'É um desserviço às mulheres': Drauzio Varella desmente boato que liga mamografia a câncervbet mediatireoide:vbet media

Mulher prestes a começar mamografia

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Legenda da foto, Mamografia, capazvbet mediadetectar nódulos na mama que ainda não são palpáveis, é recomendada para mulheres a partir dos 40 anos a cada um ou dois anos

Entre 2014 e 2015, uma versãovbet mediatexto passou a circular no WhatsApp, já atribuída a Drauzio Varella, que é oncologista (especialistavbet mediacâncer).

A novidadevbet media2016 é o vídeo, cuja circulação explodiu justamente no "outubro rosa", mêsvbet mediaconscientização sobre o diagnóstico do câncervbet mediamama. A autora repete o mesmo texto das versões anteriores, como se tivesse feito uma mamografia e questionado o funcionário da clínica sobre o protetor.

"Estou entrandovbet mediacontato com uma advogada especialistavbet mediainternet para tomar providências. Passamos tantos anos insistindo que as mulheres façam mamografia anualmente a partir dos 40 anos, e uma pessoa infeliz dessa usa meu nome para assustar as mulheres", afirma Varella.

"Uma paciente minha que teve câncervbet mediamama e hoje faz uma mamografia por ano para acompanhar veio me perguntar se deveria pararvbet mediafazer por causa disso, imagine!"

A BBC Brasil elaborou perguntas e respostas para esclarecer o que hávbet mediaerrado na mensagem do vídeo. Confira abaixo.

Houve realmente uma alta nos casosvbet mediacâncervbet mediatireoide?

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a taxavbet mediaincidência desse tipovbet mediacâncer tem aumentado cercavbet media1% ao ano na maioria dos países do mundo.

Mas isso se deve principalmente ao fatovbet mediaque o exame que detecta um tumor está sendo realizado com mais frequência.

"Uma possível explicação para a tendênciavbet mediaaumento das taxasvbet mediaincidência é o aumento do usovbet mediaultrassom e biópsia guiada por imagem para detecçãovbet mediadoença subclínica", afirma o institutovbet medianota enviada à BBC Brasil.

A taxavbet mediamortalidade do câncervbet mediatireoide, no entanto, está caindo na maioria dos países, diz o Inca, provavelmente por causa da melhoria do tratamento.

No Brasil, o instituto estima que sejam diagnosticados 6.960 novos casos neste ano - 1.090vbet mediahomensvbet media5.870vbet mediamulheres.

Drauzio Varella

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Legenda da foto, Citado como fonte do boato, Drauzio Varella diz estar conversando com advogada para tomar providências

Num vídeo publicado há um ano, Drauzio Varella cita um estudo que foi realizado na Coreia do Sul e chegou a conclusões semelhantes.

"O que acontece é que, muitas vezes, o ultrassomvbet mediatireoide mostra nódulos que nunca iriam se manifestar, e assusta as pessoas com problemas que não são graves. Mas é só isso, nem toquei na palavra mamografia", afirma o médico à BBC Brasil.

A incidênciavbet medianódulos benignos evbet mediacâncer na tireoide évbet mediaduas a três vezes maiorvbet mediamulheres do quevbet mediahomens. De acordo com o Inca, fatores hormonais podem explicar essa diferença. "Mas isso sempre foi assim, muito antesvbet mediaexistir mamografia", explica Varella.

"Se você fizer ultrassomvbet mediatireoidevbet media100 mulheres, mais ou menos 60 terão nódulos benignos na tireóide. Mas é importante lembrar que ter nódulosvbet mediatireoide não significa estar com câncer. A doença é mais rara."

Esse tipovbet mediacâncer, diz o Inca, representavbet media2% a 5% dos cânceres femininos e menosvbet media2% dos cânceres masculinos.

Mamografias e raios-X trazem riscovbet mediacâncer?

Aindavbet media2015, quando a versão escrita do boato começou a circular nas redes, a Comissão Nacionalvbet mediaMamografia - formada pelo Colégio Brasileirovbet mediaRadiologia, pela Sociedade Brasileiravbet mediaMastologia e pela Federação Brasileira das Associaçõesvbet mediaGinecologia e Obstetrícia - divulgou uma nota afirmando que "o riscovbet mediainduçãovbet mediacâncervbet mediatireoide após uma mamografia é insignificante".

Segundo a nota, trata-sevbet mediamenosvbet media1 caso a cada 17 milhõesvbet mediamulheres que têm entre 40 e 80 anos e, por isso, realizam a mamografia uma vez por ano.

"A dosevbet mediaradiação para a tireoide durante uma mamografia é extremamente baixa (menor que 1% da dose recebida pela mama). Isto é equivalente a 30 minutosvbet mediaexposição à radiação recebida a partirvbet mediafontes naturais (como o sol)."

No sitevbet mediaDrauzio Varela, um texto sobre o câncervbet mediatireoide lista, entre os fatoresvbet mediarisco, a "radiação na região do pescoço para tratamentovbet mediadoenças anteriores". Ele esclarece, no entanto, que isso se refere a tratamentosvbet mediaradioterapia,vbet mediaque o paciente recebe doses mais altasvbet mediaradiação.

"Se você faz radioterapia no pescoço, a tireoide recebe radiação. Tanto que temos que acompanhar todos os pacientes que se submetem a isso com cuidado. Mas daí a dizer que uma mamografia ou um raio-X odontológico pode provocar um processo desse é um absurdo", explica à BBC Brasil.

Para se ter uma ideia, a dosevbet mediaradiação à qual o paciente é expostovbet mediauma mamografia - que já é pequena - é maisvbet media100 vezes maior do que a dosevbet mediaum raio-X odontológico.

Vídeovbet mediaboato sobre mamografias

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Legenda da foto, Mulher, que não se identifica, repete textovbet mediaboato que já circulava nas redes sociais há cercavbet mediatrês anos

Por que o protetorvbet mediatireoide não é oferecido aos pacientes que fazem esses exames?

O protetorvbet mediaquestão é uma placa feitavbet mediachumbo que vai presa ao pescoço. Por causavbet mediasua densidade, o chumbo é capazvbet mediabloquear a radiação.

Emvbet medianota, Comissão Nacionalvbet mediaMamografia afirma que não recomenda o uso do protetorvbet mediatireoide porque ele "pode interferir no posicionamento da mama e gerar sobreposição - fatores que podem reduzir a qualidade da imagem, interferir no diagnóstico e levar à necessidadevbet mediarepetiçõesvbet mediaexames".

A decisão, diz a nota, estávbet mediaacordo com a posição da Agência Internacionalvbet mediaEnergia Atômica (AIEA), da ONU.

Um documento da AIEA, publicadovbet media2011, afirma que "na mamografia moderna, há uma exposição insignificante (à radiação)vbet mediaoutros locais que não seja a mama" e que os protetores podem ser fornecidos a pedido dos pacientes, mas tem valor "psicológico".

O órgão afirma ainda que o protetor não deve estar exposto na sala onde o exame ocorre para evitar que os pacientes achem que ele é necessário.

O vídeo chega a dizer que não oferecer o protetor aos pacientes cortaria custos para os serviços que realizam os exames, mas o acessório não é descartável.