O relato24 futbolvítima24 futboljesuíta espanhol24 futbolinternato na Bolívia: 'Me tirava da cama e carregava nos braços para abusar24 futbolmim':24 futbol

Crédito, Cortesia da Comunidade Boliviana24 futbolSobreviventes24 futbolAbuso Sexual Eclesial
Ela mostrava uma reportagem intitulada "Diário24 futbolum padre pederasta", publicada pelo jornalista Julio Núñez no jornal espanhol El País, no final24 futbolabril24 futbol2023.
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Essa regra é comumente usada 24 futbol competições internacionais ou 24 futbol torneios amistosos. Por exemplo, se um time consideravelmente mais fraco 🍋 enfrentar um time muito forte, os organizadores do evento podem dar um handicap 24 futbol dois gols ao time mais fraco. 🍋 Isso significa que, antes do início da partida, o time fraco já terá dois gols 24 futbol vantagem no placar.
Essa regra 🍋 pode alterar drasticamente a dinâmica da partida, forçando as equipes a se adaptarem a uma situação incomum e desafiadora. No 🍋 entanto, o handicap pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição, pois dependendo da qualidade do time mais fraco, eles 🍋 podem ser capazes 24 futbol manter a liderança e vencer a partida, ou então podem começar a desanimar e permitir que 🍋 o time mais forte marque gols, reduzindo a diferença e eventualmente empatando ou vencendo a partida.
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Fim do Matérias recomendadas
A publicação incluía as anotações pessoais do sacerdote jesuíta Alfonso Pedrajas, conhecido como "padre 'Pica'". Ele foi diretor do Colégio Juan 23 na cidade24 futbolCochabamba, na região central da Bolívia.
Pablo é boliviano e morou no internato na década24 futbol1980.
"O maior fracasso pessoal: sem dúvida, a pederastia", escreveu o sacerdote no seu diário. "Prejudiquei muita gente (85?), muitos."
Pedrajas conta no seu diário que informou sobre os abusos a sete superiores provinciais e a uma dezena24 futbolclérigos bolivianos e espanhóis.
Um deles recomendou que ele não se sentisse um "pecador arrependido", pois eram "casos isolados". Outro aconselhou que ele não abusasse24 futbolmenores. Ninguém o denunciou, nem o afastou das vítimas.
"Contei muitas vezes", insistiu o jesuíta no seu diário.
Pablo seguiu seu primeiro impulso e disse à esposa que não, que, com ele, aquilo não havia acontecido. Mas, quando seu irmão fez a mesma pergunta, ele sentiu que já não poderia mais escapar do fantasma do padre "Pica".

Crédito, AFP
Depois24 futbolcinco meses24 futbolresistência, Pablo contou a verdade à24 futbolesposa. Pedrajas havia abusado dele dos 11 aos 13 anos24 futbolidade.
"Eu pensava que fosse o único, que só havia acontecido comigo", afirma ele. Mas a publicação do diário24 futbolPedrajas, um ano atrás, gerou um verdadeiro escândalo.
A Procuradoria do departamento24 futbolCochabamba abriu uma investigação contra 23 religiosos da Companhia24 futbolJesus. E o papa Francisco enviou para a Bolívia seu principal assessor na gestão24 futbolcasos24 futbolpedofilia na Igreja Católica, Jordi Bertomeu.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, condenou as "condutas aberrantes" dos indicados e pediu ao Sumo Pontífice que concedesse à justiça boliviana o acesso a "todos os arquivos, processos e informações referentes a estas denúncias".
Embora fosse a parte acusada, a Companhia24 futbolJesus ofereceu um "canal24 futbolouvidoria" para as vítimas.
"Pedimos perdão pela dor ocasionada", disse na época o responsável máximo pelos jesuítas na Bolívia, Bernardo Mercado.
"Os abusos provocaram uma ferida profunda nas vítimas e as denúncias não podem ser ignoradas, embora o sacerdote envolvido nos fatos tenha falecido."
Pedrajas morreu24 futbolcâncer,24 futbol2009.

