'Okaida' e 'Estados Unidos' travam guerra dentro e fora das cadeias no Nordeste brasileiro:patrocinio casa de apostas

Detentos durante motim no Rio Grande do Norte

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Legenda da foto, Sem presença forte do PCC, disputa pelo tráfico na Paraíba é travada por organizações que se autointitulampatrocinio casa de apostas"Okaida" e "Estados Unidos"

Santos é policial militar, ex-diretorpatrocinio casa de apostaspresídio e ex-integrante do serviçopatrocinio casa de apostasinteligência da secretariapatrocinio casa de apostasassuntos penitenciários da Paraíba. É também autorpatrocinio casa de apostasuma tesepatrocinio casa de apostasmestrado sobre origem e atuação dos dois grupos que, segundo ele, adotaram os nomes inspirados na "guerra ao terror" deflagrada pelos EUA contra os fundamentalistas islâmicos da Al Qaeda.

Primeiro, por voltapatrocinio casa de apostas2004, surgiu a "Okaida" ou OKD, "o jeito que encontrarampatrocinio casa de apostasfalar e escrever Al Qaeda", explica o militar. O grupo rival imediatamente se autobatizoupatrocinio casa de apostas"Estados Unidos". Desde então, estãopatrocinio casa de apostasdisputa.

Bin Ladenpatrocinio casa de apostas2011

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Legenda da foto, Um dos principais líderes da Al Qaeda, Bin Laden, esteve por trás do atentadopatrocinio casa de apostas11patrocinio casa de apostasSetembro que deflagrou a "guerra ao terror" promovida pelos EUA

Os dois grupos reproduzem o modelopatrocinio casa de apostasoutras facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital) dando proteção dos integrantes presos, que também é estendida aos familiares mais desamparados do ladopatrocinio casa de apostasfora, sustentada pelo pagamentopatrocinio casa de apostasuma espéciepatrocinio casa de apostasdízimo.

"Passaram muito tempo ouvindo sobre Bin Laden. A inspiração se limita ao nome, não tem nada a ver com religião. É disputa por território e drogas", explica o tenente-coronel.

Monitoramento

A Secretariapatrocinio casa de apostasEstado da Administração Penitenciária da Paraíba informou, por meio da assessoriapatrocinio casa de apostasimprensa, que "está utilizando todos os recursos disponíveis para manter o sistema penitenciário paraibano dentro da normalidade, levando-sepatrocinio casa de apostasconta a realidade que estamos acompanhandopatrocinio casa de apostasoutras unidades da federação".

"A Seap está monitorando, através do setorpatrocinio casa de apostasinteligência, os apenados que exercem liderança sobre os demais detentos dentro das unidades penais e isolando os mesmos, para evitar que se organizem e causem qualquer tipopatrocinio casa de apostasdano aos nossos servidores, à infraestrutura das unidades e consequentemente, à sociedade", esclareceu a Secretariapatrocinio casa de apostasEstado da Administração Penitenciária da Paraíba.

A situação, contudo, parece ser menos dramática que apatrocinio casa de apostasRoraima, Amazonas e Rio Grande do Norte. Segundo o tenente-coronel Carlos Santos, o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho são facções sem muita presença no sistema penitenciário paraibano - o que não significa que não há detentos que se declaram integrantes dos grupospatrocinio casa de apostasSão Paulo e Riopatrocinio casa de apostasJaneiro, respectivamente, conforme pesquisa que Santos fez com detentos.

gráfico sobre as facções mais fortes

Crédito, Carlos Santos/Pesquisapatrocinio casa de apostasCampo 2014

Legenda da foto, Okaida e EUA foram citadas como as organizações mais fortes dentropatrocinio casa de apostaspresídios da Paraíba, segundo pesquisa

O PCC é suspeitopatrocinio casa de apostasestar envolvido nas disputas com facções locais onde houve rebelião com mortes no finalpatrocinio casa de apostas2016 e no início deste ano.

No Amazonas, 60 presos supostamente ligados à facção morreram após um motim no Complexo Penitenciário Anísio Jobim. Eles teriam sido assassinados por membros da rival FDN (Família do Norte). No conflito que aconteceupatrocinio casa de apostasRoraima, onde 33 homens foram mortos na Penitenciária Agrícolapatrocinio casa de apostasMonte Cristo,patrocinio casa de apostasBoa Vista, o PCC também é suspeitopatrocinio casa de apostasestar envolvido.

