Como trocabet365 sitevegetação nativa por soja pode ter agravado as enchentes no Rio Grande do Sul:bet365 site

Crédito, Reuters
Dados produzidos pela organização MapBiomas e obtidos pela BBC News Brasil mostram que, entre 1985 e 2022, o Rio Grande do Sul perdeu aproximadamente 3,5 milhõesbet365 sitehectaresbet365 sitevegetação nativa.
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Isso é o equivalente a 22%bet365 sitetoda cobertura vegetal original presente no Estadobet365 site1985 formada por florestas, campos, áreas pantanosas e outras formasbet365 sitevegetação nativa.
Os dados mostram ainda que ao mesmo tempobet365 siteque isso acontecia, houve um aumento vertiginosobet365 sitelavourasbet365 sitesoja, silvicultura e da área urbanizada do Estado.
Cientistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que a perdabet365 sitecobertura vegetal original pode ter contribuído para as dimensões das inundações que afetaram o Estado porque a vegetação nativa:
- diminui a velocidade com a qual a enxurrada chega ao leito dos rios;
- aumenta a quantidadebet365 siteágua infiltrada no solo, o que diminui a quantidadebet365 siteágua disponível para inundações;
- protege o solo diminuindo a quantidadebet365 sitesedimentos que assoreiam os rios da região.
A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do Rio Grande do Sul diz que tem "atuadobet365 sitevárias frentes no intuitobet365 sitegarantir a proteção e recomposiçãobet365 siteáreasbet365 sitevegetação nativa no Estado."
"Os reflorestamentos e a restauraçãobet365 siteambientes naturais são entendidos como essenciais e estão contidos nos projetos prioritários do Estado", diz a nota enviada pela pasta.


Crédito, Sebastiao Moreira/EPA-EFE/REX/Shutterstock
Cidades e florestas 'artificiais'
A relação entre a perdabet365 sitevegetação nativa e os impactos das inundações no Rio Grande do Sul começou a ser feita por pesquisadores que estudam a ocupação do solo no Estado gaúcho há décadas.
Um deles é o pesquisador do MapBiomas Eduardo Vélez, um dos responsáveis pelo levantamento feito pela organização.
O MapBiomas é uma iniciativa que reúne organizações não-governamentais e empresasbet365 sitetecnologia, e que utiliza imagensbet365 sitesatélite para estudar a mudança nos padrõesbet365 siteuso do solobet365 sitetodo o Brasil.
Vélez explica que o levantamento tomou como pontobet365 sitepartida o anobet365 site1985 porque é o primeiro ano da série histórica do conjuntobet365 sitesatélites Landsat.
"Para estudar esse fenômeno, a gente precisabet365 sitedados comparáveisbet365 sitelongo prazo", explica Vélez.
O pesquisador explica que o levantamento comparou as coberturas vegetaisbet365 sitediferentes categorias ao longo dos anos para estimar a quantidadebet365 sitevegetação nativa perdida e o que ocupou o seu lugar no Rio Grande do Sul.
Vélez diz que a perdabet365 sitevegetação nativa no Rio Grande do Sul atingiu o Estado como um todo, mas quase um terço dela se deu na bacia hidrográfica do Guaíba, uma das mais afetadas.
Lá, a perdabet365 sitevegetação nativa foibet365 site1,3 milhãobet365 sitehectares.
"O Rio Grande do Sul tem um bioma diferente da Amazônia, por exemplo. Temos algumas florestas nativas, mas a maior perda não se deu pelo desmatamentobet365 siteflorestas. Essa perda se deu, na maior parte, nas formações campestres", diz Vélez.
As formações campestres do Rio Grande do Sul são um tipobet365 sitevegetação adaptada ao clima sub-tropical do Estado composta, embet365 sitemaioria, por gramíneas e arbustosbet365 sitepequeno porte.
Em geral, ela vem sendo utilizada historicamente nas atividadesbet365 sitepecuária extensiva, preservando, segundo especialistas, suas características originais biológicas e suas funções ambientaisbet365 siterelação à chuva e ao solo.
De acordo com o MapBiomas, o Estado perdeu 3,3 milhõesbet365 sitehectaresbet365 siteformações campestres entre 1985 e 2022, quase a totalidadebet365 sitetudo o que o Estado perdeubet365 sitevegetação nativa no período.
