'Ainda sou xingada na rua. Só perdoam quem se arrepende no culto', diz Bibi Perigosa da vida real:cnpj bet7k

cnpj bet7k Bibi Perigosa tem certezacnpj bet7kque não continuaria a ser xingadacnpj bet7kmulhercnpj bet7kbandido e ladra, entre outras coisas, secnpj bet7khistóriacnpj bet7karrependimento tivesse sido contada no púlpitocnpj bet7kuma igreja. Como foi por meio da escrita,cnpj bet7kuma autobiografia chamada "Perigosa", os ataques nunca cessaram, acredita.

"O recomeço da minha vida não foram flores, passei muita dificuldade, tinha a polícia batendo na minha porta, mas não reagi com raiva. Minha mudança dependeu sócnpj bet7kmim, não teve igreja por trás", diz por telefone Bibi, alcunhacnpj bet7kFabiana Escobar,cnpj bet7k37 anos,cnpj bet7ksua casa na favela da Rocinha, no Rio.

"Quantos relatoscnpj bet7kgente na igreja as pessoas aceitam e o meu não? O sistema foi falho comigo? Foi, mas lamento. As pessoas querem vingança, não justiça. Tem gente que está presa e se veste melhor do que eu, que vive melhor do que eu, que não fui presa", afirma. "O sofrimento que passei foi consequência das minhas escolhas."

A escolha que mudou a vida da ex-estudantecnpj bet7kserviço social na UFRJ (Universidade Federal do Riocnpj bet7kJaneiro), apelidadacnpj bet7kPerigosa por suas reações explosivas e pelo ciúme, foi continuar casada com o namoradocnpj bet7kadolescência e paicnpj bet7kseus dois filhos, Saulocnpj bet7kSá e Silva, quando descobriu que ele havia se tornado traficante.

Silva se transformou no "barão do pó" da Rocinha, e Fabiana aceitou o papelcnpj bet7kbaronesa, aproveitando os luxos que a nova atividade do marido lhe proporcionava.

O casamentocnpj bet7k14 anos, no qual tiveram dois filhos, durou mesmo após a prisão dele. Só terminou quando ela descobriu que o homem que se dizia apaixonado por ela a havia traído com várias mulheres.

Bonnie e Clyde

Fabiana ficou conhecida nacionalmente nos últimos meses por causacnpj bet7kA Força do Querer, novela das 21h da TV Globo que vem batendo recordescnpj bet7kaudiência e já é a mais vista desde 2012, segundo dados do Ibope.

A autora Gloria Perez recriou o roteiro realcnpj bet7kamor bandido no folhetim, tendo Juliana Paes e Emilio Dantas no papelcnpj bet7kBibi e Saulo - na trama, chamadocnpj bet7kRubinho.

Em capítulos recentes, a personagem, até então uma mulher honesta, foi vista empunhando revólver e atirando. "Quer saber na lata? Eu atirava direto, por palhaçada, dava tiro para o alto", conta a Bibi real à BBC Brasil, enquanto aguarda um novo capítulo da novela, que tem seu final previsto para o dia 20cnpj bet7koutubro.

Embora o público ainda não saiba se Bibi será ou não punida e se terminará o casamento com Rubinho, Fabiana conta o que gostariacnpj bet7kver na tela.

"Eu mataria os dois. Porque essa é a história real, muita gente morre na guerra do tráfico e a Gloria estaria representando essas famílias, já que optou por mostrar como é a mãocnpj bet7kobra do tráfico", afirma.

Na vida real, ela, que hoje sobrevive da rendacnpj bet7kum imóvel na Rocinha e das vendascnpj bet7kseu livro, foi acusadacnpj bet7kassociação ao tráfico, mas como não havia provas, nada aconteceu. Já Saulo está preso há dez anos.

O mesmo não aconteceu com Danúbia Rangel, mulher do traficante Nem da Rocinha, presa nesta terça sob acusaçãocnpj bet7ktráficocnpj bet7kdrogas, associação com o tráfico e corrupção.

