O que família Bolsonaro pode ganhar com saídaaposta betaWitzel do governo do Rio:aposta beta

Com a decisão do STJ, há a possibilidade que o governador nunca mais retorne ao posto: tramita na Assembleia Legislativa do Estado do Rioaposta betaJaneiro (Alerj) o processoaposta betaimpeachment do governador, e é possível que os deputados estaduais julguem o caso antes dos seis meses.

No fim da semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandreaposta betaMoraes liberou a tramitação do impeachment, e o presidente da Alerj, o deputado André Siciliano, disse que o processo pode chegar ao plenárioaposta betaduas semanas. Ou seja, até meadosaposta betaagosto.

Mas o que Jair Bolsonaro eaposta betafamília podem ganhar com o afastamento e eventual saída definitivaaposta betaWitzel do cargo?

Há pelo menos três vantagens para o presidente da República — e seu clã — neste caso. A BBC News Brasil explica abaixo cada um deles.

1. Um aliado poderá indicar o próximo chefe do MP do Rio

Uma vez afastado, Witzel não indicará o próximo chefe do Ministério Público do Estado do Rioaposta betaJaneiro (MPRJ). O novo procurador-geralaposta betaJustiça do Estado deverá ser nomeadoaposta betadezembro deste ano, para um mandatoaposta betadois anos.

O órgão éaposta betainteresse direto da família Bolsonaro: tramita no MP Estadual a investigação sobre o envolvimentoaposta betaFlávio Bolsonaro no chamado esquema das "rachadinhas".

Segundo os investigadores, Flávio Bolsonaro ficaria com parte dos saláriosaposta betaseus assessores na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) quando era deputado estadual,aposta beta2003 a 2019 — o que ele nega. Durante parte deste período, o ex-assessor Fabrício Queiroz seria o responsável por coletar os salários dos demais empregados do gabinete.

Nesta segunda-feira (31/08), Flávio Bolsonaro ligou para o governadoraposta betaexercício do Rioaposta betaJaneiro, Cláudio Castro, que comemorou a conversa com o senador emaposta betaconta no Twitter. Com Witzel afastado, é possível que caiba a Castro a indicação do próximo chefe do MP-RJ.

No MP-RJ vale a mesma regra do MPF: os membros da instituição elegem uma listaaposta betatrês nomes, que é então submetida ao governador. Este pode, ou não, nomear o mais votado. Nas últimas duas ocasiões, o nomeado foi também o escolhido pelos procuradores: o atual procurador-geral José Eduardo Gussem.

Segundo um procurador do MP-RJ ouvido pela BBC News Brasil, apesaraposta betao mais votado ter sido nomeado nos últimos anos, há precedentesaposta betaprocuradores-gerais escolhidos fora da lista. Para ser nomeado, basta ser membro efetivo da carreira, diz o profissional.

Além disso, uma eventual tentativaaposta beta"esfriar" a investigação das rachadinhas pode falhar por outro motivo: a faseaposta betacoletaaposta betaprovas do caso já acabou. Os procuradores que tratavam do caso no MP-RJ concluíram na segunda-feira (31/8) as apurações sobre Flávio, e enviaram o material para José Eduardo Gussem. Cabe a ele decidir como dar seguimento ao caso.

2. O governador também comanda a Polícia Civil

Desde que rompeu com o governador, Jair Bolsonaro passou a acusar Wilson Witzelaposta betausar a Polícia Civil do Rioaposta betaJaneiro para persegui-lo e àaposta betafamília. Em outubro do ano passado, o presidente atribuiu ao governador a culpa por seu nome ter sido mencionado nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), morta a tirosaposta betamarçoaposta beta2018.

Os detalhes da investigação foram divulgados pelo Jornal Nacional, da TV Globo. No dia seguinte, Bolsonaro disse que a menção a seu nome tinha sido orquestrada por Witzel.

"No meu entender, é uso político por parte do governador Witzel que agiu, no meu entender, criminosamente. Não só conduzindo para onde queria o inquérito, bem como tendo acesso a um processo que tramitavaaposta betasegredoaposta betaJustiça. No meu entender, um ato criminoso do governador do Rioaposta betaJaneiro que tem ambições políticas. Mas como não tem competência para aparecer no Brasil, acaba atacando o atual presidente da República", disse ele.