Trata-sebet365 siteuma perdabet365 site32%bet365 siterelação ao que havia desse tipobet365 sitevegetaçãobet365 site1985.
O MapBiomas também mostra qual o destino dado às áreas onde a vegetação nativa foi suprimida.
Os dados apontam que houve um crescimentobet365 site366% no total da área destinada à lavourabet365 sitesoja no período.
Em 1985, o Estado tinha uma áreabet365 site1,3 milhãobet365 sitehectares ocupada pela soja. Em 2022, essa área saltou para 6,3 milhões. O crescimento foibet365 site4,99 milhõesbet365 sitehectares.
Essa área é maior do que o total da perdabet365 sitevegetação nativa porque, segundo Vélez, alémbet365 sitecrescer sobre as áreas naturais do Estado, a soja também avançou sobre outras atividades como pastagens.
De acordo com a Companhia Nacionalbet365 siteAbastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Rio Grande do Sul era,bet365 sitejunhobet365 site2023, o terceiro maior produtorbet365 sitesoja do Brasil, atrásbet365 siteParaná e Mato Grosso.
Outra atividade cuja área cresceu mudando a configuração do solo do Rio Grande do Sul é a silvicultura.
A silvicultura consiste na plantaçãobet365 siteflorestas novas ou no manejobet365 siteflorestas nativas para abet365 siteexploração comercial.
No Rio Grande do Sul, a principal formabet365 sitesilvicultura é a plantaçãobet365 siteflorestas novasbet365 siteespécies como eucalipto, pinus e outras espécies que são usadas para a produçãobet365 sitemadeira, lenha e celulose.
De acordo com o MapBiomas, a área destinada à silvicultura no Estado saltoubet365 site79 mil hectares para 1,19 milhãobet365 sitehectares, um crescimentobet365 site1.399%.
De acordo com o Instituto Brasileirobet365 siteGeografia e Estatística (IBGE), o Rio Grande do Sul é o quinto maior Estado do Brasilbet365 sitesilvicultura, atrásbet365 siteParaná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
O levantamento também mostra que houve um crescimentobet365 site145% nas áreas urbanizadas do Estado no período estudado.
Em 1985, as áreas urbanizadas saírambet365 site97 mil hectares para 238.607bet365 site2022.
De acordo com o IBGE, a população do Estado erabet365 site8,4 milhõesbet365 site1985. Em 2022, a população estimada erabet365 site10,8 milhões.

Crédito, Amanda Perobelli/Reuters
Freio, reservatório e contenção
O professor do Departamentobet365 siteEcologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadorbet365 siteuma redebet365 sitepesquisadores sobre os campos do Sul do país, Valério Pillar, disse à BBC News Brasil que a redução na áreabet365 sitevegetação nativa ebet365 sitesubstituição podem ter contribuído para o agravamento dos impactos das inundações.
"A mudança no uso da terra provavelmente aumentou o impacto negativo dessas chuvas", afirma o professor à BBC News Brasil.
Ele explica que há três motivos pelos quais isso aconteceria.
O primeiro é que a vegetação nativa funcionaria como uma espéciebet365 site"freio" para a água da chuva.
"A vegetação nativa nas margens dos córregos, riachos e rios cria mais obstáculos para a água da chuvabet365 siteseu caminho até os leitos dos rios. Esses obstáculos diminuem a velocidade do escorrimento da água e reduzem a força com que ela chega às áreas mais baixas do território, como aquelas afetadas pelas enchentes", explicou o professor.
Pillar diz ainda que, mesmo após um rio transbordar, a vegetação nativa nas margensbet365 siteum curso d'água funciona como um freio para a drenagem da água, diminuindo a velocidade com que ela atinge as áreas rio abaixo.
O segundo motivo é que a vegetação nativa funcionaria como uma espéciebet365 site"dreno" para parte da água da enxurrada.
"A vegetação nativa e suas raízes mantêm o solo mais permeável e assim ajudam a infiltrar a água da chuva no solo, reduzindo a quantidade que fluiria diretamente para os leitos dos rios", disse o professor.
O terceiro motivo é o fatobet365 siteque a vegetação nativa teria a capacidadebet365 sitemitigar a erosão do solo e o assoreamento dos rios da região.