Crédito, Getty Images
No mês24 futbolabril, um ano depois da publicação do diário, Pablo entrou para a Comunidade Boliviana24 futbolSobreviventes24 futbolAbuso Sexual Eclesial – a associação24 futbolvítimas que exige justiça e reparação pelos crimes cometidos por sacerdotes jesuítas24 futbolCochabamba, além da condenação à estrutura eclesiástica que encobriu os delitos.
O grupo24 futbolvítimas garante que existem mais24 futbol400 pessoas prejudicadas no Colégio Juan 23, instituição fundada24 futbol1966 e que teve seu internato fechado24 futbol2008.
A BBC News Mundo (o serviço24 futbolespanhol da BBC) conversou com algumas das vítimas, que interpretam a decisão24 futbolfechar o internato como uma manobra para encobrir os abusos cometidos no colégio.
Durante décadas, a Companhia24 futbolJesus enviou para a Bolívia outros jesuítas envolvidos24 futbolcasos24 futbolpedofilia na Espanha. Um deles foi o padre Luis Tó, já falecido, que foi transferido depois24 futbolter sido condenado a dois anos24 futbolprisão24 futbolBarcelona, na Espanha, por abusar24 futboluma menina24 futboloito anos.
Outro caso foi o24 futbolFrancesc Peris, hoje com mais24 futbol80 anos. Ele reconheceu ter abusado24 futbolinúmeros meninos durante24 futboltrajetória como sacerdote, incluindo24 futbolpassagem pela Bolívia, segundo revelou um delegado da Companhia24 futbolJesus ao canal24 futboltelevisão TV3, da Catalunha, na Espanha.
Um ano depois da divulgação do diário24 futbolPedrajas, o procurador boliviano, Mario Durán, declarou que o Ministério Público investiga sete sacerdotes. Ele aguarda informações do Vaticano para comparar as evidências.
Pablo ainda não se sente preparado para revelar24 futbolverdadeira identidade. Mas ele conversou com a BBC News Mundo sobre os abusos sofridos no Colégio Juan 23, nas mãos do padre Pedrajas.
"Faço por mim próprio, pelos meus filhos e pelos meus pais, que confiaram naquela instituição educacional."
'Puxa, ganhamos na loteria!'
"O Juan 23 era uma instituição à frente do seu tempo. Ele propunha uma pedagogia totalmente diferente da oficial e dedicava prioridade máxima à leitura e à pesquisa.
Todos os anos, o colégio mobilizava seus educadores e ex-alunos para que visitassem todos os cantos do país, recrutando os alunos que tivessem o melhor desempenho acadêmico nos seus respectivos graus.
Cheguei ao Juan 23 por meio dessa rigorosa seleção. É claro que, para minha família, foi um prêmio, um orgulho para mim, para os meus pais e meus irmãos.
De toda a minha aldeia, eu fui o único a estudar24 futbolCochabamba. Para muitas famílias, era praticamente a única oportunidade24 futbolsair das aldeias, dos centros24 futbolmineração ou das comunidades para cursar a universidade.
Como os pais poderiam não se sentir escolhidos, premiados e até dizer: 'puxa, ganhamos na loteria'?
Os meus pais, por exemplo, tentaram me levar da minha pequena aldeia para outras capitais, mas as mensalidades eram proibitivas. Meu pai não ganhava o suficiente para me pagar um internato24 futbolOruro, La Paz ou mesmo24 futbolCochabamba."

