O que são e como agem as milícias acusadasbet 50matar Marielle Franco:bet 50

Muro com fotobet 50Marielle Franco

Crédito, EPA

Legenda da foto, Milicianos estão sendo acusadosbet 50participação na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes,bet 50março, no Rio
Marcello Siciliano dá entrevista

Crédito, ABR

Legenda da foto, Houve uma operaçãobet 50busca e apreensão na casa e no gabinete do vereador Marcello Siciliano (PHS), acusado por testemunhasbet 50estar envolvido no crime

Também foi feita uma operaçãobet 50busca e apreensão na casa e no gabinete do vereador Marcello Siciliano (PHS). O político estaria envolvido junto com um miliciano no assassinatobet 50Marielle, segundo depoimentos prestados à polícia. Siciliano nega qualquer participação no crime.

A Polícia Civil ainda apura um suposto plano para executar o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Segundo uma denúncia anônima, um policial militar e comerciantes ligados a milicianos teriam a intençãobet 50matá-lo.

Freixo é o autor do relatório da CPI (Comissão Parlamentarbet 50Inquérito) que investigou a atuação das milícias,bet 502008, e que culminou no indiciamentobet 50226 pessoas por ligações com estes grupos, entre elas vereadores e deputados estaduais.

Até hoje esta CPI foi a maior investigação já feita sobre a atuaçãobet 50milícias.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, as milícias representam hoje uma ameaça maior do que o tráficobet 50drogas no Riobet 50Janeiro.

O que são as milícias

Milícias são grupos armados irregulares formados muitas vezes por integrantes e ex-integrantesbet 50forçasbet 50segurança do Estado, como policiais, bombeiros e agentes penitenciários.

Os milicianos assumem por meio da força armada o controle territorialbet 50áreas ou mesmo bairros inteiros e coagem moradores e comerciantes, segundo definições traçadas pelos pesquisadores Ignácio Cano e Thais Duarte no estudo "No Sapatinho: a evolução das milícias no Riobet 50Janeiro (2008-2011)", publicadobet 502012.

Estes criminosos se apresentam como uma solução para o problema do tráficobet 50drogas seja para impedirbet 50entradabet 50um determinado bairro, por exemplo, ou como uma formabet 50expulsar os traficantes dali.

"Estes grupos podem ter 20, 30 ou até 40 membros. São pessoas quebet 50alguma forma têm acesso privilegiado a armas e bons contatos na polícia, o que lhes confere proteção. Eles ocupam uma área sob a justificativabet 50que proporcionarão a segurança que o Estado não é capazbet 50fornecer, deixam um grupo armado no local e partem para outras áreas para invadi-las", diz Michel Misse, diretor do Núcleobet 50Estudosbet 50Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ (Universidade Federal do Riobet 50Janeiro).

Marielle Franco

Crédito, EPA

Legenda da foto, Marielle teria virado alvo ao trabalhar com um grupobet 50Rio das Pedras que tentava impedir a construçãobet 50novos edifícios no local, o que traria prejuízo a milicianos

As milícias têm como objetivo principal o lucro, obtido a princípio pela cobrança da proteção oferecida nestes locais.

"Eles chegam dizendo que trarão a paz, mas isso tem um preço, que é a taxabet 50segurança imposta a moradores e comerciantes. Quem se opõe, é morto. Depois, as milícias percebem que podem criar um negócio mais amplo e ampliam o portfóliobet 50suas atividades", explica o sociólogo José Cláudiobet 50Souza Alves, professor da UFFRJ (Universidade Federal Rural do Riobet 50Janeiro).

O pesquisador diz que atualmente as milícias estão envolvidas na ofertabet 50uma variedadebet 50serviços, como vendabet 50água, gás e cestasbet 50alimentos, transporte clandestino, TV a cabo e internet piratas, roubo e refinobet 50petróleo cru para fabricaçãobet 50combustível, coletabet 50lixo e também na apropriaçãobet 50terras públicas e privadas abandonadas ou sem uso, que são loteadas e vendidas ilegalmente.

Esta última atividade estaria ligada ao crime contra Marielle e Anderson,bet 50acordo com a polícia, porque a vereadora estaria apoiando um grupo que lutava contra o plano da prefeitura para a comunidadebet 50Rio das Pedras, na zona oeste,bet 50realizar parcerias com construtoras para que elas fizessem obrasbet 50urbanizaçãobet 50troca da permissão para construir edifíciosbet 50até 12 andares na região.

Rio das Pedras foi uma das primeiras áreas da cidade a ser controlada por milícias. A atuação da vereadora contrariaria os interessesbet 50milicianos, que seriam donosbet 50imóveis no local.

A origem das milícias

Muitas vezes, as milícias são tratadas como uma novidade surgida no Riobet 50Janeiro nos anos 2000, mas especialistas no tema apontam que suas raízes são mais profundas.

