Um Brasil dividido e movido a notícias falsas: uma semana dentroaposta blaze272 grupos políticos no WhatsApp:aposta blaze

- Muita desinformação, como imagens no contexto errado, áudios com teorias conspiratórias, fotos manipuladas, pesquisas falsas
- Ataques à imprensa tradicional, como capas falsasaposta blazerevistas e falsa "checagem"aposta blazenotícias que,aposta blazefato, eram verdadeiras
- Imagens que fomentam o ódio a LGBTs e ao feminismo
- Uma "guerra cultural" organizada, com ataques sistematizados a artistasaposta blazeredes sociais
- Áudios e vídeosaposta blazegente comum ouaposta blazegente que se passa por gente comum, mas com identidade desconhecida, dando motivos para votaraposta blazeum candidato
Mas qual é o peso dessa desinformação circulando no WhatsApp durante as eleições?
A rede é a mais difundida entre eleitores brasileiros, utilizada por 66% deles, ou 97 milhõesaposta blazepessoas, segundo a pesquisa Datafolha divulgada nesta semana. Chega a ser maior do que o Facebook, usado por 58% dos brasileiros que votam.
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Finalaposta blazeYouTube post, 1
Segundo o próprio WhatsApp, 120 milhõesaposta blazebrasileiros usam o aplicativo. E muitos, principalmente das classes C, D e E, aderem a planosaposta blazecelular com pacote restritoaposta blazedados, mas com WhatsApp gratuito graças a um acordo com as operadoras. Isso significa que acabam tendo acesso à internet somente por meio do aplicativo, ou seja, sem possibilidadeaposta blazeclicaraposta blazelinks ou verificar na rede a origem da informação.
Ao menos no Brasil, o WhatsApp deixouaposta blazeser apenas um aplicativoaposta blazemensagens instantâneas. É uma rede social também, com grupos públicos, desordenados e extremamente dinâmicosaposta blazeaté 256 integrantes nos quais se entra por meioaposta blazelinks divulgadosaposta blazesites ouaposta blazeredes sociais. Pessoas do Brasil inteiro que não se conhecem conversam pelos grupos. É bem diferente, portanto, dos grupos privadosaposta blazefamílias, amigos, colegas.
Por isso, reitero: acompanhar dezenasaposta blazegrupos no WhatsApp é uma experiência surreal.
Ao ligar o celular pela manhã, às 10h, contabilizo 13.698 novas mensagens. Eu havia desligado o celular na noite anterior. Em 12 horas, maisaposta blazetreze mil mensagens foram enviadasaposta blaze28 grupos públicos.

Crédito, Reuters
O grupo que bate o recorde é o "Debate Político": 1.793 mensagens enviadas durante a noite e madrugada. O grupo tem 166 participantes com DDDs que vão do 11 ao 99. Tem genteaposta blazeSão Paulo, Minas, Rio, Paraná, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Brasília, Bahia, Pará, Maranhão, Alagoas, Ceará e Pernambuco. Tem até alguns usuários nos Estados Unidos.
Mas a dinâmica do grupo é o oposto do que seu nome propagandeia ("de debate só tem o título!", me disse um dos integrantes do grupo, o estudante potiguar Renan Bezerra dos Santos, 17). Não há debate, senão usuários bombardeando o grupo com um sem númeroaposta blazetextos, links, imagens e vídeos, sem descanso, sem trocaaposta blazeideias.
Ao menos é um grupo democrático, apesaraposta blazefocado nos dois extremos da disputa: apoiadoresaposta blazeBolsonaro publicam conteúdo a seu favor ao mesmo tempoaposta blazeque recebem material pró-Lula e Haddad.
Para facilitar meu experimento, utilizo o "Monitoraposta blazeWhatsApp", um sistema criado pelo professor Fabrício Benevenuto, do departamentoaposta blazeCiência da Computação da Universidade Federalaposta blazeMinas Gerais (UFMG), e mantido por ele e seus alunos.
O sistema acompanha 272 grupos públicosaposta blazeWhatsApp por meioaposta blazecelulares destacados só para isso e mostra as imagens, links, vídeos e textos compartilhados nos grupos. O pesquisador decidiu compartilhar o sistema com a imprensa, que passou a ter um canal para monitorar o que até então era um desconhecido universoaposta blazedesinformação na rede. Não há coletaaposta blazedados pessoais dos participantes.
Alguns dos grupos monitorados: "Jair Bolsonaro 2018", "Lula Presidente", "O Brasil com Ciro". Tem até um "Cabo Daciolo Presidente". A maioria dos grupos reúne apoiadoresaposta blazeum só lado, formando uma redeaposta blazebolha que pouco se comunica no nível dos grupos, mas que permeia diferente setores conforme o conteúdo se espalha pelos milhõesaposta blazegrupos conhecidos e parentes.
Há mais grupos sobre Bolsonaro (são 33) do que o restante. Isso gera, no pesquisador, uma preocupação com o desequilíbrio do estudo. No entanto, pode indicar que,aposta blazefato, haja mais grupos políticos sobre o candidato no WhatsApp. É impossível saber ao certo, já que o aplicativo não divulga o totalaposta blazegrupos existentes.
Dados do Datafolha, no entanto, jogam luz sobre essa dúvida: respondendo à pesquisa nesta semana, eleitoresaposta blazeBolsonaro foram os que mais declararam usar alguma rede social – 81% -, ante 59% dos eleitoresaposta blazeHaddad. Também foram os que mais disseram ler notícias sobre política no WhatsApp. São 57% dos eleitoresaposta blazeBolsonaro, enquanto só 38% dos eleitoresaposta blazeHaddad disseram se informar no aplicativo sobre política.

