Rede antivacina no Brasil importa teorias da conspiração dos EUA e cresce com sistemabullsbet loginrecomendação do YouTube:bullsbet login

  • Juliana Gragnani
  • Da BBC News Brasilbullsbet loginLondres
Ilustraçãobullsbet loginvacina

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, BBC News Brasil encontrou 15 vídeos antivacina no YouTube e 'bolha'bullsbet loginrecomendação na plataforma, que diz que vai implementar mudanças até fim do ano

bullsbet login "Não sou eu que estou falando, são os fatos", diz um rapaz brasileiro para a câmera.

Os "fatos", segundo ele: "o vírus da zika foi criado pela família americana Rockefeller, enquanto Bill Gates usoubullsbet loginfortuna para investirbullsbet loginvacinas. Ambos com o mesmo objetivo: reduzir a população mundial".

O vídeo está disponível no YouTube, tem cercabullsbet login825 mil visualizações e pode ser encontrado pela ferramentabullsbet loginbuscas.

Uma propaganda interrompe o vídeo, o que significa que ele é monetizado - ou seja, rende lucro ao autor -, embora o YouTube tenha anunciado que vídeos com desinformação seriam impedidosbullsbet loginexplorar esse recurso.

Um vídeo igual, mas publicadobullsbet loginoutra conta, tem quase 244 mil visualizações.

Sem estar logadabullsbet loginqualquer conta no YouTube, a BBC News Brasil fez buscas na plataforma com os termos "vacina", "devo vacinar minha filha" e "devo vacinar meu filho".

A maior parte dos resultados são vídeos com informações verídicas sobre a vacinação. Alguns, contudo, são vídeos contrários à vacinação.

E, ao clicar nestes, a recomendação dos vídeos seguintes leva o usuário a outros vídeos antivacina, levando a uma espéciebullsbet login"bolha" no YouTube.

Em outras tentativas, os vídeos reproduzidos automaticamente eram sobre outros assuntos - às vezes outras teorias conspiratórias, às vezes reportagens verídicas sobre vacinação.

Printbullsbet loginpropagandabullsbet loginvídeo antivacina no YouTube
Legenda da foto, Alguns vídeos contra vacinas encontrados pela BBC News Brasil exibiam anúncios, ou seja, estavam monetizados no YouTube
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Esses vídeos são criados por pessoas adeptas do movimento antivacina, um fenômeno mundial com reverberação menor no Brasil.

Há alguns grupos fechados no Facebook sobre o assunto e, no YouTube, a BBC News Brasil encontrou 15 vídeosbullsbet loginbrasileiros sobre o tema, sendo o mais visto aquele com 825 mil visualizações.

Depois que a BBC News Brasil enviou os vídeos ao YouTube, aqueles que eram monetizados foram desmonetizados pela plataforma. Segundo a empresa, vídeos que digam diretamente "você não deve se vacinar" violam diretrizes e serão retirados do ar; aqueles só com teorias da conspiração - mesmo que contrárias a vacinas - se enquadram apenas como desinformação e não podem ser monetizados, mas permanecerão no ar.

Todos os vídeos encontrados pela reportagem foram publicadosbullsbet login2018 ou 2019, e a maioria reproduz teorias da conspiração importadas dos Estados Unidos, onde o movimento é forte.

O conteúdo dos vídeos brasileiros muitas vezes é copiado ou traduzidobullsbet loginvídeos antivacina americanos. Dois dos vídeos sãobullsbet loginsupostos médicos que contraindicam especificamente vacinas contra gripe e contra a febre amarela.

Os comentários na maioria dos vídeos sãobullsbet loginpessoas que hesitambullsbet loginvacinar seus filhos e felicitam os youtubers pelas "informações".

Cobertura vacinal

A Organização Mundialbullsbet loginSaúde (OMS) incluiu a "hesitaçãobullsbet loginse vacinar" entre as dez maiores ameaças globais à saúdebullsbet login2019.

Desde a décadabullsbet login1990, o Brasil tem boa cobertura vacinal. Mas dados do Ministério da Saúde mostram que todas as vacinas destinadas a crianças menoresbullsbet logindois anosbullsbet loginidade no Brasil vêm registrando queda desde 2011.

