‘Estou perdendo meu filho’: os pais que cultivam ou recorrem ao tráfico por maconha medicinal:scoop poker stars

Débora Gabriellascoop poker starsLima e Cauã,scoop poker starsquatro anos

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, A maquiadora Débora Gabriellascoop poker starsLima começou a dar óleo feitoscoop poker starsCannabis sativa para seu filho Cauã depois durante uma crise convulsiva aguda

O garoto, que tem paralisia cerebral e epilepsia, foi o primeiro paciente da ONG Reconstruir Cannabis Medicinal, entidade potiguar que cultivava maconha para finsscoop poker starssaúde. Um dos diretores da organização era Yogi Pacheco, o então desconhecido que ofereceu o óleo para a mãescoop poker starsCauã.

Até outubro do ano passado, a ONG plantou a erva ilegalmente, produziu um extrato feito a partir da planta e vendeu para 53 pacientesscoop poker starsNatal - cada frasco que durava dois meses custava R$ 200. Entre elas, estavam Cauã e outras pessoas com diversas patologias, como Parkinson, paralisia, autismo, depressão, câncer e ansiedade crônica.

O óleo, que contém vários canabinoides como THC e CBD (canabidiol), é extraído por meioscoop poker starsum processoscoop poker starsevaporação com etanol. Ele é administradoscoop poker starsgotas colocadas embaixo da língua - a quantidade varia para cada paciente.

Depoisscoop poker starsmesesscoop poker starscultivo ilegal, a ONG decidiu pedir autorização da Justiça para plantar a erva com fins medicinais, mas a Justiça Federal rejeitou o pedidoscoop poker starscaráter liminar (provisório) e a entidade optou por suspender a produção.

Após a paralisação, os pacientes e suas famílias pararamscoop poker starsutilizar o medicamento ou recorreram a meios ilegais para conseguir o remédio: plantam a erva por conta própria ou compramscoop poker starsoutros fornecedores.

Folhascoop poker starsmaconha

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Até o ano passado, a ONG Reconstruir,scoop poker starsNatal, plantou maconha ilegalmente para fornecer o óleo a pacientes

O caso Cauã

Criadascoop poker starsmeadosscoop poker stars2017, a ONG Reconstruir foi criada pelo empresário Felipe Farias e Yogi Pacheco, que hoje vive nos Estados Unidos, a partir da experiência da mãe do segundo, Marcia Maria Pacheco,scoop poker stars69 anos.

Ela foi diagnosticada com a doençascoop poker starsParkinson há dez anos. O filho, que havia lido reportagens sobre os efeitos medicinais da erva, convenceu a mãe a experimentar a Cannabis para diminuir os tremores.

"Meu irmão não se conformava com o fatoscoop poker starsminha mãe tomar um montescoop poker starsremédios que, inicialmente, até funcionavam, mas depois perdiam o efeito", conta o dentista Domingos Flavio Pacheco.

A maconha que ele plantava surtiu efeito, segundo os filhos: os sintomas do Parkinson diminuíram consideravelmente escoop poker starsqualidadescoop poker starsvida melhorou. Cercascoop poker starsoito anos depois, ela foi uma das primeiras pacientes do Brasil a ter autorização da Justiça para cultivar a planta para fins medicinais.

Foi nessa época que Yogi soube do caso da maquiadora Débora escoop poker starsseu filho Cauã, que estava internado por causascoop poker starsuma crise convulsiva aguda. O jovem ofereceu um pouco do óleo que sobrou do tratamento da mãe para tentar tratar os sintomas do garoto.

Os médicos do hospital não prescreveram o remédio, deixando a decisão com a mãe. "Um deles me disse: 'Débora, não posso te dizer para usar, mas te digo que, se fosse o meu filho nessa situação, eu daria esse remédio sim", conta ela.

O empresário Felipe Farias, diretor da ONG Recontruir, segurando óleoscoop poker starsCannabis

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, O empresário Felipe Farias é um dos diretores da ONG Reconstruir, que produzia óleoscoop poker starsCannabis até outubro do ano passado

Na época, um dos exames feitosscoop poker starsCauã apontou que,scoop poker starsum intervaloscoop poker stars30 minutos, ele teve nove convulsões. "Um dia depoisscoop poker starsusar o óleo pela primeira vez, o mesmo exame não registrou nenhuma crise", relata Débora.

