'Se pararmos, vai ficar lotadobet zcorpos': incerteza sobre contágio após morte causa medobet zsetor funerário:bet z

Caixãobet zvelório

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Legenda da foto, Trabalhadoresbet zagências funerárias têm trabalhado sem equipamentosbet zproteção, segundo relatos à reportagem

Ela conta que preparou dois corpos cujos motivos declarados para óbito eram "insuficiência respiratória", com uma observação que dizia "aguardando exames". "Como não dizia 'covid-19' e a família queria, fiz a preparação", conta. Ela estava sem o materialbet zproteção adequado. "Se não está escrito na declaraçãobet zóbito, como é que vamos chegar na família e falar que não vamos fazer?"

Segundo ela, o velório foi a céu aberto e com aglomeraçãobet zfamiliares. Mais tarde, ela soube que a pessoa havia morrido por causabet zcovid-19.

Agora, Roberta está afastada do trabalho porque fez um exame cujo resultado deu positivo para coronavírus. Deixoubet zajudar a mãe idosa, que precisa dela. Não há comprovaçãobet zque tenha sido infectada no trabalho, e especialistas divergem sobre o contágio por cadávares.

Em um hospital particularbet zSão Paulo, na semana passada, um motoristabet zum serviço funerário foi buscar um corpo, relata um funcionário da categoria. A declaraçãobet zóbito dizia "causa indefinida", mas, chegando lá, o cadáver estava dentrobet zum saco, o que não é praxe.

Enfermeiras disseram ao motorista que, na realidade, a causa da morte havia sido covid-19, e não souberam explicar por que isso não constava na declaraçãobet zóbito. Ele não estava com o equipamentobet zproteção adequado.

Em uma funerária da região do ABC, na Grande São Paulo, um agente funerário conta como servidores do próprio IML (Instituto Médico Legal) e do SVO (Serviçobet zVerificaçãobet zÓbitos) têm avisado que mortes por "broncopneumonia", "pneumonia bilateral", entre outros, podem ter sido decorrênciabet zcovid-19, sem que testes tenham sido feitos. Por isso, trabalhadores da funerária onde trabalha decidiram por conta própria usar equipamentobet zproteção que usariam para casosbet zcovid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou como principal estratégiabet zcombate ao coronavírus medidasbet zprevenção e a massiva realizaçãobet ztestes para identificar os infectados. O gargalobet ztestes que o Brasil tem enfrentado, alémbet zafetar o combate ao avanço da doença, impacta o trabalho das pessoas na linhabet zfrente, pois acabam tendobet zmanusear cadáveres sem saber se a causa da morte foi covid-19.

Tubobet zexamebet zcoronavírus

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Legenda da foto, A subnotificaçãobet zcasosbet zcovid-19 tem deixado funcionários do setor apreensivos, com medobet zinfecção

Em São Paulo, por exemplo, o resultadobet zum exame na rede pública tem demorado no mínimo 10 dias, segundo relatosbet zmédicos.

"E se a gente parar, se fizermos uma greve? Vai ficar lotadobet zmortos", diz Roberta, que preparou, sem saber, um corpobet zuma vítimabet zcovid-19. "A gente precisa se ajudar. Colocamos nossa vidabet zrisco para cuidar dos mortos. Estamos abandonados."

"Na terça-feira (31/30), o Ministério da Saúde informou que o Brasil tinha registrado 201 mortes por coronavírus — eram 5.717 casos confirmados".

Manuseio dos corpos

Quando uma pessoa morrebet zdecorrência da covid-19, há procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde antes mesmo do velório: a tanatopraxia não é recomendada, o corpo deve ser enrolado com lençóis e dois sacos exteriores e o saco deve ter a identificação da pessoa morta e a "informação relativa ao risco biológico: covid-19".

A urna (caixão) deve ser lacrada e desinfectada. E todos os profissionais envolvidos no manuseio e transporte do corpo devem usar equipamentosbet zproteção individual.

