‘Depois da cadeia, Lula dificilmente voltará à política’, diz vice da chapa do petistabetnacional cash out89 e 94:betnacional cash out

José Paulo Bisol e Lulabetnacional cash out1989

Crédito, Roberto Parizotti

Legenda da foto, Para Bisol, Lula foi 'único político na América Latina capazbetnacional cash outtransformar uma simples operaçãobetnacional cash outprisão num evento histórico'
Cartazbetnacional cash outdivulgação da eleiçãobetnacional cash out1989

Crédito, Acervo CSBH/FPA

Legenda da foto, Bisol era candidato a vice na eleiçãobetnacional cash out1989 na chapabetnacional cash outLula

"Depoisbetnacional cash out(Lula) ficar muitos anos na cadeia, vai ser difícil um retorno. E ainda há outros processos. Agora estão querendo fazer um do (presidente Michel) Temer, relacionado à moradia da filha. Dificilmente Lula resistirá no sentidobetnacional cash outuma volta política", afirma.

Bisol sofrebetnacional cash outinsuficiência renal e tembetnacional cash outse submeter a sessõesbetnacional cash outhemodiálise três vezes por semana. Enxerga com dificuldade, caminha com auxíliobetnacional cash outuma bengala e tevebetnacional cash outinstalar um elevador na casa amplabetnacional cash outdois andares, num condomínio distante cercabetnacional cash out20 km da praia. O gestual largo, a dicção clara e o raciocínio ágil são, porém, os mesmos que o celebrizaram como magistrado, comentaristabetnacional cash outTV, deputado estadual e senador. Aponta para a tela que mostra a multidãobetnacional cash outSão Bernardo e diz:

"Imagine um Temer tentando fazer essa coisa. Nenhum desses candidatinhos, dessas mediocridades que estão aí é capazbetnacional cash outtransformar um simples fatobetnacional cash outum evento."

Lula ao ladobetnacional cash outcorreligionários

Crédito, EPA

Legenda da foto, Lula ao ladobetnacional cash outcorreligionários; vice na chapa do petista duas vezes, José Paulo Bisol diz que prisão do ex-presidente o deixoubetnacional cash outuma 'tristeza muito profunda'

Lembrançasbetnacional cash out89

A voz vibra quando Bisol relembra a primeira campanha,betnacional cash out1989. Na época, o ex-senador fora o único nome expressivo do PMDB gaúcho a migrar para o recém-fundado PSDB, comandado por Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas. Indicado para a chapabetnacional cash outLula, filiou-se ao PSBbetnacional cash outMiguel Arraes, que fazia parte da Frente Brasil Popular com PT e PCdoB.

"Me orgulho muitobetnacional cash outter feito a campanhabetnacional cash out1989. Foi espetacular. Eu, que praticamente nunca tinha saído do Rio Grande do Sul, fui entrando Amazonas adentro. Pensava: 'O que vou fazer nesta cidadezinha? Quem é que vai me ouvir?'. E ia saindo bandeirinha do meio do mato. Meus comícios tinham sempre um bom público. A gente discursava, mas o povo cantava. Uma campanha política cantada é uma coisa monumental."

Em 2011, Bisol havia dito: "Lula é um neoliberal capitalista. Ele não tem nadabetnacional cash outnovo". A definição se mantém?

"O que eu quis dizer é que Lula é um sindicalista. O sindicato é uma instituição capitalista. É uma formabetnacional cash outluta estabelecida no capitalismo. Sindicalismo está do lado direito das coisas, do pontobetnacional cash outvista estrutural e político. As pessoas (nos sindicatos) podem serbetnacional cash outesquerda, como Lula é. Só que ele nunca chegou a condutas tipicamente socialistas. Acho que não estou agredindo nada, só tentando buscar uma verdade. Ele não é um socialista, ou, se é um socialista, não teve como sê-lo concretamente durante seus governos."

O ex-candidato a vice acredita, porém, que Lula não tinha alternativa:

"Nem poderia ser diferente. Foram governos capitalistas, dando ênfase ao lado esquerdo da sociedade, à redução da pobreza e à inclusão dos excluídos. Até os adversários se calam quando a gente diz isso, porque é uma verdade indiscutível. Ele trouxe quase 40% dos excluídos para dentro da sociedade nos seus dois governos. Isso é espetacular do pontobetnacional cash outvista da esquerda."

Sobre a observação do próprio ex-presidentebetnacional cash outque bancos e empresas lucraram maisbetnacional cash outseus governos do quebetnacional cash outperíodos anteriores, Bisol comenta:

"É verdade. Ele também cuidou dos interesses dos empresários. E tinhabetnacional cash outcuidar, né, porque a estrutura é empresarial. Se você não melhora a condição empresarial, não produz crescimento nenhum."