Por exemplo, a cobertura vacinal contra poliomielite no país erabullsbet login96,5%bullsbet login2012; dados preliminaresbullsbet login2018 mostram que a cobertura dessa mesma vacina foi reduzida para 86,3%.

Segundo o ministério, a redução pode ter diferentes causas: o sucesso do programa nacionalbullsbet loginimunizações no país - já que a eliminaçãobullsbet loginalgumas doenças no país pode ter levado a "uma falsa sensaçãobullsbet loginque não há mais necessidadebullsbet loginse vacinar porque a população mais jovem não conhece o risco" e o acesso dos pais aos serviçosbullsbet loginsaúde.

"A vacina está disponível, mas os horários dos locais não são compatíveis com os dos pais. Estamos começando a discutir um programa para melhorar esses horáriosbullsbet loginfuncionamento", diz Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacionalbullsbet loginImunizações do Ministério da Saúde.

E, por fim, uma terceira possível causa é justamente a resistência à vacinação, embora não se saiba exatamente qual é o peso do movimento na cobertura vacinal do Brasil,bullsbet loginacordo com Domingues.

Injeções
Legenda da foto, Cobertura vacinal no Brasil vem registrando queda desde 2011; uma das causas pode ser o que a OMS chamabullsbet login'hesitação vacinal'

Domingues diz que o movimento é muito diferente do fenômeno nos Estados Unidos. "Lá tem um forte movimento antivacina,bullsbet loginpessoas que realmente não acreditam na vacina. Aqui temos mais uma hesitaçãobullsbet logintomar a vacina, um pensamento como 'não tem mais casos da doença, então acho que não tenho que tomar'", afirma.

É por isso, diz ela, que o Ministério da Saúde está fazendo ações para demonstrar para a população a importância da vacinação. Também vai conduzir estudos para entender como o movimento impacta nas coberturas vacinais do Brasil.

Sistemabullsbet loginrecomendação no YouTube

Para esta reportagem, a BBC News Brasil entrou no YouTube sem estar logadabullsbet loginalguma conta. Em seguida, procurou no buscador da plataforma: "Devo vacinar minha filha?".

Os primeiros vídeos que aparecem como resultado são reportagensbullsbet loginveículosbullsbet loginimprensa, alguns caseiros, um do Ministério da Saúde.

O nono vídeo que aparece na lista é um chamado "Você deve tomar a vacina da febre amarela?",bullsbet loginLair Ribeiro. Na primeira página, aparece também um vídeobullsbet loginnome "Bill não vacina os filhos dele! Vacina é só pro gado", um vídeo com mais teorias da conspiração sobre Bill Gates e vacinas. Esse vídeo está monetizado.

O vídeobullsbet loginLair Ribeiro critica especificamente a vacina da febre amarela. "Não precisa ser nenhum engenheiro brilhante da Nasa. Há discrepância entre dar a mesma carga virótica para uma criançabullsbet login9 meses e para um indivíduobullsbet login18 anosbullsbet loginidade com saúde, cheiobullsbet loginforça", diz.

Procurado pela BBC News Brasil, ele afirma que "as vacinas têm o seu valor e como qualquer outra medicação podem trazer efeitos colaterais indesejáveis". Diz continuar "achando que uma criançabullsbet login1 anobullsbet loginidade não deveria receber a mesma dose da vacinabullsbet loginfebre amarela (ele sublinha 'febre amarela') do que um adultobullsbet login30 anos".

Segundo José Cássiobullsbet loginMoraes, especialistabullsbet loginimunização e professor da Faculdadebullsbet loginCiências Médicas da Santa Casabullsbet loginSão Paulo, não há problemabullsbet logincrianças e adultos receberem a mesma quantidadebullsbet loginpartículas viraisbullsbet loginuma vacinabullsbet loginfebre amarela porque eles têm respostas imunológicas iguais.

No Brasil, procurou-se recomendar vacinabullsbet loginfebre amarela aos 9 meses porque aos 12, quando aplicada com a vacinabullsbet loginsarampo, acabava tendo uma menor resposta à imunização do sarampo, diz. A vacinabullsbet loginfebre amarela é recomendada a pessoas que estejambullsbet logináreasbullsbet loginrisco.