Crédito, Getty Images
Por isso, o resultado do meu experimento mostra mais notícias falsas publicadas por um polo, o do ladoaposta blazeBolsonaro. Mas sabemos que há notícias falsas produzidas pela esquerda que circularam também, como asaposta blazequando Bolsonaro foi esfaqueado.
Na ocasião, há um mês, foram difundidasaposta blazegrupos, por exemplo, áudios e imagens dizendo que o ataque tinha sido armado – porque não havia sangue, porque os médicos que lhe atenderam estavam sem luvas ou ainda porque o presidenciável havia sido registrado sorrindo e entrandoaposta blazepé no hospital, muito embora essa última cena tivesse acontecido no mesmo dia, mas antes do ataque. Como bem sabemos, Bolsonaro foi vítima, sim,aposta blazeum esfaqueamento.
Para chegar aos grupos que monitora, Benevenuto automatizou uma busca por linksaposta blazegruposaposta blazeWhatsApp com palavras-chave ligadas a política. Ou seja, a entradaaposta blazegrupos políticos é tão imparcial e abrangente quanto possível.

Minha jornadaaposta blazesete dias começou na
segunda-feira, dia 24aposta blazesetembro
Link falso para o Datafolha
O link mais divulgado do dia, compartilhado 45 vezesaposta blaze29 grupos, éaposta blazeuma suposta pesquisa do Datafolha: "Sua opinião é muito importante para nós! Participe da pesquisa e confira os resultados das eleições hoje".

Essa, para mim, como jornalista, é fácil. Imagino que seja um link falso porque sei que não há pesquisas do Datafolha conduzidas online. Uma simples busca confirma minha hipótese: digito "Datafolha WhatsApp" no buscador e o primeiro resultado é uma reportagem informando que os links do Datafolha compartilhadosaposta blazegrupos são falsos.
O link original com a notícia falsa já está fora do ar – e é impossível, portanto, averiguar a quem pertencia e com que objetivo foi criado.
Imagens contra direitos LGBT eaposta blazemulheres
Também vejo que usuários compartilharamaposta blazegrandes quantidades imagens contra direitos LGBT eaposta blazemulheres.
No sistema, temos: fotosaposta blazeHaddad com drag queens (9 grupos), a fotoaposta blazeum casalaposta blazehomens e um deles beijando um menino, insinuando que se trataaposta blazepedofilia (7 grupos – e a foto, na realidade, éaposta blazeum casal gay americano com seu filho), uma imagemaposta blazeum protesto feminista criticando a nudez das mulheres (6 grupos) e a fotoaposta blazedois homens dando um beijo – sendo que um está vestido como Jesus (5 grupos).
Uma montagem muito compartilhada mostra o rostoaposta blazeLula e, ao lado, o número 17 – que éaposta blazeBolsonaro, não do PT,aposta blazenúmero 13.

