Polícia matou 243 crianças e adolescentescasino em brasileiro9 Estadoscasino em brasileiro2023, aponta relatório:casino em brasileiro

Não é um caso isolado. Em 2023, Thiago Menezes Flausino,casinocasino em brasileirobrasileiro13 anos, foi morto por policiais do RJ na Cidadecasinocasino em brasileirobrasileiroDeus, segundo inquérito sobre o caso feito pela própria polícia. No mesmo ano, Eloáh da Silva dos Santos,casinocasino em brasileirobrasileiro5 anos, foi morta pela polícia no Morro do Dendê, segundo investigação do Ministério Público.

Inquéritos das próprias polícias ou do Ministério Público apontaram que policiais foram os autorescasino em brasileirooutros crimes como esses.

Em 2020, as vítimas foram João Pedro Mattos Pinto,casinocasino em brasileirobrasileiro14 anos; Alice da Silva Almeida,casinocasino em brasileirobrasileiro3 anos; Emily Victoria da Silva,casinocasino em brasileirobrasileiro4 anos, e Rebecca Beatriz Rodrigues Santos,casinocasino em brasileirobrasileiro7 anos.

Em 2019, foi Ágatha Félix,casinocasino em brasileirobrasileiro8 anos. Em 2017, foi Maria Eduarda Alves da Conceição,casinocasino em brasileirobrasileiro13 anos, baleada dentro da escola.

Nenhuma dessas mortes foi computada como resultantecasinocasino em brasileirobrasileiroação policial, mas como homicídio.

Ou seja, as mortescasinocasino em brasileirobrasileiroThiago e Eloahcasino em brasileiro2023 não estão entre as 243 mortescasinocasino em brasileirobrasileirocrianças e adolescentes registradascasino em brasileironove estados brasileiros naquele ano como resultadocasinocasino em brasileirobrasileirointervenção do Estado.

O número é apontado no relatório Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão, divulgado nesta quinta (7/11) pela Redecasinocasino em brasileirobrasileiroObservatórios da Segurança, que reúne institutoscasinocasino em brasileirobrasileiropesquisa do Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Riocasinocasino em brasileirobrasileiroJaneiro e São Paulo. O estudo é elaborado com dados das Secretariascasinocasino em brasileirobrasileiroSegurança Públicas estaduaiscasinocasino em brasileirobrasileirocada Estado pedidos via Leicasinocasino em brasileirobrasileiroAcesso à Informação.

O relatório aponta também que das 4.025 pessoas mortas pela polícia nesses estadoscasino em brasileiro2023, havia informação sobre raça para apenas 3169. Destas, 87,8% (2782) eram negras, uma proporção bem maior do que a proporçãocasinocasino em brasileirobrasileironegros na população brasileira. Isso equivale a uma pessoa negra morta pela polícia a cada quatro horascasino em brasileiro2023 somente nesses nove estados.

A BBC News Brasil procurou as secretariascasinocasino em brasileirobrasileirosegurança dos nove Estados, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem. Sobre o casocasinocasino em brasileirobrasileiroRyan, a PMcasinocasino em brasileirobrasileiroSão Paulo disse que está investigando e providências serão tomadas.

As secretarias só incluem como mortes causadascasino em brasileirodecorrênciacasinocasino em brasileirobrasileiroação policial os casoscasino em brasileiroque a Polícia alegou ter agidocasino em brasileirolegítima defesa — os outros casos são registrados como homicídios, sem uma separação estatística que permita saber quantos deles foram cometidos por policiais.

Esse tipocasinocasino em brasileirobrasileiroregistro é problemático, afirma Silvia Ramos, pesquisadora do Centrocasinocasino em brasileirobrasileiroEstudoscasinocasino em brasileirobrasileiroSegurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, pois induz a pensar quecasino em brasileirotodos os casoscasinocasino em brasileirobrasileirohomicídio pela polícia, a responsabilidade é apenas do policial que atirou individualmente, e não da corporação.

“E essas mortes nem sequer são contabilizadas como mortes decorrentescasinocasino em brasileirobrasileiroação policial. Entram para as estatísticascasinocasino em brasileirobrasileirohomicídios como se fossem efeitos colaterais aceitáveis, ou balas perdidas, ou azares, ou acidentes pontuais”, afirma Ramos, que é porta-voz da Redecasinocasino em brasileirobrasileiroObservatórios.

