'Saíreal bet liveuma seita e agora ajudo outras pessoas a escaparem':real bet live

"Eu senti tanta vergonha”, conta ele à BBC.

Em 1974, aos 19 anos, Steven Hassan ingressou na Igreja da Unificação. Seus seguidores já foram amplamente chamadosreal bet live'Moonies' pelos críticos,real bet livereferência ao nome do ex-líder do grupo, o falecido reverendo Sun Myung Moon.

Agora conhecida como Federação da Família para a Paz e Unificação Mundial, a igreja insiste que é uma "religiãoreal bet liveboa-fé" e não uma seita. Mas Hassan diz quereal bet liveexperiência prova o contrário.

A definição precisa do que constitui um culto é contestada. Mas o psiquiatra Robert Jay Lifton identifica três características principais: um líder carismático que se torna um objetoreal bet liveadoração, um processoreal bet livepersuasão coercitiva (ou lavagem cerebral) e exploração dos membros do grupo, que pode ser econômica, sexual, psicológica etc.

Hassan diz que foi recrutado para a Igreja da Unificação pouco a pouco. Primeiro, ele diz, foi abordado por um gruporeal bet livemulheres jovens enquanto estava sentado no refeitório da faculdade. Ele tinha acabadoreal bet live“tomar um pé”real bet livesua namorada e diz que estava vulnerável e que ficou lisonjeado com a atenção.

"Lembro-mereal bet liveperguntar 'vocês fazem partereal bet livealgum grupo religioso?", ele conta. "Elas disseram 'não,real bet livejeito nenhum', e era uma mentira."

Hassan diz que depois sofreu um processoreal bet livelove bombing — quando a pessoa é alvoreal bet liveexcessivas demonstraçõesreal bet liveafeto, mesmo sem a outra pessoa conhecê-la tão bem, para atraí-lo para o grupo e manipulá-lo.

As jovens o convidaram para jantar, dizendo "queremos apresentá-lo aos nossos amigosreal bet livediferentes partes do mundo". Aí veio um convite para uma palestra. E acabaram dizendo: "vamos viajar esse fimreal bet livesemana, você deveria vir, vai ser muito divertido".

Foi naquele fimreal bet livesemana, diz Hassan, que eles o convenceram, com afirmaçõesreal bet liveque aquele era “um momento especial na história, que a Terceira Guerra Mundial iria acontecer entre a Rússia e os Estados Unidos, que havia planos espirituais acontecendo."

A radicalização

Só muito mais tarde, diz ele, as outras crenças do grupo foram apresentadas. Ele alega que isso incluía afirmaçõesreal bet liveque o líder do grupo, o reverendo Moon, nascido na Coreia do Norte, era "o messias, maior que Jesus" e que os coreanos eram uma “raça superior".

Apesarreal bet liveter nascido e ter sido criado no judaismo, Hassan diz que, três meses depoisreal bet liveingressar na Igreja da Unificação, ele chegou a acreditar que "o Holocausto era justificado".

"Fui totalmente radicalizado", conta.

Essas são afirmações que a igreja nega veementemente, dizendo que "não há nenhuma sugestão no ensino do gruporeal bet liveque o Holocausto foi justificado" e que tem "muitos membros” judeus.

A igreja diz ainda que não havia "nenhuma sugestão"real bet liveseu ensinoreal bet liveque o reverendo Moon era “maior que Jesus" ou "que os coreanos eram algum tiporeal bet live'raça superior'".

A igreja também nega o usoreal bet livelove bombing, dizendo que, embora os membros da igreja saíssem e conversassem com os alunos universitários, eles eram “bastante abertos sobre o grupo religioso minoritário que representavam e não havia enganação".

Hassan diz que abandonou a faculdade e se tornou um líderreal bet livegrupo, ajudando a recrutar outras pessoas. Ele diz que fazia uma avaliaçãoreal bet livenovos recrutasreal bet livepotencial para saber se eles eram "pensadores, sentimentais, executores ou crentes", a fimreal bet liveusar o tom apropriado para conquistá-los.

"Se alguém fosse um sentimental, falaríamos sobre amor e como é bom ter irmãos e irmãs que cuidam uns dos outros. Os executores são pessoas que querem consertar as coisas e causar impacto. Então, você apelaria para isso. Para os crentes, seria algo espiritual, 'vamos orar sobre isso juntos e pedir a direçãoreal bet liveDeus para abrir seu coração'. As estratégias mudariamreal bet livepessoa para pessoa."

