Eleições no Paraguai: o partido que só perdeu uma eleiçãounibet la liga76 anos e agora se vê ameaçadounibet la liganova derrota:unibet la liga

De fato, a única vez que o partido perdeu oficialmente uma eleição presidencial nos últimos 76 anos foi quando o ex-bispo Fernando Lugo foi eleito chefeunibet la ligauma coalizãounibet la ligaoposiçãounibet la liga2008.

Lugo foi deposto quatro anos depoisunibet la ligaum árduo julgamento político promovido pelo Partido Colorado, que retomou o poder nas eleições seguintes.

Mas agora outra figura colocaunibet la ligarisco o domínio do Colorado, segundo analistas.

Não se trata do líder da oposição, masunibet la ligaalguém do próprio partido: o ex-presidente Horacio Cartes, que os Estados Unidos sancionaram por "corrupção excessiva que mina as instituições democráticas".

"Substituiu o Estado"

Fundadounibet la liga1887 e também chamadounibet la ligaAssociação Nacional Republicana (ANR), o Partido Colorado paraguaio é um dinossauro da política latino-americana.

Em um momentounibet la ligaque outros partidos tradicionais da região estão perdendo força, os colorados no Paraguai ainda mantêm a Presidência sob o atual mandatounibet la ligaMario Abdo e controlam o aparatounibet la ligaum Estado que permeia toda a sociedade.

Uma chave nessa história foi o regime militarunibet la ligaAlfredo Stroessner, o general filiado ao partido que governou o país com mãounibet la ligaferro entre 1954 e 1989.

Stroessner tomou o poder após a guerra civilunibet la liga1947, quando os colorados retornaram ao governo que haviam perdido décadas antes e desencadearam uma sérieunibet la ligaconspirações e golpes arquitetados por homens do próprio partido.

Durante seu governounibet la ligatrês décadas e meia, Stroessner organizou eleições fraudulentas a cada cinco anos, com partidosunibet la ligaoposição banidos, milharesunibet la ligadetidos ou torturados e centenasunibet la ligadesaparecidos.

Assim, as fronteiras que separavam o partido do Estado tornaram-se cada vez mais tênues. A trocaunibet la ligacargos públicos por afiliações virou norma, segundo especialistas.

"Na épocaunibet la ligaStroessner, se você queria ir para a faculdade, tinha que entrar no Partido Colorado, se queria ser militar, tinha que entrar no Partido Colorado", disse o historiador paraguaio Fabián Chamorro à BBC News Mundo.

“Se, por exemplo, seu pai ouunibet la ligamãe falecesse, você não recorria à ação social; recorria à seccional colorada: cargos políticos nos bairros que serviam para auxiliar os vizinhos”, diz. "Em outras palavras, a seccional colorada substituiu o Estado."

"Um fenômeno estranho"

Outra peculiaridade do Partido Colorado é que, apesar dos abusos e da corrupção desenfreada do regime militar, a legenda conseguiu se manter no poder após a derrubadaunibet la ligaStroessnerunibet la ligaum golpe lideradounibet la liga1989 por seu cunhado e braço direito, o general Andrés Rodríguez, também "colorado".

A afiliação ao partido foi transmitida das gerações mais velhasunibet la ligacolorados às mais novas,unibet la ligaum processo que alguns comparam à fidelidade familiar a um timeunibet la ligafutebol.

"É por isso que o coloradismo é um fenômeno tão estranho", explica Chamorro. "Não importa quem é o candidato, não importa o currículo dele ou que seja delinquente (...) o votounibet la ligaidentidade vai passar pra lá, sem problema algum."

O historiador, que é filiado ao Colorado e diz estar lutando para "mudar por dentro", acrescenta que a compraunibet la ligavotos continua até hoje, sejaunibet la ligaáreas do interior rural do país ouunibet la ligabairros pobresunibet la ligaterras sujeitas a inundações pelo rio Paraguai, na periferiaunibet la ligaAssunção.

“Eles te colocam no carro, te levam para votar, você vota e te dão dinheiro”, diz Chamorro. "Todos os movimentos fazem isso, mas o Partido Colorado é o que mais movimenta dinheiro por ter a estrutura do Estado a seu favor."

O senador colorado Enrique Riera afirma que "existiu uma cultura patronalunibet la ligatodos os partidos durante o tempounibet la ligaque estiveram no poder".

"São resquícios da cultura da ditadura, porque os governos da oposição fazem o mesmo e os municípios fazem o mesmo. Não estou dizendo que está certo, pelo contrário, estamos lutando contra isso há muito tempo, mas não é uma exclusividade [colorada]", disse Riera à BBC Mundo.