“Não dá para pensarmos nessas tragédias como casos isoladoscasino em brasileiroque um policial específico abusou da força ou errou, ou foi indiferente a quem estava no entornocasinocasino em brasileirobrasileirosua ação”, continua Ramos. “Os responsáveis pelas políticascasinocasino em brasileirobrasileirosegurança autorizam um tipocasinocasino em brasileirobrasileiropolícia violenta que causa insegurança e mortes dependendo da áreacasino em brasileiroque atuam.”

‘Faltam investigações’

Segundo as entidades que fazem parte da Redecasinocasino em brasileirobrasileiroObservatórios, não há, nos Estados, investigações individuais e transparentes sobre cada um dos casos registrados como legítima defesa para garantir quecasinocasino em brasileirobrasileirofato foram legítima defesa.

“Foi legítima defesa? Sem problemas. Mas é preciso haver uma investigação, uma descrição detalhada das circunstâncias, transparência”, diz Ramos. “Da forma como as coisas acontecem hoje, no atacado, isso simplesmente não acontece. A polícia mata tanto que não há investigação.”

Ramos afirma que o Brasil, na prática, está consolidando a existênciacasinocasino em brasileirobrasileiro“duas polícias”.

“Uma delas que vê um menino negro, na periferia,casinocasino em brasileirobrasileirobermuda e chinelo como elemento suspeito, como perigoso, e cuja morte pode ser registrada como legítima defesa e fica por isso mesmo. E outra que vê um menino branco,casino em brasileiroum bairro nobre, e entende que está ali para proteger. A própria atitude inicial é diferente, a polícia não atira”, diz ela.

Os dados das secretarias estaduais compilados no relatório mostram quecasino em brasileirooito dos nove estados analisados a proporçãocasinocasino em brasileirobrasileironegros mortoscasino em brasileirodecorrência da açãocasinocasino em brasileirobrasileiroagentescasinocasino em brasileirobrasileirosegurança é muito maior do que a proporçãocasinocasino em brasileirobrasileironegros na população.

A análise dos dados também mostra que cada Estado tem particularidades quanto à letalidade policial - e que os números são muito sensíveis a políticas públicas e à postura do governo no poder, afirma Ramos.

“Esse indicador específico,casinocasino em brasileirobrasileiromortes decorrentescasinocasino em brasileirobrasileiroação policial, é diferentecasinocasino em brasileirobrasileirooutros como homicídio ou crimes contra o patrimônio, que são resultantescasinocasino em brasileirobrasileiromuitas variáveis bem complexas”, diz a pesquisadora.

“As mortes decorrentescasinocasino em brasileirobrasileirointervenção policial são claramente resultados da postura da cadeiacasinocasino em brasileirobrasileirocomando. Se chega um governador novo, troca os comandantes, o secretário, dá uma ordem para haver mais controle, mais responsabilização, já naquele ano a gente sente a diferença.”

Nos cenários estaduais, chama a atenção o Estado da Bahia, que tinha uma tendênciacasinocasino em brasileirobrasileiroaumento da letalidade policial que explodiucasino em brasileiro2023, quando o Estado superou o Riocasinocasino em brasileirobrasileiroJaneiro nesse quesito pelo segundo ano consecutivo.

Foram 1.702 mortes causadas por agentes do Estado na Bahiacasino em brasileiro2023 — o segundo maior número já registrado desde 2019 dentre os estados monitorados.

O ano foi o primeiro da administraçãocasinocasino em brasileirobrasileiroJerônimo Rodrigues (PT), depoiscasinocasino em brasileirobrasileirodois governos consecutivoscasinocasino em brasileirobrasileiroRui Costa (PT).

“Chama a atenção que um governo que se diz progressista tenha um índice tão altocasinocasino em brasileirobrasileiroletalidade policial”, diz Ramos.

O relatório também destaca como exemplo dessa relação direta do índice com a política do governo o aumentocasinocasino em brasileirobrasileiro21% na letalidade policialcasino em brasileiroSão Paulo sob a administraçãocasinocasino em brasileirobrasileiroTarcísiocasinocasino em brasileirobrasileiroFreitas (Republicanos) e a diminuição da letalidade após a intervenção federal no Riocasinocasino em brasileirobrasileiroJaneiro — o Estado apresentou menoscasinocasino em brasileirobrasileiro1 mil mortes pela primeira vez desde o início do monitoramento.