Sem apoio, pesquisa que pode resolver problema mundial das superbactérias trava no Brasil:app de aposta de futebol

Crédito, Mateus Cardoso/ CNPEM
Cientistas entrevistados pela BBC News Brasil dizem que isso ocorre porque os centrosapp de aposta de futebolpesquisa não têm os recursos e os conhecimentos técnicos da indústria para fazer os testesapp de aposta de futebolgrande escala e registrá-los antesapp de aposta de futebolserem usados pela população. Eles explicam que no laboratório é possível desenvolver apenas o protótipo do medicamento.
Os pesquisadores do CNPEM até conseguem provar que o remédio funciona, fazem simulaçõesapp de aposta de futebolmicro-órgãos artificiais, mas não têm estrutura para testar como ele reageapp de aposta de futebolorganismos mais complexos, como animais e humanos.
Os pesquisadores também não têm conhecimento técnico para cumprir todas as etapas e exigências para aprovação do medicamento na Agência Nacionalapp de aposta de futebolVigilância Sanitária (Anvisa). Os maiores especialistas nessa área são as grandes indústrias, que têm dinheiro e estrutura necessários para um estudo desse porte. Testes como esses podem ultrapassar a cifraapp de aposta de futebolR$ 4 bilhões.
Sem algo que combataapp de aposta de futebolmaneira eficaz as superbactérias, o que a indústria faz hoje, segundo os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, é "enxugar gelo". Isso ocorre porque, mesmo que as empresas invistam alto e passem anos desenvolvendo um novo medicamento, seus efeitos duram pouco tempo, pois as bactérias passam por mutação e criam resistência a ele.
Nanopartícula teleguiada
Uma das explicações para o fortalecimento dessas bactérias é que, muitas vezes, o paciente não as mata completamente. Por não seguir o tratamento pelo tempo recomendado, as bactérias sobrevivem e ficam imunes aos medicamentos que antes as combatiam, sofrem mutação e ficam ainda mais fortes.
Hoje, quando uma pessoa toma um antibiótico ou qualquer outra droga, ela se distribui indiscriminadamente pelo corpo. Um paciente com dor na garganta, por exemplo, toma um antibiótico para curá-la, mas os pés, orelhas e mãos também serão afetados pelo medicamento.
O cientista Mateus Borba Cardoso, do CNPEM, explica como funciona o seu estudo mais promissor: a nanopartícula teleguiada com antibiótico. Ele diz que consegue usar uma quantidade até mil vezes menorapp de aposta de futebolantibiótico e direcioná-lo à bactéria para combatê-la diretamente. Hoje, o antibiótico se espalha por todo o corpo, por isso é necessária uma quantidade tão grande para tratar bactérias.

