Depressão no altar: quando padres e sacerdotes precisamfree sign up bet no depositajuda:free sign up bet no deposit

Doze dias depois, outro caso. Pela terceira vezfree sign up bet no depositmenosfree sign up bet no deposit15 dias, um sacerdote encerrava a própria vida. Renildo Andrade Maia,free sign up bet no deposit31 anos, era pároco da igrejafree sign up bet no depositJesus Operário,free sign up bet no depositContagem (MG).

"A vida religiosa não dá superpoderes aos padres. Pelo contrário. Eles são tão falíveis quanto qualquer umfree sign up bet no depositnós", diz o psicólogo Ênio Pinto, autor do livro Os Padresfree sign up bet no depositPsicoterapia (editora Ideias e Letras).

"Em muitos casos, a fé pode não ser forte o suficiente para superar momentos difíceis", afirma Pinto, que atua há 17 anos no Instituto Terapêutico Acolher,free sign up bet no depositSão Paulo (SP), voltado ao atendimento psicoterápicofree sign up bet no depositpadres, freiras e leigosfree sign up bet no depositserviço à Igreja.

Desde a fundação,free sign up bet no deposit2000, o instituto estima ter atendido cercafree sign up bet no deposit3,7 mil pacientes, com médiafree sign up bet no depositpermanênciafree sign up bet no depositseis meses a um ano.

Estresse ocupacional

O eventual comportamento suicidafree sign up bet no depositsacerdotes intriga clérigos e terapeutas. Para especialistas consultados pela reportagem, há vários possíveis fatores: excessofree sign up bet no deposittrabalho, faltafree sign up bet no depositlazer, perda da motivação.

"O graufree sign up bet no depositexigência da Igreja é muito grande. Espera-se que o padre seja, no mínimo, modelofree sign up bet no depositvirtude e santidade", afirma o psicólogo William Pereira, autor do livro Sofrimento Psíquico dos Presbíteros (editora Vozes).

"Qualquer deslize, por menor que seja, vira alvofree sign up bet no depositcrítica e julgamento. Por medo, culpa ou vergonha, muitos preferem se matar a pedir ajuda", diz.

Pesquisafree sign up bet no deposit2008 da Isma Brasil, organizaçãofree sign up bet no depositpesquisa e tratamento do estresse, apontou que a vida sacerdotal é uma das profissões mais estressantes.

Naquele ano, 448 entre 1,6 mil padres e freiras entrevistados (28%) se sentiam "emocionalmente exaustos". O percentualfree sign up bet no depositclérigos nessa situação era superior aofree sign up bet no depositpoliciais (26%), executivos (20%) e motoristasfree sign up bet no depositônibus (15%).

A psicóloga Ana Maria Rossi, que coordenou o estudo, afirma que padres diocesanos, que trabalhamfree sign up bet no depositparóquias, estão mais propensos a sofrerfree sign up bet no depositestresse do que monges e frades que vivem reclusos.

"Um dos fatores mais estressantes da vida religiosa é a faltafree sign up bet no depositprivacidade. Não interessa se estão tristes, cansados ou doentes, padres têm que estar à disposição dos fieis 24 horas por dia, sete dias por semana."

Problemas terrenos

Em 8free sign up bet no depositjaneirofree sign up bet no deposit2008, o padre José Chitumba ingressou na fazenda Santa Rosa,free sign up bet no depositGaranhuns (PE), uma das unidades do projeto Fazenda da Esperança,free sign up bet no depositrecuperaçãofree sign up bet no depositdependentes químicosfree sign up bet no depositmaisfree sign up bet no deposit15 países.

"Quando caífree sign up bet no depositdepressão virei alcoólatra, penseifree sign up bet no depositsuicídio, perdi o ânimo para rezar. Passei oito meses sem celebrar missa. Achei que aquela noite não teria fim", recorda Chitumba,free sign up bet no deposit62 anos, hoje pároco da Igrejafree sign up bet no depositSanto Antônio,free sign up bet no depositChiador (MG).

A vida sacerdotal é mais atribulada do que se costuma imaginar. Inclui celebraçãofree sign up bet no depositbatizados e casamentos, visita a doentes, sessõesfree sign up bet no depositconfissão, aulasfree sign up bet no deposituniversidades, presençafree sign up bet no depositpastorais.