"A supressão da vegetação nativa, sobretudo dos campos nativos nessa região, expõem o solo à erosão causadas pelas chuvas. Quando a chuva cai com intensidade, ela carrega uma enorme quantidadebet365 siteterra pro leito dos rios. Isso causa o assoreamento, que diminui a profundidade do rio. Assim, fica mais fácil para haver uma inundação porque o rio comporta menos água", disse o professor.
"Se você vir as imagensbet365 sitesatélite, vai notar que a cor barrenta das inundações. Tudo isso é sedimento carregado pela águabet365 siteáreas rio acima", afirmou.
A agrônoma e doutorabet365 siteCiências do Solo pela UFRGS Bruna Winck disse à BBC News Brasil que apesarbet365 sitea soja cobrir o solo e consumir água durante o seu crescimento, ela não teria as mesmas condiçõesbet365 sitereter água e o solo durante as chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul.
"O sistemabet365 siteraízes da vegetação nativa é mais diverso quanto àbet365 sitecapacidadebet365 sitecaptaçãobet365 siteágua no solo, podendo fazer issobet365 sitediferentes profundidades", explica ela.
"Na cultura da soja, há etapasbet365 siteque o solo está menos protegido, como o preparo do solo e na fase inicialbet365 sitecrescimento das plantas. Mesmo que haja palha sobre o solo, ela apenas favorece a infiltraçãobet365 siteágua, mas não abet365 siteabsorção", explicou.
'Boom' nas commodities e mudanças legislativas
Para Bruna Winck, um dos motivos por trás da redução na áreabet365 sitevegetação nativa e abet365 sitetransformaçãobet365 sitelavourasbet365 sitesoja se deu, possivelmente, por conta do "boom" no preço das commodities, no início dos anos 2000.
"Como o Rio Grande do Sul tem solosbet365 siteboa qualidade, férteis, bem drenados na parte norte, isso fez com que essa expansão se acelerasse nessa região. O preço teve um papel fundamental nessa aceleração", disse a pesquisadora.
Para Valério Pillar, essa diminuição da áreabet365 sitevegetação nativa aconteceu por contabet365 siteum históricobet365 sitepermissividadebet365 sitesucessivos governos estaduais.
"Em 2015, houve um decreto estadual que permitiu que pecuaristas cujas propriedades fossembet365 siteáreasbet365 sitevegetação campestre pudessem declarar essas fazendas como áreasbet365 siteuso consolidado. Isso reduziu uma sériebet365 siteexigências para o desmate dessa vegetação. Em 2019, essa mudança foi consolidada no Código Florestal do Estado", afirmou o professor.
Para a Associação dos Servidores da Sema-RS (Assema), a perdabet365 sitevegetação nativa no Rio Grande do Sul foi agravada por decisões políticas.
"Esta perda das formações naturais foi acentuada, respaldada e incentivada por mudanças na legislação ambiental e também por procedimentos e decisões das gestões estaduais e municipais que dificultam a devida proteção da vegetação nativa ebet365 siteáreasbet365 sitegrande interesse ecológico", disse uma nota enviada à BBC News Brasil e assinada pela Assema e pela AFFZB (Associação dos Funcionários da Fundacao Zoobotanica do Rio Grande do Sul).
Na semana passada, o jornal Folhabet365 siteS. Paulo publicou uma reportagem mostrando que o governobet365 siteEduardo Leite (PSDB) alterou 480 normas ambientais desde que assumiu o comando do Estado pela primeira vez,bet365 site2019.
Em resposta ao jornal, o governo do Estado enviou uma nota dizendo que as alterações teriam apenas atualiazado a legislação ambiental local.
"A atualização alinhou a lei estadual à legislação federal. A modernização acompanhou as transformações da sociedade, tornando a legislação aplicável, priorizando a proteção ambiental, a segurança jurídica e o desenvolvimento responsável", diz um trecho da nota.
Questionada pela BBC News Brasil, a Secretaria do Meio Ambiente do RS negou que as mudanças no código ambiental estadual sejam nocivas e afirmou que a nova redação "aprimorou o poderbet365 sitepolícia dos órgãos ambientais".
"A atualização do texto passou a prever uma sériebet365 sitemedidasbet365 siteproteção à vegetação nativa, como a possibilidadebet365 siteconcessãobet365 sitebenefícios a empreendedores pela adoçãobet365 sitepráticasbet365 siteproteção ambiental certificadas pelo governo do Estado e a previsãobet365 siteremuneração àqueles que preservam áreas privadas", diz nota enviada pela pasta.