Terça-feira, 25aposta blazesetembro
'Linchamento virtual'
No manhã seguinte, o conteúdo mais compartilhado do dia é um link, enviado por 62 pessoasaposta blaze46 grupos. É o vídeo da cantora Daniela Mercury convocando "mulheres contra Bolsonaro". O vídeo, enquanto escrevo isso, tem 3,2 milhõesaposta blazevisualizações, 24 mil curtidas e 1,2 milhõesaposta blazedescurtidas.
A mensagem mais compartilhada do dia explica a quantidade enormeaposta blazedescurtidas, uma "campanhaaposta blazedeslike" organizada: "Rumo aos 2 milhões!" "Vamos dar dislike nos vídeos dos artistas rounet's EleNão. Clica no link, vai aparecer o vídeo e você clica na mãozinha 👎 A diferença do 👎 para o 👍 é gigantesca".

Nos próximos dias, a campanha continuará, pedindo inscrição no canal do PSL, partidoaposta blazeBolsonaro – "nesse momento perdemos para o PTaposta blazenúmeroaposta blazeinscritos". Pede também para que usuários descurtam vídeosaposta blazecomerciaisaposta blazeempresas estrelados por artistas como Anitta, para fazê-los "perderem patrocínio".
Uma tabela sistematizada circulará para contabilizar o númeroaposta blazecurtidas e descurtidasaposta blazecada artista. "Vamos fazer ela perder o patrocinio, só assim esses artistas sentirãoaposta blazeverdade qual nossa força!"
Quarta-feira, 26aposta blazesetembro
Ataque à imprensa
Ataques a veículosaposta blazeimprensa são frequentes. Vão desdeaposta blazemensagens que tentam alavancar conteúdo falso com frases como: "Isso a imprensa não dá", "Isso a mídia esconde" até a grotesca falsificaçãoaposta blazenotícias.
No terceiro dia, acompanhando os grupos, vejo que três capasaposta blazerevistas tradicionais no Brasil - Veja, Época e Exame - são, juntas, compartilhadasaposta blaze17 grupos. As "reportagensaposta blazecapa" das três mostram o mexicano Gerardoaposta blazeIcaza, diretor do Departamento para a Cooperação e Observação Eleitoral da OEA, assumindo "fraude nas urnas a favor do PT".

Os criadoresaposta blazenotícias falsas se apropriamaposta blazeformatosaposta blazenotícias reais para dar respaldo à mentira e confundir quem confia nos meios tradicionais. Sendo jornalista, consigo identificar isso rapidamente. Esta é outra notícia falsa facilmente desbancadaaposta blazeuma rápida pesquisa. Não é capaaposta blazenenhuma das três revistas.
Neste dia, há outro ataque à imprensa: seis outros grupos receberam uma mensagemaposta blazeuma pessoa que dizia trabalhar na editora Globo, dizendo que a cúpula da empresa havia se reunido para orientar atrizes para se posicionar publicamente contra Bolsonaro nas redes. "A Globo teve um contrato bilionário com o PT e há décadas financia a campanha do Lula", diz o texto. A mensagem tem os típicos sinaisaposta blazealertaaposta blazeconteúdo enganoso: alega algo bombástico sem citar fonte.
Quinta-feira, 27aposta blazesetembro
Futurologia enganosa
Decido dar esse nome para outro tipoaposta blazemensagem falsa que tenho observado circular nos grupos. Mensagens e áudios alertam para o que "vai acontecer nos próximos dias", principalmente na imprensa. Em um exercícioaposta blazefuturologia enganosa, os criadoresaposta blazenotícias falsas parecem criar algumas delas preventivamente.
Esse tipoaposta blazenotícia falsa também confere à mensagem um ar premonitórioaposta blazequem "está por dentro", embora as "previsões" sejamaposta blazecoisas que qualquer um conseguiria prever. Outras, por outro lado, são claramente uma invençãoaposta blazecoisas que nunca vão acontecer – mas a mensagem é transmitida e, mesmo que não aconteçam, o estrago pode já ter sido feito.