No YouTube, o vídeobullsbet loginLair Ribeiro, publicadobullsbet loginfevereirobullsbet login2018, tem 41,6 mil visualizações. Muitos usuários comentam contra vacinas como um todo.

Outros vídeos vistos pela BBC News Brasil aparecem ligados entre si pelas recomendações.

Depoisbullsbet loginterminarbullsbet loginassistir ao vídeo "Vacinas: Redução Populacional", do canal "Verdade Mundial", o YouTube recomenda ao usuário o vídeo "Vacinas Esterlizantesbullsbet loginBill Gates! GRIPE, Vírus para para Reduzir População! [COMPARTILHEM URGENTE]",bullsbet login243 mil visualizações.

Printbullsbet loginvídeo do canal Verdade Mundial
Legenda da foto, Quem assiste a um vídeo antivacina é levado a outro vídeo antivacina e com teoria da conspiração

No primeiro vídeo, o fotógrafo Ton Müller diz que a vacinação provoca uma "eugenia controlada, uma eugenia pacífica". Por e-mail, ele diz que seu canal é um "hobbybullsbet loginpesquisa relacionada a conspirações". "Em nenhum momento empregamos como total verdade tudo o que é mostrado, mas sim uma formabullsbet logininstigar as pessoas a pesquisar sobre cada assunto."

O vídeo seguinte tem um rapaz apresentando mais teorias da conspiração ligadas a Bill Gates. Em determinado momento, usa o vídeobullsbet loginLair Ribeiro como fonte. Os vídeos desse youtuber, autorbullsbet loginvárias teoriasbullsbet loginconspiração e três especificamente antivacina, também são reproduzidos automaticamente depois do términobullsbet loginoutro.

A BBC News Brasil entroubullsbet logincontato com 11 dos 13 youtubers contra vacina encontrados na plataforma. A reportagem não conseguiu o contato dos outros dois. As respostas variam: alguns argumentaram contra as vacinas, um negou que tivesse subido o vídeo no YouTube e retirou o vídeo do ar, e um autor disse não ter "compromisso com a verdade".

Printbullsbet loginpropagandabullsbet loginvídeo antivacina no YouTube
Legenda da foto, Brasileiros usam teorias da conspiração, como algumas que dizem que Bill Gates usa vacinas para reduzir a população mundial, para alimentar rede no YouTube

Muitos brasileiros usam um vídeo que mostra uma falabullsbet loginBill Gatesbullsbet loginque ele menciona redução populacional e vacinas. A teoria da conspiraçãobullsbet loginque ele investebullsbet loginvacinação para reduzir a população mundial já foi notoriamente desmentida.

De fato,bullsbet loginfundação investebullsbet loginvacinas, mas, segundo ele, com o objetivobullsbet loginsalvar a vidabullsbet loginmais crianças, nãobullsbet loginmatá-las por meio da vacinação. O empresário já declarou que acredita que salvar a vidabullsbet logincrianças, ou seja, reduzir a mortalidade infantil, pode ajudar a reduzir o crescimento da população mundial, que ele apoia.

"Primeiro, mais crianças sobrevivem, depois, famílias decidem ter menos crianças", escreveu numa cartabullsbet login2018.

Posicionamento do YouTube

Em janeiro, o YouTube anunciou que a plataforma iria reduzir a recomendação vídeos "no limite"bullsbet loginviolaçãobullsbet loginseus termosbullsbet loginuso nos Estados Unidos, citando,bullsbet loginnota e como exemplo, vídeos com "falsas curas milagrosas para doenças graves", vídeos "alegando que a terra é plana" ou vídeos "com alegações falsas sobre eventos históricos como o 11bullsbet loginSetembro".

Isso inclui alguns tiposbullsbet loginvídeos antivacina. Mas essa mudança ainda não chegou ao Brasil - deve ser aplicada no país no fimbullsbet login2019.

"Graças a essas mudanças, o númerobullsbet loginvisualizações resultantesbullsbet loginrecomendações desse tipobullsbet loginconteúdo caiu maisbullsbet login50% nos EUA. Nosso sistema está ficando cada vez mais bem treinado para reconhecer vídeos que mereçam esse tratamento, e com o tempo poderemos tomar essas medidas com mais e mais conteúdo duvidoso", afirmou a empresa,bullsbet loginnota.