Crédito, El País
O início dos abusos
"Eu tinha 11 anos quando cheguei ao colégio.
Nós nos levantávamos às sete horas da manhã e as atividades duravam até às 22h30, mais ou menos. Às 23 horas, todos nós precisávamos estar nos dormitórios. Este foi o ritmo dos dois primeiros anos.
Foi a primeira vez24 futbolque fiz quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, chá e jantar. Era também a primeira vez24 futbolque eu tinha acesso a lençóis, piscina, campos24 futbolfutebol e quadras24 futbolbasquete e voleibol.
Quem não se sentiria feliz com tudo isso? Era um sonho!
Mas, ao mesmo tempo, iam acontecendo coisas24 futbolque eu não gostava e nem podia expressar por uma dualidade muito forte, muito feia.
Naquela época, havia dormitórios comuns: um para todos os meninos e outro para as meninas. E, no meio, havia um pequeno quarto onde morava o diretor Alfonso Pedrajas.
Eu diria que todo mundo sabia e observava que ele era a autoridade.
Naquela época, estavam24 futbolvoga a corrente da Teologia da Libertação e os movimentos que procuravam derrubar as ditaduras. E ele era uma autoridade24 futbolnível ideológico.
Como era a primeira vez24 futbolque eu me separava dos meus pais, realmente foi difícil. Eu chorava24 futbolsilêncio na minha cama, todas as noites.
E não era o único. Eu ouvia outro e mais outro.
Como era criança, eu não conseguia distinguir bem as coisas, sobretudo quando começaram as visitas do diretor ao dormitório. Eu pensava que acontecia somente comigo.
Os abusos começaram cerca24 futboltrês ou quatro meses depois que entrei no colégio. Naquela época, eu dizia ao meu pai que queria ir embora. Uma vez, ele chegou a dizer: 'isto é demais para você, você não está se acostumando. Vamos embora.'
Quando ele foi falar com o diretor, não sei exatamente o que ele disse, mas meu pai prometeu que voltaria24 futbolum tempo adequado para me visitar – e nunca mais voltou."

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As visitas do diretor
"Lembro que, uma noite, obviamente quando todos já estavam dormindo, incluindo eu mesmo, senti que alguém começou a tocar no meu corpo, nas minhas partes íntimas.
Lembro que, na primeira vez, fiquei muito sobressaltado. Ele parou24 futbolme tocar e se foi.
Mas, depois – não sei se no dia seguinte ou depois24 futboldois ou três dias –, ele me chamou para o seu quarto, dizendo que queria falar comigo.
Quando fui, ele começou a me tocar outra vez, começou a tirar a roupa, a me fazer tocá-lo. Eu, com a surpresa, não sei como chamar isso, lembro que seu quarto estava praticamente na penumbra, com uma lamparina ao lado da cama.
Li certa vez que existe uma situação24 futboldiferença24 futbolpoderes... Um diretor com formação e um menino24 futbol11 anos é realmente uma situação24 futbolmuita assimetria, muita desigualdade. Você não sabe como agir, não sabe como reagir. Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo comigo.
Quando voltei ao dormitório, ninguém me disse nada, ninguém dizia nada. E, outras vezes, também a altas horas da noite, quando eu estava dormindo, ele me tirava da cama e me levava nos braços para o seu quarto. Lá, ele começava novamente com os toques, com a felação que me obrigava a fazer.
Como poderia contar isso a um colega? Ou ao meu pai? Ou talvez devesse ter contado. É, mais uma vez, o que digo a mim mesmo: nessa idade...
Além disso, toda a minha família estava a mais24 futbol200 km24 futboldistância. Não havia telefone e uma carta levava duas a três semanas para chegar à minha aldeia.
Quando precisava ligar com urgência, era preciso ir até outra província para ligar pelo sistema24 futboltelefonia rural.
Eu estava totalmente sozinho e indefeso. A quem iria contar? Sem contar a vergonha que sentia por tudo aquilo que estava acontecendo."