Se conseguir substituir Witzel por um aliado no comando da Polícia Civil, Bolsonaro terá,aposta betatese, influência sobre a Polícia Civil do Rio — a corporação faz parte da estrutura do Executivo local, embora os delegados tenham autonomia para conduzir as investigações.

Para o cientista político Felipe Borba, a saídaaposta betaWitzel pode até representar algum tipoaposta betaalívio para o clã Bolsonaro nas investigações, com a escolha do novo procurador-geral do MP-RJ e a influência na Polícia Civil. No entanto, há problemas também nesta hipótese.

"Seaposta betafato o Bolsonaro estiver agindo para substituir um governador, para ter um controle maior sobre as investigações que são feitas contra a família dele, ele também está declarando guerra contra quem conduz a investigação, contra o Ministério Público, o que pode trazer problemas para ele", diz Borba, que é professor da Universidade Federal do Estado do Rioaposta betaJaneiro (Unirio).

"E tem uma segunda consequência ruim também. Você acaba passando a ideia, pelo menos para o público que acompanha mais a política, a sensaçãoaposta betaque tem algo para esconder (ao tentar intervir nas investigações). Então, é aquele ditado popular. Onde tem fumaça, tem fogo. Se ele está querendo debelar essa fumaça, é porque tem alguma coisa a esconder. Passa para o público uma ideia ruim,aposta betaque o presidente está agindo para obstruir investigações, sendo capaz até mesmoaposta betaremover um governador", diz o cientista político.

3. Um 'concorrente' a menos para o Palácio do Planaltoaposta beta2022

Wilson Witzel começou a se distanciaraposta betaseu antigo aliado Bolsonaro ainda no começoaposta beta2019. Meses depoisaposta betater sido eleito governador do segundo Estado mais rico do Brasil, o ex-juiz começou a dizer que tinha a ambiçãoaposta betadisputar a Presidência da Repúblicaaposta beta2022.

"Estou preparado para governar o Rioaposta betaJaneiro e estou preparado para governar o nosso país", disse Witzel à BBC News Brasilaposta betauma viagem aos EUA, aindaaposta betaabrilaposta beta2019. "Acho que o Brasil precisa sempreaposta betalíderes que possam dar às gerações futuras melhores oportunidades. É isso que quero fazer pelo nosso país", disse ele.

Se o ex-juiz realmente sofrer um impeachment e for removidoaposta betaforma definitiva do Palácio das Laranjeiras, a eventual candidatura ao Planaltoaposta beta2022 fica ainda mais distante. Em tese, é um concorrente a menos no caminhoaposta betaJair Bolsonaro — o presidente vem deixando cada vez mais claro o interesseaposta betatentar a reeleição ao fim do seu mandato atual.

Além do riscoaposta betaperder o cargo, Witzel também poderá teraposta betagastar tempo e dinheiro se defendendo das acusações contra ele — mais um impeditivo para uma aventura eleitoral.

Ao pedir o afastamentoaposta betaWitzel, o Ministério Público Federal também denunciou o ex-juiz pelos crimesaposta betacorrupção e lavagemaposta betadinheiro. As acusações também alcançam a mulher dele, a advogada Helena Witzel.

Para o MPF, Witzel ajudou empresas que pagavam propinas a funcionários públicos do Estado do Rioaposta betatrocaaposta betabenesses na relação com o governo do Estado — até mesmo contratos da resposta à pandemiaaposta betacovid-19 teriam entrado no bolo.

Segundo os procuradores, o próprio governador teria recebido dinheiro por meioaposta betacontratos fictícios que essas empresas fecharam com o escritórioaposta betaadvocaciaaposta betasua mulher. A denúncia do Ministério Público está apoiadaaposta betaprovas colhidas com a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telemático dos acusados.

Na ocasião, o governador negou irregularidades e acusou a procuradora Lindôra Araújo, que assina a peça contra ele,aposta beta"perseguição".

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