legenda da foto, O papelpix betrDeng Xiaoping na construção da China moderna é lembrado até hoje, especialmentepix betrShanzhen

O sucesso chinês também pode ser descrito por meiopix betrsuas grandes cidades. Desde que a opção pelo capitalismopix betrEstado foi feita pelo regime chinês, nos tempospix betrDeng Xiaoping, o governo promoveu a criaçãopix betrgrande centros urbanos e industriais.

O gigantesco êxodo rural fez com que a população urbana do país passasse, segundo o Banco Mundial,pix betr191 milhõespix betr1980 -pix betrtornopix betr20% do total nacional - para cercapix betr600 milhõespix betr2007 - cercapix betrmetade da população do país.

Entre os mais importantes centros, estava Shenzhen, na provínciapix betrGuangdong, na costa sul do país, diantepix betrHong Kong. Em 1979, Shenzhen era uma pequena cidade rural,pix betr50 mil habitantes. Um ano depois, o governo fezpix betrShenzhen uma das Zonas Econômicas Especiais (ZEE) do país, onde o capitalismo chinês seria testado, com leis e práticas econômicas atraentes ao investimento estrangeiro.

Após 20 anospix betrcrescimento ininterrupto, no novo milênio Shenzhen consolidou-se como uma das estrelas da revolução econômica da China. Seu tamanho acompanhoupix betrcrescente importância: a populaçãopix betrShenzhen, quepix betr2001 já erapix betrmaispix betr7 milhõespix betrhabitantes, chegaria a maispix betr12 milhõespix betr2020.

Shenzhen tornou-se um centro industrialpix betronde saíam produtos dos mais variados. A fabricantepix betrsofás DeCoro foi um exemplo do caminho escolhido por muitos empresários estrangeiros: fabricar produtos a custo bastante reduzido e, com isso, aumentarpix betrcompetitividade internacional.

Com sedepix betrShenzhen, a DeCoro havia aumentado seu faturamento 20 vezes desdepix betrabertura,pix betr1998, até 2002. "O que a China oferece à DeCoro é muita mão-de-obra barata", disse à BBC News o dono da empresa, o italiano Luca Ricci. Segundo a BBC, Ricci avaliava que seus sofás custariam 40% a mais se fossem feitos à mão na Itália.

Rua lotaadpix betrShenzhen

Crédito, VCG/Getty Images

Legenda da foto, A ofertapix betrtrabalhopix betrcidades como Shenzhen atraiu chineses do interior, como os candidatos a vagas na Foxconn

Rapidamente o país passou a despertar o interessepix betrfabricantespix betrprodutospix betralta tecnologia, inclusive americanos, como a Apple. A chegada oficial da criadora dos computadores Macintosh ocorreupix betr2001, com a aberturapix betruma empresapix betrShanghai.

"A explosão da produçãopix betrmais alta tecnologia foi incentivada por Pequim, cujos líderes buscavam levar as fábricas para produçõespix betrmais valor do que brinquedospix betrplástico e roupas", escreveu o jornal The Wall Street Journal,pix betr2017.

A Apple entregaria a produçãopix betrseu revolucionário iPod, lançadopix betr2001, à Foxconn, fabricantepix betrprodutospix betrtecnologia que já trabalhava para marcas como Compaq e Intel.

Criada na décadapix betr1970,pix betrTaiwan, a Foxconn abriupix betrfábricapix betrShenzhen no final dos anos 1980. A unidade,pix betrprimeira na China comunista, se tornaria a maior da empresa - suas linhaspix betrprodução na cidade, localizadas no Parquepix betrCiência e Tecnologia Longhua, chegariam a contar com 300 mil trabalhadores.

Shenzhen foi uma das quatro primeiras Zonas Econômicas Especiais chinesas. Selecionadas pelo regime para liderar o desenvolvimento nacional, essas áreas do país foram, a partirpix betr1980, os grandes centros urbanos e industriais na liderança do capitalismo chinês.

Ao ladopix betrShenzhen, fizeram parte da lista inicial Zhuhai e Shantou, também no sul, e Xiamen, mais ao norte. Em 1984, a ilhapix betrHainan, no extremo sul, também foi elevada ao statuspix betrZEE. No mesmo ano, o governo anunciou o estabelecimentopix betr14 Cidades Litorâneas Abertas, um grupopix betrgrandes cidades, entre elas Xangai, abertas a investimentos estrangeiros.