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Falta24 futbolsono e queda24 futbolrendimento escolar
"Não sei exatamente como definir, mas o que mais me lembro é do nojo.
Tenho até dificuldade24 futbolfalar. Estava cheio24 futbolpelos. A única palavra que me ocorre é que era asqueroso, até porque o cheiro era horrível...
E eu também tinha muito medo, muito medo24 futbolperder aquela oportunidade.
No segundo ano, um ex-aluno que havia saído muito tempo antes e trabalhava no colégio também tentou abusar24 futbolmim.
Ele se aproximou24 futboluma ocasião e me levou para o banheiro. Eu primeiro me assustei, comecei a socar a porta e saí. Ele nunca mais tentou, mas não tinha mais cara24 futbolfalar comigo.
Comecei a ter problemas24 futbolsono. De fato, não sei dizer o que era, mas me davam uns frascos na enfermaria para que eu pudesse tomar remédio.
Quando você sabe que este tipo24 futbolcoisa pode acontecer, você fica um ou dois dias sem dormir. De repente, não acontece nada. Qual é a24 futbolopção? Você tem que prosseguir.
Acredito que nenhum dos colegas que sofreram o mesmo que eu tenha conseguido dormir com tranquilidade enquanto estivemos ali.
Meu rendimento escolar foi prejudicado, mas o medo24 futbolregressar à minha aldeia como fracassado era maior.
Meus pais e irmãos disseram para todo mundo que eu estava indo estudar longe porque era o melhor aluno. E voltar para lá não era uma opção, você não podia ser suspenso porque o castigo era ir embora.
O colégio era chamado24 futbol"Pequena Nova Bolívia", pois ele formava pessoas que iriam proporcionar a mudança para uma Bolívia diferente.
Mas como você consegue se sentir fator24 futbolmudança, se, no local onde você vive, fizeram você se sentir pouco menos do que lixo? Esta dicotomia foi uma luta interna para todos nós que sofremos esses abusos."

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O abraço
"No meu caso, os abusos ocorreram principalmente durante os dois primeiros anos.
Lembro que, certa vez, eu e mais três ou quatro colegas nos escondemos no sótão do dormitório e conversamos sobre essas coisas. Ninguém disse: 'aconteceu comigo'. Todos nós dizíamos: 'aconteceu com tal pessoa'.
Provavelmente, todos nós que estávamos ali éramos vítimas24 futbolabuso.
No dia seguinte, uma professora nos chamou e perguntou por que estávamos falando daquelas coisas. Nós dissemos o mesmo, que havíamos ouvido que tal pessoa havia sido levada à noite, mas nunca disseram nada, nunca fizeram nada.
Quando via o diretor24 futboldia, eu fugia. Mas, quando fiquei um pouco maior, nós não tínhamos contato. Imagino que ele próprio se cuidava.
No terceiro ano, os quartos ficavam24 futboloutro lugar. Os maiores estavam muito longe dos dormitórios dos pequenos,24 futbolforma que nunca vi isso acontecer com outra pessoa.
Um dia, no meu último ano do colégio, o diretor me deu um abraço muito forte e pediu que o ajudasse, porque ele estava doente e não conseguia lidar com tudo aquilo. Lembro que tive vontade24 futbollhe dar um empurrão, eu queria me livrar do seu abraço.
Sempre pensei que,24 futbolalgum momento, eu poderia me vingar. Eu guardava um rancor, uma raiva24 futbolme lembrar24 futboltudo isso. E aconteceu na pior época da minha vida, quando eu estava afastado da minha família.
Houve um ano24 futbolque ele foi retirado do colégio, entre 1983 e 1984, e levado para as minas. Eles nos disseram que ele iria conhecer a realidade dos mineiros, mas depois soubemos que ele havia sido castigado, ou tentaram castigá-lo, por todos estes fatos.
De qualquer forma, ele retornou ao colégio.
Alguns meses antes24 futbolme formar, ele me chamou na24 futbolsala e me convidou a entrar para os jesuítas.
Foi a única vez24 futbolque conversamos. Nunca consegui encará-lo e dizer: 'pois você fez isto'. Simplesmente respondi que não aceitava e que seguiria meu próprio caminho."
'Até que enfim!'

