'Fui um menino negro criado por avós supremacistas brancos que me ensinaram a saudação nazista':betano paga

Crédito, Shane McCrae

Crescibetano pagaum subúrbio pertobetano pagaAustin, no Texas [Estados Unidos], com minha avó materna e seu marido. Os dois eram brancos, mas eu sou negro.
e
{k0}
O que é um código promocional?
Um código promocional é um código oferecido por varejistas aos seus clientes, que podem usá-lo para receber descontos ao comprar produtos online. É uma ferramenta útil para atrair novos clientes e manter aqueles lealistas.
Como criar um código promocional no Faire
Criar um código promocional no Faire é muito simples. Basta seguir as etapas abaixo:
- Clique betano paga {k0} "Criar promoção" na página Promoções.
- Selecione "Código promocional".
- Insira o Código, as Datas e os Detalhes da promoção.
- Clique betano paga {k0} "Salvar promoção" no final da tela.
Quando e onde usar o código promocional
Use o código promocional no carrinho betano paga compras lorsque vier o momento betano paga finalizar a compra. Ele pode ser aplicado automaticamente ou inserido manualmente antes do pagamento.
O que fazer com um código promocional inválido
Se o código promocional estiver expirado ou não for válido, é recomendável entrar betano paga {k0} contato com o suporte da empresa Faire ou verificar as informações nas redes sociais para saber sobre promoções betano paga {k0} aberto.
Benefícios do uso betano paga códigos promocionais
Os códigos promocionais oferecem vantagens, como obter descontos betano paga {k0} seus pedidos, manter uma conta betano paga lojista confiável, e acessar ofertas betano paga {k0} novos produtos.
Dúvidas frequentes sobre códigos promocionais
| Dúvida | Resposta |
|---|---|
| "Posso oferecer descontos?" | Sim, oferecer descontos pode ajudar a atrair novos clientes e recompensar os lealistas. |
| "Os códigos promocionais tem data betano paga validade?" | Sim, a maioria dos códigos promocionais possui data betano paga validade. |
| "Podemos usar o mesmo código promocional várias vezes?" | Isso depende do tipo betano paga código promocional. Alguns podem ser reutilizados. |
light temple. Your fiery friend can only acquire red diamonds, and the liquid lady must
while the other element 🗝 passes. The light temple is filled with special mirrors and
Fim do Matérias recomendadas
Eles sempre me disseram que minha mãe não podia tomar contabetano pagamim. E que o meu pai havia se mudado para o Brasil porque não me queria e não se importavabetano pagamanter contato comigo.
Eles me diziam que ele tinha uma nova família e não precisavabetano pagamim. Por isso, eu vivia com eles.
Meus avós se empenhavam tantobetano pagame fazer odiar meu pai que me diziam que alguém da família dele havia entradobetano pagacasa e roubado os presentesbetano pagaNatal.
Eu tinha vaga consciênciabetano pagaque ele era negro, mas meus avós não falavam muito sobre isso. O que eles queriam era que eu entendesse que o meu pai não estava disponível para mim, que ele havia abandonado minha mãe quando nasci e que ele não tinha interesse por mim.
É claro que meu sentimentobetano pagarelação a ele erabetano pagaraiva.
Mas, na verdade, eu também não pensava muito nele. Não sabia nada dele. Não sabia nem mesmo seu nome, até cercabetano paga10 anosbetano pagaidade.
Meus avós
Minha avó era simpatizante do nazismo. Por causa dela, comecei a me interessar pela Segunda Guerra Mundial.
Quando ela percebeu, tratoubetano pagame colocar do lado dos alemães. Ela me ensinou a saudação nazista e disse que os nazistas perderam a guerra porque ficaram sem gasolina e seus tanques pararambetano pagafuncionar.
Ela nunca mencionou o Holocausto.
Meu avô – que não era o pai da minha mãe, mas o esposo da minha avó, na época – era supremacista branco.
Ele acreditava que ele e as pessoas como ele, homens brancos, deveriam estar no centro do mundo, no topo da humanidade, por uma espéciebetano pagadireito biológico. Ele defendia sem pudor que os outros eram inferiores.
Quando um jogador negro aparecia na televisão, ele sempre destacava como ele parecia idiota.
Ele também era homofóbico. Era seu costume agredir os que fossem diferentes dele, especialmente homens que ele acreditava que fossem homossexuais.
Ele manteve este hábito por toda a vida. Era muito violento e se vangloriava disso.
A escola
No ensino médio, comecei a frequentar a escola pública.
Lembro que havia muito poucos meninos negros. Pouquíssimos. Talvez um na minha classe e outrobetano pagauma classe mais avançada.
Não sei ao certo como os meninos brancos perceberam que eu era negro.
Não que fosse um segredo, mas simplesmente não era algobetano pagaque eu tivesse consciência naquele momento. Eu não falava sobre aquilo.

