Alagamentosbwin liveSP: a rotinabwin livedoençasbwin livemoradores que estão embaixo d'água há maisbwin liveum mês:bwin live

Legenda do vídeo, Alagamentobwin livebairrobwin liveSão Paulo já dura maisbwin liveum mês

Nos 50 primeiros diasbwin live2019, 9.368 moradores da região receberam atendimento médico. Entre eles, 147 estavam com diarreia.

Menino observa caminhão passando por enchente próximo à ponte da Vila Any

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil

Legenda da foto, Moradores relatam ter contraído leptospirose, dengue e várias outras doençasbwin liveregião alagada há maisbwin liveum mêsbwin liveSP

De chinelos e empurrando uma bicicleta com a água na altura das canelas, o pedreiro Edno Donizete Miocibwin livePaula,bwin live54 anos, diz à reportagem que contraiu leptospirose - transmitida por urina do rato.

"Eu peguei leptospirose, por isso eu evito pisar nessa água. Fiquei quatro dias internado e consegui escapar, mas algumas pessoas pegaram a (leptospirose) hemorrágica e morreram. Quando está cheio assim, não dá nem para levar as crianças na escola ou sair para trabalhar porque preciso carregar material (no carro). A água do esgoto está retornando para nossas casas, mas parece que não se importam com isso", afirmou.

A poucas ruas dali, Ilza Maurício,bwin live57 anos, mora tão perto da várzea do rio Tietê que as roupas estendidas no quintal dela pingam sobre a água barrenta e cheiabwin livelixo que invade os fundos do imóvel. Ela conta que já teve hepatite, problemasbwin livegarganta, micose e frieiras - que demoraram para curar.

Apreensiva, ela lembra que algunsbwin liveseus vizinhos morrerambwin liveleptospirose nos últimos anos e relata que sente medobwin livecontrair doenças mais graves.

"A gente tem contato com a água o tempo todo, fica com a enchente na altura do joelho. Não tem onde estender roupa. Demora meses para abaixar a água. Ninguém gostabwin livemorar numa lagoa que nem sapo. A gente convive (com isso) porque não tem condiçõesbwin livesair", afirma.

Cachorro bebe águabwin liverua alagada há maisbwin liveum mêsbwin liveSão Miguel Paulista

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil

Legenda da foto, Ednobwin livePaula,bwin live54 anos, morabwin liverua alagada e disse que ficou internado quatro dias após pegar leptospirose

Donabwin liveum armazém a cercabwin live30 metros do rio, Neusa Gomes da Silva,bwin live53 anos, mostra para a reportagem suas duas pernas inchadas, com manchas brancas e marcasbwin liveuma grave coceira. Ela está com uma infecção na perna causada pela enchente nos últimos anos. Ela não soube explicar qual é abwin livedoença, mas conta que quando chove e ela tem um contato mais frequente com a água suja, o problema se agrava.

Ela diz que já foi internada três vezes por contabwin livecrises da infecção, que causa, além do inchaço, feridas e bolhas. Ela diz quebwin liveúnica vontade é deixar o bairro e se livrar das enchentes.

"Me dá ânsiabwin livevômito, desinteria e essa doença nas pernas. Eu tenho medo, mas ninguém pode fazer nada. Só pensobwin livesair daqui para um lugar melhor", afirma ela.

Por outro lado,bwin livevizinha Daniela Bezerra da Silva,bwin live27 anos, não tem tanto medobwin livedoenças, masbwin liveterbwin livecasa carregada pelo rio Tietê durante uma tempestade. Na última semana, a força da água abriu um buraco no chão e causou rachaduras no quarto onde ela dorme com o marido.

Janelabwin livemoradora da Vila Aymoré tem vista para o rio Tietê

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil

Legenda da foto, Janela da casabwin liveDaniela da Silva, onde força da água abriu buraco e causou rachaduras

"A gente estava deitado quando começou a fazer um barulho. Quando vimos, estava abrindo o chão e estava cheiobwin liveágua dentro do quarto. Ficamos com medo, pegamos o colchão e dormimos na cozinha. Na última noite, nem dormibwin livetanto medo", afirmou.

A Prefeiturabwin liveSão Paulo informou que cercabwin live4,5 mil famílias da região receberam indenizações ou auxílio aluguel desde 2009, quando foi declarado estadobwin livecalamidade pública na região devido a um temporal. Desse total, 1,5 mil receberam moradias populares.

Riscobwin livecontaminação

Infectologistas entrevistados pela BBC News Brasil disseram que as doenças mais comunsbwin liveáreas alagadas são leptospirose e diarreia. Apesarbwin livediversos moradores terem relatado casosbwin livetuberculose, eles disseram que a doença é respiratória e transmitidabwin livepessoa para pessoa, sem relação com as enchentes.

