'As famílias deveriam aceitar as pessoas como elas são': a casa que abriga LGBTs que não têm onde morar:1xbet 4.4.2 apk

Segundo dados1xbet 4.4.2 apkONGs internacionais, mais da metade dos homicídios1xbet 4.4.2 apktrans do mundo ocorrem no Brasil.

Em um relatório divulgado semana passada, a ONG destaca que aqui mata-se mais homossexuais do que nos 13 países do Oriente e África onde há pena1xbet 4.4.2 apkmorte para gays e lésbicas. Luiz Mott,1xbet 4.4.2 apk70 anos, antropólogo e fundador da ONG, destaca que São Paulo é o Estado campeão1xbet 4.4.2 apkassassinatos nos últimos dez anos.

"Infelizmente, apesar das algumas politicas públicas, isso não tem sido suficiente para reverter o quadro1xbet 4.4.2 apktantas mortes", afirma.

A ONG diz que os casos são subnotificados porque não há números oficiais1xbet 4.4.2 apkcrime1xbet 4.4.2 apkódio. "Eu coleto dados há 37 anos por meio da mídia e1xbet 4.4.2 apkrelatos pessoais que me passam, mas isso é prova da incompetência dos órgãos1xbet 4.4.2 apksegurança pública e direitos humanos", diz o antropólogo.

Os números têm crescido1xbet 4.4.2 apkforma preocupante. Foram 130 homicídios1xbet 4.4.2 apk2000, com um salto para 2601xbet 4.4.2 apk2010 e para 3431xbet 4.4.2 apk2016.

A experiência do antropólogo se alinha com a1xbet 4.4.2 apkGiusti, que também considera que a falta1xbet 4.4.2 apkdados dificulta um retrato mais exato da situação das intimidações ou agressões sofridas pela comunidade. "É muito difícil saber o que está acontecendo exatamente - não temos classe social, nem idade, não há como traçar um perfil do LGBT expulso1xbet 4.4.2 apkcasa", conta Giusti.

A Secretaria Municipal1xbet 4.4.2 apkDireitos Humanos e Cidadania1xbet 4.4.2 apkSão Paulo afirmou estar implementando um sistema1xbet 4.4.2 apkinformações para a coleta1xbet 4.4.2 apkdados sobre violações1xbet 4.4.2 apkdireitos reportadas por usuários1xbet 4.4.2 apkdos Centros1xbet 4.4.2 apkCidadania LGBT. "Hoje, nossos quatro centros contemplam cerca1xbet 4.4.2 apk1.400 pessoas, com atendimento nas áreas jurídica, psicológica e1xbet 4.4.2 apkassistência social", afirmou a pasta por meio1xbet 4.4.2 apknota.

Entre os dados empíricos que Giusti coleta, ele diz ter notado um forte aumento nos casos1xbet 4.4.2 apk"exorcismo" organizados por familiares e1xbet 4.4.2 apkautomutilação - quando a pessoa agride o próprio corpo.

Também há casos1xbet 4.4.2 apkisolamento social, como, por exemplo, quando a família impede acesso a internet e telefone. "(Isso) Acontece muito mais com as lésbicas", conta ele. "A família as isola, ficam1xbet 4.4.2 apkcasa para a escola da escola para casa", conta.

Ele destaca a história1xbet 4.4.2 apkuma menina cuja família, após descobrir que ela era lésbica, a obrigava a comer somente o que sobrava após a refeição, e com talheres e pratos descartáveis. "Não vou dizer que isso me assustou, mas é inacreditável que ainda passamos por isso."

Os primeiros moradores

Companheira1xbet 4.4.2 apkquarto1xbet 4.4.2 apkManauara, a travesti Cindy Tobias da Silva,1xbet 4.4.2 apk19 anos, chegou à casa com a roupa do corpo.