No novo milênio, porém, a China identificou a necessidadepix betrdiversificar geograficamente seus esforçospix betrfomento da indústria e das práticas capitalistas.

Em 2010, a cidadepix betrKashgar, no extremo oeste da China, foi elevada a Zona Econômica Especial, num encontro entre a modernidade do século 21 com as tradições da antiga Rota da Seda.

"Essa terra era antes um deserto. Ninguém estava interessado nela", disse um comerciante local citado numa reportagem do jornal americano Los Angeles Times,pix betrnovembropix betr2010. "Agora, pessoas ricas do leste estão vindo e comprando tudo que eles podem."

Pequim aumentou o controle sobre áreas distantes, como Kashgar, onde os uigures diz ser perseguidos pelo regime

Crédito, JOHANNES EISELE/Getty Images

Legenda da foto, Pequim aumentou o controle sobre áreas distantes, como Kashgar, onde os uigures diz ser perseguidos pelo regime

O discursopix betreliminar disparidades regionais também permitia que Pequim fortalecessepix betrpresençapix betrregiões mais distantes, enfraquecendo culturas e tradições locais. No casopix betrKashgar, muitos alegavam que o investimento na região permitia maior controle e repressão dos uigures, uma minoria muçulmana.

A estratégia continuou, epix betr2012 Pequim anunciou o planopix betrimplantaçãopix betruma nova ZEE longe da costa leste: a Zona Econômica da Planície Central, englobando toda a provínciapix betrHenan, onde fica a cidadepix betrZhengzhou - uma antiga capital chinesa.

Pouco desenvolvida na era moderna,pix betrcomparação com o leste, Henan é considerada o pontopix betrorigem da civilização chinesa.

Devido à naturezapix betrgrande produtora agrícola da região, responsávelpix betrgrande medida pela segurança alimentar da China, a nova ZEE teria características distintas. Em vezpix betrapenas promover a industrialização, a ideia era modernizar a agricultura na província.

A cidadepix betrZhengzhou, entretanto, já vinha sendo desenvolvidapix betrforma especial desde o início do século. Em 2000, foi estabelecida a Zonapix betrDesenvolvimento Econômico e Tecnológicopix betrZhengzhou, e no ano seguinte o governo chinês iniciou o processopix betrconstrução da Nova Áreapix betrZhengzhou. O município basicamente ganhou uma nova cidade, para ser posteriormente ocupada.

Nessa moderna e reformulada Zhengzhou, nasceu uma nova e impressionante empreitada envolvendo a Apple. Em 2011, foi aberta na cidade uma nova unidade da Foxconn, dedicada à produçãopix betriPhones. Após seis anos, ela já contava com cercapix betr250 mil funcionários. O gigantismopix betrtoda a operação fez com que Zhengzhou passasse a ser conhecida como a "Cidade iPhone".

Imagem internacional

Na primeira década do século, cresceram as denúncias e as preocupações a respeito das condiçõespix betrtrabalho nas enormes fábricas chinesas.

O olhar estrangeiro voltou-sepix betrparticular à Foxconn epix betrfabricaçãopix betrprodutos da Apple. Em junhopix betr2006, o jornal britânico The Mail on Sunday investigou a produção do iPod na fábrica da Foxconnpix betrShenzhen e expôs as péssimas condições dadas aos trabalhadores.

"É como você estar no Exército", disse ao jornal uma funcionáriapix betr21 anos. "Eles nos fazem ficarpix betrpé no mesmo lugar por horas. Se nós nos mexemos, somos punidos sendo forçados a ficarpix betrpé por mais tempo."

A Apple prometeu investigar as alegações. Segundo um porta-voz, citado pela rede CNN, "a Apple está comprometidapix betrassegurar que as condiçõespix betrtrabalho nas nossas redespix betrfornecedores sejam seguras, que os trabalhadores sejam tratados com respeito e dignidade".

Os suicídiospix betrfuncionários da Foxconn levaram a pressão internacional por melhores condiçõespix betrtrabalho

Crédito, AFP

Legenda da foto, Os suicídiospix betrfuncionários da Foxconn levaram a pressão internacional por melhores condiçõespix betrtrabalho

Anos depois,pix betr2009, um funcionário da Foxconnpix betrShenzhen,pix betr25 anos, se suicidou pulando do altopix betrseu prédio. Dias antes, segundo uma testemunha, ele havia sido espancado e detido por seguranças da empresa após ter perdido um protótipopix betriPhone que deveria ser enviado à Apple.

