O polêmico plano do Japãobetano 300 reaisdespejar água da usina nuclearbetano 300 reaisFukushima no mar:betano 300 reais

Desde o desastrebetano 300 reais11betano 300 reaismarçobetano 300 reais2011, maisbetano 300 reais1 milhãobetano 300 reaistoneladasbetano 300 reaiságuas residuais tratadas se acumularam — e, após o aval da AIEA, o Japão pretende jogá-las no oceano a partirbetano 300 reaisagosto.

Mas qual é exatamente o plano do Japão e por que ele continua gerando preocupações, mesmo após a avaliação da AIEA?

Por que o Japão escolheu essa saída?

Desde o desastre, a Tepco tem bombeado água para resfriar os reatores nuclearesbetano 300 reaisFukushima.

Com isso, a usina produz diariamente água contaminada — aproximadamente 100 m³ por dia —, que depois passa por tratamento e é armazenadabetano 300 reaistanques gigantescos.

Até agora, maisbetano 300 reais1.000 tanques foram enchidos. O Japão diz que esta não é uma solução sustentável a longo prazo e, por isso, quer liberar gradualmente essa água no Oceano Pacífico ao longobetano 300 reais30 anos.

O lançamentobetano 300 reaiságuas residuais no mar é uma prática rotineirabetano 300 reaisusinas nucleares, mas como a situaçãobetano 300 reaisjogo é resultadobetano 300 reaisum acidente, não se tratabetano 300 reaisresíduos nucleares típicos.

A Tepco filtra as águasbetano 300 reaisFukushima por meio do Sistema Avançadobetano 300 reaisProcessamentobetano 300 reaisLíquidos, que reduz a maioria das substâncias radioativas a padrõesbetano 300 reaissegurança aceitáveis, exceto o trítio e o carbono-14.

O trítio e o carbono-14 são, respectivamente, formas radioativasbetano 300 reaishidrogênio e carbono. É difícil separá-las da água.

Essas substâncias estão presentes no ambiente natural, na água e até mesmo nos humanos, pois são formadas na atmosfera terrestre e podem entrar no ciclo da água.

Ambas emitem baixos níveisbetano 300 reaisradiação, mas podem trazer riscos se consumidasbetano 300 reaisgrandes quantidades.

Antesbetano 300 reaisserem lançadas no oceano, as águas residuais tratadas costumam ser diluídas com água do mar para que as substâncias presentes tenham concentração reduzida.

A Tepco diz que seu sistemabetano 300 reaisválvulas garante que as águas residuais não serão liberadas acidentalmente.

O governo do Japão acrescenta que os níveis restantesbetano 300 reaistrítio — cercabetano 300 reais1.500 becquerel por litro — são muito mais seguros do que os níveis exigidos pelas regrasbetano 300 reaisdescartebetano 300 reaisresíduos nucleares ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a água potável.

A Tepco garante também que os níveisbetano 300 reaiscarbono-14 estãobetano 300 reaisacordo com os padrões internacionaisbetano 300 reaissegurança.

A empresa e o governo japonês realizaram estudos para mostrar que a água descartada trará pouco risco para os humanos e para a vida marinha.

Muitos cientistas apoiaram o plano.

“A água descartada será uma gota no oceano tantobetano 300 reaisvolume quantobetano 300 reaisradioatividade. Não há evidênciasbetano 300 reaisque esses níveis extremamente baixosbetano 300 reaisradioisótopos tenham um efeito prejudicial à saúde", disse o patologista molecular Gerry Thomas, que trabalhou com cientistas japonesesbetano 300 reaispesquisas sobre a radiação e assessorou a AIEA nos relatórios que a agência produziu sobre Fukushima.

O que dizem os críticos?

Mas nem todos estão convencidos pelos argumentos da empresa e do governo japonês.

Antes da aprovação do plano pela AIEA, a ONG Greenpeace publicou relatórios levantando preocupações sobre o processobetano 300 reaistratamento da Tepco, dizendo que ele não é o suficiente para remover substâncias radioativas.

Para os críticos do plano, o Japão deveria, por enquanto, manter a água tratada nos tanques — ganhando tempo com o desenvolvimentobetano 300 reaisnovas tecnologias e com a redução natural da radioatividade.

Alguns cientistas alertam também para os possíveis impactos dos resíduos na vida marinha.