Acordando do pesadelo

Foram necessários dois anos e meio e um acidentereal bet livecarro para que ele conseguisse sair da seita, diz. Como ficoureal bet liverecuperação sozinho no hospital após o acidente, ele acabou ligando parareal bet liveirmã.

Ela implorou que ele fosse visitá-la, dizendo que cuidaria dele e lembrando-oreal bet liveque ele tinha um sobrinho com quem ela queria que ele passasse um tempo.

O que ele não sabia era que ela havia organizado uma sessãoreal bet live“desprogramação”. Ouvindo as experiênciasreal bet liveoutras pessoas que haviam deixado o grupo, ele se deu conta do que estava acontecendo com ele.

"Eu chorei e fiquei pasmo com como eu havia acreditado naquilo tudo. O que aconteceu com a minha mente?”, conta.

A Igreja da Unificação diz que as falasreal bet liveHassan sobre o grupo são "distorcidas, absurdas, perturbadoras, imprecisas e não confiáveis", e diz que a alegaçãoreal bet liveque ele foi radicalizado "não faz sentido algum". A igreja também rejeita as alegaçõesreal bet livelavagem cerebral.

Hassan diz quereal bet liveexperiência na igreja e o alívio que sentiu ao sair o levaram a passar as décadas seguintes ajudando as pessoas a tirar seus entes queridosreal bet liveseitas. Ele agora é um terapeuta licenciado e especialistareal bet livecultos.

Como ajudar alguém radicalizado por uma seita?

Hassan diz que há orientações sobre o que fazer e o que não fazer quando se tratareal bet liveabordar alguém com quem você está preocupado.

"Não grite com eles, não ataque o líder, a doutrina ou o grupo", diz, explicando que isso pode fazer com que as pessoas dupliquem a defesareal bet liveseu sistemareal bet livecrenças.

Em vez disso, ele sugere adotar uma atitudereal bet livecuriosidade, dizendo: "Ei, você é inteligente, parece realmente interessado nisso. Me conta mais?". Se a pessoa não for capazreal bet liveexplicar completamente as crenças do grupo, ele diz, o ideal é sugerir uma pausa e dizer "vamos pesquisar juntos e descobrir quem eles são".

"Eu digo aos meus clientes: se você estiverreal bet liveuma situação que não faça sentido e for confusa, confiereal bet livesi mesmo, confiereal bet liveseu próprio julgamento e procure maneiras científicasreal bet livetestar a realidade para descobrir as coisas."

Hassan diz que não usa mais o método confrontativoreal bet livedesprogramação, embora tenha feito isso no passado. Sem a adesão da pessoa, diz ele, qualquer esforço para fazê-la deixar a seita provavelmente fracassará.

Ele acrescenta que hoje os telefones celulares tornam quase impossível cortar a comunicaçãoreal bet livealguém com o grupo se a pessoa não quiser cortar.

“Se eles estão conversando com o culto ao longo do dia, não tem como você ser eficaz”, diz. Em vez disso, Hassan se concentrareal bet liveajudar a família e os entes queridos a "capacitar a pessoa a pensar por si mesma e tomar suas próprias decisões".

"Por exemplo, eu direi a uma família para pedir ao seu ente querido que estáreal bet liveum culto religioso para assistirem juntos ao documentário O Dilema das Redes, sobre redes sociais”, diz ele. "Não vai deixá-los na defensiva ou se sentirem atacados. Mas é uma formareal bet livecomeçar uma discussão sobre as táticas que estão sendo usadas para manipular a atenção das pessoas”.

Hassan argumenta quereal bet livecertos momentos da vida, como numa fasereal bet liveluto, após uma mudançareal bet livecasa ou cidade ou, como no caso dele, uma separação, podem tornar uma pessoa mais suscetível à influênciareal bet liveum grupo perigoso.

Mas ele diz que o maior erro que as pessoas cometem é pensar que isso nunca poderia acontecer com elas. Ele chama issoreal bet live"o mito da mente maleável: [a ideiareal bet liveque] minha mente não pode ser mudada, areal bet liveoutra pessoa pode, mas sou muito inteligente ou muito bom".

"Somos programados para nos encaixarreal bet livegrupos e para seguir figurasreal bet liveautoridade que acreditamos serem legítimas".

Hassan diz que não abandonou a religiosidade. Ele frequenta um templo judaico progressista há 26 anos. “O que eu gosto no judaísmo é que é uma religiãoreal bet livequestionamento”, diz ele.