O que inicialmente parecia um caso isolado tornou-se uma crise. Em 2010, ao menos dez trabalhadores da Foxconnpix betrShenzhen se mataram,pix betrmeio a outras tentativaspix betrsuicídio.

"A empresa disse que está levando as mortes a sério, embora uma investigação do governo local não tenha responsabilizado as condiçõespix betrtrabalho", escreveu a BBC Newspix betrmaio daquele ano. Dias depois, um funcionário deu um depoimento ao Serviço Chinês da BBC. "Muitas pessoas acham que seja provavelmente por causa do estilopix betrgerenciamento, que é como um treinamento militar."

A Foxconn informou na época que estava colocando terapeutas à disposição dos trabalhadores, instalando novas áreaspix betrlazer nas fábricas e elevando salários.

Em junhopix betr2010, o co-fundador e então CEO da Apple, Steve Jobs, defendeupix betrfornecedora. "A Foxconn não é uma 'sweatshop'", disse, referindo-se ao termo usado para descrever fábricas que exploram seus empregados. "Você vai nesse lugar, e é uma fábrica, mas eles têm restaurantes e cinemas e hospitais e piscinas. Para uma fábrica, é muito bom."

Em 2012, uma investigação da entidade americana Fair Labor Association (FLA,pix betrportuguês Associação por Trabalho Justo), feita a pedido da Apple, identificou vários problemas nas fábricas chinesas. Seu relatório sugeriu melhorias salariais, reduçãopix betrhoras trabalhadas e aumento da segurança dos funcionários. A Apple e a Foxconn comprometeram-se a adotar todas as recomendações.

As denúncias sobre condições ruinspix betrtrabalho afetavam a imagem chinesa no exterior.

Enquanto cresciapix betrforma espantosa e avançava sobre os quatro cantos do mundo, a China tentou mudar alguns aspectos negativospix betrcomo era vista pela comunidade internacional - para muitos, era uma nação poluidora, exploradorapix betrtrabalhadores e responsável por abusospix betrdireitos humanos.

Um grande marco nesse esforçopix betrmelhoriapix betrimagem foram os Jogos Olímpicospix betr2008, realizadospix betrPequim. Depoispix betrmesespix betrtensos preparativos - incluindo protestospix betrfavor da independência da província do Tibete, durante a passagem da tocha pelo país -, a China realizou uma cerimôniapix betraberturapix betrencher os olhos.

Estádio Ninho do Pássaro durante abertura da Olimpíada

Crédito, AXEL SCHMIDT/Getty Images

Legenda da foto, A Olimpíadapix betr2008 foi um ponto alto da promoção da China para o resto do mundo como nação moderna

Às 8 horas e 8 minutos da noite do dia 8pix betragosto - o oitavo mês o ano -pix betr2008, a China abriupix betrOlimpíada, apoiada na tradição asiáticapix betrque o número 8 traz sorte.

"Cercapix betr10 mil pessoas participaram da cerimônia, vista pela televisão por um público estimadopix betr1 bilhãopix betrpessoas, antespix betros atletas desfilarem no estádio nacional", registrou o site da BBC News. "Analistas dizem que são os Jogos mais politizados desde a Guerra Fria."

Nas duas semanas seguintes, o que se viu foram competições primorosamente organizadas,pix betrque os atletas chineses levaram seu país à liderança no quadropix betrmedalhas.

Foram 48 medalhaspix betrouro da China, 12 a mais que os Estados Unidos, num totalpix betr100 medalhas dos anfitriões.

Em muitos aspectos, o evento foi um sucesso. Um dos símbolos dos Jogos foi o estádio das cerimôniaspix betrabertura e encerramento, conhecido como Ninho do Pássaro. A bela e inovadora estrutura fora desenhada pelo artista Ai Weiwei, num trabalho que ajudou a inflar o orgulho nacional e do regime comunista. O artista, entretanto, se tornaria símbolopix betruma das maiores fontespix betrimagem negativa da China: a repressão política.

Ai, um chinêspix betrfama internacional, estabeleceu-se como um dos maiores críticos do regime, denunciando abusospix betrdireitos humanos. Um dos temaspix betrdeclarações do artista foi o terremoto na província centralpix betrSichuan,pix betrmaiopix betr2008,pix betrque cercapix betr69 mil pessoas morreram. O número incluiu, segundo as autoridades, maispix betr5 mil crianças, soterradas pelos prédiospix betrsuas escolas que sucumbiram ao tremor. O episódio expôs um escândalopix betrcorrupção - as escolas teriam sido construídas fora dos padrõespix betrsegurança e qualidade.