“Vimos uma avaliação inadequada do impacto radiológico e ecológico. Estamos preocupados não só com o fatobetano 300 reaiso Japão ser incapazbetano 300 reaisdetectar o que está jorrando na água [do mar], nos sedimentos e nos organismos, mas também, se isso acontecer,betano 300 reaisser incapazbetano 300 reaisremover isso [o material contaminado]. Não há como colocar o gêniobetano 300 reaisvolta à garrafa", explicou o biólogo marinho Robert Richmond, professor da Universidade do Havaí, à BBC.

Tatsujiro Suzuki, professorbetano 300 reaisengenharia nuclear do Centrobetano 300 reaisPesquisa para a Eliminaçãobetano 300 reaisArmas Nucleares da Universidadebetano 300 reaisNagasaki, disse à BBC que o plano "não levaria necessariamente a uma contaminação grave ou prejudicaria o público, se tudo correr bem".

Mas, como a Tepco falhoubetano 300 reais2011betano 300 reaisevitar o desastre, ele teme que um possível acidente possa acabar indobetano 300 reaisencontro aos planos.

O que dizem os vizinhos do Japão?

A China exigiu que o Japão chegue a um acordo com outros atores regionais e instituições internacionais antesbetano 300 reaisliberar a água residual no mar.

Pequim também acusou Tóquiobetano 300 reaisviolar suas "obrigações morais e legais internacionais" e alertou que, se o plano seguirbetano 300 reaisfrente, "deve enfrentar as consequências".

Os dois países passam por uma situação tensa no momento — intensificada pela maior militarização do Japão e por recentes ações na regiãobetano 300 reaisTaiwan vistas como provocativas pela China.

Tóquio está conversando com os vizinhos sobre a situaçãobetano 300 reaisFukushima e recebeu uma equipebetano 300 reaisespecialistas sul-coreanos para visitar a usinabetano 300 reaismaio.

No entanto, não se sabe até que ponto o Japão esperaria obter a aprovaçãobetano 300 reaisoutros países para seguir com seu plano.

Ao contráriobetano 300 reaisPequim, Seul — que tem interessebetano 300 reaisfortalecer seus laços com o Japão — aliviou suas preocupações, dizendo na terça-feira que respeita as conclusões da AIEA.

Mas essa postura irritou boa parte da população sul-coreana — 80% das pessoas estão preocupadas com a liberação dos resíduos,betano 300 reaisacordo com uma pesquisa recente.

"O governo tem uma forte política para que não se atire lixo no mar... Mas agora o governo não está dizendo qualquer palavra [ao Japão] sobre as águas residuais que vão para o oceano", disse à BBC Park Hee-jun, um pescador sul-coreano.

Milharesbetano 300 reaispessoas participarambetano 300 reaisprotestosbetano 300 reaisSeul pedindo que o governo da Coreia do Sul tome uma posição mais firme contra o plano.

Em resposta, o parlamento sul-coreano aprovou uma resolução na semana passada se opondo ao projeto. Ainda não está claro o impacto disso na postura do Japão.

As autoridades também estão anunciando uma "inspeção detalhada" das importaçõesbetano 300 reaisfrutos do mar japoneses vindosbetano 300 reaisregiões próximas à usinabetano 300 reaisFukushima.

Para amenizar os temores do público, o primeiro-ministro sul-coreano Han Duck-soo disse que beberia a água tratada da usinabetano 300 reaisFukushima para provar que ela é segura.

Além disso, um funcionário do governo disse na semana passada que apenas uma fração da água despejada no oceano chegaria a águas coreanas.

Como o Japão está respondendo?

O governo do Japão e a Tepco estão tentando conquistar os críticos apontando para a ciência por trás do processobetano 300 reaistratamento.

O primeiro-ministro japonês Fumuio Kishida garantiu na terça-feira que todo o projeto será conduzido com "um alto nívelbetano 300 reaistransparência".

Segundo alguns textos no site do Ministério das Relações Exteriores do Japão, outras usinas nucleares da região, especialmente na China, liberam água com níveis muito mais elevadosbetano 300 reaistrítio.

A BBC conseguiu confirmar alguns desses números fornecidos pelo governo japonês com informações das usinas nucleares chinesas disponíveis ao público.

*Colaboraram Tessa Wong, Yuna Kim e Chika Nakayama.