Biólogo brasileiro reúne imagensbet365resultadostodas as cobras já identificadas no Cerrado:bet365resultados

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Legenda da foto, Biólogo brasileiro reúnebet365resultadoslivro ilustrado imagensbet365resultadostodas as cobras já identificadas no Cerrado | Foto: Divulgação

Algumas foram fotografadas no Instituto Butantan, mas a grande maioria foi mesmo capturadas no campo,bet365resultadoslocais como o Parque Nacional das Emas e Chapada dos Veadeiros,bet365resultadosGoiás; no Jalapão,bet365resultadosTocantins; na regiãobet365resultadosBrasília; na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso; e no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, na divisa entre Minas Gerais e Bahia, entre outras.

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Legenda da foto, Jalapão, na serra do Espírito Santo é um dos pontos onde são encontradas espécies com frequência | Foto: Divulgação

"Os maiores obstáculos foram a imensa extensão territorial do Cerrado, que cobre quase 2 milhõesbet365resultadosquilômetros quadrados, e a extrema dificuldade me encontrar serpentes na natureza", conta Nogueira.

"Cobras são o grupobet365resultadosvertebrados mais difícilbet365resultadosse amostrarbet365resultadoscampo. Para um bom inventário desses animais, ainda maisbet365resultadosregiões ricas como o Cerrado, onde uma mesma localidade pode abrigar até cercabet365resultados60 espécies diferentes, são necessários muitos anos para que haja uma boa amostragem."

Ele conta quebet365resultadosum mêsbet365resultadoscampo só é possível ver,bet365resultadosmédia,bet365resultadoscinco a 10 espécimes, número que, com muito trabalho e sorte, pode chegar a 20.

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Segundo Nogueira, antes do seu trabalho, praticamente não se sabia nada sobre serpentes do Cerrado. Por isso, suas pesquisas procuraram determinar o númerobet365resultadosespécies existentes, quais as mais comuns e as mais raras,bet365resultadosque ambiente vivem, quantas e quais são endêmicas (que só existem na região), qual abet365resultadosdieta e quando e como se reproduzem. "São questões básicasbet365resultadosHistória Natural, que não eram conhecidas", diz.

"Era como estudar dois temas cercadosbet365resultadostotal desconhecimento e muito preconceito. Primeiro, as próprias cobras, que por faltabet365resultadosconhecimento são tidas como animais perigosos e muitas vezes perseguidos. O segundo, o Cerrado, completamente desconhecido e desvalorizado dentro e fora do Brasil. Foi uma descoberta atrás da outra."

O objetivo do trabalhobet365resultadosNogueira não é exclusivamente científico. "Também queremos ensinar as pessoas que encontram serpentes na natureza a identificá-las e conviver com elas", explica. "No nosso trabalho percebemos que a população tem um desconhecimento muito grande sobre as cobras, o que gera um preconceito contra elas. Como não sabem diferenciar as venenosas das que não são, acaba matando todas que encontram, até mesmo alguns lagartos que, por não terem patas, são confundidos com serpentes."

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De acordo com Nogueira, a maior parte das cobras do cerrado não são venenosas, mas mesmo assim são perseguidas e mortas, indiscriminadamente,bet365resultadostodas as áreas rurais onde foram feitos os estudos. Nesse sentido, o seu trabalho já trouxe resultados. "Ao mostrar as espécies aos moradores locais, ao explicarbet365resultadosrelevância e que são,bet365resultadosgeral inofensivas, muitas pessoas pararambet365resultadosmatá-lasbet365resultadosfazendas e localidadesbet365resultadosestudo por onde andei ao longobet365resultadosmeu mestrado e doutorado", conta.

No área científica propriamente dita, o trabalhobet365resultadosNogueira também trouxe resultados significativos, como a descobertabet365resultadosespécies já ameaçadasbet365resultadosextinção. É o caso da corre-campo (Philodryas lívida), registrada pelo pesquisador no Parque Nacional das Emas. Como seu nome popular sugere, essa serpente vivebet365resultadosregiõesbet365resultadoscampo, onde praticamente não há água e a vegetação se limita a gramíneas.

"Essas áreas são as primeiras a desaparecer, para dar espaço à agricultura mecanizada", diz. "São chapadas, planas, altas e fáceisbet365resultadosoperar as máquinas, e, por isso, muito cobiçadas para produçãobet365resultadosmilho e soja, por exemplo."

A descobertabet365resultadosnovas espéciesbet365resultadoscobras foi outro resultado dos estudosbet365resultadosNogueira, muitas ainda não descritas, sem nome científico disponível. "Houve também o encontrobet365resultadosespécies do gênero Siagonodon, como S. acutirostris", diz. "Em geral são espécies fossórias, ou seja, que vivem a maior parte do tempo sob o solo,bet365resultadosgalerias subterrâneas, onde se alimentam e evitam os efeitosbet365resultadosvariaçãobet365resultadosumidade ebet365resultadostemperatura e da ação do fogo. É uma adaptação importante, e muitas novas espécies nestes grupos vêm sendo descobertas e depois descritas. A fauna fossorial é bastante rica no cerrado."

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Legenda da foto, Parte das cobras foram fotografadas no Instituto Butantan,bet365resultadosSão Paulo | Foto: Divulgação

Segundo Nogueira, essas descobertas e os conhecimentos agregados ao longo deste trabalho serviram, por exemplo, para auxiliar a revisão da lista brasileirabet365resultadosespécies ameaçadasbet365resultadosextinção. Além disso, integraram também um estudo mundial recente mapeando, pela primeira vez, todas as espéciesbet365resultadosrépteis do planeta. "Nesse trabalho, o cerrado surgiu como uma zonabet365resultadosalta riqueza e relevância", diz o pesquisador. "Sem os estudosbet365resultadosbase, como o nosso, teria sido um grande vazio nos mapas, uma 'terra incógnita', como era até bem recentemente."

Os bons resultados e o livro não encerram o trabalhobet365resultadosNogueira, no entanto. "Ele ainda estábet365resultadosandamento", diz. "Hoje passamosbet365resultadosuma fasebet365resultadosdocumentação básica da diversidade para estudar a conservação das serpentes, e para entender o papel delas e dos répteisbet365resultadosgeral do cerrado no contextobet365resultadossua distribuição no planeta. No início era fazer o básico: quais são, onde estão. Hoje, é entender no contextobet365resultadosconservação da diversidade globalbet365resultadosrépteis, e também divulgar as descobertas para fora do meio científico, para o público geral, que se mostra muito interessado, sempre,bet365resultadoscobras."

Seus estudo o levam a fazer um alerta: caso não sejam tomadas medidas mais efetivas e enérgicas para conservar o que restou do cerrado, hoje reduzido a menosbet365resultados30%bet365resultadossua cobertura original nativa (tomada cada vez mais por monoculturasbet365resultadosgrãos, como soja, milho e sorgo),bet365resultadosbreve será perdida grande parte das espéciesbet365resultadosflora e fauna endêmicas da região, incluindo boa partebet365resultadossuas cobras.

"Isso será uma perda irreparável, e teremos destruído uma das regiões mais ricas e intrigantes do planeta", diz. "Como pesquisador desse bioma ebet365resultadossua riquíssima diversidade biológica, me entristece muito ver que a savana mais biodiversa da Terra continua a ser desmatadabet365resultadosritmo muito rápido, desaparecendo numa taxabet365resultadosperda muito superior à verificada, por exemplo, na Amazônia."