Como consegui amamentar meu filho sem ter engravidado:campeonato brasileiro sportingbet

"Comecei sem muita expectativa, mas a indução deu muito certo para mim. As primeiras gotascampeonato brasileiro sportingbetleite apareceram nove dias depois do início do protocolo — algo que eu sei que não acontece com todos que tentam", descreve Camila.

O caso dela, segundo as especialistas da área da saúde consultadas pela BBC News Brasil, é, sim, um pouco mais raro — e deve ser considerado um sucesso.

Para ela, a produçãocampeonato brasileiro sportingbetleite foi tão intensa que resultoucampeonato brasileiro sportingbetdoações para bancoscampeonato brasileiro sportingbetleite, que fazem estoques para bebês prematuros ou que por algum motivo não podem ser amamentados diretamente por suas mães.

"Ainda faltavam três meses para o nascimento do nosso filho, então quis fazer um bom uso daquele leite. No pico da produção cheguei a doar um litrocampeonato brasileiro sportingbetuma semana", conta.

Como é feita a indução do aleitamento

Durante a gravidez, os níveis dos hormônios estrogênio e progesterona ficam elevados para manter a gestação viável e inibir a produçãocampeonato brasileiro sportingbetleite antes da chegada do bebê.

No momento do parto, a placenta — principal fonte desses hormônios — é expelida, e a prolactina, o hormônio responsável por estimular a produção do leite, passa a ter o caminho livre para exercercampeonato brasileiro sportingbetfunção no corpo.

Seja para mãescampeonato brasileiro sportingbetdupla maternidade ou para quem adota uma criança, conseguir a lactação induzida, ou seja, sem passar pela gestação, consistecampeonato brasileiro sportingbetimitar o mesmo processo biológico que ocorrecampeonato brasileiro sportingbetuma pessoa grávida.

Se a pessoa tiver vários meses para se preparar, o médico pode prescrever terapia hormonal, com estrogênio e progesterona, para mimetizar os efeitos da gravidez, acompanhadacampeonato brasileiro sportingbetalgum medicamento com galactagogo - uma substância que promove a lactação.

A mais comumente usada é a domperidona, presentecampeonato brasileiro sportingbetremédios para enjoo como o plasil.

Essa droga, embora não seja aprovada pela Anvisa como um remédio para indução da lactação, tem um efeito "off label", ou seja, além dacampeonato brasileiro sportingbetfinalidade principal, que costuma funcionar bem para esse fim.

Por questõescampeonato brasileiro sportingbetsaúde, algumas pessoas não podem fazer usocampeonato brasileiro sportingbethormônios.

Os grupos contraindicados envolvem pessoas que tiveram trombose venosa profunda, doença cardíaca, hipertensão arterial não controlada, históricocampeonato brasileiro sportingbetacidente vascular cerebral, câncercampeonato brasileiro sportingbetmama ou outros tiposcampeonato brasileiro sportingbetcâncer sensíveis a hormônios.

Mas a parte mais essencial do processo, a sucção, independecampeonato brasileiro sportingbetremédios, então mesmo sem hormônios é possível ter um bom resultado, diz a pediatra Honorinacampeonato brasileiro sportingbetAlmeida, especialistacampeonato brasileiro sportingbetaleitamento materno pela International Board Certified Lactation Consultant (IBCLC).

"A bomba elétrica é o método mais eficaz para simular a sucção que o bebê faz na mama", explica ela, que é sócia-fundadora da Casa Curumim,campeonato brasileiro sportingbetSão Paulo, onde há o ambulatório Mame+, que oferece consultoria e empréstimocampeonato brasileiro sportingbetbombinhas e outros materiaiscampeonato brasileiro sportingbetforma gratuita.

A sucção - do bebê ou simulada - é necessária para liberar prolactina, que atua na produçãocampeonato brasileiro sportingbetleite, e a ocitocina, o 'hormônio do amor', que causa contrações nos ductos mamários fazendo com que o leite seja empurrado para os mamilos.

Esses dois hormônios fazem partecampeonato brasileiro sportingbetum complexo processo hormonal que é desencadeado a partir da hipófise, uma pequena glândula localizada na base do cérebro, logo abaixo do hipotálamo, que recebe a informaçãocampeonato brasileiro sportingbetque a produção do leite é necessária.

"É importante mencionar que a quantidadecampeonato brasileiro sportingbetleite produzida por essa mãe pode não ser a mesma que a da mãe biológica, pois esta passou pelo processocampeonato brasileiro sportingbetmaturação mamária durante a gestação", lembra Renata Iak, enfermeira obstetra e consultoracampeonato brasileiro sportingbetaleitamento materno.

No casocampeonato brasileiro sportingbetCamila e Aline, mães do Nicola, que hoje tem quatro meses, o leitecampeonato brasileiro sportingbetCamila, mãe não-gestante, foi suficiente e necessário, já quecampeonato brasileiro sportingbetesposa Aline produziu uma pequena quantidade após ter complicações no parto.

Mas, para a maioria dos casais, explica Iak, há uma diferença importante. "Para compensar, pode ser necessário usar um método chamado 'translactação',campeonato brasileiro sportingbetque um tubo com leite materno é colocado na mama da mãe que não gestou. Enquanto o bebê suga o bico, estimula a mama e o cérebro entende o recado para produzir mais leite."

A enfermeira obstetra explica que, quando o processo é realizado com acompanhamento, não há risco.

"Esse duplo aleitamento não pode ser considerado amamentação cruzada porque a pessoa não gestante também vai fazer exames para garantir que estácampeonato brasileiro sportingbetboa saúde e que não coloca o bebêcampeonato brasileiro sportingbetrisco."