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil
"A gente está desenvolvendo nanopartículas direcionáveis. A partir do momentoapp de aposta de futebolque a gente administra o medicamento no paciente, ele tem um tropismo pela região doente, como um GPS. A grande vantagem é tomar uma quantidade mil vezes menorapp de aposta de futebolantibiótico ou antitumoral e ter um efeito igual ou ainda mais acentuado que um remédio comum porque todo o fármaco vai para o lugar onde desejamos. Hoje, não existe nenhum medicamento que faz isso no mundo", afirmou o cientista.
Mas para que o antibiótico não reaja com outros organismos ao longo do caminho até a bactéria ou seja combatido por anticorpos, ele desenvolveu um disfarce para que o medicamento não seja identificado pelos mecanismosapp de aposta de futeboldefesa do corpo como uma ameaça.
Ele "colou" moléculasapp de aposta de futebolágua ao redor do remédio para que ele seja visto como algo inofensivo. Assim, as nanopartículas podem fazer seu trajeto "fantasiadas" e só liberam a cargaapp de aposta de futeboldroga quando chegam ao destino.
"O mecanismo funciona, mas precisa ser testadoem organismos vivos. A pesquisa já está madura o bastante para isso, mas todos esses testes são necessários para garantir que a droga fique estável e possa ser comercializadaapp de aposta de futebollarga escala, mundialmente", afirmou Cardoso à BBC News Brasil.
Três papers publicados na Nature mostram que após a segunda injeção o sistema já estava reconhecendo essa fantasia.
Corrida mundial
Mateus Cardoso conta que há outros quatro grupos científicos no mesmo caminho para tentar solucionar o problema das superbactérias. Ele diz que conhece a estratégiaapp de aposta de futebolcada um deles e afirmou que cada um tem uma abordagem diferente para atacar as superbactérias. Um desses grupos é americano, outro chinês e dois alemães.
O projeto brasileiro, o único que usa nanotecnologia teleguiada, ainda não recebeu nenhuma propostaapp de aposta de futebolfinanciamento para que possa avançar nas pesquisas. Sem dinheiro, Cardoso contou que vai iniciar os testes numa escala limitada.
"Nós somos um dos poucos grupos do mundo que conseguem chegarapp de aposta de futebolforma seletivaapp de aposta de futebolbactérias. Isso é muito difícil pois as bactérias têm poucas possibilidadeapp de aposta de futebolancoramento (ligação seletiva por meioapp de aposta de futebolum sistema chave-fechadura) , pois a superfície delas é 'consideravelmente simples', quando comparadas a vírus e células", afirmou Cardoso.
A BBC News Brasil procurou as três indústrias farmacêuticas (EMS, Sanofi e Hypera Pharma) que mais lucraram no último ano para saber se elas conhecem o projeto, se costumam fazer parcerias com cientistas brasileiros, se visitam os centros acadêmicos, quantas fórmulas produziu nos últimos anos e quantas comprou do exterior. Nenhuma delas quis comentar o assunto.
O presidente-executivo do Sindicato da Indústriaapp de aposta de futebolProdutos Farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, diz que há diversas pesquisasapp de aposta de futebolandamento no Brasil, feitas principalmente a partirapp de aposta de futebolparcerias entre indústrias e universidades.

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil
Ele diz que essas parcerias são confidenciais, mas revela que uma delas, feitaapp de aposta de futebolparceria com a USP, já recebe o seu segundo royalty (uma parte do lucro). Há ainda parcerias com Unicamp, PUC Rio Grande do Sul e outros institutosapp de aposta de futebolpesquisa. Ele cita diversos fatores econômicos que dificultam o investimentoapp de aposta de futebolpesquisa no Brasil.
"Na melhor das hipóteses, uma pesquisa sobre medicamentos demoraapp de aposta de futebol10 a 12 anos e tem um custoapp de aposta de futebolaté US$ 1 bilhão (R$ 4,15 bilhões) para lançá-lo. As empresas brasileiras fazem pesquisas, mas escolhem os ramos com retorno mais garantido. Em outros países, é mais fácil porque o governo também faz parceria com os pesquisadores e ainda há empresas como a Bayer, que tem um lucro que vale por toda a produção brasileira", afirmou Mussolini.
O presidente da Sindusfarma também disse que no Brasil não há uma tradição dos centrosapp de aposta de futebolpesquisa e universidades "venderem" seus estudosapp de aposta de futebolbuscaapp de aposta de futebolfinanciamento, e vice-versa. Na visão dele, pesquisadores e indústrias precisam se comunicar mais, para possibilitar mais parcerias.
"Agora que estão passando por dificuldades que os cientistas estão saindo da caixinha, buscando financiamento privado. O pesquisador precisa sairapp de aposta de futebolseu casulo e dizer que está fazendo pesquisa e tem interesseapp de aposta de futebolreceber financiamento. Mas isso é uma chave que não muda da noite para o dia", disse.
"Por outro lado, na Europa e nos Estados Unidos você tem profissionais que ficam visitando universidades e centrosapp de aposta de futebolpesquisa atrásapp de aposta de futebolnovos medicamentos. Aqui não tem", afirmou Mussolini.
Para ele, a pesquisa sobre superbactérias desenvolvida no CNPEM tem um grande potencial para ser financiada por uma instituição privada.
"O cara desenvolveu um produto farmacêutico que combateapp de aposta de futebolforma eficaz a superbactéria. Não é que vai ter uma indústria querendo investir nele, mas uma fila, nacional e internacional", afirmou o presidente do sindicato que representa as indústrias farmacêuticas.
Lucio Freitas Junior, pesquisador do Institutoapp de aposta de futebolCiências Biomédicas (ICB) da USP, disse que há indústrias brasileiras capazesapp de aposta de futebolfinanciar grandes estudos, mas que historicamente não apostamapp de aposta de futebolpesquisas.
"Por outro lado, o pesquisador também não está acostumado a cumprir metas e apresentar propostas. Na academia, ele quer ter dinheiro, mas não quer cobrança. Fui numa farmacêutica e propus uma tecnologia. Meus dois pós-docs foram financiados pela indústria. Dinheiro não falta, mas a cobrança, para muitos, é fatal", disse Junior.
Fugaapp de aposta de futebolcérebros
Cientistas dizem que essa faltaapp de aposta de futebolfinanciamento das indústrias aliada aos recorrentes cortesapp de aposta de futebolverbasapp de aposta de futebolbolsas da Coordenaçãoapp de aposta de futebolAperfeiçoamentoapp de aposta de futebolPessoalapp de aposta de futebolNível Superior (Capes) e do Conselho Nacionalapp de aposta de futebolDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) causam uma fugaapp de aposta de futebolcérebros do Brasil. Neste ano, professoresapp de aposta de futeboluniversidades brasileirasapp de aposta de futebolprestígio já deixaram o país para trabalharapp de aposta de futebolgrandes empresas, principalmente na Europa.
Os profissionais que permanecem no Brasil entendem isso como um ataque à ciência. Para eles, a atual políticaapp de aposta de futebolcortes vai na contramão mundial, inclusiveapp de aposta de futebolpaísesapp de aposta de futeboldesenvolvimento, como China e Índia.
Uma das poucas exceções, disseram, é a Fundaçãoapp de aposta de futebolAmparo à Pesquisa do Estadoapp de aposta de futebolSão Paulo (Fapesp), que ainda consegue financiar a parte laboratorial dos grandes projetos, como oapp de aposta de futebolCardoso, que diz ter dinheiroapp de aposta de futebolsobra para essa etapaapp de aposta de futebolsua pesquisa. Para alguns dos entrevistados pela BBC News Brasil, a indústria brasileiraapp de aposta de futebolmedicamentos não tem capacidadeapp de aposta de futebolse integrar com a academia.