Ai Wei Wei

Crédito, Peter Macdiarmid/Getty Images

Legenda da foto, O artista Ai Wei Wei, conhecido inernacionalmente, ficou quase três meses preso

Após seus constantes comentários sobre esse e outros problemas no país, Ai Weiwei foi mantidopix betrprisão domiciliarpix betr2010, depois que as autoridades decidiram demolir seu estúdiopix betrXangai.

Em abrilpix betr2011, o artista foi detido pela polícia antespix betrembarcar num voo para Hong Kong. Sua prisão, sem que seu paradeiro fosse revelado, gerou protestos diantepix betrembaixadas da Chinapix betrvárias partes do mundo. Como disse na época o jornal britânico The Guardian, "defensorespix betrdireitos humanos veempix betrdetenção como partepix betruma repressão mais amplapix betrque ativistas, dissidentes e advogados foram presos ou estão desaparecidos". Após 81 dias na prisão, Ai foi libertado.

Mais preocupante ainda para o regime chinês eram as atividadespix betroutro artista, o escritor e crítico Liu Xiabo. Conhecido dos meios literário e acadêmico desde os anos 1980, Liu tornou-se um energético defensor dos direitos humanos na China.

Envolvido indiretamente nos protestospix betr1989pix betrPequim, reprimidos no que ficou conhecido como "Massacre da Praça da Paz Celestial", o escritor foi constantemente perseguido nos anos seguintes.

Em seu embate com o regime, Liu defendia o fim do regimepix betrpartido único e a adoçãopix betrum sistema democrático no país. Preso vários vezes e censurado, ele foi novamente detidopix betrdezembropix betr2008, julgado e condenado a 11 anospix betrprisão por "incitar a subversão".

Num claro sinal da distância entre os valores e práticas do regime chinês e a comunidade internacional,pix betr2010 Liu ganhou o Nobel da Paz.

Apesarpix betrposições polêmicaspix betroutras áreas, como seu apoio à invasão do Iraque pelos Estados Unidos, o escritor foi reconhecido por seus anospix betrluta pacíficapix betrfavor da democracia na China.

Liu Xiabo, ganhador do Nobel da Paz

Crédito, AFP Contributor

Legenda da foto, Liu Xiabo, ganhador do Nobel da Paz, estava preso quando morreupix betrcâncerpix betr2017

Pequim condenou a escolha, classificando-apix betr"uma obscenidade". Em junhopix betr2017, sofrendopix betrcâncer, Liu Xiabo foi transferido da prisão para um hospital. Morreu um mês depois, aos 61 anospix betridade. Sua morte não foi noticiada na China, onde o governo tentou censurar qualquer manifestaçãopix betrapoio postada na internet, fortemente controlada pelo regime.

Tecnologia chinesa

Nas duas primeiras décadas do milênio, a tecnologia chinesa adquiriu qualidade, confiança e respeitabilidade, com produtos, sistemas e feitos reconhecidos mundo afora.

A China abriupix betrprimeira linhapix betrtrempix betralta velocidadepix betr2008, entre as cidadespix betrPequim e Tianjin. Em 2019, segundo a redepix betrnotícias estatal chinesa CGTN, o país tinha maispix betr35 mil quilômetrospix betrlinhaspix betrtrempix betralta velocidade - mais que todos os outros países juntos. Outros 10 mil quilômetros estavampix betrconstrução oupix betrplanejamento.

Seus trens viajavam a uma velocidadepix betraté 350 km/h, os mais rápidos do mundo. Incluindo linhaspix betrtrenspix betrvelocidade padrão, a malha ferroviáriapix betrpassageiros da China chegou a 131 mil quilômetrospix betr2018, a segunda maior do mundopix betrextensão, atrás apenas da dos Estados Unidos.

A mesma velocidadepix betrexpansão foi vista tambémpix betroutras áreas vitais para a sustentação do crescimento econômico.

Menospix betr20 atrás, apenas as cidadespix betrPequim, Ghandzou e Xangai eram servidas por redepix betrmetrô. Atualmente, 25 cidades dispõempix betrmetrô.

O país conta ainda com 34 portos capazespix betrreceber naviospix betrgrande calado, criando uma estrutura fundamental à expansão do comércio exterior.

Em 2019, a China passou a ter a maior malha rodoviária do mundo com quase 150 mil quilômetrospix betrextensãopix betrauto-estradas. O setor aeronáutico acompanhou essa expansão e a China conta atualmente com maispix betr200 aeroportos com planospix betrchegar a 450pix betr2035.

