Coronavírus: Sem plano do governo para favelas, moradores e organizações se juntam para controlar contágio:skrill poker

Em coletivaskrill pokerimprensa na última sexta-feira (27/03), o secretário-executivo do ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que favelas são "a grande preocupação" da pasta. "A nossa grande preocupação são essas comunidades, pelas dificuldades com saneamento, com acesso a água potável, a dificuldadeskrill pokerevitar aglomerações", disse ele, e citou medidas que estão sendo avaliadas: hotéis, hospitaisskrill pokercampanha, navios.

Enquanto o poder público não oferece soluções específicas para a situação das favelas, elas juntam forças para combater o vírus como podem.

O Brasil tem 13,6 milhõesskrill pokerpessoas morandoskrill pokerfavelas, segundo os institutos Data Favela e Locomotiva. Algumas delas são mais populosas do que municípios inteiros. O Complexo da Maré, por exemplo, tem uma populaçãoskrill poker140 milskrill pokersuas 16 favelas,skrill pokeracordo com a Redes da Maré.

"Tem sido difícil. A gente não está acostumado a ficar preso dentroskrill pokerum apartamento. Piora mais ainda quando tem cinco, seis pessoasskrill pokercasa e não tem, comoskrill pokeroutros lugares, uma piscina, uma varanda para você se distrair", diz a engenheira Magda Gomes, do coletivo A Rocinha Resiste.

Os grupos estão mapeando os territórios para identificar casas e regiõesskrill pokermais risco, coletando doações para compraskrill pokeritensskrill pokerhigiene, cobrando autoridades para resolverem problemasskrill pokerfaltaskrill pokerágua e elaborando propostas para apresentar ao poder público. O turismo, que é comumskrill pokerlugares como a Rocinha, está proibido desde a semana passada, por iniciativa das associaçõesskrill pokermoradores.

No entanto, a questão do distanciamento social segue sem uma solução clara. "A gente entra na casaskrill pokerum idoso e vê que ele mora muitas vezes com cinco, seis, às vezes até sete pessoas dentroskrill pokercasa. Não tem o que fazer, as pessoas não têm para onde ir. Se nós estamos fazendo nossa parte, o governo não pode fazer a dela e oferecer, por exemplo, um hotel?", questiona Wallace Pereira, presidente da associaçãoskrill pokermoradores da Rocinha. O município do Rio estuda fazer isso, mas ainda não deu detalhes da operação.

"Nas favelas e periferias existe uma negligência histórica, serviços públicos básicos não chegam da maneira que deveriam, então a crise se amplia", diz Eliana Souza, uma das fundadoras da ONG Redes da Maré. "A sociedade civil fazskrill pokerparte, mas o governo precisa entrar", diz ela.

Quem precisaskrill pokerquê?

Na Rocinha, algumas casas onde moram pessoas mais velhas trazem um aviso na porta que diz: "aqui tem idoso", para facilitar a distribuiçãoskrill pokermateriaisskrill pokerhigiene e alimentos e incentivar jovens a oferecerem ajuda.

O coletivo A Rocinha Resiste fez um questionário enviado por gruposskrill pokerWhatsapp para entender quais são as principais demandas da população e onde elas estão.

Na Maré, a ONG Redes se baseouskrill pokerpesquisa populacional que ela mesma fezskrill poker2019 para mapear quem são e onde estão os moradores mais pobres do conjuntoskrill pokerfavelas e chegou à conclusãoskrill pokerque háskrill poker4.500 a 6.000 famílias que precisarãoskrill pokeralimentos - problema que é anterior ao coronavírus, mas que se agrava com ele - e itensskrill pokerhigiene para cumprir as recomendaçõesskrill pokerprevenção.

Os grupos ouvidos pela BBC News Brasil estão levantando recursos por meioskrill pokerdoaçõesskrill pokerdinheiro. No caso da Maré, a ideia é comprar tudo dentro da própria favela e, desse modo, estimular a economia local, que deve sofrer um baque devido à faltaskrill pokermovimento. A favela tem cercaskrill poker4.000 comércios.

O coletivo A Rocinha Resiste está coletando doações para, no inícioskrill pokerabril, comprar água sanitária, sabão, álcoolskrill pokergel e água mineral.

Por ser uma favela com regiõesskrill pokergrande densidade populacional, com pouca iluminação e circulaçãoskrill pokerar, tem casosskrill pokeruma doença pouco comum nos diasskrill pokerhoje, a tuberculose - que também é contagiosa e ataca os pulmões, assim como a covid-19.

O veículoskrill pokercomunicação fundado no Complexo do Alemão Voz das Comunidades lançou também uma campanhaskrill pokerarrecadaçãoskrill pokerrecursos, intitulada Pandemia Com Empatia. A campanha vai organizar doações para diversas favelas.

Como lavar as mãos se não tem água?