Pessoas transgênero e não binárias também podem induzir o aleitamento

No casocampeonato brasileiro sportingbethomens transexuais, eles têm a capacidadecampeonato brasileiro sportingbetamamentar, desde que não tenham passado por um processocampeonato brasileiro sportingbetremoção completa da glândula mamária, comum quando há cirurgias para a harmonização do tórax, explica a médica Honoriacampeonato brasileiro sportingbetAlmeida.

"Muitas vezes, parte da glândula mamária é preservada para construir o tórax masculino. Dependendo da quantidadecampeonato brasileiro sportingbettecido mamário restante, um homem trans pode produzir uma maior ou menor quantidadecampeonato brasileiro sportingbetleite. Além disso, deve-se avaliar o usocampeonato brasileiro sportingbethormônios masculinos, já que a testosterona pode afetar a capacidadecampeonato brasileiro sportingbetengravidar."

A especialista aponta que ao considerar a indução da lactaçãocampeonato brasileiro sportingbethomens trans, é fundamental avaliar não apenas as questões físicas, como a presençacampeonato brasileiro sportingbettecido mamário, mas também os desejos individuaiscampeonato brasileiro sportingbetcada pessoa.

"Embora a amamentação natural seja valorizada e muito importante, não são todos os homens trans como um bebê recém-nascido que desejam amamentar. A decisão pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo a necessidadecampeonato brasileiro sportingbetuma redução ou suspensão dos hormônios masculinos, o que aumenta o riscocampeonato brasileiro sportingbetdisforiacampeonato brasileiro sportingbetgênero [o sofrimento que pessoas transgênero podem experimentar pela discordância entrecampeonato brasileiro sportingbetidentidadecampeonato brasileiro sportingbetgênero e o sexo designado ao nascimento]."

Em relação às mulheres trans, alguém cujo sexo designado ao nascimento foi masculino, mas cuja identidadecampeonato brasileiro sportingbetgênero é feminina, a amamentação pode ser um processo um pouco mais desafiador, mas também é viável.

Normalmente, a pessoa recebe hormônios femininos como parte do processocampeonato brasileiro sportingbettransição, o que leva ao desenvolvimento das mamas.

"Quanto mais tempo ela passacampeonato brasileiro sportingbetprocessocampeonato brasileiro sportingbetfeminização [hormonioterapia], mais desenvolvidas suas mamas ficarão. O desenvolvimento das mamas é um processo gradual que leva tempo, então, após alguns mesescampeonato brasileiro sportingbetfeminização, as mamas podem não estar completamente desenvolvidas. Em contrapartida, se anos já se passaram, muitas mulheres trans conseguem desenvolver mamas completamente funcionais", explica a médica.

Jennifer*, uma pessoa não-binária que se considera dentro do espectro transexual, começou seu processocampeonato brasileiro sportingbethormonização para transicionar ao feminino no mesmo mês que descobriu quecampeonato brasileiro sportingbetcompanheira estava grávida.

"Quando comecei o tratamento para gerar leite, não sabia se ia dar certo, porque minhas glândulas mamárias ainda estavam começando a se desenvolver e minha companheira já estava com seis mesescampeonato brasileiro sportingbetgestação - era um tempo curto para se preparar."

Em alguns casos, como ocampeonato brasileiro sportingbetJennifer, além do usocampeonato brasileiro sportingbetmedicamentos lactogogos, para permitir a amamentação, pode ser necessário aumentar temporariamente a dose dos hormônios femininos que a pessoacampeonato brasileiro sportingbettransição está tomando.

"Isso é feito para mimetizar um pouco o aumento dos hormônios durante a gravidez, como ocorrecampeonato brasileiro sportingbetmulheres cisgênero", diz Almeida.

Jennifer, embora tenha produzido menos leite quecampeonato brasileiro sportingbetparceira, teve sucesso no processo.

"A amamentação não é o único jeitocampeonato brasileiro sportingbetcriar vínculo ecampeonato brasileiro sportingbetdividir as tarefascampeonato brasileiro sportingbetcuidadocampeonato brasileiro sportingbetum bebê. Mas na minha família acabou dando muito certo: minha parceira já vinha amamentando há 10 anos por já ter outros três filhos, e eu, que nem considerava ter um bebe, pode ter a experiência incrível da sensaçãocampeonato brasileiro sportingbetestar alimentando minha cria."

Qualidade do leite

A qualidade do leitecampeonato brasileiro sportingbetquem não gestou é igualmente boa nutricionalmente.

"O mamilo, a parte mais externa da mama humana, funciona como um 'auditor' sensorial durante o atocampeonato brasileiro sportingbetamamentar. Ele avalia as características da saliva do bebê e envia uma mensagem ao corpocampeonato brasileiro sportingbetquem está produzindo o leite sobre o que a criança precisa. É impressionante como o corpo é capazcampeonato brasileiro sportingbetpersonalizar a produçãocampeonato brasileiro sportingbetleitecampeonato brasileiro sportingbettempo real", diz Renata Iak.

Recentemente, um estudo publicado no Journal of Human Lactation mostrou que o leite humano produzido por mulheres transexuais não gestacionais e pais não binárioscampeonato brasileiro sportingbetterapia hormonalcampeonato brasileiro sportingbetafirmaçãocampeonato brasileiro sportingbetgênero baseadacampeonato brasileiro sportingbetestrogênio é nutricionalmente rico e adequado para alimentar recém-nascidos.

De acordo com a médica que publicou o estudo, Amy K. Weimer, da Universidade da Califórnia, nos EUA, para algumas pessoas, "a capacidadecampeonato brasileiro sportingbetnutrir os seus bebês através da produção do seu próprio leite também pode ser uma experiência profundamentecampeonato brasileiro sportingbetafirmaçãocampeonato brasileiro sportingbetgênero."

*O nome da entrevistada foi trocado a seu pedido