Trenspix betralta velocidadepix betrpátio na China

Crédito, VCG/Getty Images

Legenda da foto, Desde 2008, a China ampliapix betrmalhapix betrtrenspix betralta velocidade, que atingem até 350 km/h

Daxing, o novo aeroporto internacionalpix betrPequim, é considerado o maior do mundo e estima-se que será tambémpix betrbreve o mais movimentado do planeta.

O apetite demonstrado plo governo chinês na construçãopix betruma vasta infraestrutura foi alimentado por um enorme volumepix betrcompraspix betrmatéria prima que mantevepix betralta o preçopix betrcommodities, como ferro, cobre e outras,pix betrníveis nunca vistos anteriormente.

Desde o começo do novo milênio, o Brasil, como um dos maiores produtores e exportadores mundiais dessas mercadorias, foi um dos países que mais se beneficiaram do boom provocado pelas compras chinesas.

Na tecnologia da computação, o país ganhou ainda mais reconhecimento. Uma das históriaspix betrmaior sucesso no setor nasceu perto da virada do milênio: a Tencent.

Fundadapix betr1998, a empresa começou criando o programapix betrmensagens via internet QQ, que se tornaria um dos maiores sistemaspix betrmensagens do mundo, com centenaspix betrmilhõespix betrusuários.

Anos depois, a empresa criaria o WeChat, rapidamente adotado pelos chineses comopix betrpreferida plataforma social e que viria a ser abraçada como ferramenta para várias atividades, entre elas pagamentos. Em 2017, enquanto o QQ acumulava cercapix betr800 milhõespix betrusuários, o WeChat ultrapassava a casa do 1 bilhão.

Também perto da virada do milênio,pix betr1999, foi fundado o Alibaba, um futuro gigante do comércio eletrônico. Em 2014, quando abriu seu capital, ele bateu o recordepix betrmaior IPO (siglapix betringlês para Oferta Inicial Públicapix betrações) da história, levantando US$ 25 bilhões no mercado. Seguindo a onda da Tencent e do Alibaba,pix betr2000 nasceu o terceiro conglomerado da internet da China, o Baidu, chamado por muitospix betrGoogle chinês. Iniciado como uma plataformapix betrbusca, o Baidu não apenas passou a liderar com folga o mercadopix betrbuscas online da China como também criou inúmeros novos serviços, num ritmo parecido com o gigante das buscas americano.

Na áreapix betr"hardware", os chineses ganharam espaço no mercado internacional com nomes como Lenovo, fabricantepix betrcomputadores, e suas várias marcaspix betrtelefones celulares - entre elas Xiaomi, ZTE e Huawei.

Bandeira da China fincada na superfície lunar

Crédito, Getty

Legenda da foto, Como provapix betrque seu statuspix betrpotência não se limitava à Terra, a China fincoupix betrbandeira na Lua

No entanto, talvez nada tenha solidificado a imagem da China como respeitáveis desenvolvedorespix betrtecnologia comopix betrentrada num clube até então altamente restrito: a exploração espacial. Em outubropix betr2003, Pequim colocoupix betrórbita o primeiro astronauta chinês, Yang Liwei, a bordopix betruma nave Shenzhou. A primeira chinesa a ir ao espaço, Liu Yang, viajoupix betr2012, também numa Shenzhou.

Na décadapix betr2010, a China enviou sondas à Lua, fincandopix betrbandeira nacional no solo do satélite natural da Terra. Para o começo dos anos 2020, estava prevista a construçãopix betruma estação espacial chinesa.

Xi Jinping e Donald Trump

Em marçopix betr2013, por meiopix betruma confirmação pelo Congresso Nacional Popular, a República Popular da China ganhou um novo presidente: Xi Jinping.

Em pouco tempo, Xi iniciou uma nova erapix betrnacionalismo e expansionismo empix betrgigante nação. "Sua ambição, indicou elepix betrdiscursos nas semanas recentes, é liderar uma renascença chinesa para que a China possa reassumir seu lugarpix betrdireito no mundo", escreveu o então correspondente da BBC News no país, Damian Grammaticas.

Apesarpix betro mundo ter se acostumado com as previsíveis mudançaspix betrnome na Presidência chinesa a cada dez anos, desde 1993, a chegadapix betrXi Jinping tinha um ar diferente.

