Livro que ensina criança a se protegersky bet netviolência sexual é abraçado por conservadores e progressistas no Brasil dividido:sky bet net

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A legenda diz: "Pessoassky bet netquem confio podem tocarsky bet netmim, mas não nas minhas partes íntimas".

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Outra figura mostra uma mulher colocando uma toalhasky bet netvolta do corposky bet netuma menina. Ao lado, vê-se uma banheira. A legenda diz: Posso precisarsky bet netajuda para ir ao banheiro tomar banho e trocarsky bet netroupa.

Mais adiante, outra figura mostra uma menina entrando por uma porta. Com ar ressabiado, ela olha para um homem atrás dela.

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Fim do Podcast

Perigo, diz a legenda. Tenho cuidado se alguém quer entrar no banheiro, me chama para brincarsky bet netmédico ou passa a mão no meu corpo.

Apontando para uma das figuras, a mãe diz:

"Está vendo aqui, filha? Ninguém pode tocar nas suas partes íntimas."

E virando a página:

"E se alguém quiser entrar no banheiro, que nem está aqui nessa figura, você não deixa."

A menina, uma adolescente com Síndromesky bet netDown, tem dificuldadesky bet netfala. Com esforço, ela diz:

"Não pode? Papai faz."

"Faz o quê?", pergunta a mãe. "Mostra aqui no livro."

Voltando para a primeira página, onde se vê uma meninasky bet netbiquíni, com um "X" vermelho sobre a região genital, a menina aponta para a figura e diz:

"Ele põe a mão aqui."

Apreensiva, a mãe pede:

"É mesmo, filha? Me mostra como ele faz."

sky bet net FIM DA CENA 1

Os nomes e outros dados pessoais foram omitidos, mas uma conversa muito parecida com essa realmente aconteceu. Foi assim que a mãe dessa adolescente descobriu que a filha estava sendo abusada sexualmente pelo padrasto.

 Capa do livro 'Eu Me Protejo' - Menina negra com mão grande espalmada à frentesky bet netsinalsky bet netpare, expressão zangada e vestido amarelo

Crédito, Rafael Domingos/Creative Commons

Legenda da foto,

A proposta da cartilha Eu Me Protejo é ensinar a criança a se protegersky bet netabusos e auxiliar pais e profissionais na identificação do abuso quando ele já ocorre

O abuso pôde ser identificado graças a um livro fininho, com muitas ilustrações e pouco texto, que está se tornando um poderoso instrumentosky bet netprevenção ou, onde ela já ocorre,sky bet netdetecção da violência contra crianças, inclusive a sexual.

Outro feito notável da revistinha, intitulada Eu Me Protejo, ésky bet netaceitação por comunidades religiosas normalmente avessas a esse tiposky bet nettemática. E também por políticos conservadores e progressistas, entre eles, a ministra do Planejamento e Orçamento Simone Tebet, a deputada Celina Leão (PP), vice-governadora do Distrito Federal, o senador Romário (PL), a senadora Leila do Vôlei (PDT) e o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Silvio Almeida.

Em dezembrosky bet net2022, Eu Me Protejo foi ganhador do prêmio Pátria Voluntária, concedido por Michele Bolsonaro e pelo antigo ministério da senadora Damares Alves (PR), o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Nessa reportagem, as autoras do livro, a jornalista Patrícia Almeida e a psicóloga Neusa Maria da Costa Ribeiro apresentam a cartilha e explicam como ela funciona. Com exemplos, também revelam como o abuso acontece -sky bet netsegredo e, na maioria dos casos, dentro da família.

Finalmente, fazem um apelo ao poder público:

"Eu vou lá, descubro a violência, a cartilha tem meiossky bet netdescobrir. Mas depois, o que vou fazer com essas crianças, com esses adolescentes, com essas famílias? Se não tenho uma redesky bet netapoio para tirar a criança das garras do abusador?", pergunta Neusa Maria.