Além disso, vídeos com conteúdo mais confiável serão favorecidos nos sistemabullsbet loginrecomendação do YouTube. Vídeosbullsbet loginconteúdo duvidoso passarão a mostrar "painéis informativos" fornecendo mais contexto e outras fontes, como a Enciclopédia Britânica e a Wikipedia.

"A desinformação é um desafio difícil e qualquer desinformação sobre tópicos médicos é especialmente preocupante. Nós tomamos várias medidas para resolver este problema, incluindo a disponibilizaçãobullsbet loginmais conteúdobullsbet loginfontes sérias no nosso site para pessoas que pesquisam tópicos relacionados à vacinação, começamos a reduzir as recomendaçõesbullsbet logindeterminados vídeos anti-vacinação e a mostrar painéis informativos com mais fontes, onde possam verificar informação por si", disse a empresa,bullsbet loginnota. "Como muitas mudanças algorítmicas, esses esforços serão graduais e ficarão cada vez mais precisos com o tempo."

Printbullsbet loginpropagandabullsbet loginvídeo antivacina no YouTube
Legenda da foto, Alguns dos vídeos encontrados pela BBC News Brasil tinham anúncios e estavam monetizados; YouTube desmonetizou os vídeos

Conteúdo importado

No grupobullsbet loginFacebook "VACINAS: O maior CRIME da história!", um dos administradores publica instruções sobre como traduzir "um artigo" pelo Google tradutor.

O recurso precisa ser utilizado porque a maior parte do conteúdo antivacina no Brasil é uma adaptaçãobullsbet loginmaterialbullsbet logininglês.

No YouTube, o procedimento é parecido. Youtubers contrários a vacinação colam trechosbullsbet loginvídeosbullsbet logininglêsbullsbet loginseus próprios vídeos.

Printbullsbet loginpropagandabullsbet loginvídeo antivacina no YouTube
Legenda da foto, Vídeo brasileiro antivacina coloca trechobullsbet loginvídeobullsbet loginbritânico; no detalhe superior à direita, outro vídeo contra vacina como próxima recomendação

"Vou encerrar com as palavras do David Icke, com esse vídeo sobre as vacinas. Prestem atenção no que ele diz", diz um dos youtubers antivacina, antesbullsbet loginfilmar um vídeobullsbet loginIcke, um britânico conhecido por suas teorias da conspiração.

Outro vídeo, este com 195 mil visualizações, tem parte dos textos explicativosbullsbet logininglês - uma cópiabullsbet loginalgum filmebullsbet logininglês contra vacinas.

Yasodara Córdova, pesquisadora-sênior sobre desinformação e dados na Digital Harvard Kennedy School, diz observar uma influência muito grandebullsbet loginconteúdobullsbet logininglês ebullsbet loginteorias da conspiraçãobullsbet loginvídeos brasileiros.

Córdova foi coautorabullsbet loginum trabalho que identificou como o sistemabullsbet loginrecomendação automatizado do YouTube estava sugerindo vídeos domésticosbullsbet logincrianças brasileiras aparentemente inofensivos para quem assistia conteúdo sexual - ou seja, o próprio algoritmo sexualizava as crianças. O achado foi divulgadobullsbet loginuma reportagem do jornal New York Times no mês passado.

"Desde o começo da internet, o conteúdo é majoritariamentebullsbet logininglês. E quando essas teorias da conspiração, que são muito interessantes e bizarras e chamam a atenção, começam a ser expostas e monetizadas, elas prendem a atenção das pessoas", afirma Córdova.

Na opinião da pesquisadora sobre comunicação científica Marina Joubert, da Universidade Stellenbosch, na África do Sul, as pessoas que se opõem à vacinação são conectadas dentrobullsbet loginsuas comunidades, "mas também globalmente, via redes online". "Eles compartilham ideias por meiobullsbet loginredes sociais e reutilizam conteúdo e argumentos", diz ela, que conduz pesquisas sobre comunidades antivacina sul-africanas.

Para Córdova, há pouco conteúdo que contradiga essas teorias da conspiração na internet. Uma das soluções, sugere ela, é que o próprio YouTube convide pessoas locais para produzir conteúdo que desminta a desinformação.

Rayita

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