Logo nos primeiros anos na Presidência, Xi aumentou e expandiu seu poder pessoal, eliminando algumas característicaspix betrliderança coletiva que havia no topo do comando político do Partido Comunista.

Na avaliaçãopix betrEvan Osnos, jornalista da revista americana The New Yorker,pix betrdois anos Xi mostrou-se "o mais autoritário líder desdepix betrMao Tse-Tung". "Ele se instalou como chefepix betrnovos organismos supervisionando a internet, a reestruturação do governo, segurança nacional e reforma militar, e efetivamente tomou controle dos tribunais, da polícia e da polícia secreta", escreveu Osnospix betrmarçopix betr2015.

A tendência autoritária do novo líder chinês foi confirmada quando seus futuros dez anos como presidente deixarampix betrser, necessariamente, apenas dez.

Em 2018, o mesmo Congresso que o elegera cinco anos antes aprovou uma mudança constitucional eliminando o limitepix betrdois termospix betrcinco anos para o chefepix betrEstado. Com isso, Xi Jinping ganhou a possibilidadepix betrpermanecer no cargo por mais tempo e até mesmo continuar como presidente até morrer.

Enquanto Xi transformava a políticapix betrPequim, o comando político na outra grande potência mundial também sofria um terremoto.

Em novembropix betr2016, o republicano Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos, iniciando um período turbulentopix betrquatro anos na Casa Branca.

Um dos mais importantes temaspix betrsua campanha foram exatamente as cinco letras que definiam o século: China. Seis meses antespix betrsua eleição, ele dissepix betrdiscurso a seus seguidores que o país era responsável pelo "maior roubo da história do mundo" e que os EUA não podiam "permitir que a China continue estuprando nosso país".

O ressentimentopix betrtrabalhadores americanospix betrrelação aos chineses e seus produtos baratos ajudou Trump a derrotar a democrata Hillary Clinton na disputa presidencial.

Xi Jinping discursapix betrPequim

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Legenda da foto, O presidente Xi Jinping concentrou poderpix betrsuas mãos e eliminou o limitepix betrdois mandados presidenciais

Como presidente, após fracassadas negociações com Pequim,pix betr2018 Trump iniciou a adoçãopix betrtarifas sobre importações chinesas. Em março daquele ano, o líder americano anunciou tarifas sobre US$ 60 bilhõespix betrimportações vindas da China.

A China responderia com tarifas contra produtos americanos, e por quase dois anos as duas potências protagonizaram uma guerra comercial.

Segundo balanço da consultoria americana China Briefing,pix betragostopix betr2020, até então os Estados Unidos haviam imposto tarifas sobre US$ 550 bilhõespix betrimportações chinesas.

Pequim, porpix betrvez, havia tarifado um totalpix betrUS$ 185 bilhõespix betrprodutos americanos. Em janeiropix betr2020, Trump e o então vice-premiê chinês, Liu He, assinaram um acordo comercialpix betrWashington que interrompeu o conflito.

Segundo seus termos, a China se comprometia a aumentar seus esforçospix betrproteção intelectual e a elevarpix betrUS$ 200 bilhões a aquisiçãopix betrprodutos americanos nos dois anos seguintes.

Apesar das disputas comerciais epix betrsua retórica anti-China, o líder americano costumava ser afável com Xi Jinping.

"Ele agora é presidente para a vida toda... (...) Ele conseguiu fazer isso, e eu acho ótimo", disse Trumppix betr2018, num evento fechado, segundo um áudio obtido pela rede CNN. "Talvez a gente tenha que experimentar isso algum dia", completou Trump, seguidopix betrrisos e aplausos. No ano anterior, no mesmo diapix betrque a mortepix betrLi Xiaobo foi anunciada, Trump respondeu a um jornalista chinês que perguntava sobre Xi Jinping. "Ele é meu amigo. Tenho grande respeito por ele, um grande líder", disse o americano, sem mencionar o dissidente.

Os elogios a Xi não impediram que Trump iniciasse novos confrontos com a potência asiática, agora no campo da tecnologia.

Determinado a impedir que a empresa chinesa Huawei se consolidasse como a maior fornecedorapix betrsistemaspix betrtransmissãopix betrdados 5G pelo mundo, Trump pressionou aliados para que optassem por alternativas.

Segundo Washington, a adoção da tecnologia chinesa criaria riscospix betrsegurança, ao permitir potencial uso do sistemapix betraçõespix betrespionagempix betrPequim.