O senador Romário ao ladosky bet netsua filha Ivy segurasky bet netuma das mãos a cartilha ‘Eu Me Protejo’ (Data da foto: 21/03/2023)

Crédito, Neusa Maria

Legenda da foto,

Romário esky bet netfilha Ivy durante eventosky bet netcelebração do Dia Internacional da Síndromesky bet netDown no Senado Federal,sky bet netBrasília

Como é a cartilha 'Eu Me Protejo'?

O desenho dispensa explicações. Em primeiro plano, a palmasky bet netuma mão aberta, um gesto universal que quase grita: "Pare!". A mão,sky bet netprimeiro plano, parece gigantesky bet netcontraste comsky bet netdona, parada logo atrás e olhando direto para você, as sobrancelhas arqueadas sobre os olhos zangados. A menina, com vestidinho curto e cabelo afro, não está para brincadeira.

"Esse é o gesto que a gente ensina as crianças a fazerem, porque tem criança inclusive que não fala, então a gente ensina a botar a mão na frente - sai pra lá!", diz Patrícia Almeida à BBC News Brasil, comentando a ilustração na capasky bet netEu Me Protejo.

"É inacreditável, mas 32 anos depois da publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, a gente ainda não foi capazsky bet netensinar às crianças que o corpo é delas", diz Patrícia.

Ilustraçãosky bet netmenino branco,sky bet netsunga, e menina negra,sky bet netbiquíni, com 'X' vermelho sobre a boca, parte superior do tórax e região genital  - o texto diz 'Conhecendo meu corpo e as partes íntimas'

Crédito, Rafael Domingos/Creative Commons

Legenda da foto,

A primeira página da cartilha Eu Me Protejo ensina quais são as partes íntimas do corpo

Mãesky bet netuma adolescente que tem Síndromesky bet netDown, a jornalista há muito se perguntava como melhor preparar a filha para enfrentar os desafios que viriam com a puberdade e a se proteger dos riscossky bet netabuso sexual e outras violências.

"É um problema muito maior do que imaginamos", diz.

"Se você é cega, surda, se você não fala, se você tem uma deficiência intelectual, você é muito mais vulnerável."

"E se você precisasky bet netajuda para ir ao banheiro, até onde vai o cuidado e onde começa o abuso?"

Ilustração mostra mulher branca frente a uma banheira, ajoelhada, envolve menina branca com toalha - o texto diz 'Posso precisarsky bet netajuda para ir ao banheiro, tomar banho e trocarsky bet netroupa'

Crédito, Rafael Domingos/Creative Commons

Legenda da foto,

Patrícia Almeida, co-autora da cartilha diz: "E se você precisasky bet netajuda para ir ao banheiro, até onde vai o cuidado e onde começa o abuso?"

Quando a filha entrou na adolescência, Patrícia entendeu que precisava fazer alguma coisa. A menina era totalmente ingênua, despreparada para conviver com outros adolescentes, ela conta.

"Tive a ideiasky bet netfazer o Eu Me Protejo."

"Basicamente, são ilustrações e textos curtos dizendo, 'essas são as partes do seu corpo, o corpo tem partes que são íntimas, ninguém pode tocar nas suas partes íntimas, se alguém quiser tocar nas suas partes íntimas, fale com alguémsky bet netconfiança'."

Ferramenta didática

Patrícia conta que, um dia, apresentou o livrosky bet netuma palestra no Distrito Federal para familiaressky bet netpessoas com deficiência.

"Aí, uma psicóloga com maissky bet netvinte anossky bet netexperiência trabalhando com violência doméstica me falou, 'nunca vi uma coisa tão fácilsky bet netentender'."

A jornalista tinha feito o livro para a filha, mas se deu contasky bet netque nenhuma criança estava tendo acesso àquele conteúdo.

Começa, então, uma parceria entre Patrícia Almeida e a psicóloga especializadasky bet netatender crianças Neusa Maria.