Crédito, Shane McCrae
O que, para alguémbetano pagafora, poderia parecer brincadeira eram, na verdade, ataques físicos muito violentos. Costumava haver uma porçãobetano pagameninos brancos contra mim.
Enfim, vivi muitas agressões e exclusão naquela época.
E, morando onde morava, minha sensação era que ser negro me mantinha extremamente isolado. Eu conhecia muito poucas pessoas parecidas comigo.
O asterisco
Meus avós não eram abertamente racistas comigo. Se fossem, teriam frustrado suas tentativasbetano pagame imaginar como um menino branco.
Eles costumavam me dizer que minha pele era mais escura porque eu ficava bronzeado com muita facilidade.
Lembro que, certa vez, eu estava dançandobetano pagaalguma forma que meu avô considerava própriabetano pagapessoas negras. Ele gritou para mim: "você não quer ficar parecido com essa gente, certo?"
Com isso, ele foi incutindobetano pagamim a ideiabetano pagaque havia uma formabetano pagacomportamento negra que não era boa.
Eu não entendia bem o que significava agir como negro, o que representava ser negro. Mas sabia que eu poderia ser negro acidentalmente a qualquer momento, o que não deveria acontecer.
Ser um menino negro criado por racistas brancos acabava me fazendo sentir que não estava realmente no mundo. Era como se eu fosse um asterisco no texto – importante para o que acontecia naquela página, mas, na verdade, não fazia parte dela.
O inferno
Ainda muito pequeno, eu já tinha consciênciabetano pagaque não era feliz e minha tristeza giravabetano pagatorno do meu avô.
Ele era muito abusivo. Era abusivo fisicamente e emocionalmente. Não era uma boa pessoa.
E parece que, desde quando era muito pequeno, fiquei especialistabetano pagabloquear minha mente para as coisas abusivas que ele me fazia. Na verdade, eu não tinha muita consciência disso até um dia, enquanto tomava café da manhã com minha avó. Eu tinha 20 ou 22 anos.
Ali, fiquei sabendo que, com três anosbetano pagaidade, quando havia começado a viver com eles, meu avô me atirou contra a parede porque eu estava chorando por causa do meu pai.
Em outra oportunidade, ele me bateu até me deixar inconsciente. E as surras só acabaram quando minha avó se divorciou dele, quando eu tinha 14 anos.
Eu não me lembravabetano paganada disso.
Durante todo esse tempo, minha mãe nunca morou comigo, mas vinha me visitarbetano pagavezbetano pagaquando. Ela sempre dizia que eu poderia ir morar com ela quando quisesse.
Mas, apesar da situação horrível que viviabetano pagacasa, eu não queria deixar os meus avós. Eles eram os únicos pais que eu conhecia.
Eu amava minha mãe, mas não conseguia reconhecê-la como mãe. Eu a chamava pelo nome e dizia mamãe para minha avó.
Minha tristeza
Quando morava no Texas, ter amigos tinha imensa importância para mim.
É difícil descrever como era forte meu desespero para ter amigos. E tinha. Consegui fazer alguns poucos. Dois ou três.
Quando eu tinha 11 anos, meus avós e eu nos mudamos para Livermore, no norte da Califórnia.
Fiquei devastado. Senti que não conseguiria superar aquilo e,betano pagafato, só consegui superar muito tempo depois.