A faltaskrill pokerágua é realidadeskrill pokerdiversas favelas do Rio. Angélica Coutinho vive com o marido e três filhos. O casal dorme na sala e os filhos, num quarto. Uma delas, Yasmin, tem uma filha com dificuldadeskrill pokerequilíbrio. Na semana passada, Coutinho teve que caminhar até a escola onde trabalha ou até a casaskrill pokeruma vizinha para buscar água.

"Cheguei a pedir para Deus mandar água do céu", diz ela. O trajeto seria cansativoskrill pokercondições normais e se torna também perigoso porque expõe Coutinho a riscoskrill pokercontágio e porque o caminho é íngreme e acidentado. O fornecimentoskrill pokerágua se normalizou no fimskrill pokersemana, mas já foi interrompido novamente, diz ela.

Enquanto isso,skrill pokermãe, que tem 59 anos e sofreskrill pokerpressão alta, também estava sem águaskrill pokercasa nesta terça-feira. Seu filho e seu neto têm levado galões da caixaskrill pokerCoutinho até a casa dela.

A Defensoria Pública do Rio entregou à Companhia Estadualskrill pokerÁguas e Esgotos do Rioskrill pokerJaneiro (Cedae) um relatório com pelo menos 475 denúncias recebidasskrill pokerfalta d'água. Dessas, 397 sãoskrill poker"torneira seca" - falta d'água rotineira, como o caso da famíliaskrill pokerCoutinho. As reclamações vêmskrill poker140 lugares, a grande maioriaskrill pokerfavelas, diz a Defensoria.

As cinco favelas que mais enviaram denúncias foram Tabajaras (93 registros), Rocinha (27), Alemão (11), Maré (8) e Fallet (8).

O que os moradores propõem e o que o governo está fazendo?

Organizações locais vêm redigindo sugestões para as autoridades. Há propostas como a liberaçãoskrill pokercestas básicas e kitsskrill pokerhigiene, distribuiçãoskrill pokerágua, contrataçãoskrill pokeragentes comunitáriosskrill pokersaúde, lugares para enviar pessoas doentes, como hotéis. Há também sugestõesskrill pokermedidas econômicas para garantir moradia e abastecimentoskrill pokerágua e luz aos que podem vir a ficar sem recursos para pagar contas.

O município do Rio estuda usar navios da Marinha e hotéis como abrigo para moradoresskrill pokerfavelaskrill pokergruposskrill pokerrisco, mas ainda não informou detalhes da operação.

Segundo a Prefeitura, "unidadesskrill pokeratenção primária intensificaram as orientações para a população atendida nas comunidades", diz a Secretariaskrill pokerSaúde,skrill pokernota. "As equipes orientam para que as pessoas evitem sairskrill pokercasa, se possível, e detalham a correta higienização pessoal e do ambiente, como o usoskrill pokerágua sanitária para a limpeza da casa. Recomendam ainda a destinaçãoskrill pokerum local da casa para o familiar com suspeitaskrill pokercoronavírus. Se houver apenas um cômodo, a orientação é que pessoas infectadas devem tentar permanecer a pelo menos um metroskrill pokerdistância dos demais moradores."

A Fiocruz desenvolveu um planoskrill pokeração para as favelas que já está sendo implementadoskrill pokerparte na Maré eskrill pokerManguinhos, que ficam perto da sede da instituição. "Consideramos que as favelas são os territórios mais vulneráveis para circulação do vírus e ocorrênciaskrill pokercasos graves, que podem vir a não ser atendidos. É o elo mais fraco dessa epidemia", diz Valcler Rangel, médico sanitarista e chefeskrill pokergabinete da presidência da Fiocruz.

A instituição produziu,skrill pokerparceria com moradores e lideranças, um material informativo específico para essas localidades.

"A mensagem é a mesmaskrill pokersempre, o que muda é a ênfase. O álcool gel virou símbolo da pandemia, mas é muito menos eficaz para evitar contágio do que outras medidas, como evitar contato e lavar as mãos com sabão. Também é importante informar sobre os sintomasskrill pokergravidade (tosse demais, febre alta que não baixa com remédios, por exemplo) para evitar uma busca precoce demais pelo sistema. Ela precisa ser precoce, mas nãoskrill pokerexcesso", diz ele.

Na avaliaçãoskrill pokerRangel, a propostaskrill pokerenviar idosos e outros gruposskrill pokerrisco a hotéis pode ser boa, se for executada com cuidado.

"Não podemos deixar as pessoas se virarem com suas populaçõesskrill pokerrisco. O Estado tem que estar presente para identificar essas pessoas", diz ele, que defende que haja mais testes destinados a lugares onde há maior probabilidadeskrill pokercontágio. "Nos lugares onde a circulação do vírus é mais fácil é necessário proteger mais ainda", diz o especialista.

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