Tratamento obrigatório para viciadosbet7365crack é ação 'ridícula', diz neurocientista americano:bet7365

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As pesquisasbet7365Hart, autorbet7365Um Preço Muito Alto - A Jornadabet7365Um Neurocientista Que Desafia Nossa Visão Sobre Drogas (editora Zahar), inspiraram programas como o Braços Abertos, programa da gestão Fernando Haddad (PT) extinto pelo governo Doria.
No programa anticrack da gestão petista, dependentes químicos ganhavam moradiabet7365hotéis da cracolândia e R$ 15 por dia se trabalhassembet7365atividades como varrição e jardinagem.
No último domingo, uma grande operação policial dispersou à força dependentes químicos que se reuniam na cracolândia, fechou comércios e hotéis usados no Braços Abertos. Na terça, três pessoas se feriram durante a demoliçãobet7365uma pensão pela prefeitura.

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A gestão Doria também pediu à Justiça autorização para realizar internações compulsóriasbet7365dependentesbet7365crack, desde que o usuário passe por análise médica e psicológica. Hoje, esse tipobet7365encaminhamento cabe à Justiça. A prefeitura solicitou ainda autorização para retirar dependentes da cracolândia e enviá-los para avaliação médica contrabet7365vontade, o que seria uma "última alternativa" para casos graves.
"Minha primeira impressão é que o novo prefeito está colocando a politica à frente das pessoas. Se o objetivo é ajudar outras pessoas da sociedade, é preciso descobrir um modobet7365incluí-las nessa sociedade", disse Hart, que deverá voltar ao Brasilbet7365setembro para a Bienal Internacional do Livro do Riobet7365Janeiro.
Comportamento racional
Professorbet7365Psicologia e Psiquiatria, Hart questiona a visãobet7365que as drogas tenham alto poder viciante e sejam a causabet7365diferentes mazelas sociais. Ele diz reconhece que há quem abuse delas e sofra efeitos graves no cotidiano, mas diz que concluir que as substâncias sejam o problema - e declarar "guerra" a elas - é um erro.
Criadobet7365um bairro pobrebet7365Miami e traficantebet7365maconha na adolescência, Hart diz que começou a estudar neurociência porque queria ajudar a resolver o problema do víciobet7365drogas. Ele afirma que acreditava na visão predominante nos EUA na segunda metade dos anos 1980, que explicava o crime e a pobrezabet7365certas regiões pela disseminação do crack.
Um primeiro passobet7365suas pesquisas foi a descoberta, segundo ele,bet7365que drogas como crack não são tão viciantes como se pensa. "Não há droga que viciebet7365uma dose. Dados mostram claramente que 80%, 90% das pessoas que usam drogas não possuem um 'problema com drogas", afirmou Hartbet7365conferênciabet73652014.

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O pesquisador costuma citar o tabaco como a droga mais viciante (33% dos fumantes, ou umbet7365cada três, ficará dependente, diz), seguida por heroína (25%), cocaína e crack (15% a 20%), álcool (15%) e maconha (10%).
"Eu mesmo achava que o problema eram as drogas, mas não é. Há pessoasbet7365São Paulo que têm dinheiro e bens, usam drogas e estão bem. Mas elas tem oportunidades, empregos, todas as coisas. Muitas das pessoas na cracolândia tiveram educação precária, não têm emprego, vembet7365famílias excluídas da sociedade. Há todos esses problemas sociais, mas é fácil para um político dizer 'vamos livrar a comunidade dessa droga' e não lidar com os problemas dessas pessoas pobres", disse à BBC.
Para estudar o comportamento dos dependentes, ele publicou anúnciobet7365revista à procurabet7365viciados nas ruasbet7365Nova York. Oferecia US$ 950 para que fumassem crack produzido a partirbet7365cocaínabet7365padrão farmacêutico, desde que permanecessem vivendobet7365um hospital por três semanas durante o experimento.
No começobet7365cada dia, uma enfermeira colocava uma dosebet7365crackbet7365um cachimbo e oferecia ao usuário - vendado, o dependente não tinha como saber o tamanho da dose. Depois, cada participante recebia novas ofertas para fumar aquela mesma dose, mas também poderiam optar por uma recompensa, que às vezes eram US$ 5 ou um vale-compra do mesmo valor.
Quando a primeira dose era alta, os dependentes normalmente optavam por uma nova dose. Mas, se a primeira havia sido reduzida, era mais provável que abrissem mão da segunda rodada.

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O neurocientista chegou aos mesmos resultados ao repetir o experimento com usuáriosbet7365metanfetamina. E quando elevava a recompensa alternativa para US$ 20, todos os viciados,bet7365crack e metanfetamina, optavam pelo dinheiro, mesmo sabendo que levariam semanas para embolsar os valores.
Para Hart, isso mostrou que dependentes químicos são capazesbet7365tomar decisões racionais, desmontando a "caricatura" do viciado que não consegue resistir a uma dose.
Daí a ênfase do pesquisador na investigação das causas do víciobet7365cada pessoa antes da "difusãobet7365mitos sobre as explicações" e da "intervenção com soluções prontas". Se alguém está abusando do álcool ou do crack para lidar com algum trauma ou ansiedade, o tratamento efetivo, afirma, deveria se focar no transtorno psicológico.
Empatia e compaixão
Hart afirma que, embora "não fosse perfeito", o programa Braços Abertos era "um passo na direção certa" porque demonstrava, diz ele, "compaixão" com os dependentes.
"Certamente isso não é o que o atual prefeito está fazendo ao chamar a polícia e limpar a área. Isso mostra às pessoas que ele não tem compaixão e que está fazendo politica com pessoas", disse o professor, que vê o Brasil hoje na mesma situação dos EUA nos anos 1980bet7365relação ao crack, pelo foco que vê como excessivo na repressão.
Ele cita os programas para dependentesbet7365heroína na Suíça, onde o governo fornece duas doses diárias aos inscritos e uma renda básica aos cidadãos, como exemplobet7365políticabet7365drogasbet7365sucesso e "não moralista".
"Claro que a Suíça é uma sociedade homogênea (social e economicamente), praticamente toda branca. É mais fácil para essas pessoas ver esses usuáriosbet7365drogas como irmãos e irmãs. O Brasil é como os EUA, muito diverso racialmente. Pessoasbet7365lugares como a cracolândia são basicamente afro-brasileiras, negras. As pessoas embet7365sociedade não as veem como irmãs, como na Suíça", avalia Hart, que foi o primeiro neurocientista negro a se tornar professor titularbet7365Columbia.
A empatia, diz Hart, é um recurso fundamental para enfrentar a questão da dependência. "Se não lidarmos com essa questão, não resolveremos esse problema. Se isso não é tratadobet7365forma clara, estamos apenas fingindo tratar do problema."