Velórios e funerais não são recomendados durante os períodosbet zisolamento social e quarentena. Caso sejam realizados, recomenda-se que o enterro ocorra com no máximo dez pessoas, "não pelo risco biológico do corpo, mas sim pela contraindicaçãobet zaglomerações", diz o texto da pasta. Em São Paulo, o tempo foi limitado a uma hora e o número máximobet zatendentes foi limitado para dez.

A Agência Nacionalbet zVigilância Sanitária (Anvisa) é mais categórica: "o manuseio do corpo deve ser o menor possível" e "o corpo não deve ser embalsamado (tratado)", diz texto do órgão. Também dá preferência para a cremação dos cadáveres; para o Ministério da Saúde, os corpos podem ser enterrados ou cremados.

Mas a demorabet zresultadosbet zexames para o coronavírus, mesmo após a morte da pessoa possivelmente infectada, tem afetado os procedimentos recomendados. Declaraçõesbet zóbito devem incluir a infecção por coronavírus, caso tenha sido confirmada por exame, ou informar que há testesbet zandamento. Mas nem todos as declarações têm incluído essa segunda informação.

A BBC News Brasil teve acesso a cópiasbet zpedidosbet zcontrataçãobet zfuneral. Alguns trazem a "suspeitabet zcovid-19". Um deles diz apenas "insuficiência cardíaca" e "morte a esclarecer - aguardar exames".

Em Minas, por exemplo, 41 cadáveres chegarambet zuma funeráriabet z48 horas. Segundo o jornal O Estadobet zS. Paulo, os laudos das mortes apontam causasbet zinsuficiência respiratória aguda, pneumonia e covid-19, e o governo do Estado está investigando o caso. Dados oficiais apontam apenas para uma morte por covid-19 no Estado. Segundo o jornal, o governo admitiu que corpos estão sendo enterrados sem que se saiba se a morte se deu por causa da nova doença.

Coronavírus

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Legenda da foto, Segundo especialistas, agentes funerários deveriam usar equipamentosbet zproteção individual ao lidar com corpos e parentes

Na semana passada, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, admitiu que pode haver demora nas notificações se o paciente morre rapidamente, antesbet zo resultado do teste sair. Nesses casos, afirmou ele, o registro é feito posteriormente, quando o resultado ou contraprovas confirmarem o coronavírus.

Para Marcos Sheffer, consultor funeráriobet zCampo Belo, Minas Gerais, se a declaraçãobet zóbito não deixar claro que a morte pode ter se dado por covid-19, algo que vem acontecendo, a preparação do corpo e o velório podem ser feitos, e "expõe agentes, tanto pelo corpo sendo velado, quanto pela aglomeraçãobet zpessoas".

Também eleva o valor do velório, já que o preparo do corpo, ou tanatopraxia, pode custar entre R$ 300 e R$ 1.200, dependendo da região. Significa que pode haver interessebet zdonosbet zfuneráriasbet zpermitir que o preparobet zcorpos continue sendo feito, mesmo com o riscobet zque o óbito tenha se dado por covid-19.

Cadáveres contaminam?

Um argumento que tem sido usado nesse debate é obet zque não há provasbet zque pessoas tenham se infectado com coronavírus a partir do contato com cadáveres.

A própria OMS reconhece,bet zuma nota, que "até o momento, não há evidênciasbet zpessoas que tenham sido infectadas pela exposição aos corposbet zpessoas que morrerambet zcovid-19", mas a organização diz ser necessário o equipamentobet zproteção individual para o manuseio do corpo.

A entidade afirma ainda que "a dignidade dos mortos,bet zcultura e religião tradições e suas famílias devem ser respeitadas e protegidas por todos os envolvidos. A eliminação apressadabet zmortos do covid-19 deve ser evitada".

Para o médico Julival Ribeiro, epidemiologista pela Universidadebet zBrasília, funcionáriosbet zserviços funerários devem obrigatoriamente utilizar equipamentosbet zproteção individual (EPI) ao lidar com cadáveres.

"A pessoa pode entrarbet zcontato com secreções liberadas pelo corpo e se contaminar. Claro que os equipamentos não precisam ser os mesmosbet zuma Unidadebet zTerapia Intensiva, que são mais completos. Mas os EPI são estritamente necessários nesse setor", diz.

