Tim Vickery: O momento mais genial da vidabf12 betextremosbf12 betChurchill:bf12 bet

Tim Vickery

Crédito, Eduardo Martino

É uma história maravilhosa. Mostra, por um lado, como ele nasceu e vivia numa bolhabf12 betprivilégio. Mas também revela o seu enorme apetite pela a vida.

Churchill, trazido à vida memoravelmente por Gary Oldman (indicado nesta terça-feira ao Oscarbf12 betmelhor ator) no filme O Destinobf12 betuma Nação, atualmentebf12 betcartaz, foi uma força da natureza, um excessobf12 bettudo. Ele era capazbf12 betser muito genial - mas tambémbf12 betser bastante bufão.

O filme o mostrabf12 betseu momento decisivo: a primaverabf12 bet1940, quando o recém-empossado primeiro-ministro tentava evitar a rendição britânica para Alemanha, algo que estabeleceria Hitler como o dono da Europa, fortalecendo-o para futuras conquistas.

Gary Oldman

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Gary Oldman foi indicado ao Oscar por seu retratobf12 betChurchill no períodobf12 betque ele tentava convencer adversáriosbf12 betque Grã-Bretanha não deveria fazer acordo com Hitler

Durante a décadabf12 bet30, Churchill já advertia sobre o perigo nazista. Masbf12 betgenialidade foi minada por seu lado tolo.

Essa não foi a única grande causa à qual Churchill se dedicava àquela época. Também lutava, com unhas e dentes, contra a independência da Índia, país que fazia parte do Império Britânico. Por dois motivos, tratava-sebf12 betuma falha bisonhabf12 betinteligência.

Primeiro, porque a batalha já estava perdida. A independência da Índia a essa altura já era inevitável - era somente uma questãobf12 betquando e como.

Segundo, porque,bf12 bettermos políticos, essa campanha enfraquecia o seu objetivo principal. A luta contra a independência da Índia foi uma posição reacionária, apoiada somente pela direita.

Mas esses mesmos direitistas, na época, tinham uma certa admiração por Hitler. A luta contra os nazistas foi uma causa da esquerda - mas Churchill afastava esses a cada vez que falava contra a independência da Índia. Suas duas causas eram incompatíveis. Foi uma aula sobre como não formar uma coalizão políticabf12 betprolbf12 betum objetivo maior.

Nenhuma surpresa, então, que, quando ele se tornou primeiro-ministro, no sombrio maiobf12 bet1940, muitos duvidavambf12 betseu poderbf12 betraciocínio.

Mas, no fim das contas, o que contou foi abf12 betcapacidade, desde o início,bf12 betenxergar o perigobf12 betHitler. É mais extraordinário ainda levandobf12 betconsideração que, por um tempo, Churchill elogiou bastante o regimebf12 betMussolini na Itália.

Churchill faz o 'V da vitória',bf12 betfotobf12 betarquivo

Crédito, AFP

Legenda da foto, Churchill faz o 'V da vitória',bf12 betfotobf12 betarquivo; premiê advertia sobre perigo nazista desde a décadabf12 bet30

Sacou a diferença entre fascismo - uma ideologiabf12 betmodernização conservadora na periferia da economia global - e o nazismobf12 betHitler, implantado num país já altamente industrializado e desenvolvido.

Muitos no lado conservador enxergavambf12 betHitler um aliado contra o comunismo, o socialismo e o poder dos sindicatos. Churchill enxergava muito mais - que a combinaçãobf12 betbesteira medieval e produçãobf12 betmassa representava uma ameaça à civilização.

Os seus magníficos discursosbf12 bet1940 estão cheiosbf12 betreferências à "monstruosa tirania, que não tem precedente no sombrio e lamentável catálogo dos crimes humanos".

Uma vitória nazista "vai mergulhar o mundobf12 betum abismobf12 betuma nova Era das Trevas, ainda mais sinistra e talvez mais prolongada pelo usobf12 betuma ciência pervertida". Parece que ele está imaginando o Holocausto - antes mesmo dos próprios nazistas, que somente embarcaram no seu projetobf12 betextermíniobf12 betescala industrialbf12 bet1942.

Pouca coisa era mais preciosa para Churchill do que o Império Britânico - foi por esse motivo que ele havia se colocado contra a independência da Índia. Mas agora, contra a ameaça nazista, ele percebeu o que estavabf12 betjogo.

Seus adversários domésticos buscavam a paz com a Alemanha justamente para preservar o império. "Deixe a Europa para Hitler que a gente fica com as nossas colônias", era o pensamento.

Churchill sacava que não havia possibilidadebf12 betacordo com Hitler. Era tudo ou nada, e uma derrota total era melhor do que um tratado que fortalecesse o monstrobf12 betBerlim. Esse foi o momento mais genialbf12 betuma vidabf12 betextremos. E, depois disso, ele mereceu todas as suas refeições gigantescas, acompanhadas, com certeza,bf12 betum charuto e várias taçasbf12 betconhaque.

*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formadobf12 betHistória e Política pela Universidadebf12 betWarwick.

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