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"Saí do colégio quando eu tinha 17 anos.
Alguns colegas me perguntavam por que nunca mais voltei. Realizei meu sonho (e dos meus pais)24 futbolser bacharel e terminar foi como dizer 'até que enfim!'
Lembro que havia uma possibilidade24 futbolcontinuar estudando na universidade, por meio24 futbolum programa24 futbolvoluntariado dos próprios jesuítas. A condição era que precisávamos fazer um ano24 futbolvoluntariado, mas eu respondi que não.
Quando voltei para a aldeia, eu vivia com a dicotomia24 futbolme sentir orgulhoso e sujo, como se tivesse pagado com algo que era realmente asqueroso.
Se alguém tomasse conhecimento daquilo, como eu iria me sentir? Que cara eu iria fazer?
Minha autoestima foi por água abaixo. As pessoas me diziam: 'de onde surgiu essa24 futbolautoestima tão baixa e revoltante?' Eu não sabia a resposta.
É algo que você carrega inconscientemente e vai expressando com certos tipos24 futbolatitudes e decisões. É uma baixa autoestima misturada com desconfiança.
Em um trabalho24 futbolequipe, por exemplo, eu sentia que ninguém poderia fazer melhor do que eu. Então, eu pensava que meu problema não era24 futbolautoestima, mas24 futbolarrogância.
Reconhecer essas atitudes prepotentes me fez ver que tudo era uma espécie24 futbolcouraça ou escudo para não mostrar minha baixa autoestima.
O fato24 futbolque não conseguiríamos nos expressar era um dos poderes exercidos pelo perpetrador –24 futbolsaber identificar como irá fazer e como irá agir. Ele se dava conta da fragilidade da criança, do seu estado absolutamente indefeso.
De fato, ele era psicólogo e lecionava psicologia no colégio. Isso deve tê-lo ajudado.
Agora que sou mais velho, penso: como pode haver uma estrutura que o tenha encoberto? Como pode ser que, nos seus diários, o perpetrador reconheça que abusou dos meninos e seus superiores responderem que foi um deslize?
Foi um ato sistemático por muitos anos e a proteção24 futboltoda a estrutura dos jesuítas também foi sistemática.
Era um segredo muito feio que eu precisava guardar. Acredito que tenha sido por isso que não tive forças para conversar sobre isso com ninguém depois24 futbolme formar. Na verdade, eu achava que fosse o único."

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O segredo
"Meus pais faleceram sem saber24 futbolnada disso. A primeira vez que falei foi há pouco tempo, no ano passado, depois que saiu o diário e contei para a minha esposa.
No início, neguei. Mas, depois, pensei que uma das maiores traições que os jesuítas haviam cometido como instituição foi abusar da confiança que meus pais depositaram neles.
É claro que também foi uma traição contra mim como pessoa. Pelos meus filhos, isso não pode se repetir. Tudo isso me deu forças para falar.
Quando contei à minha esposa que fui uma das vítimas, senti muito amor, senti que ela me abraçava com24 futbolalma e seu coração.
Toda vez que conto, sinto que libero um grande peso24 futbolcima24 futbolmim. É preciso trabalhar isso, talvez por toda a vida, no sentido24 futbolliberar os sentimentos. Pouco a pouco, você vai se esvaziando24 futboltoda essa raiva, toda essa dor.
Depois24 futbolfalar com a minha esposa, entrei24 futbolcontato com a comunidade24 futbolsobreviventes.
É muito importante saber o que viveram outros colegas com quem convivi no colégio. Jamais me havia ocorrido que eles poderiam ter passado pela mesma situação. Poder falar disso faz parte24 futbolum princípio24 futbolcura.
Tudo isso também mudou minha relação com Deus. Minha família e eu éramos muito católicos e acreditávamos muito24 futbolalgo maior do que nós. E eu estava certo24 futbolque os representantes desse algo maior estavam na Igreja.
Como você pode desconfiar24 futboluma organização que diz representar o próprio Deus no qual você acreditou toda a24 futbolvida?
Eu acredito24 futbolDeus, mas penso mais24 futbolum Deus com quem posso conversar diretamente. Posso vê-lo no universo, na natureza, nas boas pessoas. Mas ir à igreja, não consigo.
Para mim, a Igreja deixou24 futbolser um interlocutor perante Deus."