A reportagem também enviou questões à Associaçãobet365 siteProdutoresbet365 siteSoja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), mas também não recebeu nenhuma resposta.
Futuro incerto
Bruna Winck, Eduardo Vélez e Valério Pillar concordam ao afirmar que a redução na vegetação nativa não seria a causa das inundações no Rio Grande do Sul.
Segundo eles, as causas são as mudanças climáticas causadas pela ação humana sobre o meio ambiente com a liberaçãobet365 siteCO₂ na atmosfera a partir da queimabet365 sitecombustíveis fósseis e outras atividades como o desmatamento.
"A previsão para o Rio Grande do Sul ébet365 siteaumentosbet365 siteextremos climáticos, incluindo obet365 sitechuvas. Mesmo um solo bem drenado, com vegetação nativa, pode ser completamente saturado, o que pode levar a aumentosbet365 siteágua nos leitosbet365 siterios", diz a pesquisadora.
Ela, no entanto, defende que a vegetação nativa do Estado seja recomposta.
"Essas mudanças do clima devem-se sobretudo aos aumentosbet365 siteCO₂ na atmosfera. E para reduzir isso, a única maneira é aumentar o seqüestro do CO₂ pela vegetação e pelo solo. E diversos estudos já mostram que as vegetações nativas são mais eficazes na captura do CO₂ e os solos sob essa vegetação geralmente estocam mais carbono", disse Winck.
Na nota enviada pela associaçãobet365 siteservidores da Sema, a necessidadebet365 siterecomposição da vegetação nativa do Estado também foi mencionada.
"O Governo do Estado até hoje não institucionalizou as metasbet365 siterecuperaçãobet365 sitevegetação nativa previstas no Plano Nacionalbet365 siterecuperaçãobet365 siteVegetação Nativa (Planaveg), que prevê, minimamente a recuperaçãobet365 site300 mil hectaresbet365 siteáreas degradadas no Bioma Pampa, sem contar a porçãobet365 siteMata Atlântica subtropical do Rio Grande do Sul", disse um trecho da nota.
O que diz o governo do Rio Grande do Sul
A secretaria do Meio Ambiente do RS (Sema) diz que tem diversas açõesbet365 siteandamento para proteção e recuperação da vegetação nativa.
A pasta cita o Programabet365 siteRevitalizaçãobet365 siteBacias Hidrográficas, criadobet365 site2022, que prevê a recuperaçãobet365 sitecercabet365 site100 hectaresbet365 sitematas ciliares nas bacias dos rios dos Sinos e Gravataí, na Região Metropolitanabet365 sitePorto Alegre. Segundo a Sema, o projeto estábet365 sitefasebet365 sitefinalização da parte técnica.
A secretaria cita o Programa Estadualbet365 siteRecuperação da Vegetação Nativa (Proveg/RS), mas não informoubet365 siteque fase estão as ações e se as metas foram alcançadas.
A Sema diz que vai lançar um edital para promover a conservaçãobet365 siteáreas privadas através do programabet365 sitepagamento por serviços ambientais.
"O mais recente levantamento divulgado pela ONG SOS Mata Atlântica, com basebet365 sitedados do MapBiomas, aponta que o desmatamento no Rio Grande do Sul caiu 75%bet365 sitesetembro e outubrobet365 site2023 na comparação com o mesmo bimestre do ano anterior", diz a nota enviada pela Sema.
"Tal percentual situa o RS entre os Estados com maior índicebet365 sitereduçãobet365 sitedesmatamento do bioma no país, o que demonstra a efetividade das ações implementadas pelo Estado."
A secretaria diz ainda que, "embora venha adotando medidasbet365 sitecurto, médio e longo prazo com foco na adaptação às mudanças climáticas, este é o terceiro evento extremobet365 sitemenosbet365 siteoito meses" no Estado.
"Nem as áreas mais conservadas foram poupadas. A chuvabet365 siteabundância extraordinária definiu novos cursos para os rios, potencializou o riscobet365 sitelocalidades mais suscetíveis a desastres naturais e, mais uma vez, mostrou que a natureza é soberana", diz a pasta.
"A partir dessa compreensão, o Estado reforça que seguirá atuando para minimizar e compensar os impactos da ação humana sobre o meio ambiente, focando na adaptação e resiliência exigidas pelo atual cenário e buscando responder na velocidade esperada pela sociedade."