"Não gostoscoop poker starsfalar isso, mas, antes da maconha, Cauã estavascoop poker starsestado quase vegetativo: tinha muitas infecções e convulsões, tomava um montescoop poker starsremédios e só ficava deitado na cama,scoop poker starsolhos fechados, dopado. Tudo isso melhorou. Se você o visse na época, acharia que era outra criança, não essa aqui que está nascoop poker starsfrente", afirma.

Débora ainda tem algumas doses do extrato, mas, sem a produção da ONG Reconstruir, ela se diz "desesperada", pois teme que o filho volte ao estágio pré-tratamento.

'Como faço dar remédioscoop poker starsmaconha para meu filho?'

Após o casoscoop poker starsCauã circular entre outros paisscoop poker starsNatal, os fundadores da ONG receberam muitos pedidos pelo óleo. "As mães nos procuravam, perguntando: 'como faço para dar remédioscoop poker starsmaconha para meu filho?'", conta Farias,scoop poker stars32 anos.

Foi então que eles criaram a entidade Reconstruir, no inícioscoop poker stars2018. Cultivaram cercascoop poker stars80 plantasscoop poker starsforma ilegal, ou seja, correndo riscoscoop poker starsserem presos. "Posso dizer que fui sim um traficante", diz Farias.

A organização, no entanto, só aceitava fornecer o medicamento se o paciente tivesse prescrição médica - algo um tanto complicadoscoop poker starsse conseguir, pois uma resolução do Conselho Federalscoop poker starsMedicina proíbe os médicosscoop poker starsprescreverem tratamentos com maconha, sob penascoop poker starsresponderem a processos éticos.

Sem opçãoscoop poker starsmédicos que receitassem a Cannabis em Natal, profissionaisscoop poker starsoutros Estados foram levados ao Rio Grande do Norte para prescreverem a planta como tratamento.

Com o aumento da demanda, a ONG decidiu mover uma ação coletiva junto a seus associados para regularizar a situação, afinal, do jeito que estavam, os diretores da organização poderiam ser denunciados e condenados por tráficoscoop poker starsdrogas. Eles pediram à Justiça autorização para o cultivo da planta para a produção do óleo medicinal.

Cannabis seca, armazenadascoop poker starspotesscoop poker starsvidro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, No Brasil, plantar Cannabis é crime e pode ser punido com prisão

Na proposta, o produto seria enviado para um laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que consegue medir o teorscoop poker starscanabinoides que cada frasco contém. Há pacientes, por exemplo, que se dão melhor com medicamentos mais ricosscoop poker starsCBD, e outros, com uma concentração maiorscoop poker starsTHC.

No Brasil, apenas a ONG paraibana Abrace Esperança tem essa licença para plantar e fornecer o medicamento para os associados, desde que eles tenham prescrição médica. Hoje, ela atende a centenasscoop poker starspacientes, que chegam a viajar para o Estado nordestinoscoop poker starsbusca do óleo.

Já no caso potiguar, o juiz federal Janilson Siqueira negou o pedidoscoop poker starscaráter liminarscoop poker starsoutubroscoop poker stars2018. Segundo ele, o país até permite o plantioscoop poker starsCannabis para fins medicinais desde que algumas normas sejam seguidas, como regrasscoop poker starssegurança, indicação das plantas (sua família, gênero e espécie), alémscoop poker starsindicativoscoop poker starslocalização, da extensão do cultivo e da estimativa da produção.

Siqueira considerou que a ONG Reconstruir não demonstrou capacidade técnica para seguir essas normas, embora o magistrado não tenha detalhado na decisão a quais desses pontos ele se refere. Antesscoop poker starsdecidir, o juiz se negou a ouvir as famílias que utilizavam o óleo - entre elas, estava a maquiadora Débora, mãescoop poker starsCauã.

Para Gabriel Bulhões, advogado da Reconstruir, a entidade demonstrou cumprir todas as regras impostas pela Anvisa.

"Tínhamos as prescrições médicas com receituárioscoop poker starscontrole especialscoop poker starstodos os associados, termoscoop poker starsciência e responsabilidade, alémscoop poker starslaudo médicoscoop poker starsavaliação do avanço dos sintomas", diz. Segundo ele, questõesscoop poker starssegurança também foram cumpridas. "Para fazer o plantio, nós adquirimos uma casa, por exemplo, que tinha cerca elétrica e biometria na entrada, algo que ainda nem estava previsto pela Anvisa", afirma.

Após a liminar, a Reconstruir paralisou o cultivo da maconha e a produção do óleo. Durante o processo, o Ministério Público Federal, que inicialmente tinha se posicionado contra o pedido da entidade, depois mudouscoop poker starsposição e deu um parecer favorável ao plantio, afirmando já haver provas científicasscoop poker starsque a substância CBD é eficaz para tratar algumas doenças.

