O voluntário que faz uma cidade economizar milhões por ano:surebet nba

A inspiração é o Observatório Socialsurebet nbaMaringá (PR), que surgiusurebet nba2005 após um escândalosurebet nbacorrupção na cidade.

Logo no primeiro trabalho, a entidade paranaense descobriu que uma comprasurebet nbaácido acetilsalicílico (AAS), ao preçosurebet nbaR$ 0,009 por comprimido, tinha sido registrada na ata da licitação por R$ 0,09 - superfaturamentosurebet nba900%. Houve denúncia e restituiçãosurebet nbaR$ 63 mil ao erário.

No casosurebet nbaSão José, cidadesurebet nba236 mil habitantes vizinha à Florianópolis, o Tribunalsurebet nbaContas do Estado obrigou neste mês a prefeitura, após denúncias do Observatório Social, a divulgar uma sériesurebet nbainformações que faltavam no site da gestão, como relaçãosurebet nbaveículos oficiais, gastos com combustível e dívidas municipais.

"É fácil fiscalizar. O que falta é recurso. Hoje tenho uma receitasurebet nbaR$ 6 mil e já estamos fazendo esse barulho todo", diz Klein, que é formadosurebet nbaCiências Contábeis e ganha a vida como auditor interno no governosurebet nbaSanta Catarina.

Rotinasurebet nbafiscalização

Em geral, o modus operandisurebet nbaKlein é o seguinte: a equipe faz um pente finosurebet nbaDiários Oficiais, portaissurebet nbatransparência, projetossurebet nbalei e sessões na Câmara. Denúnciassurebet nbamoradores também entram na pauta.

Diantesurebet nbacasos suspeitos, solicita mais dados por meio da Leisurebet nbaAcesso à Informação. Depois, encaminha questionamentos aos gestores públicos. Quando não há providências, reporta o caso aos vereadores, Ministério Público, Tribunalsurebet nbaContas e Polícia Civil.

O roteiro inclui ainda a divulgaçãosurebet nbaeditais públicos para aumentar a concorrência e acompanhamentosurebet nbapregõessurebet nbaolhosurebet nbalances suspeitos.

"O nosso forte hoje são as licitações. Divulgamos todas. Quando começamos, uma médiasurebet nbatrês empresas participavam dos processos. Hoje essa média subiu para 12. Com mais empresas, o preço vem para baixo e qualquer tiposurebet nbaconluio cai por terra", afirma Klein, tendo ao fundo um mapa com o custosurebet nbacada Legislativo municipalsurebet nbaSanta Catarina.

O auditor nasceusurebet nbafamília típicasurebet nbaagricultores do interior do Estado. Trabalhou na roçasurebet nbaPeritiba (a 440 km da capital) até os 15 anos, quando foi completar o ensino médiosurebet nbaFlorianópolis.

Por não ter conseguido cursar universidade pública, interrompeu os estudos por vários anos. Depois se formou contador porque à época não tinha dinheiro para pagar a faculdadesurebet nbaDireito - curso que hoje frequenta à noite.

"Trabalhavasurebet nbadois empregos antes da formatura,surebet nba2003. Pegava seis ônibus por dia. Em outubrosurebet nba2003 prestei concurso para contador da Secretaria da Fazenda e fiqueisurebet nbaquarto lugar. Depois,surebet nba2007, fiz concurso para auditor interno, e passeisurebet nbaprimeiro lugar", conta, orgulhoso.

Marcação cerrada

Quando recebeu a reportagem, Klein conversava com uma TV local sobre transparência nos atos públicos. Na mesma tarde, usou a internet para rebater afirmações do presidente da Câmara Municipal, que divulgava pelo Facebook supostas economiassurebet nbarecursos pela Casa.

Na postagem, o integrante da ONG dizia que o vereador "esquecera"surebet nbacontar à população que apoiara projetos para aumentar as cadeiras e os gastos da Câmara, alémsurebet nbauma concorrência para construçãosurebet nbauma nova sedesurebet nbaR$ 10 milhões.