Lourival Panhozzi, presidente da Associação Brasileirabet zEmpresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), afirma que a orientação da entidade é que suas 13 mil empresas filiadas continuem a trabalhar desde que respeitem alguns procedimentos.

Entre eles, a entidade cita o usobet zinvólucro para remover o corpo do hospital e urnas lacradas para impedir a "trocabet zgases" e líquidos com ambiente externo. Recomenda, ainda, que os funcionários usem equipamentosbet zproteção, não apenas no trato com o corpo, mas também para conversar com familiares. Velórios, diz a associação, devem ter apenas 10 pessoasbet zsalasbet z20 metros quadrados, no mínimo.

Panhozzi se diz contra a suspensão da tanatopraxia ebet zcerimônias funerárias no país, como vem sendo ventilado por trabalhadores do setor.

"Somos contra a suspensão dos trabalhosbet zmaneira irrestrita. O númerobet zmortes por covid-19 é pequenobet zrelação ao totalbet zmortes que ocorrem no Brasil. Por causa desses casos, nós vamos privar todas as pessoasbet zse despedirem dos seus parentes nesse momento tão difícil? Isso pode causar danos psicológicos e emocionais irreversíveis. Os caixões têm vidro, e ninguém prova que o vírus pode atravessar superfícies sólidas", afirma.

Segundo ele, agentes funerários que lidam com cadáveres usam equipamentosbet zproteção há pelo menos 20 anos, embora já existam agências funerárias relatando escassez do material no mercado por causa da alta procura, diz.

Mão tocando caixão

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Legenda da foto, Associaçãobet zempresário do setor afirma que segue recomendação da OMS

"Nunca ouvi nenhum casobet zalgum funcionário que tenha se contaminado trabalhandobet zum corpo. Também não há nenhum relato no mundobet zque isso tenha ocorrido com a covid. O que pode estar acontecendo é que, na horabet zlidar com um corpo, um agente use o materialbet zproteção, mas, quando ele se aproxima da família, ele deixabet zusá-los. A infecção pode vir daí", afirma.

A tanatopraxista Nina Maluf discorda. "Não devemos preparar os corpos por conta do riscobet zcontágio da pessoa manipulando aquele corpo. É questãobet zbom senso. Embora a gente use equipamentosbet zproteção individual, a gente está exposto. E não são todas as funerárias e cemitérios que têm os equipamentos necessários", diz ela, que faz partebet zum grupobet zagentes funerários e tanatopraxistas que debatem essa questão.

Sobre a divergência entre a OMS e o Ministério da Saúde, ela diz que "o que deveria ter forçabet zlei é aquilo que melhor atende às questões sociais, e o que atende melhor essa questão social do contágio, do medo, da pressão do trabalhador, é não preparar os corpos que vêm dos hospitais com essas patologias", como a pasta brasileira recomenda.

Transmissão entre cadávares

Em uma publicação no Facebook, o governador do Estadobet zSão Paulo, João Doria (PSDB), publicou que "um cadáver infectado ainda pode transmitir a doença por até 72 horas", ao justificar um decreto feito para descongestionar o Serviçobet zVerificaçãobet zÓbitos (SVO), responsável por determinar a causa óbito, nos casosbet zmorte natural, sem suspeitabet zviolência.

A BBC News Brasil questionou a assessoria do governo do Estado sobre qual teria sido a base científica da afirmação.

"As autoridades sanitárias não recomendam a realizaçãobet zautópsiabet zóbitos por covid-19, pelo risco epidemiológicobet zinfecção dos profissionais envolvidos no manejo do corpo", respondeu a assessoria, sem esclarecer sobre o embasamento da afirmação ebet zseguida citando recomendações do Ministério da Saúde.

"As autópsiasbet zcadáveresbet zpessoas que morrem com doenças causadas por patógenos das categoriasbet zrisco biológicos 2 ou 3 expõem a equipe a riscos adicionais. Por isso, devem ser evitadas."

Sob a condiçãobet zanonimato, um médico legista que atua no Instituto Médico Legal (IML)bet zSão Paulo afirmou à reportagem que os profissionais do setorbet znecropsia e verificaçãobet zóbitos temem a contaminação deles próprios ebet zoutros cadáveres que estiverembet zsalas dos serviços, caso elas fiquem cheias.