Analisando o casocnpj bet7kDanúbia, Fabiana palpita: "Ela se envolveu gastando dinheiro. Não tinha como ela fazer nada contra isso".

Não era amor, era cilada

A novela recebe algumas críticascnpj bet7kquem diz que a autora glamouriza a vida do crime, principalmente ao exibir Bibi ostentando dinheiro e outros luxos e se divertindo para valercnpj bet7kbailes funk, mesmo após ter cometido crimes - incendiou uma casa e ajudou na negociaçãocnpj bet7kdrogas.

A trama também mostra garotas que se aproximamcnpj bet7ktraficantes achando que eles poderiam mudar suas vidas ecnpj bet7ktrocacnpj bet7kmimos como uma cirurgiacnpj bet7kimplantecnpj bet7ksilicone. "Dei mole e não botei, agora que tô querendo, não tem", gargalha Fabiana. "Descobri que o Saulo distribuiu silicone."

Ela diz que as meninas da Rocinha ecnpj bet7koutras comunidades continuam se envolvendo com bandidos porque se apaixonam por eles ainda na adolescência, quando não sabem distinguir o certo do errado.

Ela não concorda com quem critica a novela por supostamente glamourizar o crime. "O primeiro contatocnpj bet7kqualquer menina ou pessoa do asfalto com o crime écnpj bet7kglamour,cnpj bet7kfesta. A parte ruim vai aparecer só depois."

'Vai dar ruim'

A escritora, que hoje também se aventuracnpj bet7kroteiros cinematográficoscnpj bet7kum coletivo na Rocinha, diz que cresceu ouvindo históriascnpj bet7kmulheres que realmente amavam seus maridos bandidos. Até que viveu o mesmo.

"Elas se apaixonam mesmo, os homens são sedutores. As meninas não têm maturidade para falar: 'Isso vai dar ruim'", diz.

"É claro que também tem quem se envolva pelo luxo, pelo dinheiro", acrescenta. "Mas a maioria se envolve por paixão. É muito complicado, você fica entre a alienação afetiva e a financeira."

Para ela, a faltacnpj bet7kmaturidade dos adolescentes é um dos principais fatores para a aproximação com o crime. "Eles não têm maturidade para esperar as coisas acontecerem, trabalhar para ter algo."

No Rio, diz, a proximidade entre a favela e a classe média alta do asfalto só piora o cenário. "Porque aqui o pobre tá muito perto do rico. Você está lá na praia com fome e vê o rico puxar uma notacnpj bet7k100 reais e comprar camarão..."

Vida na Rocinha

Fabiana não pensacnpj bet7ksair da Rocinha, mesmo com os últimos acontecimentos na comunidade do Rio, onde dois grupos rivais disputam o comando do tráfico.

"Estamos numa guerra psicológica. A qualquer hora vai ter uma guerracnpj bet7kverdade. Mas eu não saio daqui", fala. "Aqui,cnpj bet7kduas semanascnpj bet7kguerra, eles se mataram entre eles. Aí você vai ver nos Estados Unidos e um doido lá mata muito mais gente."

Na Rocinha, Fabiana chegou a ser donacnpj bet7kuma lojacnpj bet7kroupas, a Danger Girl, logo depois que a UPP (Unidadecnpj bet7kPolícia Pacificadora) chegou ao morro, mas o negócio não vingou.

"As pessoas ficavamcnpj bet7kme pagar e não me pagavam, eu ficava nervosa, dava confusão", diz, deixando claro o porquêcnpj bet7kter ganhado o "sobrenome" Perigosa.

Ela afirma que já briga bem menos, mas que continua merecendo o apelido que tem. "Sou estressada mesmo, não sou santa. Me controlo, assim como alcoólatra tem que se controlar. Mas sou perigosa para o bem (risos)."