Dadosfree sign up bet no deposit2010 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ajudam a entender essa demanda: havia no Brasil naquele ano 22 mil padres para 123 milhõesfree sign up bet no depositcatólicos, uma médiafree sign up bet no depositum padre para cada 5,6 mil fiéis.

"Sobra trabalho e falta tempo. Se não tomar cuidado, o sacerdote negligenciafree sign up bet no depositespiritualidade e trabalha no piloto automático", adverte o padre Adalto Chitolina, um dos diretores do centro Âncora, casafree sign up bet no depositrepousofree sign up bet no depositPinhais (PR) que atende padres e freiras com diagnósticofree sign up bet no depositestresse, ansiedade ou depressão.

"Ao longofree sign up bet no deposit2016, nossa taxafree sign up bet no depositocupação foifree sign up bet no deposit100%. Em alguns meses, tivemos listafree sign up bet no depositespera", afirma.

O padre Edson Barbosa, da paróquia Nossa Senhora das Graças,free sign up bet no depositAndradina (SP), foi um dos religiosos atendidos no centro paranaense.

Há dois anos, dormia pouco, comia mal, andava irritado. Mas o alarme soou quando começou a beber além da conta. Em julhofree sign up bet no deposit2015, pediu dispensafree sign up bet no depositsuas atividades paroquiais e passou três meses no centro Âncora, entre consultas médicas, palestrasfree sign up bet no depositnutrição e exercícios físicos.

"Não sei o que teria acontecido comigo se não tivesse dado essa parada. Demorei a perceber que não era super-herói", afirma. Sóbrio há um ano e nove meses, o padre,free sign up bet no deposit36 anos, trocou o álcool por caminhadas e trajetos diáriosfree sign up bet no depositbicicleta.

Preocupação na cúpula

Reitor do seminário São Joséfree sign up bet no depositNiterói, o padre Douglas Fontes diz estar atento à saúde mental dos colegas. Em pregações, costuma alertar os futuros sacerdotes para a necessidadefree sign up bet no depositcuidarem maisfree sign up bet no depositsi mesmos.

"Jamais amaremos ao próximo se antes não amarmos a nós mesmos. E amar a si mesmo significa levar uma vida mais saudável. Tristes, cansados ou doentes não cumpriremos a missão que Deus nos confiou."

Dom Jaime Spengler, arcebispofree sign up bet no depositPorto Alegre (RS) e presidente da comissão da CNBB que se ocupa da vida dos padres, diz que sacerdotes devem pedir ajuda ao bispofree sign up bet no depositsua diocesefree sign up bet no depositcasofree sign up bet no deposittensão psicológica ou esgotamento físicos.

"Os padres não estão sozinhos. Fazemos partefree sign up bet no deposituma família. E nesta família cabe ao bispo desempenhar o papelfree sign up bet no depositpai e, como tal, zelar pelas necessidades dos filhos", afirma.

Outros locais do mundo também registram casosfree sign up bet no depositpadres com problemas psicológicos.

Uma pesquisa da Universidadefree sign up bet no depositSalamanca, na Espanha, ouviu 881 sacerdotesfree sign up bet no deposittrês países (México, Costa Rica e Porto Rico) e identificou incidência altafree sign up bet no deposittranstornos relacionados à atividade.

"Trêsfree sign up bet no depositcada cinco experimentavam graus médios ou avançadosfree sign up bet no depositburnout, a síndrome do esgotamento profissional", registrou a autora da pesquisa, Helenafree sign up bet no depositMézerville, no livro O Desgaste na Vida Sacerdotal (editora Paulus).

Na Itália, o burnout é conhecido por alguns sacerdotes como a "síndrome do bom samaritano desiludido".

Naturalmente, sacerdotes católicos não são os únicos sob risco.

"A natureza do trabalho é a mesma. Logo, estamos sujeitos aos mesmos riscos", avalia o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP). O sheik Ahmad Mazloum, do Centro Islâmicofree sign up bet no depositFoz do Iguaçu (PR), faz coro.

"É preciso satisfazer,free sign up bet no depositmaneira lícita e correta, as necessidades básicas do espírito, mente e corpo. Caso contrário, estaremos semprefree sign up bet no depositperigoso desequilíbrio", alerta.