Ele destaca que também houve setores democráticos do partido perseguidos pelo regimeunibet la ligaStroessner e que desde 1989 as eleições no Paraguai foram "absolutamente democráticas".

“O Partido Colorado é um partido popular,unibet la ligamassas e maisunibet la liga50% da população é filiada ou simpatizante dele”, diz o político, que também foi prefeitounibet la ligaAssunção e ministro da Educação do Paraguai.

A derrota única do Coloradounibet la liga2008 é atribuída por muitos a uma amarga divisão que o partido tinha na época, e não a atosunibet la ligacorrupção ou clientelismo.

E neste mês os colorados voltam às urnas com uma brecha interna que pode custar-lhes o poder, agora divididosunibet la ligatorno da polêmica figuraunibet la ligaCartes.

"Muito nervosos"

A resistênciaunibet la ligauma parte do Partido Colorado ao empresário bilionário que governou o Paraguai entre 2013 e 2018 está longeunibet la ligaser novidade.

“Cartes é uma figura muito autoritária e dominante, pois praticamente comprou suas eleições dentro do Partido Colorado para ser candidatounibet la liga2013”, diz Fernando Masi, sociólogo e economista que dirige o Centrounibet la ligaAnálise e Difusão da Economia Paraguaia (Cadep).

Ele acrescenta que, como presidente, Cartes começou a ganhar apoio no Congresso, no Judiciário e no Ministério Público, mas a rejeição àunibet la ligafigura cresceu dentro do próprio partido.

Por causa disso eunibet la ligasua tentativa fracassadaunibet la ligareformar a Constituição para se reeleger, o que gerou fortes protestos nas ruas, os colorados escolheram Abdo (filho do secretário particularunibet la ligaStroessner e símbolo da ala tradicional do partido) como candidato presidencialunibet la liga2018.

Mas Cartes manteve controle interno e, nas primáriasunibet la ligadezembro, não só foi eleito líder do partido, como também assegurou para Peña, seu ex-ministro da Fazenda e afilhado político, a candidatura presidencial do Colorado.

No mês seguinte, os EUA sustentaram que "a carreira políticaunibet la ligaCartes foi baseada e continua dependendo da mídia corrupta para o sucesso" e o acusaramunibet la ligater laços com membros do Hezbollah, o grupo apoiado pelo Irã considerado terrorista por Washington.

As sanções do Escritóriounibet la ligaControleunibet la ligaAtivos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro implicam, entre outras coisas, que o ex-presidente seja impedidounibet la ligausar o sistema financeiro norte-americano.

Além disso, quatro empresasunibet la ligaCartes e o vice-presidente paraguaio, Hugo Velázquez, foram sancionados.

Foi um duro golpe para Cartes, que anunciou a dissoluçãounibet la ligaseu grupo empresarial e rejeitou as acusações contra ele.

"Nego e rejeito o conteúdo das acusações, que considero infundadas e injustas", afirmou o ex-presidenteunibet la ligacomunicado publicadounibet la ligajulho, quando os Estados Unidos o acusaramunibet la ligacorrupção antesunibet la ligasancioná-lo.

Em março, ele disse estar "confianteunibet la ligaque com o tempo a verdade virá à tona".

O impacto que tudo isso terá nas eleições ainda é incerto.

Masi destaca que as sanções dos EUA afetaram a campanha colorada, pois deixaram os bancos relutantesunibet la ligaconceder crédito a um partido cujo líder e gestorunibet la ligagastos é Cartes.

"Eles não podem usar os bancos e isso deixou os colorados muito nervosos, porque esse dinheiro é necessário não apenas para o candidato presidencial, mas para todas as outras candidaturas. Portanto, há pessoas que pedem [a Cartes] para renunciar [à liderança]", disse Masi à BBC Mundo.

"Obviamente, se o Colorado vencer, ele poderá se firmar como seu presidente", avalia. "Mas se ele perder, será o momentounibet la ligaque vão exigirunibet la ligarenúncia com muito mais força."

As pesquisasunibet la ligaintençãounibet la ligavoto diferem muito entre si: algumas colocam à frente o governista Peña e outras o oposicionista Efraín Alegre, que tenta pela terceira vez a Presidência.

Ex-ministrounibet la ligaObras Públicas do governounibet la ligaLugo e presidente do Autêntico Partido Liberal Radical, Alegre lidera uma coalizãounibet la ligaforçasunibet la ligacentro-direita eunibet la ligaesquerda chamada Concertação Nacional.