Sociedade machista e violenta 'estupra as mulheres', afirma representante da ONU:cassinos que pagam no cadastro

Crédito, Ag. Brasil
Em entrevista à BBC Brasil, a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, afirma que o número revela "uma sociedade muito machista, muito violenta, que assedia e estupra as mulheres". Segundo ela, o país tem boas leis, mas elas não são colocadascassinos que pagam no cadastroprática com a força necessária.
Confira os principais trechos da entrevista:
cassinos que pagam no cadastro BBC Brasil - O Brasil é o quinto país do mundocassinos que pagam no cadastronúmerocassinos que pagam no cadastrofeminicídios, a frentecassinos que pagam no cadastromuitos países considerados, no senso comum, mais violentos. Como a senhora explica isso?
cassinos que pagam no cadastro Nadine Gasman - De 2013 para 2015, o Brasil passoucassinos que pagam no cadastrosétimo para quinto lugar. Apenas os países que têm dados sobre assassinatoscassinos que pagam no cadastromulheres fazem parte da lista, mas, sim, é verdade, o país está à frentecassinos que pagam no cadastromuitos outros. E os números são muito fortes. São 50 mil agredidas sexualmente a cada ano.
E esse número é o das mulheres que notificam a agressão - porque trabalhamos com a estimativacassinos que pagam no cadastroque apenas um terço das vítimas registra ocorrência. Há uma semana mais ou menos, a (ONG) Actionaid lançou uma pesquisa segundo a qual 86% - vejam bem, oitenta e seis por cento - das mulheres brasileiras já sofreram algum tipocassinos que pagam no cadastroassédio.

Crédito, Ag. Brasil
Esses números mostram uma sociedade muito machista, muito violenta, que assedia e estupra as mulheres. O caso da meninacassinos que pagam no cadastroBom Jesus, no Piauí, e o da menina do Riocassinos que pagam no cadastroJaneiro são crimes muito bárbaros, que demonstram um desprezo grande pela vida, pelo corpo e pela sexualidade das mulheres.
No caso do Rio, 33 homens estupram uma jovem e tiram fotos, fazem daquilo uma festa. E postam nas redes sociais, revelando uma total faltacassinos que pagam no cadastroconsciênciacassinos que pagam no cadastroque cometiam um crime.
cassinos que pagam no cadastro BBC Brasil - Existe uma imagem, tanto nacional quanto internacional,cassinos que pagam no cadastroque o Brasil é um país mais liberal no que diz respeito aos costumes, às mulheres.
cassinos que pagam no cadastro Gasman - Eu acho que depende muito do que as pessoas classificam como liberdade. Existe uma mídia que apresenta a mulher brasileira como objeto sexual, com todos os preconceitos e estereótipos possíveis - mas pode haver uma leitura imprópriacassinos que pagam no cadastroque isso é liberdade.
Se 86% das mulheres brasileiras dizem já ter sofrido algum tipocassinos que pagam no cadastroassédio, que liberdade é essa que elas têmcassinos que pagam no cadastroandar pelas ruas,cassinos que pagam no cadastroocupar espaços públicos? Acho que essa imagem que se criou não corresponde à vida real das mulheres brasileiras.

Crédito, Ag. Brasil
cassinos que pagam no cadastro BBC Brasil - A senhora acha que existe uma cultura do estupro no Brasil?
cassinos que pagam no cadastro Gasman - Sim, acho que o Brasil tem uma cultura machista muito forte, uma cultura sexista muito forte e uma culturacassinos que pagam no cadastroestupro. O estupro é aceito pelos homens e não reconhecido por muitos como uma violação extrema dos direitos da mulher.
Por isso estamos lançando agora a campanha "Eles por Elas", para que os homens se posicionem também, não se calem diantecassinos que pagam no cadastrosituaçõescassinos que pagam no cadastroviolência, não compartilhem vídeos como o do estupro dessa moça.
Eles precisam entender que, com esses gestos, perpetuam a cultura do estupro. Que precisam se comprometer a deter essa barbárie, que usem os espaços que têm para conscientizar outros homens. É especialmente importante que se engajem.
cassinos que pagam no cadastro BBC Brasil - A violência contra a mulher é naturalizada no Brasil?
cassinos que pagam no cadastro Gasman - Sim,cassinos que pagam no cadastromuitas formas. Temos uma sociedade que aceita o machismo, a desigualdade entre homens e mulheres,cassinos que pagam no cadastroque a questão da igualdadecassinos que pagam no cadastrogênero não faz parte da cultura.
O tema não é tratado nas escolas com a profundidade que deveria. A escola é o espaço para socializar meninos e meninas numa culturacassinos que pagam no cadastroigualdade, respeito, tolerância.
A mídia, porcassinos que pagam no cadastrovez, banaliza o tema do estupro, do crime. O país tem uma boa respostacassinos que pagam no cadastrotermoscassinos que pagam no cadastroleis, mas elas não são implementadas com a força e a decisão necessárias. E tem até casos extremoscassinos que pagam no cadastroapologia ao estupro. É essa sociedade que perpetua a cultura machista e sexista.

Crédito, Ag. Câmara
cassinos que pagam no cadastro BBC Brasil - É por isso que, frequentemente, as vítimas são apontadas como culpadas?
cassinos que pagam no cadastro Gasman - Sim, é parte da mesma cultura machista e sexista botar a toda a culpa na vítima: o que ela estava fazendo lá, por que estava vestidacassinos que pagam no cadastrotal jeito.
Esse discurso é uma formacassinos que pagam no cadastrodesprezar o direito delacassinos que pagam no cadastroestar onde quiser,cassinos que pagam no cadastrovestir o que quiser e, ao mesmo tempo,cassinos que pagam no cadastronão assumir acassinos que pagam no cadastroprópria responsabilidade pelo ataque.
cassinos que pagam no cadastro BBC Brasil - Chamou a atenção na posse do novo governo interino o fatocassinos que pagam no cadastrosó haver homens no ministériocassinos que pagam no cadastroMichel Temer. A faltacassinos que pagam no cadastrorepresentação política contribui para essa situação?
cassinos que pagam no cadastro Gasman - A faltacassinos que pagam no cadastrorepresentação política é resultado dessa mesma cultura. Obviamente que se tivermos maior representaçãocassinos que pagam no cadastromulheres nos empregos públicos e privados, nas empresas, no Congresso Nacional, nos ministérios, isso muda a forma com que os homens se relacionam no espaço público e no poder.
E quando tem muitas mulheres e muitas mulheres comprometidas com os direitos da mulher isso também muda a forma como a política é feita, como as instituições se organizam.