Cultivoscoop poker starsmaconha

Crédito, IRCCA

Legenda da foto, Apenas uma ONG tem autorização da Justiça brasileira para produzir medicamentos a partir da Cannabis

A Procuradoria escreveu no parecer: "O provimento jurisdicional do pedido é fundamental, não só por proporcionar a melhor opçãoscoop poker starstratamento à disposição dos pacientes epiléticos, com reflexos visíveisscoop poker starstermosscoop poker starsqualidadescoop poker starsvida, mas também porque simboliza um passoscoop poker starsvanguarda no sentidoscoop poker starseliminar entraves burocráticos e corporativos, que acompanham a estigmatização do uso da substância derivada da Cannabis no cuidado quanto a diversas patologias neurológicas".

O mérito da ação deve ser julgado nos próximos meses e, caso perca, a ONG promete recorrer a outras instâncias. Nesta quarta-feira (24), as famílias dos pacientes vão fazer protestoscoop poker starsfrente à Justiça Federal no Rio Grande do Norte.

Cultivar maconha no Brasil sem autorização da Justiça, mesmo que o objetivo seja medicinal ou consumo próprio, pode ser punido com advertência, prestaçãoscoop poker starsserviços à comunidade e exigênciascoop poker starscomparecimentoscoop poker starscursos educativos. Em outra ponta, quem repassa ou vende a erva ou produtos derivados, como o óleo, também pode ser processado por tráficoscoop poker starsdrogas, com penasscoop poker starsaté 15 anosscoop poker starsprisão, alémscoop poker starsmulta.

Cannabis medicinal tem resultado?

Desde 2014, a Anvisa permite que pacientes com prescrição importem medicamentos derivados da maconha para alguns tratamentos, como o canabidiol. Mas cada frasco do remédio custascoop poker starstornoscoop poker starsR$ 1.000, preço elevado para a maioria das famílias.

O presidente da Anvisa, William Dib, prometeu discutir ainda neste ano a regulamentação do cultivo para a pesquisa e produçãoscoop poker starsmedicamentos no Brasil. Porém, a medida encontra resistência do governo Jair Bolsonaro (PSL), que alega também haver riscosscoop poker starsaumento do consumo recreativo da planta. O ministro da Cidadania, Osmar Terra, defendeu nesta terça-feira (23),scoop poker starsentrevista ao site Jota, o fechamento da Anvisa caso a agência decida pela liberação.

Oficialmente, o Conselho Federalscoop poker starsMedicina também se posiciona contra, alegando não haver estudos científicos suficientes para provar a eficácia dos derivados da erva.

O presidente da Anvisa, William Dib,

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, O presidente da Anvisa, William Dib, prometeu que a agência vai discutir a regulamentação do plantio da Cannabis para pesquisa e produçãoscoop poker starsmedicamentos

Por outro lado, além da experiência práticascoop poker starspacientes e familiares, existe uma sériescoop poker starsestudos que apontam os efeitos benéficos da Cannabis na diminuiçãoscoop poker starssintomasscoop poker starsdiversas patologias.

Um dos mais recentes foi lançado no início deste mês na revista científica Frontiers in Neurology. Cientistas da Universidadescoop poker starsSaskatchewan, no Canadá, deram dosesscoop poker stars5 a 6 miligramas do óleo derivado da maconha para sete pacientes com epilepsia extrema. Com essa quantidade, quatro das sete pessoas tiveram reduçãoscoop poker stars50% no númeroscoop poker starsconvulsões - quando a dose aumentou, todos os pacientes registraram melhoras consideráveis.

Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o canabidiol deveria ser catalogado como medicamento, pois já havia provas do seu valor terapêutico para doenças derivadas da epilepsia.

Mas como a maconha funciona nesses casos?

Segundo o neurocientista Claudio Queiroz, do Instituto do Cérebro da UFRN, um dos mais conceituados centrosscoop poker starspesquisascoop poker starsneurociência do Brasil, os canabinoides como THC e CBD atuam para ajustar a interação entre os neurônios.

Na crise epiléptica, por exemplo, essa comunicação funciona com um excessoscoop poker starssincronia neural, ou seja, muitos neurônios passam disparam ao mesmo tempo. "É como se um dos neurônios falasse muito alto e o outro não conseguisse ouvir. Os canabinoides então diminuem essa excitabilidade dos neurônios, reduzindo o efeito que causa a crise", explica.