Crédito, Shane McCrae
Naquele momento, pensei que estivesse devastado simplesmente por ter deixado meus amigos. Mas, muito depois, eu ficaria sabendo que,betano pagaparte, as amizades eram tão importantes para mim devido ao que eu havia enfrentado e nem conseguia me lembrar.
Quando nos mudamos para a Califórnia, achei que minha vida havia acabado – e,betano pagacerta forma, eu queria que ela acabasse. Eu não queria curar a ferida, não queria.
Até os 13 anos, eu dormia com a luz do quarto acesa, às vezes com a roupa que usei durante o dia, até com os sapatos.
Na maior parte da minha infância, eu sentia que precisava estar preparado para ser raptado a qualquer momento.
Na escola, eu me vestia semprebetano pagapreto. Tinha uma capabetano pagachuva e uma porçãobetano pagaroupas pretas que eu sempre usava.
Não tinha a menorbetano pagaideiabetano pagacomo era ser gótico, mas queria ser. O que eu mais gostava era a ideiabetano pagame ver e ficar triste.
Decidi me afastarbetano pagatudo o que as pessoas consideram ser a vida normalbetano pagaum menino e deixeibetano pagaprestar atenção na aula. Nada mais me importava e eu estava muito, muito triste. Fiquei enclausurado no meu próprio mundo.
Eu sentia que não iria fazer nada com a minha vida. Passei a aceitar que, algum dia, iria conseguir um emprego para ganhar um salário muito pequeno e que esta seria a minha vida.
Mas também não me convencibetano pagaque não iria acabar morrendo por alguma causa desconhecida ou me suicidando.
Não consigo pensarbetano paganenhuma boa recordação do meu lar. Eu era uma pessoa que não estava bem.
O poema
Um dia, quando estava no décimo ano da escola, vi um filme com Charlie Sheen. Não me lembro do nome do filme.
Era a históriabetano pagaum jovem muito deprimido, que acabava se matando. E,betano pagaum momento, para elogiá-lo,betano pagairmã recitava um trecho do poema Lady Lazarus, da escritora americana Sylvia Plath [1932-1963]:
Morrer
É uma arte, como tudo o mais.
Eu faço excepcionalmente bem.
Faço para que pareça o inferno.
Faço para que pareça real.
Acho que se pode dizer que tenho vocação.
Eu ouvi isso e observei como era extremamente gótico.
Foi maravilhoso. Era incompreensível. Minha cabeça voou por completo.
Naquele mesmo dia, escrevi oito poemas. De repente, percebi que estava profundamente comprometido com aquilo, algo que não conhecia.
Só comecei a ler outros poetas um ano depois, mas continuei escrevendo esses poemas – que eram tremendamente ruins, mas me faziam sentir que eu tinha um propósito.
A ligação
Com 16 anos, decidi procurar meu pai. Eu queria entender minhas origens.
Naquela época, eu já não tinha contato com ele há 13 anos. Eu havia passado uma boa parte daquele tempo odiando meu pai, sem querer vê-lo. Eu não sabia nada dele, mas não queria odiá-lo mais.
As histórias que minha avó contava sobre os presentesbetano pagaNatal roubados não faziam muito sentido e eu queria saber a verdade.
O ano era 1991. Meus avós haviam se divorciado e minha avó e eu havíamos voltado a morarbetano pagaSalem, no Estadobetano pagaOregon, onde nasci.
Eu havia conseguido fazer alguns amigos andandobetano pagaskate.

Foi muito antesbetano pagasurgirem os celulares. Por isso, certo dia, fui a um apartamento qualquer. Uma jovem abriu a porta e perguntei a ela se poderia consultarbetano pagalista telefônica.
Por mais estranho que possa parecer hojebetano pagadia, na época não era tão esquisito assim.
Ela deixou que eu e meus amigos usássemos a lista telefônica para encontrar meu pai. E lá estava ele: S. McCrae. Ele morava exatamente na mesma cidade que eu.
Anos depois, entendi que meu pai ficou morando ali,betano pagaparte, porque achava que algum dia, com sorte, eu iria conseguir encontrá-lo.
Meu avô nunca pronunciou seu nome na minha presença, mas minha avó disse. Eu só não sabia se o seu nome era Stan Lee ou Stanley – o que a lista telefônica também não me ajudou a esclarecer.
Depoisbetano pagatantos anos aprendendo a odiar aquela pessoa, fiqueibetano pagaum estadobetano pagachoque muito estranho.
Anotei seu telefone e tivemos uma conversa esquisita. Primeiro, perguntei se ele era Stanley McCrae. E, depois, disse quem eu era.
A verdade
Nós nos encontramos no mesmo dia. Ele veio à tarde. E foi naquele momento que comecei a descobrir a terrível história sobre meu próprio passado.
Meus avós me tirarambetano pagaSalem,betano pagaOregon, e nunca disseram para o meu pai onde eu estava. Basicamente, eles me sequestraram com três anosbetano pagaidade.
Tudo aconteceu quando o relacionamento dos meus pais havia acabado e eu morava sozinho com meu pai. Um dia,betano paga1978, minha avó estevebetano pagacasa e perguntou se poderia ficar comigo por dois dias. Meu pai concordou, sem suspeitarbetano paganada.
Minha avó nunca me levoubetano pagavolta.
Depoisbetano pagatrês dias, meu pai foi me buscar na casa dos meus avós. Quando ele chegou, a casa estava vazia. Minha avó havia desaparecido comigo.
Naquele momento, minha mãe não tinha a menor ideia do que havia acontecido. Ela ficou sabendo meses depois, mas meus avós a ameaçaram, dizendo que, se ela contasse para o meu pai, eles iriam comigo para o México e ela nunca mais iria me ver.
Minha mãe então deixoubetano pagaatender às ligações do meu pai.
Meus avós não queriam que eu crescesse com meu pai porque ele é negro. Eles sabiam que ele estava me procurando e fizerambetano pagatudo para me esconder.
O sequestro
O curiosobetano pagacrescer sequestrado é que, se o sequestro acontecer com pouca idade, é possível que você não saibabetano paganada.
Para mim, estar sequestrado era viver minha vida sem que ninguém me contasse a premissa fundamental.
Aquela tristeza infinita que senti quando me separei dos meus amigos do Texas era apenas a ferida deixada pelo meu sequestro sobre a minha noçãobetano pagarelações e vínculos com as outras pessoas.
Tenho agora quase 50 anos e um episódio que ocorreu quando tinha menosbetano pagaquatro anosbetano pagaidade permanece nos meus pensamentos todo o tempo. As reverberações daquele incidente continuam determinando minha vida, determinando minhas relações.
De alguma forma, aquele é o motor que impulsionou toda a minha vida.