"A salabet znecropsia não é igual a uma sala cirúrgica, esterilizada. É uma área contaminada. Os corpos ficam um ao lado do outro. Os funcionários não lavam as mãos toda vez que pegam um cadáver. Os secreções espirram, sangue escorre. O que pode acontecer é que, nesse cenário, um cadáver com covid-19 contamine outro. Esse segundo corpo depois será velado e pode contaminar a família", diz.

Equipamentobet zproteção

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Municípiobet zSão Paulo (Sindsep), João Batista Gomes, falta materialbet zproteção individual e disponibilidadebet zálcoolbet zgel para os funcionáriosbet zcemitérios na cidade.

São Paulo tem 22 cemitérios, um crematório e agências que fazem a vendabet zcaixões. As clínicasbet ztratamento do corpo são privadas.

Na semana passada, conta ele, funcionários do cemitériobet zPerus, na zona norte da cidade, se recusaram a fazer o sepultamentobet zpessoas desconhecidas (é lá onde as pessoas sem identificação normalmente são enterradas) porque não tinham roupabet zproteção. No dia seguinte, diz, o material chegou, e os funcionários ligaram para o IML, que levou os corpos novamente.

A prefeiturabet zSão Paulo diz que contratou temporariamente novos coveiros por meiobet zuma empresa terceirizada — já que cercabet z60% dos sepultadores foram afastados por terem 60 anos ou mais — e que alugou veículos.

Também diz que equipamentosbet zproteção estão disponíveis. "Todos os sepultadores e coveiros estão aptos a fazer os sepultamentos nos casos suspeitos ou confirmadosbet zcoronavírus e utilizam equipamentosbet zproteção individual como máscara, luvas e uma roupa apropriada para manejo dos corpos", diz o texto. Além disso, diz que disponibiliza álcoolbet zgel para todos os funcionários.

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Os casos

O primeiro registro do coronavírus no Brasil foibet z24bet zfevereiro. Um empresáriobet z61 anos, que morabet zSão Paulo (SP), foi infectado após retornarbet zuma viagem, entre 9 e 21bet zfevereiro, à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu que tem mais casos fora da China.

De acordo com o Ministério da Saúde, o empresáriobet z61 anos tinha sintomas como febre, tosse seca, dorbet zgarganta e coriza. Parentes dele passaram a ser monitorados. Dias depois, exames apontaram que uma pessoa ligada ao paciente também estava com o novo coronavírus e transmitiu o vírus para uma terceira pessoa. Todos permanecerambet zquarentenabet zsuas casas, pelo período de, ao menos, 14 dias.

Paciente com coronavírus

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Legenda da foto, Pacientes com coronavírus deverão ficarbet zquarentena

Após o primeiro caso, outros diversos registros passaram a ser feitos no Brasil. Muitos vierambet zpaíses com inúmeros casos do novo coronavírus, mas depois foram registrados casosbet ztransmissão local e, por fim, comunitária.

Duas semanas depois, foi anunciado que o empresáriobet z61 anos está curado da doença provocada pelo novo coronavírus.

Cuidados

A principal recomendaçãobet zprofissionaisbet zsaúde que acompanham o surto é simples, porém bastante eficiente: lavar as mãos com sabão após usar o banheiro, sempre que chegarbet zcasa ou antesbet zmanipular alimentos.

O ideal é esfregar as mãos por algo entre 15 e 20 segundos para garantir que os vírus e bactérias serão eliminados.

Se estiverbet zum ambiente público, por exemplo, ou com grande aglomeração, não toque a boca, o nariz ou olhos sem antes ter antes lavado as mãos ou pelo limpá-las com álcool. O vírus é transmitido por via aérea, mas também pelo contato.

Também é importante manter o ambiente limpo, higienizando com soluções desinfetantes as superfícies como, por exemplo, móveis e telefones celulares.

Para limpar o celular, pode-se usar uma solução com mais ou menos metadebet zágua e metadebet zálcool, alémbet zum pano limpo.

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