11 motivos que levam as mulheres a deixarjogos roleta gratisdenunciar casosjogos roleta gratisassédio e violência sexual:jogos roleta gratis

Mulher

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Legenda da foto, Tema voltou à tona após denúncias contra magnata do cinema americano
O produtorjogos roleta gratiscinema Harvey Weinstein

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Legenda da foto, Nos últimos dias, diversas mulheres disseram ter sofrido abuso por Weinstein,jogos roleta gratisalguns casos há maisjogos roleta gratis20 anos

Dados da US Equal Employment Opportunity Commission, agência federal americana que faz cumprir as leis contra a discriminação nos locaisjogos roleta gratistrabalho, mostram que trêsjogos roleta gratisquatro casosjogos roleta gratisassédio no trabalho naquele país não são reportados a supervisores.

Passam pela agência anualmente casosjogos roleta gratiscercajogos roleta gratis12 mil são por mulheres, segundo Chai Feldblum, integrante da comissão. "Mas sabemos que esse número deve ser próximojogos roleta gratis15% do totaljogos roleta gratiscasos", ressalta.

Por que a maioria das mulheres não denunciam esses crimes? A promotorajogos roleta gratisJustiça do Ministério Públicojogos roleta gratisSão Paulo Silvia Chakian, do GEVID (Grupojogos roleta gratisAtuação Especialjogos roleta gratisEnfrentamento à Violência Doméstica), destaca alguns dos motivos.

1) Vítimas não identificam o que sofreram como assédio

A banalização e normalização do assédio sexual faz com que muitas mulheres não consigam identificar o ato como assédio sexual. Outras pensam que aquilo "faz parte do jogo".

"Existe uma faltajogos roleta gratisconsciênciajogos roleta gratisque o comportamento mascarado como elogio ou cantada não é um mero constrangimento, é crime", diz Chakian. "As condutas não são só inadequadas - se refletem no código penal."

2) Medojogos roleta gratisque ninguém acredite nelas

Ao jornal The New York Times, a atriz Katherine Kendall expressoujogos roleta gratispreocupação depoisjogos roleta gratister sido abordada por um Weinstein nujogos roleta gratisseu apartamento: "Ele não me tocou. Não tinha certeza se as pessoas ligariam. Se eu não estava sangrando, destruída, quem se importaria?"

"São crimesjogos roleta gratisdifícil comprovação, que acontecem porjogos roleta gratisprópria naturezajogos roleta gratisforma velada, entre quatro paredes e longe do olharjogos roleta gratistestemunhas", diz Chakian.

Por isso a importância, diz, que deve ser dada à palavra da vítima. "Não raramente as declarações da vítima vão ser as únicas provas da violência sexual. Mas a palavra da mulher ainda é vista com desconfiança."

3) Medo do assediador

Medo, medo, medo. A palavra é repetida por quase todas as vítimasjogos roleta gratisWeinstein, que temiam seu poderjogos roleta gratisrepresália na indústria - não sójogos roleta gratisacabar com suas carreiras, masjogos roleta gratisexpô-las.

Vítimasjogos roleta gratisviolência sexual têm medojogos roleta gratismorrer,jogos roleta gratisserem violentadas mais vezes,jogos roleta gratisterem seus filhos agredidos. Para Chakian, a violência sexual também "mina a autoestima da vítima e a humilha, acabando comjogos roleta gratiscapacidadejogos roleta gratisresistência".

4) Vítimas sentem vergonha

"A vergonha é uma questão histórica da violência contra a mulher", diz Chakian.

"Ainda há a ideia absurdajogos roleta gratisque a violência sexual refletiria a 'desonra' da vítima oujogos roleta gratisque ela podejogos roleta gratiscerta forma ter tido algum comportamento que incentivou ou encorajou aquela prática."

Mulher e chefe

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Legenda da foto, Medojogos roleta gratisperder o emprego é uma das razões que fazem as mulheres calarem diantejogos roleta gratiscasosjogos roleta gratisviolência

5) Sentimentojogos roleta gratisculpa

A promotora lembra que há mulheres que deixamjogos roleta gratisdenunciar porque têm medojogos roleta gratisserem responsáveis "pelo fim da carreirajogos roleta gratisum sujeito". "Muitas pensam: 'O sujeito tem família, carreira, eu vou destruir isso?".

Outras, diz, sentem culpa pelo crime, como se fossem responsáveis pelo comportamento criminoso do assediador.

6) Vítimas são culpabilizadas

"Por que entrou naquela sala à noite?", "Estava sozinha?", "Você não estava com uma saia curta?" são perguntas ouvidas por mulheres que denunciam casosjogos roleta gratisassédio - uma formajogos roleta gratisperguntar: "Você não assumiu o risco?".

"Existe essa perversidade na análise da palavra da mulher vítimajogos roleta gratisviolência sexual. A análise do comportamento é deslocada para a vítima, não para o violador", diz Chakian.

A sociedade e as instituições acabam incutindo, assim, a culpa na vítima. "Sua palavra é sempre analisada como possível falsa denúncia."