Crédito, Shane McCrae
O encontro
No mesmo diabetano pagaque conheci meu pai, ele me levou para conhecer minha família negra.
Foi muito emocionante. Fiquei muito feliz.
Conhecê-los mudou minha percepção sobre o meu lugar no mundo. Foi apenas naquele momento que comecei a desenvolver lentamente uma noção da minha própria negritude.
E, à medida que fui entendendo minha negritude, comecei a me sentir uma pessoa mais integrada. Comecei a sentir que ela era partebetano pagamim e,betano pagaúltima análise, aquilo significava que eu mesmo fazia partebetano pagamim.
Eu me senti integrado à história. Eu era parte do texto e não apenas um asterisco.
Minha avó
Depoisbetano pagatantos anos, não sei se consigo falar da minha avó sem crueldade.
Acho que posso dizer que não acredito que ela tenha agidobetano pagauma forma que ela própria considerasse perversa.
Acredito que ela fez o mínimo que pôde. E suspeito que ela fosse muito infeliz. Suspeito que, se ela pudesse escolher, teria tido uma vida completamente diferente.
Não tenho certeza se, alguma vez, eu a questionei por que ela fez o que fez. Honestamente, não me lembro.
Mas sei que ela me disse que queria que eu tivesse vantagens, nas suas próprias palavras. Imagino que ela se referisse às vantagensbetano pagaser branco.
Talvez o motivo que levou os meus avós a fazerem aquilo tenha sidobetano pagacrençabetano pagaque as pessoas brancas são superiores e, simplesmente, tinham vidas melhores.
Acredito que eles pensaram que me sequestrar mataria vários coelhos com um só golpe. Eles pensavam que poderiam me transformarbetano pagabranco, ou pelo menos me manter afastado da minha negritude.
Além disso, meu avô (que, na verdade, não era meu avô biológico) não podia ter filhos. Acho que ele viubetano pagamim a oportunidadebetano pagater um filho.
Honestamente, não acredito que meu bem-estar fosse prioridade para eles, nem mesmo uma preocupação secundária.
Aprendi com tudo isso que o racismo, muitas vezes, não é algo pessoal.
As relações informadas e determinadas pelo racismo não deixambetano pagaser relações complexas. Sem querer ser irônico, elas não podem ser vistas como algo totalmente branco ou preto.
Meus avós eram supremacistas brancos e, ainda assim, queriam criar um filho negro.
Meus filhos
Depoisbetano pagapassar tanto tempo desejando ter uma família, meus filhos são o quebetano pagamelhor aconteceu na minha vida.
Não existe nenhuma experiência parecida. É um amor imenso e ilimitado. É realmente maravilhoso.
Minha filha mais velha se chama Sylvia,betano pagahomenagem a Sylvia Plath. E seu sobrenome é McCrae, o sobrenome do meu pai. Não cresci com ele, mas decidi adotar o sobrenome depois que nos reencontramos.

Crédito, Getty Images
Em 2023, Shane McCrae publicou seu primeiro livrobetano pagaprosa, intitulado Pulling the Chariot of the Sun: A Memoir of a Kidnapping ("Puxando a carruagem do sol: memóriasbetano pagaum sequestro",betano pagatradução livre), que reúne suas recordações desta história.
*Esta reportagem é baseadabetano pagauma entrevista recentebetano pagaShane McCrae à BBC News Mundo (o serviçobetano pagaespanhol da BBC) e na participaçãobetano pagaShane e Stanley McCrae no programabetano pagarádio Outlook, do Serviço Mundial da BBC. Ouça o episódio original (em inglês) no site BBC Sounds.







