OMS 'desconvida' cientistas críticos à Olimpíada para reunião sobre Zika; entenda polêmica:aposta ganha futebol

Mosquito Aedes aegypti

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Legenda da foto, Cientistasaposta ganha futeboluniversidades renomadas e Organização Mundial da Saúde discordam sobre realização da Olimpíadaaposta ganha futebolmeio à epidemiaaposta ganha futebolZika

Na carta, o grupoaposta ganha futebolespecialistas pede que a organização "reveja urgentemente" suas recomendações sobre a doença e alega que o governo brasileiro fracassou no combate ao mosquito Aedes aegypti.

A organização então volta atrás. "Dadas as suas preocupações, a OMS está reconsiderandoaposta ganha futebolintenção inicial e voltará a entraraposta ganha futebolcontato para informar se você será convidado ou não para o comitê emergencial."

À BBC Brasil, o especialista canadense Attaran, destinatário das mensagens, classificou a recusa como "faltaaposta ganha futeboltransparência".

"Meu palpite é que eles estejam verdadeiramente preocupados com a possibilidadeaposta ganha futebolque mudemos a cabeçaaposta ganha futebolpessoas que estarão no comitê", disse. "Mas este não é o tipoaposta ganha futebolpreocupação que uma organização intelectualmente honesta deveria ter."

Procurada pela reportagem, a OMS afirmou que a agenda e os participantes do comitê emergencial "ainda estão sendo definidos".

A organização não respondeu às perguntas relacionadas à trocaaposta ganha futebole-mails e ao "desconvite" ao pesquisador canadense. Sobre o comitê emergencial, convocado para Genebra, na Suíça,aposta ganha futebol14aposta ganha futeboljulho, a OMS afirmou que "especialistasaposta ganha futebolvários perfis apresentarão pesquisas e informações relevantes sobre o surto, incluindo o que já foi identificado sobre a microcefalia e outras malformações neonatais e neurológicas como a síndromeaposta ganha futebolGuillain-Barre".

"O comitê vai rever a situação e determinar se a designaçãoaposta ganha futebol'Emergênciaaposta ganha futebolSaúde Públicaaposta ganha futebolInteresse Internacional' ainda se aplica, alémaposta ganha futebolquais recomendações deverão ser adicionadas, modificadas ou intensificadas. A Olimpíada é uma parte dos vários temas que serão discutidos", prossegue a OMS.

Riscos

A discordância na comunidade científica ganhou corpo no último dia 27, quando o grupoaposta ganha futebolespecialistasaposta ganha futebolsaúde, direito, bioética e esportes enviou carta aberta à OMS afirmando que a manutenção dos jogos no Rio seria "antiética".

"Um risco desnecessário é colocado quando 500 mil turistas estrangeirosaposta ganha futeboltodos os países acompanham os Jogos, potencialmente adquirem o vírus e voltam para a casa, podendo torna-lo endêmico", dizia o texto.

Combate ao mosquito Aedes

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Legenda da foto, Para Ministro da Saúde brasileiro, preocupaçãoaposta ganha futebolcientistas internacionais com a realização dos Jogos no Brasil é "excessoaposta ganha futebolzelo"

O principal risco, na avaliação dos pesquisadores, seria que atletas contraíssem a doença e voltassem para suas casasaposta ganha futebolpaíses pobres que ainda não foram afetados pelo surto da doença.

A reportagem questionou a OMS sobre o tema. "Do pontoaposta ganha futebolvistaaposta ganha futebolsaúde pública, cancelar ou mudar o local da Olimpíadaaposta ganha futebol2016 não vai alterar significativamente a disseminação internacional do vírus Zika", disseram porta-vozes.

"Para a maioria dos atletas e outros viajantes o riscoaposta ganha futebolinfecção é baixo. Apesar disso, podemos esperar que alguns viajantes serão infectados pelo Zika e que novos países reportarão, no futuro, casos 'importados' do Brasil eaposta ganha futeboloutros locais onde o vírus circula.

"O risco para mulheres grávidas é significativo, e elas não devem viajar para a Olimpíada ou outras áreas afetadas", continua a Organização.

"A OMS continua a monitorar a transmissão do vírus e seus riscos no Brasil eaposta ganha futeboloutros países, para atualizar as recomendações, se necessário. E vamos continuar a fazê-lo."

A organização diz ainda que suas recomendações são frutoaposta ganha futebolcontribuiçõesaposta ganha futebolcentenasaposta ganha futebolespecialistas independentes e que o Comitê Emergencial é apenas "parteaposta ganha futebolum amplo lequeaposta ganha futebolatividades conduzidas pela OMS para alcançar conclusões sobre o vírus".

Contraponto

Na última quinta-feira, o novo ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que o posicionamento dos cientistas é um "exagero".

Rioaposta ganha futebolJaneiro

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Legenda da foto, "Digamos que estivéssemosaposta ganha futebol1918 e eu dissesse que estou muito preocupado com a gripe espanhola. Aí uma organização importanteaposta ganha futebolsaúde diz que não devo me preocupar porque o vírus da gripe já existeaposta ganha futebolvários países. Consegue entender a tragédia?", argumenta cientista

"Há um excessoaposta ganha futebolzelo. A doença já está presenteaposta ganha futebol60 países. Não será a Olimpíada que vai propagar a doença", afirmou.

Segundo a OMS, 57 países registraram casosaposta ganha futebolzikaaposta ganha futeboltodo o mundo. Masaposta ganha futebolapenas oito - Brasil, Colômbia, Martinica, Panamá, Polinésia Francesa (França), Cabo Verde, Eslovênia e Estados Unidos - foram identificados casosaposta ganha futebolmicrocefalia e outras malformações fetais "potencialmente associados" à zika.

O grupoaposta ganha futebolcientistas internacionais alega que as posições do governo brasileiro e da OMS são "perigosas".

"A linhagem do vírus no Brasil é distinta da maioria destes 60 países", disse à reportagem o professor canadense Amir Attaran.

"Digamos que estivéssemosaposta ganha futebol1918 e eu dissesse que estou muito preocupado com a gripe espanhola. Aí uma organização importanteaposta ganha futebolsaúde diz que não devo me preocupar porque o vírus da gripe já existeaposta ganha futebolvários países. Entende a metáfora?".

O professor Attaran afirma ainda que questõesaposta ganha futebolsaúde pública precisam ser separadasaposta ganha futebolinteresses econômicos.

"De um lado temos a importância econômica dos jogos para o Brasil e o dinheiro que já foi investido nisso. De outro, temos crianças nascendo com problemas cerebrais. Se eles quiserem priorizar o dinheiro, está bem, mas que sejam completamente abertos e transparentes nisso".

Novos casos

O último boletim divulgado pelo ministério da Saúde, na última terça-feira, indica que o númeroaposta ganha futebolcasos confirmadosaposta ganha futebolmicrocefalia no Brasil chegou a 1.151. Pernambuco e Bahia, com 363 e 252 casos, respectivamente, são os Estados que registram o maior númeroaposta ganha futebolconfirmações.

Desde 22aposta ganha futeboloutubro, quando dados sobre a doença começaram a ser organizados, 7.830 notificações sobre a síndrome foram realizadas. Destas, 3.262 foram descartadas e outras 3.017 seguemaposta ganha futebolinvestigação.