Em julhopix betr2020, o Reino Unido cedeu à pressão americana e proibiu que suas empresaspix betrtelefonia comprassem novos equipamentos da Huawei a partirpix betr2021.

O governo britânico decidiu ainda que elas deveriam remover toda a tecnologia da fabricante chinesa até 2027.

Linhapix betrproduçãopix betrfábrica da Huawei

Crédito, Kevin Frayer/Getty Images

Legenda da foto, Linhapix betrproduçãopix betrfábrica da Huawei,pix betrDongguan, na China

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro inicialmente disse que atenderia o pedidopix betrTrump e também excluiria a Huawei dos planopix betr5G do país.

Após a derrota do presidente americano empix betrtentativapix betrreeleição, porém, o governo brasileiro manteve a empresa chinesa nos leilões do setor.

Em 2020, Donald Trump lançou novos ataques na direçãopix betrduas potências da internet chinesa: a rede socialpix betrvídeos Tik Tok e o aplicativopix betrmensagens WeChat. Seus argumentos também se baseavampix betrpreocupações com segurança tecnológica e possível roubopix betrdados.

Trump assinou normas proibindo empresas do paíspix betrmanter ligações comerciais com as plataformas chinesas e tentou banir o Tik Tok dos Estados Unidos.

No finalpix betr2020, decisões judiciais bloquearam as tentativas do presidentepix betrretirar o Tik Tok do mercado americano.

Um último motivopix betrtensão entre Washington e Pequim nos anos Trump foi a pandemiapix betrcovid-19, cujas consequências eram, segundo o americano, responsabilidade da potência asiática.

O novo coronavírus, que surgiu na cidade chinesapix betrWuhan, atingiu o mundo todo e causou 400 mil mortes nos Estados Unidos. Durante meses, Donald Trump referiu-se ao vírus como "o vírus da China" e disse que o país pagaria um "alto preço" pela pandemia.

Com a derrotapix betrTrump no pleitopix betr2020, a expectativa erapix betrque o governo do democrata Joe Biden estabelecesse uma relação mais construtiva com a China.

Ambiente e fim da pobreza

A China encerrou as duas primeiras décadas do século 21 confirmando todas as previsões sobrepix betrtransformaçãopix betrsuperpotência.

Para muitos, o país foi além do que se imaginava, numa velocidade que seguiu surpreendendo o resto do mundo. A taxa anualpix betrcrescimento do PIB, que forapix betr10%pix betr2010, passou a ficar abaixopix betr7%, chegando a 6%pix betr2019.

Mesmo assim, a economia chinesa mais que dobrou, indopix betrUS$ 6 trilhõespix betr2010 para maispix betrUS$ 14 trilhões nove anos depois - e o PIB per capita avançoupix betrUS$ 4,6 milpix betr2010 para US$ 10,3 milpix betr2019.

Novas estimativas feitaspix betr2020 mostraram que a China deveria superar os EUA como a maior economia do mundo,pix betrvalor absoluto,pix betr2028 - cinco anos antes que previsões anteriores.

No começo do século 21, os chineses também obtiveram liderança ou domíniopix betrpartes do mundo onde antes pouco atuavam, como África e América Latina.

Donos da maior reserva externa do mundo, acumulada por saldos comerciais crescentes, os chineses tornaram-se grandes investidorespix betrpaíses africanos, como Nigéria, Angola e Quênia, assumindo a construçãopix betrenormes projetospix betrinfraestrutura, como linhas ferroviárias que entre outras coisas facilitam o escoamento das matérias primaspix betrque a China tanto necessita.

Na América Latina, os chineses adquiriram grande importância comercial como importadorespix betrcommodities,pix betrsoja a minériopix betrferro.

Em 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil, ultrapassandopix betruma vez tanto a Argentina como os Estados Unidos.

Em 2019, a China respondia por maispix betr65%pix betrtodo o saldo comercial brasileiro, segundo o Indicadorpix betrComércio Exterior (Icomex) da FGV/IBRE.

A China passou a financiar e realizar várias obraspix betrinfraestruturapix betrpaíses da África, como o Quênia

Crédito, SOPA IMAGES

Legenda da foto, A China passou a financiar e realizar várias obraspix betrinfraestruturapix betrpaíses da África, como o Quênia

Nessas duas primeiras décadas do novo milênio, o Brasil recebeu ainda um enorme volumepix betrinvestimento direto chinês, aplicado na comprapix betrdiversas empresas dos setorespix betrgeraçãopix betrenergia, distribuiçãopix betrágua, infraestrutura e mineração entre outros. Empresas petroleiras chinesas arrecadaram diversos lotes no leilão promovido pela Petrobras para desenvolvimentopix betrcampospix betrágua profunda na costa brasileira.