A presidente da Comissãobwin liveControlebwin liveInfecção Hospitalar do instituto do Hospital das Clínicas, Thaís Guimarães, disse que a leptospirose pode ocorrer até mesmobwin livelocais com água limpa.

"A leptospira (bactéria transmissora) penetra na pele e, dependendo do caso, pode levar a óbito. Já as diarreias infecciosas ocorrem pela ingestãobwin liveágua contaminada, que se mistura com esgoto. Se você engole coliformes, tem grandes chancesbwin liveter diarreia infecciosas. O paciente tem febre, desidrata e pode até morrer", afirmou.

Vendabwin liverua alagada com bicicleta estacionada na porta

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil

Legenda da foto, Vendabwin liverua alagada com bicicleta estacionada na porta

Para ela, porém, o ideal é que nenhuma pessoa estivesse nessa área. "Mesmo se ela tiver usando bota, a água pode entrar no calçado e, se ela não tiver cuidado e colocar a mão no alagamento, vai ter a mesma exposição. Essas pessoas deveriam ir para outros lugares, como abrigos. Não há qualidadebwin livehigienebwin liveum local com tanta umidade e mofo", disse Guimarães.

Juvêncio Furtado, professorbwin liveInfectologia na Faculdadebwin liveMedicina do ABC, diz que os moradores devem seguir algumas recomendações para evitar a contaminação.

"O ideal é que os moradores da região só bebam água tratada. Eles devem ferver a água antes do consumo. O excessobwin livechuvas ainda pode formar criadourosbwin livemosquitos e transmitir doenças como dengue e febre amarela", afirmou.

A Coordenadoriabwin liveVigilânciabwin liveSaúde da Secretaria Municipal Saúdebwin liveSão Paulo (Covisa) ainda alerta que o contato com a água da enchente pode causar cólera, febre tifoide, hepatite A e E, entre outras doenças. A prefeitura pede para que elas procurem imediatamente uma unidadebwin livesaúde caso apresentem algum dos seguintes sintomas: febre e calafrios, diarreia, náuseas e vômitos, icterícia (olhos e pele amarelados), fezes claras, urina escura, ferimentos, fraqueza e cansaço, faltabwin liveapetite e sangramentos.

Hélia Maria Soares ao ladobwin liveumbwin liveseus netos

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil

Legenda da foto, Mesmobwin livecimabwin livecadeiras e engradados, móveisbwin liveHélia Maria Soares,bwin live78 anos, ficam molhados após alagamentos

O município disse ter distribuído 6.351 frascosbwin livehipocloritobwin livesódio para 700 famílias que vivem na região das enchentes para que eles usem o produto na limpeza das casas, dos alimentos e da água que bebem.

A prefeitura afirmou ainda que limpou outros dois córregos da região e que, no último ano, 2,9 mil toneladasbwin livelixo foram retiradas do local. Desde 2010, foram retiradas maisbwin live2 mil carcaçasbwin liveveículos das águas da região, conhecido como pontobwin livedesovabwin livecarros roubados.

Por que a região fica tanto tempo alagada?

Principal córrego da região, o Itaim Paulista nasce na cidadebwin liveFerrazbwin liveVasconcelos (Grande SP), passa pelo municípiobwin livePoá e entra na capital pelo Itaim Paulista, seguindo seu fluxo até desembocar no rio Tietê,bwin liveSão Miguel Paulista.

O problema está justamente nesse ponto final, onde a água encontra uma barreira que fica represada nos bairros. Questionado, o governo disse que isso acontece "principalmentebwin liverazão da várzea do Tietê, com topografia plana típica da região".

Mas o líder comunitário Euclides Mendes, que vive no bairro há 48 anos, tem uma explicação mais detalhada.

Alagamento na regiãobwin liveponte que liga a cidadebwin liveGuarulhos a bairros alagadosbwin liveSão Paulo

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil

Legenda da foto, Prefeitura diz que foram registrados 147 casosbwin livediarreia na região alagada nos 50 primeiros dias deste ano

"Na décadabwin live1970, aqui funcionava uma mineradora que extraía areia da região. Ela fez um desvio irregular no rio e deixou uma cratera no local . Esse buraco encheu, a água ficou sem oxigenação, criou aguapé e mato e impediu o fluxo do córrego", disse.