Mulher com diversos dedos apontados para ela

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Legenda da foto, "Existe essa perversidade na análise da palavra da mulher", afirma Chakian, sobre a culpabilização das vítimas

7) Vítimas têm medojogos roleta gratisreviver experiência

À reportagem do The New York Times, Kendell disse que, anos depois da abordagemjogos roleta gratisWeinstein, ela o viujogos roleta gratisum evento e começou a tremer. "O nome dele ainda faz meu corpo e minha cabeça estremecerem", afirmou.

"A mulher não quer reviver a violência sexual. E ela é instada a contarjogos roleta gratishistória por parte das instituições e depois é confrontada e submetida a novas oitivas", diz Chakian, explicando que isso faz com que a vítima tenha que reviver diversas vezes o caso.

8) Medojogos roleta gratisperder o emprego

Quando o assédio é no trabalho, vítimas temem perder o emprego.

É o caso da maior parte das mulheres vítimasjogos roleta gratisWeinstein. Emily Nestor, uma assistente que trabalhou com elejogos roleta gratis2014, disse à revista New Yorker que teve "muito medo" dele. "Sabia como ele era bem relacionado. Se o irritasse, nunca teria uma carreira na indústria."

"A vítima tem medojogos roleta gratisrepelir o assédio ou denunciá-lo e passar a terjogos roleta gratissubsistência ou carreira ameaçada", afirma Chakian.

No casojogos roleta gratisHollywood, diz, o medo era ter a carreira arruinada ou ser exposta. "Na nossa realidade, é o medo da advogada, da médica, da enfermeira ou da professorajogos roleta gratisse ver sem um emprego."

9) Medojogos roleta gratisenfrentar processo e "não darjogos roleta gratisnada"

Há um medo "justificado", diz Chakian, "de ser exposta e não haver resultado" - casojogos roleta gratisalgumas das vítimasjogos roleta gratisWeinstein que o denunciaram.

"É um medo justificado por causa dessa difícil comprovação da violência", explica Chakian. "Temos que fortalecer o sistema para que o sistema proteja as vítimas."

O comediante Bill Cosby

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Legenda da foto, Casosjogos roleta gratisque várias mulheres se pronunciam sobre o mesmo caso, como nas denúncias contra o comediante Bill Cosby, ajudam as vítimasjogos roleta gratisabuso a perceberem que não estão sozinhas

10) Dificuldades para denunciar/reportar e medo da violência institucional

As dificuldades para denunciar casosjogos roleta gratisassédio não são só na polícia, avalia Chakian. "Há dificuldadesjogos roleta gratisacesso a canais oficiais, como o departamentojogos roleta gratisrecursos humanos das empresas", diz.

Uma funcionária da empresajogos roleta gratisWeinstein relatou à New Yorker que o RH dali era "o lugar onde nada era levado à cabo" porque tudo,jogos roleta gratisalguma forma, chegava nele.

A forma como as instituições tratam a mulher pode levá-las à revitimização, ou seja, vitimá-las com perguntas que incutem a culpa nela.

11) Crimes são tratados como um problema entre homem e mulher, não como problema da sociedade

"Homensjogos roleta gratisHollywood, vocês acham que o que aconteceu é muito triste, mas não é seu problema?", perguntou a atriz americana Lena Dunhamjogos roleta gratisum artigo para o jornal The New York Times nesta semana. "Infelizmente, é problemajogos roleta gratistodos nós (...) O silênciojogos roleta gratisHollywood, especialmente ojogos roleta gratishomens que trabalharam ao ladojogos roleta gratisWeinstein, só reforça a cultura que impede as mulheresjogos roleta gratisfalarem."

Crimes como esses comumente são varridos para baixo do tapete, tratados como se fossem um problema da vítima e do criminoso. Há casos, diz Chakian,jogos roleta gratisque não é "conveniente" escancarar o comportamentojogos roleta gratisum sujeito bem-quisto e bem relacionado na empresa oujogos roleta gratisum chefe. Mas é preciso "reforçar a ideiajogos roleta gratisque todos são responsáveis".

"Não existe território neutro. Todos se responsabilizam quando silenciam ou se omitem frente a um casojogos roleta gratisassédio."

Por que outras mulheres falarem ajuda

"Ao perceber que não estão sozinhas e que várias mulheres passaram pela mesma situação, uma mulher dá força para que outra pronuncie a violência que sofreu", diz a pesquisadora Jackeline Romio, doutorajogos roleta gratisdemografia pela Unicamp e especialistajogos roleta gratismortalidade feminina pela violênciajogos roleta gratisgênero.

Foi o que aconteceu com as mulheres que denunciaram Weinstein depois da publicaçãojogos roleta gratisreportagens sobre seu comportamento e com as que denunciaram o comediante americano Bill Cosby. A mulher, que temjogos roleta gratispalavra vista com desconfiança, como observou Chakian, não se vê mais sozinha frente a um homem todo poderoso.

Para garantir que mais mulheres denunciem casosjogos roleta gratisassédio e estupro sem que uma primeira tenha que ter "muita coragem" para isso, diz Chai Feldblum, da US Equal Employment Opportunity Commission, é preciso que a "sociedade crie um ambiente seguro para as mulheres - o que ainda não aconteceu".