Mas é na África que a expansão internacional da China é mais expressiva, consistente e múltipla.

Segundo a universidade americana Johns Hopkins, desde o começo do milênio foram investidos pertopix betrUS$ 40 bilhõespix betrmaispix betr20 países do continente africano envolvendo centenaspix betrprojetos que vão desde a exploraçãopix betrpetróleo e gás e extraçãopix betrminérios (principalmente ferro, cobre, urânio e cobalto) à construçãopix betrestradas, portos e aeroportos por onde as matérias primas podem ser escoadas.

A vasta expansão econômica da China atingindo praticamente todos os cantos do mundo despertou críticaspix betrque o governo chinês usa seu poderio para fortalecerpix betrposição geopolítica global.

Segundo esses críticos, através do dinheiro farto os chineses forjavam alianças políticas na esperançapix betrtambém obter benefíciospix betrfóruns supranacionais como a ONU.

Por exemplo, a China contaria a seu favor com o voto dos países parceirospix betrdelicadas questões como o debate sobre a soberaniapix betrTaiwan da qual o governo chinês não abre mão.

Toda essa prosperidade econômica teve um preço:pix betr2007, a China tornou-se o país com mais emissõespix betrdióxidopix betrcarbono (CO2, o gás carbônico)pix betrtodo o mundo, deixando para trás os Estados Unidos. O país, no entanto, passou a investir pesadamentepix betrenergia renovável, apesarpix betrcontinuar dependendo significativamentepix betrenergia gerada com carvão.

Em 2018, um relatório do americano do Instituto para Economiapix betrEnergia e Análise Financeira (IEEFA) disse que a China assumira a liderança nos investimentospix betrenergia limpa pelo mundo.

Na época o país já era responsável por 60% da fabricação globalpix betrpainéispix betrenergia solar e investia cada vez maispix betrusinaspix betrenergia eólicapix betrregiões como Europa e Oceania.

Em setembropix betr2020, Pequim anunciou seu planopix betrpassar a reduzir o totalpix betrsuas emissõespix betrdióxidopix betrcarbono até 2030. Foi dito também que, até 2060, a China atingiria a chamada neutralidadepix betrcarbono - não emitir mais que a quantidade absorvida por florestas, solo ou oceanos.

Além da ambiçãopix betrse tornar um exemplo no combate à emergência climática, a China se apresentava como referência na luta contra a pobreza.

Em novembropix betr2020, o governo chinês anunciou ter acabado com a pobreza extrema no país. Segundo Pequim, 93 milhõespix betrpessoas haviam sido retiradas da pobreza desde 2013.

A nova superpotência, que já havia conquistado mercados, dominado novas tecnologias e já explorava o espaço, anunciava não ter mais pobres entre seus 1,4 bilhãopix betrhabitantes.

Painéis solares

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Legenda da foto, A China tornou-se líder na fabricaçãopix betrpainéispix betrenergia solar, vistospix betrusinas espalhadas pelo país, comopix betrLiuan

Havia, porém, um novo e difícil desafio para o restante do século 21. Apesarpix betrsua população bilionária, a China começava a terceira década do milênio tentando convencer seus cidadãos a ter mais filhos.

Após maispix betr30 anospix betrsua chamada "políticapix betrum filho", o governo anuncioupix betr2015 uma nova regra, agora estimulando que cada casal tivesse duas crianças.

A medida nasceu da preocupação com o envelhecimento da população epix betrprovável queda a partirpix betr2029, após atingir um picopix betrpouco menospix betr1,5 bilhão - realidadepix betrconsequências negativas, como queda da mão-de-obra disponível e aumento dos custos com aposentados.

A nova e superpoderosa China - comunista na política, capitalista na economia e transformadora nas tecnologias - corria o riscopix betrse tornar vítimapix betrseu próprio sucesso.

Antes que isso pudesse acontecer, porém, a China já era um fator determinante para o destino do mundo inteiro. Os caminhos que seus líderes e suas empresas adotassem teriam sempre implicações importantes na vida e no futuro do restante do planeta. Ao finalpix betr2020, ficara ainda mais difícil negar que o novo século era um século chinês.

Este artigo é parte da série especial "21 Histórias que Marcaram o Século 21", da BBC News Brasil.