Neusa passa a utilizar a revistinha como ferramenta nos atendimentos e palestras que oferece a crianças e famíliassky bet netinstituiçõessky bet netassistência, igrejas e escolas. Aos poucos, as próprias escolas começam a adotar a cartilha como instrumento didático.

"É difícil para o professor falar sobre certos assuntos”, comenta Neusasky bet netentrevista à BBC News Brasil.

"Então, veio a cartilha Eu Me Protejo para instrumentalizar o professor para ensinar com livro, com música, com jogos", diz.

"Ali tem uma forma lúdicasky bet netensinar a criança a se proteger da violência."

Mais adiante, veremos como a versão original da cartilha foi transformada com ajuda das próprias comunidades para que pudesse ser aceitasky bet netespaços onde, até então, esse assunto era proibido.

Mas antes, Neusa mostra, com dois exemplos, como a cartilha trabalha para identificar o abuso.

Ilustração mostra criança branca com expressão assustada sentada no colosky bet nethomem branco que sorri - o texto diz: 'Tenho cuidado se alguém faz carinho nas minhas partes íntimas. Essa pessoa está mentindo. Isso não é carinho'

Crédito, Rafael Domingos/Creative Commons

Legenda da foto,

Neusa Maria explica que pais não devem forçar a criança a beijar, abraçar ou sentar no colosky bet netadultos.

O caso da menina com Down

Segundo dados do Anuário Brasileirosky bet netSegurança Públicasky bet net2022, 75,5% das vítimassky bet netestupro no Brasil são vulneráveis (crianças, adolescentes, pessoas com deficiência ou incapazessky bet netconsentir).

E 76,5% dos estupros acontecem dentrosky bet netcasa. 82,5% dos abusadores são conhecidos da vítima (pais, padrastos, irmãos, primos, avós ou outros parentes).

Um dado ainda mais preocupante, 10,5% dos vulneráveis estuprados eram criançassky bet net0 a 4 anos, 19,5% tinham entre cinco e nove anos e 31% tinham entre 10 e 13 anos.

"Sabemos que isso acontece, mas até a gente ter o Eu Me Protejo, não tínhamos como chegar (ao problema)", diz Neusa.

"A nossa sociedade vai legitimando a violência sexual como um carinho."

O caso da adolescente cuja história abre essa reportagem ilustra bem esse ponto.

Neusa conta que a mãe da criança veio conversar com ela após uma oficina.

"Eu estava explicando como os pais devem ensinar a criança a tomar banho", lembra.

Ela ressalta que um dos objetivossky bet netEu Me Protejo é incentivar a autonomia e dar protagonismo à criança. "EU me protejo", ela diz, enfatizando a palavra "eu".

"Mas a mãe me relatou que o padrasto da criança era muito cuidadoso, tinha muito ciúme, amava muito a criança."

"Ele dizia que a menina não conseguia se limpar direito e que podia pegar alguma infecção."

Neusa conta que achou aquilo estranho. A menina tinha Síndromesky bet netDown, mas já era uma adolescente. O natural seria que o padrasto encorajasse a menina a ser mais independente, aconselhou Neusa.

"A mãe ficou atenta", lembra a psicóloga. "Ela levou o livro para casa para ler com a filha."

E descobriu que o marido estava na verdade usando a deficiência da enteada como um subterfúgio. Seu objetivo era abusar dela.

"Não era amor, era abuso", diz Neusa.

A adolescente nessa história tinha dificuldadesky bet netfala por causa da Síndromesky bet netDown. As ilustrações da cartilha permitiram que ela se comunicassesky bet netoutra maneira.

A menina emudecera, mas apontava insistentemente para uma figura

No caso a seguir, veremos como o livro permitiu que uma criança pequena que não tinha deficiência pedisse socorro.

sky bet net CENA 2

Na salasky bet netatendimento, psicóloga e meninasky bet net4 anos folheiam juntas um livro. Apesarsky bet netsaber falar, a criança se mantém calada há vários meses.