Para ele, as medidas mais urgentes para acabar com os alagamentos constante seriam a limpeza do córrego, que acumula toneladasbwin livelixo, e a construçãobwin liveum pôlder - área protegida por diques para conter inundações. Mendes e outros moradores da região já pediram ajuda à Defensoria Pública, Ministério Público e aos governos municipal e estadual.

O último abaixo-assinado feito pelos moradores pedindo agilidade nas obras já reuniu maisbwin live2.700 assinaturas. O Governobwin liveSão Paulo informou à BBC News Brasil que a construçãobwin liveum pôlder na região "é prioridade da atual gestão". A pasta disse que o processobwin livedesapropriaçãobwin live145 imóveis, iniciadobwin livedezembrobwin live2017, atrasou o cronograma. E diz que deve entregar a obra até o fim deste ano.

Enquanto as obras não saem, a prefeitura disse que 12 bombas e seis caminhões hidrojato foram disponibilizadosbwin liveparceria com o Departamentobwin liveÁguas e Energia Elétrica (DAEE) para retirar a água acumulada da região desde o início dos alagamentos. A reportagem presenciou o trabalhobwin livedois caminhões. Mas o volumebwin liveágua é grande, não é possível concluir o trabalhobwin liveum dia e os moradores veem o trabalho como "enxugar gelo". Segundo eles, na primeira chuva, as ruas enchem novamente.

Preservativobwin liverua alagada

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil

Legenda da foto, Preservativo boia próximo a sacosbwin livelixo, brinquedos e sujeirabwin liverua alagada na zona lestebwin liveSão Paulo

Bairro paralisado

Os bairrosbwin liveVila Itaim e Vila Aymoré têm uma populaçãobwin livebaixa renda, com poucas opçõesbwin livelazer. Com os alagamentos, as crianças que vivem na região perdem o principal local onde costumam jogar futebol, empinar pipa e brincar: a rua. Os comerciantes locais também sofrem um grande impacto nas vendas.

Donabwin liveuma pequena mercearia que vende desde ovos a refrigerante e mantimentos como açúcar e feijão, Maria Aparecida da Silva,bwin live50 anos, prefere nem levantar a portabwin liveaço do comércio.

"Eu não vendo praticamente nada. Salgadinho está tudo parado. Passo o dia inteiro e não vendo nem R$ 10. Quando não está alagado, aqui é cheiobwin livegente. Hoje, ninguém consegue passar", disse.

Dentrobwin livecasa, os moradores também contabilizam os prejuízos. Com a experiência dos últimos anos, eles instalam barreirasbwin liveconcreto e comportas nas entradas das casas para tentar impedir a entrada da água. Tudobwin livevão.

A água sobe muito acima do nível da barreira e a velocidade é tão grande que os moradores não conseguem levantar os móveis a tempo e acabam perdem boa parte do que têm. Para comprar tudobwin livenovo, boa parte da renda familiar é comprometida, num ciclo anualbwin liverenovação.

Pernasbwin liveNeusa Gomes da Silva

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil

Legenda da foto, Comerciantebwin live53 anos diz que convivência com alagamentos causou infecção nas pernas

Ao ouvir as primeiras gotas batendo no telhado, Hélia Maria Soares,bwin live78 anos, corre para juntar as cadeiras e engradados vaziosbwin livecerveja para colocar os móveisbwin livecima. Na última semana, não adiantou nada. A água subiu maisbwin liveum metro.

"Eu tinha um rack, mas a enchente levou. Meu neto agora fez uma estante na parede. Ainda tenho duas parcelas para pagar desta cômoda, mas a água atingiu a parte debaixo e já foi. Quem não gostabwin livedormir com chuva? Aqui, a gente dorme com pavor porque acorda todo mundo", afirmou.

A situação do irmão dela,bwin live83 anos, é ainda mais complicada. Ele não consegue andar e dependebwin liveser carregado nos braços pelos sobrinhos para o segundo andar do sobrado onde vivem sempre que alaga. Sem a ajuda, ele poderia morrer afogado. Na chuva desta semana, a água subiu acima da altura da cama dele e molhou até mesmo o colchão, que também deve ir para o lixo.

A família já tentou diversas estratégias para evitar a entrada da água durante as fortes chuvas, até mesmo construir muretas na portabwin livecada cômodo. Sem dinheiro para se mudar, a única esperança deles é a conclusão das obras que prometem acabar com as enchentes.

Ela relatou ter limpado toda a casa horas antes da enchente que ocorreu nesta semana. "Perdi meu tempo, perdi minhas coisas e graças a Deus não perdemos a vida. Para nós, não tem solução. Eles dizem que depois que a obra terminar, a gente não vai ter problema. Eu já não tenho esperanças".

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