Para o professor Sidarta Ribeiro, também pesquisador do Instituto do Cérebro e referência brasileirascoop poker starsneurociência, os canabinoides não "mudam a taxascoop poker starsdisparo dos neurônios, mas ajustam a sincronia fina entre eles, ou seja, eles passam a funcionarscoop poker starsmaneira mais harmônica e diminuem a convulsão".

Outros remédios disponíveis usados para esses casos, como Diazepam, têm efeito oposto da Cannabis, segundo Ribeiro.

"Em geral, esses medicamentos resolvem o problema não diminuindo a sincronia dos neurônios, mas simscoop poker starsatividade. Eles efetivamente sedam a pessoa, que pode não ter mais convulsões, mas também não conseguem fazer mais nada", explica o cientista. "Outro problema é que esses medicamentos provocam tolerância, então, as doses precisam ser aumentadas ao longo do tempo, causando uma sériescoop poker starsproblemas colaterais."

Um péscoop poker starsmaconhascoop poker starsclose

Crédito, AFP

Legenda da foto, É preciso ter uma receita médica e autorização da Anvisa para importar maconha legalmente

Ocorre algo parecido com autistas, segundo Queiroz. "Imagine que você está sentado numa cadeira, falando ao telefone, mas várias pessoas ao seu redor estão conversando bem alto. Tudo isso é processado pelo seu cérebro, mas,scoop poker starsmaneira voluntária e consciente, você decide prestar atenção naquilo que precisa, ou seja, no telefone. Você exclui esses outros ruídos e sensações para focar um objeto definido."

"O autista não consegue fazer isso, ele não utiliza o filtro sensorial normalmente. Para ele, o som do telefone, das pessoas ao redor e o barulho do ar condicionado têm a mesma relevância. Isso fica embaralhado. Então os canabinoides atuamscoop poker starsuma maneira química, suavizando essa excitabilidade dos neurônios e relaxando o sistema nervoso", explica o neurocientista.

Já Ribeiro afirma que, recentemente, criou-se uma teoria "equivocada"scoop poker starsque apenas o CBD funcionascoop poker starsforma medicinal e que o THC, que tem efeitos psicoativos (o que provoca o 'barato'), não deveria ser utilizado como medicamento.

"É um discurso anticientífico dizer que na maconha existe uma substância que é do bem, que é o CBD, e outra do mal, o THC. A maconha tem 150 substâncias, a maior parte delas tem propriedades terapêuticas", explica. "Quando elas estão combinadas, o efeito é potencializadoscoop poker starsmaneira comitiva, pois, se você utilizar apenas o CBD, o organismo pode se adaptar e ele parascoop poker starsfazer efeito."

Queiroz salienta que a Cannabis não cura as doenças, mas diminui consideravelmente os sintomas, melhorando a qualidadescoop poker starsvida dos pacientes. "Nenhum medicamento está livrescoop poker starsefeitos adversos. E a gente não está advogando para que todo mundo utilize a Cannabis, mas é inegável que para algumas pessoas ela melhora os sintomas."

'Em uma semana muita coisa mudou'

Segundo os paisscoop poker starsIsaac Pinheiro,scoop poker stars9 anos, os sintomas do autismo do filho começaram a diminuir após uma semanascoop poker starsuso do óleo da maconha - ele tomava duas gotas ao dia.

Bastante agitado, o garoto tinha dificuldades para escrever, por exemplo. "Ele demorava 40 minutos para escrever três palavras no caderno", conta o tatuador Ruy Pinheiro, 38, pai do garoto. "Com uma semanascoop poker starsóleo, ele começou a escrever mais rápido. Em seguida, até conseguia fazer o próprio nome e as palavras que a professora ditava, coisas que ele nunca tinha feito."

Ruy Pinheiro e seu filho Isaac,scoop poker stars9 anos,
Legenda da foto, Ruy Pinheiro e seu filho Isaac,scoop poker stars9 anos, que começou a utilizar o óleoscoop poker starsCannabis para tratar sintomarscoop poker starsautismo

A alimentação também mudou. Isaac come apenas quatro alimentos, todos industrializados escoop poker starsmarcas específicas, como achocolatados, coxinhas e biscoitos. Se não houver esses produtos, ele simplesmente não se alimenta com nada. Após o tratamento com Cannabis, que tem a fome como um dos efeitos colaterais (outro é a sonolência), o garoto se permitiu experimentar outros sabores, como queijo e tapioca.