A menina aponta para uma figura mostrando uma criança sentada no colosky bet netum homem.

"Quem é essa aqui?", pergunta a psicóloga. "E esse?"

Mas a menina não responde, apenas aponta insistentemente.

Intrigada, a psicóloga convida a criança a desenhar. Ela observa que,sky bet nettodos os desenhos, figuras humanas, adultos e crianças, aparecem curvadas.

Dias depois, a menina chega ao atendimento com febre e pequenas feridas na boca. Exames revelam que a criança tem uma doença sexualmente transmissível.

sky bet net FIM DA CENA 2

Novamente, dados pessoais foram omitidos ou alterados para proteger a privacidade da criança. Uma situação muito parecida com a descrita acima, no entanto, realmente aconteceu.

"Ela falava pouco, não porque não conseguia falar. Havia se calado. Isso são aspectos psicológicos da violência pela qual passava", explica a psicóloga.

A equipe demorou para entender o que a criança estava tentando dizer, mas depois tudo ficou claro.

A criança no colo do homem era ela. E o homem, seu padrasto.

"Ela contou que ele a colocava no colo e ela sentia algo duro, espetando."

E as figuras curvadas nos desenhos também eram uma referência ao que ela vivia.

"Ela fazia sexo oral (no padrasto) e achava que aquilo era normal, então desenhava todo mundo curvado porque achava que todo mundo fazia", relata a psicóloga.

Quando trabalha a cartilha com famílias, Neusa explica que pais não devem forçar a criança a beijar, abraçar ou sentar no colosky bet netadultos.

"A criança é tão espontânea. Se ela quiser, vai cumprimentar esse adulto."

Neusa ensina os pais a ficar atentos.

"O abusador vai observar a criança para cometer a violência. Mas nós vamos, com a ajuda da cartilha, observar a criança para evitar a violência", diz.

"Então, se eu observar,sky bet netuma festinha, que uma criançasky bet netcinco anos que normalmente não fica no colo está no colo desse adulto, eu vou dizer, 'olha, aqui é conversasky bet netadulto, criança têm que ficar com criança, então vai brincar'."

Ilustração com menino ruivo gritando - o texto diz: 'Perigo! Então eu grito, eu digo não, eu corro, eu peço socorro'

Crédito, Rafael Domingos/Creative Commons

Legenda da foto,

De maneira lúdica, com jogos, brincadeiras e música, Eu Me Protejo ensina a criança a se protegersky bet netviolência e pedir ajuda

Como contar à sociedade uma história que ela não quer ouvir?

Especialistas ressaltam que o índicesky bet netsubnotificação do abuso sexualsky bet netcrianças é altíssimo.

Somente os casos mais graves, onde médicos, policiais ou equipessky bet netassistência são envolvidos, entram nas estatísticas.

Dados sobre violência sexual contra crianças e adolescentes com deficiência são ainda mais escassos, diz Patrícia.

"Na delegacia, se você sofre estupro, não tem lugar no boletimsky bet netocorrência para você indicar que a pessoa tem deficiência."

Mas um estudo global publicadosky bet netmarçosky bet net2022 pela revista científica The Lancet Child and Adolescent Health nos oferece uma pista.

A pesquisa, com 17 milhõessky bet netmenoressky bet net25 países, envolvendo equipessky bet netuniversidades na Grã-Bretanha, Estados Unidos e China, concluiu que, no mundo, umasky bet netcada três crianças (com idades entre 0 e 18 anos) com deficiência foram alvosky bet netviolência - física, sexual, emocional ou negligência -sky bet netsuas vidas.

Quando uniram forças emsky bet netmissãosky bet netprevenir e detectar o abuso sexual infantil no Brasil, Patrícia e Neusa sabiam que seu grande desafio era contar aos brasileiros uma história que ninguém quer ouvir.

