'Ele morreu duas vezes': a batalhacassino do foguetinhouma mãe para tirar da internet 'fake news' que acusam filho mortocassino do foguetinhoser traficante:cassino do foguetinho

Acusavam Marcoscassino do foguetinhoter envolvimento com o tráficocassino do foguetinhodrogas - o tom das mensagens dava a entender que isso justificaria uma execução. A postagem se espalhou como fogo.

"Não tive luto. Enterrei o Marcos e falei 'agora vamos combater esse fake news'. Uma mãe não pode ficarcassino do foguetinhocasa vendo seu filho ser esculachado na internet. Graças a Deus eu limpei o nome dele. Só a gente sabe a dificuldade que é criar um adolescente aqui dentro sem ele virar traficante", diz Bruna.

'Eles não viram que eu estavacassino do foguetinhouniforme, mãe?'

Este é o depoimentocassino do foguetinhoBruna sobre o que aconteceu.

Eram 7h30 quando ela acordou, naquela manhãcassino do foguetinhoquarta-feira, no apartamentocassino do foguetinhoum cômodo onde mora a família, na Vila dos Pinheiros, uma das favelas do Complexo da Maré.

Ela costumava despertar o filho às 7h todos os dias, mas na noite anterior esqueceracassino do foguetinhoacionar o alarme. Marcos se vestiu às pressas, mas quis passar na casacassino do foguetinhoum amigo para que caminhassem juntos até a escola. Os dois acabaram perdendo o horário, e não foram à aula, diz Bruna.

"Lá para as 9h, o águia (helicóptero da polícia) entrou dando tiro. Naquele momento ninguém tinha dimensão do que estava acontecendo na comunidade. Achamos que o helicóptero tinha passado, dado tiros e pronto. Mas não, estava acontecendo uma operação", diz ela.

Entidadescassino do foguetinhodefesacassino do foguetinhodireitos humanos criticam o usocassino do foguetinhohelicópteroscassino do foguetinhooperações. Já a polícia diz que eles são necessários para evitar confrontos.

Bruna segue com o relato, reproduzindo o que ouviucassino do foguetinhouma testemunha. "Eles correram e se esconderam. Quando o helicóptero passou, saíram. Mas aí toparam com um blindado [veículocassino do foguetinhocombate usado por forçascassino do foguetinhosegurançacassino do foguetinhofavelas]." Segundo ela, os dois deram meia-volta, mas Marcos foi alvejado.

O objetivo da operação era combater o tráficocassino do foguetinhodrogas e cumprir mandadoscassino do foguetinhoprisão. Naquele dia, suspeitoscassino do foguetinhoenvolvimento com o tráfico foram mortos dentrocassino do foguetinhouma mesma casa. Ninguém foi preso.

Quando soube que ocorria uma operação, Bruna diz ter pensado: "E se o Marcos não estiver na escola? E se não deu tempocassino do foguetinhoele chegar?" Ela ligou para o celular do filho, mas quem atendeu foi um amigo, que dizia que ele havia sido baleado e levado para uma unidadecassino do foguetinhosaúde.

Marcos ainda estava vivo quando Bruna chegou. "Ele me falou, 'mãe, o blindado atiroucassino do foguetinhomim. Eles não viram que eu estavacassino do foguetinhouniforme?'"

Segundo a Polícia Civil, o caso seguecassino do foguetinhoinvestigação na Divisãocassino do foguetinhoHomicídios. Estão sendo colhidos os últimos depoimentos e laudos técnicos com as conclusões estão sendo aguardados para que a reprodução simulada do ocorrido seja marcada.

'Fake news me levou do luto à luta'

O menino foi levado a um hospital para ser operado, e Bruna foi para casa buscar roupas, pois pretendia se instalar lá com o filho. "Até aquele momento eu estava pensando, 'Bruna, calma, seu filho está vivo ainda'."

Quando chegoucassino do foguetinhocasa, uma amiga lhe perguntou, "Bruna, você já olhou o Facebook?". Ela disse que não estava com cabeça para isso, mas ficou curiosa. Ao abrir a rede social, viu que muitas pessoas haviam compartilhado uma foto, supostamente do seu filho, com uma arma, como formacassino do foguetinhojustificarcassino do foguetinhomorte.

"Cuidei do meu filho com muito carinho, aí eles vão lá e matam. Não basta só matar, tem que difamar. Aí falei, 'eles querem briga, vou brigar'", diz Bruna.

As advogadas Evelyn Melo, Samara Castro e Juliana Durães chegaram ao caso por meio do gabinete do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), para quem Evelyn trabalha. Meses antes, as três haviam conseguido que a Justiça obrigasse o Facebook a retirar do ar informações falsas sobre a vereadora Marielle Franco, do mesmo partido, assassinadacassino do foguetinhomarçocassino do foguetinho2018.

Elas assumiram também o casocassino do foguetinhoMarcos. Numa força-tarefa, voluntários reuniram links para perfis e páginas que haviam compartilhado a foto. "Eram muitos", diz Evelyn. "As pessoas não fazem ideia que um simples compartilhamento pode acabar com uma família." As advogadas apresentaram as páginas à Justiça, que determinou que o Facebook apagasse as postagens.

Foi possível identificar postagens que foram importantes para a disseminação da foto, mas não se sabecassino do foguetinhoonde partiu a corrente. Segundo Evelyn, entre os que compartilharam a foto, havia perfiscassino do foguetinhopoliciais. O processo segue. As advogadas agora tentam identificar quem são as pessoas por trás dos perfis que postaram a imagem.

'Eu era uma mulher ativa'

Bruna ainda vive no mesmo apartamento, com o marido, ajudantecassino do foguetinhopedreiro, e a filha, que hoje tem 13 anos.

"Ela também usou o Facebook para pedir que as pessoas não falassem do irmão dela sem conhecer. Hoje, ela entra pouco lá", diz a mãe.

Bruna, que é empregada doméstica, não está trabalhando. "Hoje ficou complicado para mim. Me prejudicou. Alémcassino do foguetinhoeu perder um filho, as pessoas não querem contratar uma pessoa que está processando o Estado."

Ela toma precauções ao sair na rua, pois se sente ameaçada. "Quando saio, é com cautela. Peço para o meu marido me levar até a saída da favela. Procuro despistar. Não só matam nossos filhos, matam a família. Eu era uma mulher ativa, tinha trabalho, podia entrar e sair da favela na hora que quisesse. Mas medo eu não tenho, medo me paralisa, eu não tenho tempo para medo. É só precaução."

Desinformação na favela

Casoscassino do foguetinhodifamação após uma morte violenta não são raros. Segundo Rene Silva, fundador do veículocassino do foguetinhocomunicação voltado para favelas Voz das Comunidades, algo parecido com o casocassino do foguetinhoMarcos aconteceu após a mortecassino do foguetinhoEduardocassino do foguetinhoJesus,cassino do foguetinhodez anos, que foi atingido por um tiro na portacassino do foguetinhocasa, no fim da tardecassino do foguetinho2cassino do foguetinhoabrilcassino do foguetinho2015, numa parte do Complexo do Alemão conhecida como Areal.

Em muitas favelas do Rio, tiroteios podem acontecer a qualquer momento do dia ou da noite, por isso, estar bem informado pode ser questãocassino do foguetinhovida ou morte.

O Voz das Comunidades informa seus leitores por gruposcassino do foguetinhoWhatsapp sobre a localizaçãocassino do foguetinhooperações, para que eles não acabem na linhacassino do foguetinhotiro.

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