A mãe do menino, a produtora cultural Haylene Dantas, 34, lembrascoop poker starsoutra melhora durante os seis meses que o filho usou o medicamento. "Ele articulava poucas palavras. Por exemplo, se quer ir ao banheiro, ele dizia: 'mãe, banheiro'. Mas, depoisscoop poker starsalgumas semanasscoop poker starstratamento, ele disse: 'Mãe, me dá o celular, porque eu quero ir no banheiro'. Ele nunca tinha falado desse jeito, nunca tinha ido ao banheiro sozinho. Eu fiquei emocionada, porque toda mãescoop poker starsautista sabe o quanto isso é significativo", diz.

Após a proibição judicial do cultivo da ONG Reconstruir, os paisscoop poker starsIsaac decidiram parar o tratamento do filho, pois não confiavamscoop poker starscomprar o óleoscoop poker starsoutros fornecedores. "Foi muito triste ver os sintomas retornarem, mas preferimos fazer assim", diz Haylene.

No entanto, há pais que, desesperados, decidiram recorrer a outros meios para conseguir manter a medicação.

Em um bairro na zona sulscoop poker starsNatal, a BBC News Brasil se encontrou com Cristiane (nome fictício), que decidiu plantar maconha por conta própria para produzir o óleo para o filho autista.

Quando viu a reportagem, o filho dela,scoop poker stars14 anos, entrou correndo no quarto para se esconder, pois não suporta ser visto por outras pessoas dentroscoop poker starscasa. "Ele tem transtornoscoop poker starsansiedade social e mutismo seletivo. Ele só fala com quatro pessoas, não tem nenhum amigo na escola onde estuda desde criança", explica Cristiane.

Uma conhecida lhe apresentou um amigo, que forneceu algumas plantas e mudas para o cultivo. Esse tiposcoop poker starsnegociação é considerado tráficoscoop poker starsdrogas pela legislação brasileira. "Sempre tive medoscoop poker starsser presa, mas canseiscoop poker starsesperar (a liberação pela Justiça). Meu filho está cada vez mais distantescoop poker starsmim, mais fechado nele mesmo. Sinto que estou perdendo meu filho", diz.

Débora Gabriellascoop poker starsLima levou seu filho Cauã (os depois à esquerda,scoop poker starscamiseta roxa) para a Marcha da Maconhascoop poker starsNatal

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Débora Gabriellascoop poker starsLima levou seu filho Cauã (ambosscoop poker starscamiseta roxa) para a Marcha da Maconhascoop poker starsNatal

Membro da ONG, a enfermeira Adriana Lamartine, 37, diz que é constantemente procurada por pais e mães que querem descobrir como produzir o óleo. "Infelizmente, muitos estão recorrendo ao tráfico para conseguir a Cannabis. É uma situação desesperadora", diz.

Sem orientação, essa produção individual vira uma espéciescoop poker starstentativa e erro, pois é praticamente impossível saber a concentração exatascoop poker starscada canabinoide sem uma análisescoop poker starslaboratório. Assim, seria necessário testar vários tipos plantas para descobrir qual é a mais adequada ao paciente.

Por outro lado, para evitar serem processados, alguns parentes ouvidos pela reportagem cogitam entrar na Justiça para conseguir autorizações individuais para o plantio. É o casoscoop poker starsNiná Holanda, 58, cujo filho também é autista e utilizou por alguns meses o óleo fornecido pela ONG Reconstruir. Agora, ela pretende judicializar o caso para tentar obter a licença.

"Para mim, a maconha era uma coisascoop poker starsoutro mundo. Eu nunca imaginava que ela poderia ser usada dessa forma. Decidi usar porque meu filho estava ficando cada vez mais agressivo, chegou a apontar uma faca para mim", conta.

"Quando usou o óleo, ele mudou completamente. Está muito mais tranquilo e melhorouscoop poker starsvários aspectos. Tenho uma pessoa que me fornece, porque sem essa planta eu não ficoscoop poker starsjeito nenhum. Como mãe, eu sei que a Cannabis faz bem para ele. É vida dele que estáscoop poker starsjogo, e faço qualquer coisa por isso", afirma.

A maquiadora Débora Gabriellascoop poker starsLima diz algo parecido sobre seu filho Cauã. "Eu tinha certo preconceito com a maconha. Mas por causascoop poker starsum filho a gente engole essas coisas. Até levei o Cauã na Marcha da Maconha. Sempre digo: 'maconha é uma planta, não é bichoscoop poker starssete cabeças, não. Vocês acham que gente ruim é que usa maconha? Meu filho é gente ruim? Olha aqui para ele. Tenho orgulhoscoop poker starsdizer: ele é o meu maconheirozinho.'"

Línea

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