Homem ao ladobetnacional cash outcartazes com os dizeres 'Não à prisãobetnacional cash outLula'

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Para Bisol, poucos políticos teriam a capacidadebetnacional cash out'transformar um simples fatobetnacional cash outum evento' como as manifestaçõesbetnacional cash outapoio a Lulabetnacional cash outSão Bernardo do Campo

Lava Jato

Em seu retiro litorâneo, onde vivebetnacional cash outcompanhia da mulher, Vera, e do poodle Alamus, Bisol acompanhou atentamente o processobetnacional cash outLula - o petista foi condenado por corrupção passiva e lavagembetnacional cash outdinheiro no caso do tríplex no Guarujá - e a operação Lava Jato. Em seu escritório, o livro do repórter Vladimir Netto que leva o nome da operação é visívelbetnacional cash outuma das prateleiras. Bisol diz que "sempre fui a favor da Lava Jato, mas todas as coisas têm seus defeitos". Ele tem um olhar crítico sobre o episódio:

"As informações que tenho, e não são meramente informaçõesbetnacional cash outTV e jornal, sãobetnacional cash outcolegas meus, que me visitam, graças a Deus (risos), me revelam que muitos juízes brasileiros acham que houve uma modificação jurisprudencial na decisão sobre Lula e que se deixoubetnacional cash outentender o fato segundo o direito brasileiro para entendê-lo segundo direitos estrangeiros, principalmente o britânico. Essa modificação é que permitiu a condenação. Segundo os princípios do direito brasileiro, dificilmente ele poderia ser condenado. Mas não conheço os autos (do processo)."

Após a condenaçãobetnacional cash outsegunda instância, a ordembetnacional cash outprisão contra Lula foi expedida menosbetnacional cash out24 horas depois do Supremo Tribunal Federal ter negado ao ex-presidente um habeas corpus.

Na ordembetnacional cash outdetenção, o juiz Sergio Moro chamoubetnacional cash out"patologias protelatórias" os tais "embargos dos embargos", últimas apelações que restavam à defesa do petista na segunda instância.

Desde 2016, o STF entendeu que condenadosbetnacional cash outsegunda instância podem começar a cumprir a sentença antesbetnacional cash outesgotar suas chancesbetnacional cash outapelação no Judiciário. Para os críticos da interpretação, ela desrespeitaria a presunçãobetnacional cash outinocência da Constituição Federal. A questão é controversa dentro da própria Corte e há indíciosbetnacional cash outque, apreciada novamente pelos ministros, haveria uma mudançabetnacional cash outentendimento sobre o assunto.

"Esse julgamento do habeas corpus foi terrível, cheiobetnacional cash outpressões ebetnacional cash outdesvios. A constitucionalidade brasileira é objetiva e gritante no sentidobetnacional cash outque é preciso o último dos julgamentos possíveis para formar a coisa julgada."

Para Bisol, o conjuntobetnacional cash outinterpretações e ações do processo preocupam, já que demonstrariam um certo protagonismo do Judiciáriobetnacional cash outtentar modificar o que diz a própria lei por meiobetnacional cash outentendimentos jurisprudenciais.

"Você tembetnacional cash outmudar a lei, e não fazer uma transformação jurisprudencial. O caso é tão claro, as leis são tão objetivas, foram cumpridas por tantos anos que não é o casobetnacional cash outum tribunal mudá-las. Quem modifica é o Congresso. Pode-se enviar uma propostabetnacional cash outemenda constitucional. É muito forte a posição constitucional, é muito princípio, muita concepção política do direito que está colocada ali. E é do meu tempo, fui constituinte. Já mexeram nessa Constituição por tudo que é lado. O período Temer se caracteriza por mexer na Constituição. Tinhambetnacional cash outter mexido aí também."

Em 2001, Bisol era secretáriobetnacional cash outSegurança do governo Olívio Dutra no Rio Grande do Sul e alvobetnacional cash outuma CPI sobrebetnacional cash outgestão, capitaneada pela oposição, na Assembleia Legislativa. Desvencilhou-se dos debates no parlamento para atravessar a Praça Marechal Deodoro e dar um abraçobetnacional cash outLula, que fazia um comício no local. Foi o último encontro dos dois. Se pudesse conversar com o ex-presidente hoje, o que Bisol lhe diria? A resposta é firme e instantânea:

"Diria a ele que pode contar comigo até o fim."