Alguns exemplos:
- A mensagem da pessoa que trabalharia na editora Globo diz: "Ainda vão vir muitos outros atores, apresentadores e ex-BBBs, mas será aos poucos, 2 ou 3 por dia, para não ficar muito 'na cara'."
- Um texto extremamente difundido sobre uma entrevista supostamente autorizada pela Justiça com Adélio Bispo, o homem que esfaqueou Bolsonaro, diz que, nos próximos dias, ele falaria que o atentado foi uma armação. Dizia também que "essas declarações mentirosas vão ao ar 2 dias antes da eleição" e "a mídia comunista vai bombardear o 'mito' na TV". O texto pede para o usuário compartilhá-lo ao máximo para "salvar o Brasil". O apelo para máximo compartilhamento para "salvar o país" é uma técnica usada com frequência. A mensagem circulouaposta blazeao menos 45 grupos na segunda-feira,aposta blazeformaaposta blazetexto e imagem, e na quinta, ainda tinha fôlego.
Sexta-feira, 28aposta blazesetembro
Bolsonaro 'nazista'
A notíciaaposta blazeque o general da reserva Hamilton Mourão, candidato a vice-presidenteaposta blazeBolsonaro, havia criticado o 13º salário, fora divulgada no dia anterior. Era provável, então, que o assunto fosse tema do conteúdo espalhado pela oposição.
Em poucos grupos, começam a circular imagens sobre o assunto, sempre associando Bolsonaro ao nazismo. Exemplo: uma chargeaposta blazeque Mourão diz "vamos acabar com o 13º salário do trabalhador!" e um Bolsonaro – com bigodeaposta blazeHitler – responde "Isto era segredo! Você não consegue ficar calado?"
Em outro grupo, uma imagem diz "Propostaaposta blaze'Bozonazi'aposta blazeacabar com 13º e adicionalaposta blazeférias é para depoisaposta blazeeleito. Era sigiloaposta blazecampanha. Mourão só antecipou". Uma terceira: "O governo militar do Bozo nem começou e já temos um desaparecido. Paulo Guedes...",aposta blazereferência ao economista que participa da campanha do PSL.
Ou seja, parte das mensagens mistura piada, descontextualização com conteúdo difamatório como a ligaçãoaposta blazeBolsonaro a Hitler. No caso do 13º, Bolsonaro havia desautorizado seu vice dizendo que se tratavaaposta blazeum artigo protegido por uma cláusula pétrea da Constituição e que, portanto, não poderia ser revogado. Alguns especialistas dizem que a cláusula pétrea que protege "os direitos e garantias individuais" impediria uma emenda que derrubasse o 13º.

Sábado, 29aposta blazesetembro
Áudiosaposta blaze'gente como a gente'
No penúltimo dia acompanhando os grupos, fica clara a técnica do áudio "intimista", ou seja,aposta blazealguém "gente como a gente" que demonstra simpatia por um candidato - algo que ouvi durante a semana inteira.
Observei alguns padrões que só ficaram claros quando observei as mensagensaposta blazeconjunto:
- Os narradores são, emaposta blazemaioria, homens
- Homens que contam histórias banais da vida real – alguma situação que teria acontecido com eles e que envolve algum candidato
- Usam maneiras muito informaisaposta blazeendereçar o ouvinte, como se o conhecesse, como se aquela mensagem inicialmente tivesse como destinatário um amigo e "caiu na rede"
- E que vivem situações impossíveis ou quase impossíveisaposta blazeserem checadas
Minha hipótese é que esse tipoaposta blazeáudio provoca familiaridade, proximidade e simpatia – até para mim, enquanto analiso esse conteúdo e escuto as gravações.

