‘Depois da cadeia, Lula dificilmente voltará à política’, diz vice da chapa do petistabetnacional cash out89 e 94:betnacional cash out

Crédito, Roberto Parizotti

Crédito, Acervo CSBH/FPA
"Depoisbetnacional cash out(Lula) ficar muitos anos na cadeia, vai ser difícil um retorno. E ainda há outros processos. Agora estão querendo fazer um do (presidente Michel) Temer, relacionado à moradia da filha. Dificilmente Lula resistirá no sentidobetnacional cash outuma volta política", afirma.
Bisol sofrebetnacional cash outinsuficiência renal e tembetnacional cash outse submeter a sessõesbetnacional cash outhemodiálise três vezes por semana. Enxerga com dificuldade, caminha com auxíliobetnacional cash outuma bengala e tevebetnacional cash outinstalar um elevador na casa amplabetnacional cash outdois andares, num condomínio distante cercabetnacional cash out20 km da praia. O gestual largo, a dicção clara e o raciocínio ágil são, porém, os mesmos que o celebrizaram como magistrado, comentaristabetnacional cash outTV, deputado estadual e senador. Aponta para a tela que mostra a multidãobetnacional cash outSão Bernardo e diz:
"Imagine um Temer tentando fazer essa coisa. Nenhum desses candidatinhos, dessas mediocridades que estão aí é capazbetnacional cash outtransformar um simples fatobetnacional cash outum evento."

Crédito, EPA
Lembrançasbetnacional cash out89
A voz vibra quando Bisol relembra a primeira campanha,betnacional cash out1989. Na época, o ex-senador fora o único nome expressivo do PMDB gaúcho a migrar para o recém-fundado PSDB, comandado por Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas. Indicado para a chapabetnacional cash outLula, filiou-se ao PSBbetnacional cash outMiguel Arraes, que fazia parte da Frente Brasil Popular com PT e PCdoB.
"Me orgulho muitobetnacional cash outter feito a campanhabetnacional cash out1989. Foi espetacular. Eu, que praticamente nunca tinha saído do Rio Grande do Sul, fui entrando Amazonas adentro. Pensava: 'O que vou fazer nesta cidadezinha? Quem é que vai me ouvir?'. E ia saindo bandeirinha do meio do mato. Meus comícios tinham sempre um bom público. A gente discursava, mas o povo cantava. Uma campanha política cantada é uma coisa monumental."
Em 2011, Bisol havia dito: "Lula é um neoliberal capitalista. Ele não tem nadabetnacional cash outnovo". A definição se mantém?
"O que eu quis dizer é que Lula é um sindicalista. O sindicato é uma instituição capitalista. É uma formabetnacional cash outluta estabelecida no capitalismo. Sindicalismo está do lado direito das coisas, do pontobetnacional cash outvista estrutural e político. As pessoas (nos sindicatos) podem serbetnacional cash outesquerda, como Lula é. Só que ele nunca chegou a condutas tipicamente socialistas. Acho que não estou agredindo nada, só tentando buscar uma verdade. Ele não é um socialista, ou, se é um socialista, não teve como sê-lo concretamente durante seus governos."
O ex-candidato a vice acredita, porém, que Lula não tinha alternativa:
"Nem poderia ser diferente. Foram governos capitalistas, dando ênfase ao lado esquerdo da sociedade, à redução da pobreza e à inclusão dos excluídos. Até os adversários se calam quando a gente diz isso, porque é uma verdade indiscutível. Ele trouxe quase 40% dos excluídos para dentro da sociedade nos seus dois governos. Isso é espetacular do pontobetnacional cash outvista da esquerda."
Sobre a observação do próprio ex-presidentebetnacional cash outque bancos e empresas lucraram maisbetnacional cash outseus governos do quebetnacional cash outperíodos anteriores, Bisol comenta:
"É verdade. Ele também cuidou dos interesses dos empresários. E tinhabetnacional cash outcuidar, né, porque a estrutura é empresarial. Se você não melhora a condição empresarial, não produz crescimento nenhum."