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil
"Eles querem ter um retorno rápido, lucro imediato. Mas também há um desconhecimento. Uma indústria da áreaapp de aposta de futebolprodutos para higiene pessoal nos procurou para um projeto, mas os cientistas nem sequer conseguiram entender o que eles queriam por causa do despreparo dos profissionais", disse Mussolini.
Os baixos salários pagos pela indústria nacional, segundo esses profissionais, na comparação com o pagamento oferecido por empresasapp de aposta de futebolfora são outra razão para que pesquisadores optem por deixar o país.
Um problema social
Hoje, a produçãoapp de aposta de futebolmedicamentos não consegue acompanhar a velocidadeapp de aposta de futebolevolução das bactérias. O uso indiscriminadoapp de aposta de futebolantibióticos é um dos motivos, segundo especialistas.
"Quando um paciente toma doses pequenas por conta própria, ele não mata a bactéria. Essas que não morrem são descartadas pelo corpo na urina e fezes. Isso causa um problema social, pois essa água chega a um afluente e contamina a água e peixes. Todos ficam com bactérias mais resistentes a antibióticos", afirmou o cientista Mateus Cardoso.
O problema apontado pelos cientistas do CNPEMapp de aposta de futebolos antibióticos vendidos atualmente atuarem no corpo inteiro, e não apenasapp de aposta de futebolforma localizada, poderia ser resolvido por meio das nanopartículas direcionáveis. Além da vantagemapp de aposta de futebola dose ser mil vezes menor e atacar apenas as superbactérias, evita que mais antibiótico seja despejado no meio ambiente.
Uma estudante também do CNPEM,app de aposta de futebolCampinas, está usando esse mesmo sistemaapp de aposta de futebol"teleguiar" nanopartículas emapp de aposta de futebolteseapp de aposta de futeboldoutorado. Ao invésapp de aposta de futebolatacar inflamações, seu estudo é baseadoapp de aposta de futeboldestruir células com câncer.
Antibiótico personalizado
Uma nanopartícula tem um tamanho mil vezes menor que o diâmetroapp de aposta de futebolum fioapp de aposta de futebolcabelo. Alémapp de aposta de futebolcarregar uma partícula tão pequena com antibiótico e ainda "fantasiá-la"app de aposta de futebolágua, os cientistas estão projetando um sistema que funcione ainda melhor no futuro.
A ideia dos cientistas é criar um sistemaapp de aposta de futebolchave e fechadura personalizado para cada paciente. Dessa forma, um exame identificaria qual bactéria afeta o órgão e produziria um antibiótico para combatê-la da maneira mais efetiva possível.
"A intenção é que daqui a 50 anos um paciente diagnosticado com câncer ou com alguma bactéria vá a um laboratório onde seja feito um estudo para saber quais receptores há nela e quais fármacos a combate. A partir disso, será possível produzir as partículas com os fármacos e os co-receptores que vão se ligar a elas,app de aposta de futebolforma seletiva, para combatê-las", afirmou.
Esse pode ser o próximo passo para um tratamento personalizado no futuro.