Após rebeliões no Rio Grande do Norte, que duraram 14 horas, 26 detentos foram mortos na Penitenciária Estadualpatrocinio casa de apostasAlcaçuz e no Pavilhão Rogério Coutinho Madruga,patrocinio casa de apostasNísia Floresta, a 25 quilômetrospatrocinio casa de apostasNatal. Seis presos do PCC foram identificados como responsáveis por liderar a matança contra membros do grupo chamado Sindicato RN.

Siglaspatrocinio casa de apostasfacções pichadas nas paredes da Penitenciária Estadualpatrocinio casa de apostasAlcaçuz durante rebelião no Rio Grande do Norte

Crédito, ANDRESSA ANHOLETE/AFP/Getty Images

Legenda da foto, No Rio Grande do Norte, disputa entre facções teve 26 mortospatrocinio casa de apostasrebeliõespatrocinio casa de apostas14 horaspatrocinio casa de apostasduas unidades prisionais

Mataram o emissário

O tenente-coronel Carlos Santos conta que o PCC bem que tentou costurar um acordopatrocinio casa de apostaspaz na Paraíba para conter a disputa entre os dois grupos locais e poder operar sem a repressão ostensiva da polícia, mas o emissário da organização paulista foi assassinado.

"Okaida e Estados Unidos são rivais ao extremo e a filosofia deles não se encaixa na do PCC. Deixaram o estatuto do PCCpatrocinio casa de apostascima do cadáver", lembra Santos.

Durantepatrocinio casa de apostaspesquisa, ele entrevistou vários detentos, a maioria deles associados a um dos dois grupos paraibanos e constatou que há um crescimento na Paraíba do númeropatrocinio casa de apostasintegrantes da Okaida e dos Estados Unidos.

"Atraem jovens, a maioria sem perspectiva, sem emprego e com famílias desestruturadas. São vítimaspatrocinio casa de apostasespancamentos, pais alcoólicos e da ausênciapatrocinio casa de apostasuma ação mais efetiva do Estadopatrocinio casa de apostasquestões ligadas à cidadania, educação e lazer", observa o policial militar.

Bandeira, carpa e coringa

A marca dos dois grupos estápatrocinio casa de apostaspichaçõespatrocinio casa de apostasmuros e paredes e também na pelepatrocinio casa de apostasseus integrantes. As letras "OKD" aparecem onde a Okaida domina. Tatuados no corpopatrocinio casa de apostasseus integrantes estão a imagempatrocinio casa de apostasChucky, o "boneco assassino", oupatrocinio casa de apostasum palhaço macabro, às vezes fumando ou empunhando armas.

Presos dos Estados Unidos, porpatrocinio casa de apostasvez, têm o costumepatrocinio casa de apostastatuar a bandeira dos EUA ou uma carpa.

"O interessante, do meu pontopatrocinio casa de apostasvista, foi constatar que as chamadas facções fornecem uma certa segurança ontológica aos presos. Jovens, com menospatrocinio casa de apostas25 anos, com poucos anospatrocinio casa de apostasestudos e com passagens anteriores pela polícia, eles chegam com grande vulnerabilidade ao sistema prisional. Têm, quando têm, o apoiopatrocinio casa de apostasuma mãe, namorada ou esposa. Geralmente, as redespatrocinio casa de apostasapoio familiar são restritas", observa o professor Edmilson Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que orientou a tesepatrocinio casa de apostasCarlos Eduardo Santos.

O militar diz que ainda não há indícios para afirmar que os dois grupos estejam expandindo suas ações para outros Estados, como Pernambuco.

Carlos Eduardopatrocinio casa de apostasMelo Santos

Crédito, Carlos Eduardopatrocinio casa de apostasMelo Santos/Cortesia

Legenda da foto, O tenente-coronel Carlos Santos escreveu uma tese sobre origem e disputa entre as facções Okaida e Estados Unidos na Paraíba

Santos admite que,patrocinio casa de apostasdentro da prisão, eles dão ordens para fechar escolas e impor toquepatrocinio casa de apostasrecolherpatrocinio casa de apostasdeterminados pontospatrocinio casa de apostasJoão Pessoa, a capital paraibana.

Tanto a polícia quanto a Secretariapatrocinio casa de apostasEstado da Administração Penitenciária da Paraíba dizem apostarpatrocinio casa de apostasinteligência para conter a ação dos dois grupos e minimizar os atospatrocinio casa de apostasviolência promovidos por eles.

Mas ainda falta entender melhor como se dá as redespatrocinio casa de apostascontatos e a socialização dos integrantes. O próximo desafio do tenente-coronel Carlos Santos como acadêmico, diz ele, é tentar identificar se há alguma relação desses grupos com as torcidas organizadaspatrocinio casa de apostasfutebol que atuam no Estado. "Quem sabe não vira meu projetopatrocinio casa de apostasdoutorado."