Cindy assumiu a transexualidade aos 14 anos e começou a se vestir1xbet 4.4.2 apkmulher. "Quando minha mãe descobriu que eu estava usando hormônios femininos, me disse que, se era para fazer isso, era melhor eu ir embora", conta.

Ela saiu e voltou para casa diversas vezes, morou com uma tia e depois1xbet 4.4.2 apkuma casa na zona norte1xbet 4.4.2 apkSão Paulo, onde fazia programas. A dificuldade1xbet 4.4.2 apkconseguir um emprego é um segundo obstáculo crucial. "Só por eu ser trans eu já sou 'deletada'", diz.

A falta1xbet 4.4.2 apkaceitação pela família também levou Marcel Borges,1xbet 4.4.2 apk26 anos, a ocupar uma das camas da Casa 1. O estudante nasceu mulher, mas nunca se identificou como uma. Os pais não souberam como lidar com a transformação física do filho.

"É como se fosse um luto, a pessoa que eu era está deixando1xbet 4.4.2 apkexistir para dar voz ao Marcel", conta.

Borges buscou ajuda do Sistema Único1xbet 4.4.2 apkSaúde (SUS) e vai começar a tomar hormônios. "Quando raspei o cabelo, vi que não tinha mais jeito. Assumi o Marcel, também quero fazer a mastectomia (cirurgia1xbet 4.4.2 apkretirada dos seios)."

Ele relata os problemas que teve com a identidade social. "Já tive colegas1xbet 4.4.2 apktrabalho que se recusam a me chamar1xbet 4.4.2 apk'ele'", conta.

Hoje, o jovem também é ativista da causa LGBT: "Nunca imaginei que fosse precisar desse tipo1xbet 4.4.2 apkajuda, na real isso não deveria nem existir. As famílias deveriam aceitar as pessoas como elas são", fala.

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Foi com apoio1xbet 4.4.2 apkamigos e do namorado que Iran Giusti tornou a Casa 1 realidade, após uma campanha na internet que,1xbet 4.4.2 apk42 dias, conseguiu arrecadar R$ 112 mil.

Toda a verba tem sido utilizada para pagar o aluguel e custos1xbet 4.4.2 apkalimentação dos moradores. "Eles vão cuidar da limpeza e da comida, mas vamos fornecer tudo e dar acesso total às atividades culturais", fala.

A Casa 1 costumava ser um ponto1xbet 4.4.2 apkvenda1xbet 4.4.2 apkdrogas, mas agora chama atenção no bairro pelas cores na fachada e na calçada. O espaço tem dois andares com oito camas, cozinha e dois banheiros no segundo piso - e espaço para exposições e cursos no primeiro.

A ideia do projeto é unir os moradores à comunidade do bairro.

A iniciativa surgiu depois que Giusti ofereceu o sofá1xbet 4.4.2 apkseu apartamento para viajantes. "Um dos hóspedes que apareceu era um menino gay super-retraído. Para ele foi importante ver a gente confortável com a nossa sexualidade, conversamos muito com ele."

O papo rendeu uma carta1xbet 4.4.2 apkagradecimento meses depois. "Com a história dele percebemos que a gente pressiona muito os órgãos públicos, mas esquecemos das pessoas, o importante é a convivência mesmo", afirma.

Quando o orçamento melhorou, Giusti decidiu abrir a casa exclusivamente para LGBTs que necessitavam1xbet 4.4.2 apkum teto. "Eu coloquei uma foto bem tosca e ainda expliquei que não podia dar muita privacidade, mas eu garantia um teto, e a demanda foi enorme", conta.

A ideia avançou sem qualquer apoio oficial - ele diz ter ouvido1xbet 4.4.2 apkgrandes organizações que a iniciativa deveria estar ligada a políticas públicas.

"Se eles esperam há 30 anos por coisas como essa, eu não vou esperar. Estamos colocando a mão na massa e se tá com medo vai com medo mesmo, porque as pessoas enquanto isso estão sofrendo, estão apanhando, estão morrendo", diz ele.