Crédito, Reuters
Lava Jato
Em seu retiro litorâneo, onde vivebetnacional cash outcompanhia da mulher, Vera, e do poodle Alamus, Bisol acompanhou atentamente o processobetnacional cash outLula - o petista foi condenado por corrupção passiva e lavagembetnacional cash outdinheiro no caso do tríplex no Guarujá - e a operação Lava Jato. Em seu escritório, o livro do repórter Vladimir Netto que leva o nome da operação é visívelbetnacional cash outuma das prateleiras. Bisol diz que "sempre fui a favor da Lava Jato, mas todas as coisas têm seus defeitos". Ele tem um olhar crítico sobre o episódio:
"As informações que tenho, e não são meramente informaçõesbetnacional cash outTV e jornal, sãobetnacional cash outcolegas meus, que me visitam, graças a Deus (risos), me revelam que muitos juízes brasileiros acham que houve uma modificação jurisprudencial na decisão sobre Lula e que se deixoubetnacional cash outentender o fato segundo o direito brasileiro para entendê-lo segundo direitos estrangeiros, principalmente o britânico. Essa modificação é que permitiu a condenação. Segundo os princípios do direito brasileiro, dificilmente ele poderia ser condenado. Mas não conheço os autos (do processo)."
Após a condenaçãobetnacional cash outsegunda instância, a ordembetnacional cash outprisão contra Lula foi expedida menosbetnacional cash out24 horas depois do Supremo Tribunal Federal ter negado ao ex-presidente um habeas corpus.
Na ordembetnacional cash outdetenção, o juiz Sergio Moro chamoubetnacional cash out"patologias protelatórias" os tais "embargos dos embargos", últimas apelações que restavam à defesa do petista na segunda instância.
Desde 2016, o STF entendeu que condenadosbetnacional cash outsegunda instância podem começar a cumprir a sentença antesbetnacional cash outesgotar suas chancesbetnacional cash outapelação no Judiciário. Para os críticos da interpretação, ela desrespeitaria a presunçãobetnacional cash outinocência da Constituição Federal. A questão é controversa dentro da própria Corte e há indíciosbetnacional cash outque, apreciada novamente pelos ministros, haveria uma mudançabetnacional cash outentendimento sobre o assunto.
"Esse julgamento do habeas corpus foi terrível, cheiobetnacional cash outpressões ebetnacional cash outdesvios. A constitucionalidade brasileira é objetiva e gritante no sentidobetnacional cash outque é preciso o último dos julgamentos possíveis para formar a coisa julgada."
Para Bisol, o conjuntobetnacional cash outinterpretações e ações do processo preocupam, já que demonstrariam um certo protagonismo do Judiciáriobetnacional cash outtentar modificar o que diz a própria lei por meiobetnacional cash outentendimentos jurisprudenciais.
"Você tembetnacional cash outmudar a lei, e não fazer uma transformação jurisprudencial. O caso é tão claro, as leis são tão objetivas, foram cumpridas por tantos anos que não é o casobetnacional cash outum tribunal mudá-las. Quem modifica é o Congresso. Pode-se enviar uma propostabetnacional cash outemenda constitucional. É muito forte a posição constitucional, é muito princípio, muita concepção política do direito que está colocada ali. E é do meu tempo, fui constituinte. Já mexeram nessa Constituição por tudo que é lado. O período Temer se caracteriza por mexer na Constituição. Tinhambetnacional cash outter mexido aí também."
Em 2001, Bisol era secretáriobetnacional cash outSegurança do governo Olívio Dutra no Rio Grande do Sul e alvobetnacional cash outuma CPI sobrebetnacional cash outgestão, capitaneada pela oposição, na Assembleia Legislativa. Desvencilhou-se dos debates no parlamento para atravessar a Praça Marechal Deodoro e dar um abraçobetnacional cash outLula, que fazia um comício no local. Foi o último encontro dos dois. Se pudesse conversar com o ex-presidente hoje, o que Bisol lhe diria? A resposta é firme e instantânea:
"Diria a ele que pode contar comigo até o fim."