Crédito, Felipe Souza/ BBC
Teoria da conspiração
O vencedor do prêmio Nobelapp de aposta de futebolFisiologia e Medicinaapp de aposta de futebol1993, Richard J. Roberts, é uma das referências entre os que defendem a correnteapp de aposta de futebolque as indústrias farmacêuticas não têm interesseapp de aposta de futebolproduzir remédios que curam definitivamente, com a intençãoapp de aposta de futebolvender cada vez mais medicamentos.
"Essa é uma das teses que não têm cabimento. Se eu tenho um produto para combater o malapp de aposta de futebolAlzheimer, por exemplo, você acha que eu não vou querer vender esse produto? Você já imaginou quanto valorizaria uma empresa na bolsaapp de aposta de futebolNova York que conseguir curar todos os tiposapp de aposta de futebolcâncer líquidos?", afirma Nelson Mussolini, presidente da Sindusfarma.
"Se fosse assim, a penicilina não estaria no mercado. Quantas milharesapp de aposta de futebolvidas ela salvou? A indústria que fazia a penicilina foi vendida por bilhõesapp de aposta de futeboldólares por ter uma históriaapp de aposta de futebolsucesso", disse.
Para a indústria farmacêutica, defende o presidente do sindicato do setor, "o ideal é que as pessoas não morressem, porque quanto mais elas vivem, mais precisamapp de aposta de futebolnovos produtos".
"Essa é a teoria da conspiraçãoapp de aposta de futebolque o farmacêutico quer matar a população. Nós queremos salvar vidas. As pessoas estão vivendo mais e, por causa disso, há novas doenças e a indústria precisa ganhar dinheiro para fazer novos medicamentos", afirmou.

Crédito, Felipe Souza/ BBC News Brasil
Procurado, o Ministério da Ciência, Saúde, Tecnologia, Inovação e Comunicações disse que o governo federal investeapp de aposta de futeboldiversas pesquisas, inclusive ensaios pré-clínicos — aqueles feitos antes dos medicamentos serem testadosapp de aposta de futebolhumanos.
A pasta informou queapp de aposta de futebol2018 lançou uma chamada pública para projetosapp de aposta de futebolpesquisaapp de aposta de futebolnovos medicamentos antibióticos no valorapp de aposta de futebolR$ 1 milhão para o "Plano Nacionalapp de aposta de futebolEnfrentamento à Resistência Antimicrobiana".
O MCTIC afirmou ainda que "financia instituições que atuam e promovem testes pré-clínicos (de medicamentos), como no Centroapp de aposta de futebolInovação e Ensaios Pré-Clínicos CIEnP,app de aposta de futebolSanta Catarina".
O governo disse que o Marco Legal aprovadoapp de aposta de futebol2016 "favorece a colaboração entre centrosapp de aposta de futebolpesquisa, empresas e governo para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação" no Brasil.
A pasta afirmou ainda que "considera essencial a criação e manutençãoapp de aposta de futebolestruturas e ferramentas que poderão proporcionar ao complexo industrial da saúde nacional a capacidadeapp de aposta de futebolgerar novos negócios, expandir as exportações, integrar-se à cadeiaapp de aposta de futebolvalor e estimular novas demandas por produtos e processos inovadores, levandoapp de aposta de futebolconsideração as prioridades do Sistema Únicoapp de aposta de futebolSaúde".

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