Quase invisível atrás da pilhasurebet nbapastas verdes com processos na pequena sala da ONG, ele lembra como a entidade atuou para suspender, por duas vezes, a licitação milionária do estacionamento rotativo da cidade.

A concorrência acabou barrada pelo Tribunalsurebet nbaContassurebet nbanovembro do ano passado por incluir exigências que poderiam implicarsurebet nbadirecionamento da disputa, como apresentação e testesurebet nbaequipamentos pelas empresas selecionadassurebet nbaapenas 72 horas.

"O Observatório não é contra a Zona Azul, estacionar aqui é um problema. Mas somos contra uma licitação que não tem isonomia e igualdadesurebet nbacompetição", justifica.

Controle social

Um dia típicosurebet nbatrabalhosurebet nbaKlein começa por volta das 7h30. Às 8h, já está na ONG ousurebet nbareuniões fora do escritório, e às tardes exerce suas funções "oficiais" como auditor do Estado.

Ele chega a dar até cinco palestras por mês sobre controle social e transparência, e planeja viajar mais por Santa Catarina para ajudar a abrir novos observatórios - hoje são 19 no Estado. "Só não dou mais palestras pelo trabalho na secretaria e agora pela faculdadesurebet nbaDireito."

Uma menina dos olhos da ONG é um projeto que deverá preparar alunossurebet nbauma universidade para acompanhar, ao vivo, a aberturasurebet nbatodas as licitações da prefeitura e da Câmara Municipal.

Órgãos locaissurebet nbacontrole reconhecem a importância do trabalho da ONG, que se mantém com doações e recursossurebet nbaentidades do comércio e indústria. "Essa atuação é um exemplosurebet nbacomo o diálogo entre instânciassurebet nbacontrole e sociedade civil pode aprimorar a fiscalização do uso dos recursos públicos. A consolidação do observatório deve muito a Klein", diz Gerson Sicca, auditor do TCE-SC.

"Os observatórios sociais são hoje espaços fundamentais para que o cidadão exerça controle sobre os atos da administração pública", avalia Cibelly Caleffi, procuradora do Ministério Públicosurebet nbaContas junto ao TCE-SC.

Cotidiano

Para Klein, casado há 19 anos, o idealsurebet nbaum dia livre é um churrasco com parentes e amigos na casa que comprou neste ano no município vizinhosurebet nbaSanto Amaro da Imperatriz, na subida da serra catarinense.

"É uma terapia, no meio do campo. É bem pequeno, um lote. É para sair do apartamento, porque a gente fica muito trancado", diz ele, que já está se envolvendo na administração do condomínio rural que abriga a casa.

Evangélico, ele se diz "um pouco afastado" das atividadessurebet nbadiácono na Assembleiasurebet nbaDeus. "Porém continuo frequentando todos os finaissurebet nbasemana."

O auditor também defende transparências nas diferentes denominações religiosas. "Todas as igrejas têm problemas. Onde tem pessoas tem coisas erradas. Todas as igrejas precisamsurebet nbamais transparência. Algumas igrejas transformaram a fésurebet nbacomércio, e isso é totalmente contrário à Bíblia."

Sobre a descrençasurebet nbamuitos brasileiros com a política, afirma que o Brasil ainda precisa consolidar o que chamasurebet nba"tripé da cidadania": voto, pagamentosurebet nbaimpostos e fiscalização dos eleitos. Para ele, o país exerce apenas os dois primeiros elementos.

"No caso dos impostos, damos um chequesurebet nbabranco para as prefeituras darem contrapartidasurebet nbaserviços. Ninguém entrega um cheque ou procuraçãosurebet nbabranco na vida cotidiana sem cobrar resultados depois. É isso que falta na participação política do cidadão: fiscalizar os eleitos."