Então, pediram ajuda a diversos profissionais dentro e fora do Brasil. Entre eles, pediatras, psicólogos, assistentes sociais, policiais, uma delegada e advogados.

Crucialmente, elas explicam, decidiram pedir ajuda também para a própria população.

Sem causar ofensa - A transformação da cartilha Eu Me Protejo

Neusa conta que quando viu pela primeira vez o livrinho que Patrícia tinha feito para a filha, percebeu imediatamente o potencial daquilo - mas sabia que seriam necessárias algumas mudanças.

É que nas comunidades onde trabalha, falarsky bet netcertos assuntos é proibido. E falar deles com crianças, impensável, explica.

Então, nas mãos da psicóloga, a cartilha vai ter seu conteúdo transformado, delicadamente negociadosky bet netum processosky bet netdiálogo contínuo com a população que ela atende.

Por exemplo, na versão original havia desenhossky bet netcrianças sem roupa.

"Os pais ficaram indignados", ela lembra. "'Doutora Neusa, isso aqui não dá. Que absurdo é esse?', diziam."

A terminologia também tevesky bet netser alterada. Sai o termo "educação sexual".

"Muita gente pensa que isso quer dizer ensinar a criança a fazer sexo", diz Neusa.

"Ninguém aceitou. Os padres não aceitaram, as igrejas (evangélicas) não aceitaram. Então, a gente falasky bet netviolência sem falarsky bet netsexualidade, nem sexo, e sem mostrar corpos nus."

Esse processosky bet netconsulta ao público chama-se validação. Para as autoras, a chave que permitiu a entradasky bet netEu Me Protejo nesses ambientes.

"Na validação a gente pergunta, a pessoa conseguiu entender? A imagem está fácilsky bet netentender? Ou está ofensiva?", explica Patrícia.

Muitos talvez se incomodem com a ideiasky bet netque a imagemsky bet netuma criança nua seja ofensiva.

"É mais importante proteger as criancas do que botar a criança pelada na capa", pondera a jornalista.

Pedidosky bet netsocorro

Em seus depoimentos, Patrícia e Neusa expressam total confiança na ferramenta que criaram. Mas também deixam claro que só isso não basta.

"Não aguento mais sair com essa cartilha e descobrir coisas", diz Neusa.

"Posso te falar da minha angústia porque estou na linhasky bet netfrente. Vou para a periferia, faço o atendimento, identifico o abuso."

"Em quatro anos do projeto, nunca vi ação efetiva e concreta onde, após identificarmos o abuso por meio da cartilha, a redesky bet netapoio conseguiu proporcionar para essa criança uma garantiasky bet netdireito", diz Neusa, a voz revelando grande emoção.

"Sei o que precisa ser feito, mas sei que, na maioria dos casos, a criança vai continuar inserida na situaçãosky bet netviolência."

Diante desse cenário sem esperança, a repórter se desculpa, mas faz a pergunta que talvez esteja na mentesky bet netmuitos leitores:

Se a criança continua a sofrer nas garras do abusador,sky bet netque vale ela saber que está sendo abusada?

"Você me pergunta, é melhor ela não saber? É melhor saber", responde.

"Porque se eu sei, eu tenhosky bet netpensarsky bet netalguma estratégia para sair. E eu sei que aquela responsabilidade não é mais minha, aquela culpa eu não vou carregar sozinha."

Ela prossegue:

"Mesmo sendo crianca, ela começa a identificar esses processos. Porque até então, ela sofria duas vezes.

Sofria a violência e sofria pela culpa da violência."

"E quando ela tem alguém na escuta, você precisa ver a diferença que faz, poder falar sobre isso."

"Saber, e falar, também é bom para a psicóloga, para a jornalista e a sociedade", diz Neusa Maria.

"Ninguém vai passar incólume por essa entrevista."

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