Dos áudios que mais circularam ao longo da semana, temos:
- O taxista carioca – que não sabemos se é taxista ou não – trabalhando durante as manifestações (no protesto contra Bolsonaro, havia "cheirãoaposta blazemaconha" e "geral bebendo"; já no favorável ao candidato só "o povoaposta blazebem mesmo, quem não gostaaposta blazesacanagem"). "Eu vi isso, não foi ninguém que me contou, não, eu tô aqui na pista trabalhando", diz. Seu áudio começa com ele dizendo: "C..., Valverde, hoje eu tô trabalhando só nas manifestações."
- O motoqueiro mineiro – que também não sabemos se éaposta blazefato um motoqueiro ou não – que conta ter entrado numa loja da Boticárioaposta blazeLagoa Santa (MG) e assustado a atendente porque estavaaposta blazecapacete. "Mas quando ela viu que eu estava com a camisa do Bolsonaro, ela já tranquilizou na mesma hora. 'Bandido não anda com camisa do Bolsonaro, não.'" "Olha pra você ver, cara, que interessante, a imagem que o cara que já passou pela sociedade (...) Olha o diferencial, véi. Que coisa boa." Esse começa o áudio dizendo: "Fala, Zé Teo, beleza? Aqui, olha que interessante, cara". (Detalhe: liguei para a loja da Boticárioaposta blazeLagoa Santa. Já ciente do áudio, uma funcionária da loja disse que a situação narrada nunca aconteceu.)
- O turista cariocaaposta blazeCuba – a essa altura não preciso dizer que não sabemos se é um turista cariocaaposta blazeCuba ou não – que diz que tudo o que conversou "lá com o povo é exatamente o que estamos vivendo agora no país",aposta blazeum tom alarmista. O tal turista começa a contaraposta blazehistória assim: "Porra, Jorge, fui lá naquela merda para ver como é esse esquema aíaposta blazeabrirem para o turismo".
- O turista carioca no Chile – "Ô, Léo", começa o áudio, "Fui pro Chile esquiar e encontrei com três americanas com maisaposta blaze60 anos". O narrador diz que as mulheres falam que o presidente americano Donald Trump "é um babaca, parece uma criança", mas que é "bom governante" e quem não gosta dele são "quem fuma maconha, os artistas, os que moram com os pais". O narrador diz, então, que a mesma coisa vale para o Bolsonaro. "Eu odeio o Bolsonaro e vou votar nele!", diz, com humor. A primeira vez que eu ouvi o áudio, por meio do sistema, foi na segunda-feira, compartilhadoaposta blaze20 grupos. O áudio teve fôlegoaposta blazequase uma semana.
É impossível verificar a origemaposta blazeum áudio no WhatsApp.

Domingo, 30aposta blazesetembro
Guerraaposta blazeversões das manifestações
O fimaposta blazesemana foi marcado por uma disputaaposta blazeversões sobre as manifestações contra o Bolsonaro, no sábado, e a seu favor, no domingo, circulando no Facebook e Twitter. Eraaposta blazese esperar que as narrativas fossem parar no WhatsApp.
Um vídeo compartilhado por 22 usuáriosaposta blaze19 grupos mostra a avenida Paulista,aposta blazeSão Paulo, cobertaaposta blazemanifestantes usando verde e amarelo. A mensagem que acompanha o vídeo diz: "A Globo admitiu ao vivo que manifestação pró Bolsonaro é a maior da história". No vídeo, a jornalista da GloboNews afirma que a Polícia Militar "acabouaposta blazeatualizar que o númeroaposta blazemanifestantes na Paulista chegou a um milhão", enquanto as imagens eram mostradas.
Até parecia crível. Mas uma busca rápida pelas palavras-chave seria suficiente para desmonta a versão. "Protesto 1 milhão Globonews", digito no Google. Era um vídeoaposta blazemarçoaposta blaze2015 e o protesto era contra Dilma Rousseff.
Em um dos gruposaposta blazeque faço parte, um usuário compartilha a capa do jornal O Globo, cuja foto principal era do protesto contra Bolsonaro na Cinelândia. A mensagem que acompanha: "Foto do Globoaposta blazehoje mostrando a Cinelândia cheia... ao fundo o prédio que desabou a (sic) seis anos atrás, intacto! kkkkkk Ainda bem que eles são burros". Um segundo usuário envia vários emojis batendo palma. Não há uma reação dos outros integrantes do grupo, não há conversa. Mais gente cola outros links por cima. Não dá para saber o quanto ela foi lida ou absorvida ou repassada pelas outras pessoas.
A foto publicada na capa do jornal O Globo era verdadeira.