"Quando se cria essa categoria, parece um fenômeno novo, mas foi apenas um novo nome para um tipobet 50atividade que já existia na Baixada Fluminense [na região metropolitana do Rio] desde os anos 1950,bet 50que gruposbet 50extermínio já agiam como protomilícias e cobravam taxasbet 50comerciantes locais para manter a ordem", diz Misse.

Alves afirma que, a partirbet 50meados dos anos 1990, estes grupos mudarambet 50perfil - até então formados majoritariamente por civis, eles passaram a ter entre seus membros cada vez mais agentes públicosbet 50segurança e ganharam força, atuando também na política.

"Com o controlebet 50um território urbano, eles passam a oferecer o acesso a eleitores e vendem votosbet 50áreas inteiras para quem paga mais", diz o sociólogo.

Marcelo Freixo segura relatóriobet 50CPI

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O deputado Marcelo Freixo (PSOL) foi o autor do relatório da CPI que culminou com o indiciamentobet 50226 pessoas por ligações com milícias

A socióloga Julita Lemgruber, coordenadora do Centrobet 50Estudosbet 50Cidadania na Universidade Candido Mendes (CESeC) e ex-diretora do sistema prisional do Riobet 50Janeiro, diz que,bet 50princípio, "havia a crença que estes grupos tinham bons propósitos".

"Políticos chegaram a transmitir a ideiabet 50que, como a polícia não podia dar segurança, a própria população estava se organizando para fazer isso, mas, com o tempo, ficou claro que eram grupos armados que estavam submetendo comunidades inteiras a um regimebet 50terror e cometendo todo tipobet 50crimes", diz Lemgruber.

A CPIbet 502008, instaurada após funcionários do jornal O Dia terem sido torturados por milicianos, foi um ponto importante para essa mudançabet 50percepção.

A Secretariabet 50Segurança Pública do Riobet 50Janeiro informou à BBC News Brasil que, entre 2006 e setembro deste ano, 1709 pessoas foram presas por ligações com milícias.

No entanto, Lemgruber faz críticas ao real efeito da CPI e da atuação do Estado contra estes grupos.

"A CPI mostrou que temos um problemabet 50grandes proporções, durante algum período pessoas foram presas, mas nada foi feito além disso", afirma a socióloga.

"Algumas medidas simples poderiam ter sido tomadas. As corregedorias das corporações deveriam ter aberto investigações para verificar se agentes suspeitos tinham rendimentos para levar a vida que tinham. Estes grupos precisavam ser sufocados financeiramente, mas isso nunca aconteceu, porque não há interesse. Ou melhor, há muitos interesses escusos entremeados aí."

Visão aéreabet 50Rio das Pedras

Crédito, AFP

Legenda da foto, Investigação apura se Marielle teria sido morta por contrariar interessesbet 50milicianos na comunidade Rio das Pedras, na zona oeste do Rio

A dimensão das milícias

Estudos apontam que as milícias cresceram bastante desde a conclusão da CPI.

Um levantamento do MPE (Ministério Público Estadual) do Riobet 50Janeiro reveladobet 50abril pelo jornal O Globo mostra que, nos últimos oito anos, as milícias mais do que dobrarambet 50áreabet 50atuação na zona oeste do Riobet 50Janeiro.

Em 2010, grupos paramilitares controlavam 41 comunidades e favelas cariocas nesta região da cidade. Hoje, são 88.

Porbet 50vez, um levantamento do site G1 feito com basebet 50dados do MPE, da Polícia Civil, da Secretariabet 50Estadobet 50Segurança e do IBGE aponta que,bet 502008, as milícias estavambet 50161 favelas da região metropolitana fluminense. Dez anos depois, já estãobet 5037 bairros da cidade e 165 favelas.

Estes grupos teriam 2 milhõesbet 50pessoas sobbet 50influência,bet 50uma áreabet 50348 km², uma expansão ocorrida não só na zona oeste, mas também na Baixada Fluminense e no municípiobet 50Itaguaí, a 69 km do Rio.

Na avaliaçãobet 50Alves, da UFRRJ, as milícias representam hoje um perigo maior do que o tráficobet 50drogas.

"O poder deles é incomparável, têm um portfóliobet 50negócios embet 50base e estão dentro do Estado. Eles elegem políticos, o tráfico não. Veja que, para a investigação sobre a morte da Marielle chegar a alguma coisa, foram necessários nove meses. Não sei se isso terá algum resultado, mas mostra o poder que as milícias têm hoje."

Misse, da UFRJ, concorda que os grupos paramilitares são um problemabet 50segurança pública "mais grave do que o tráfico, porque envolve agentes e ex-agentes públicos".

"Hojebet 50dia, há um discurso que legitima esse tipobet 50atuação,bet 50que isso é algo eficiente para controlar a criminalidade, algo que o tráfico não tem", afirma.

"As milícias continuam se espalhando e parecem ter um projetobet 50expansão,bet 50ampliar seu poder por meio da política, conferindo a ela uma proteção por dentro do Estado."

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