"Foi num afã que enviei", justificou depoisaposta blazeconversa comigo o técnicoaposta blazeinformática paulistano Cleber Machado Leão,aposta blaze41 anos, o usuário que mandou a notícia no grupo. "Eu recebi a notícia, que me ganhou e me convenceu porque,aposta blazefato, era o que parecia que estava acontecendo, eu achava que estavam tentando inflar o protesto, então resolvi correr esse risco."
Questionado sobre por que não corrigiu o erro ao descobrir que havia compartilhado uma informação falsa, ele disse: "Perdi a referênciaaposta blazequal era o grupoaposta blazeque eu tinha enviado". Leão, eleitoraposta blazeBolsonaro, participaaposta blaze"uns 40 grupos" para "sentir o termômetro político" da população.
"Não dá para se informar muito nos grupos porque tem muita notícia falsa e tem muito ruído", afirma. "Mas, nos grupos, eu consigo ver mil pessoas falando e, por isso, acabo conhecendo mais opiniões que eu não conheceria durante o dia, quando eu não consigo ver tanta gente."

Quase todas informações falsas que eu encontrei durante os sete dias já haviam sido checadas pela imprensa brasileira. Bastava procurar por palavras-chaves no buscador.
Para o professor Fabrício Benevenuto, os grupos públicos podem ser "uma portaaposta blazeentrada para a desinformação dentro do WhatsApp".
Por meio do projetoaposta blazeque os monitora, diz, abre uma "pequena fresta" para ver o que está acontecendo nesse ecossistema. Com pessoas bem engajadas dentro dos grupos públicos e com a facilidadeaposta blazerepassar mensagens, a hipótese é que elas repassem as informações dos grupos públicos para os privados. "E aíaposta blazediante vai espalhando dentroaposta blazetoda a rede do WhatsApp", diz o pesquisador.

Crédito, Reuters
Nos grupos privados, acrescenta, a informação é repassada por alguém que é amigo, vizinho, parente. "Você confia na pessoa que te passou aquilo e passa a acreditar naquela informação, e não na que foi transmitida pela grande mídia", afirma Benevenuto, que defende uma ação do WhatsApp que crie soluções tecnológicas impedindo a disseminaçãoaposta blazeinformações falsa no aplicativo.
Seu sistema está sendo usado por jornalistas do Comprova, projetoaposta blazeverificaçãoaposta blazenotícias com 24 veículosaposta blazecomunicação brasileiros liderado pela Abraji e pelo laboratórioaposta blazepesquisa First Draft News, ligado à Harvard.
Na avaliaçãoaposta blazeYasodora Córdova, pesquisadora da Digital Kennedy School e do First Draft News,aposta blazeHarvard, que trabalha com o Comprova no Brasil, a desinformação que circula no WhatsApp,aposta blazeforma geral, é a mesma que circulaaposta blazeoutras redes sociais. O problema não é a rede, diz ela, é o que foi "varrido para debaixo do tapete" na sociedade brasileira que, segundo ela, está na Idade da Pedraaposta blazetermosaposta blazedebate público.
E o que o país precisa para combater desinformação? Educação, fontesaposta blazeinformação confiáveis e locais, concessõesaposta blazemeiosaposta blazecomunicação menos enviesadas. "O WhatsApp só adicionou escala para esses problemas."
Questionado, o WhatsApp afirmou, via assessoriaaposta blazeimprensa, que esses grupos públicos "compõem uma porcentagem muito pequenaaposta blazeutilização do WhatsApp" e que 90% das mensagens enviadas são entre duas pessoas. "A maioria dos grupos tem dez ou menos pessoas."

Crédito, Getty Images
Também afirmou que a empresa está trabalhando com entidadesaposta blazechecagemaposta blazefatos no Brasil, como o Comprova. Além disso, o aplicativo criou um marcador que mostra que a mensagem recebida foi encaminhada por outra pessoa e não escrita originalmente por ela e fez "uma campanhaaposta blazeeducaçãoaposta blazelarga escala no Brasil eaposta blazeoutros países sobre desinformação".
Segundo a empresa, ela também começou a testar um limiteaposta blazeencaminhamentoaposta blazemensagens no WhatsApp – na Índia, depois que notícias falsas compartilhadas no aplicativo levaram ao linchamentoaposta blazeinocentes, foi imposto um limiteaposta blazeencaminhamento para 5 pessoas por usuário. No Brasil e no mundo, o limite éaposta blaze20 pessoas.
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