Mortes por covid-19 no Brasil estão 50% acima do que apontam dados oficiais, calculam especialistas:novas plataformas de cassino

Paciente internado está deitado numa maca hospitalar e é atendido por dois profissionaisnovas plataformas de cassinosaúde

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, De acordo com projeções matemáticas, Brasil já superou há tempos as 200 mil mortes por covid-19

Mas, afinal, como é possível calcular esse excessonovas plataformas de cassinoóbitos que foge das contas oficiais?

Mortes sem explicação

Para responder a essa pergunta, o engenheiro Miguel Buelta, professor titular da Escola Politécnica da Universidadenovas plataformas de cassinoSão Paulo, recorreu aos registros brasileirosnovas plataformas de cassinoóbitos por Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG).

Por lei, todos os hospitais são obrigados a notificar o governo quando uma morte por essa condição acontecenovas plataformas de cassinosuas dependências.

"Se compararmos o númeronovas plataformas de cassinomortes por SRAGnovas plataformas de cassino2019 enovas plataformas de cassino2020, é possível observar que neste ano há um excedente enorme, mesmo quando subtraímos a média dos períodos anteriores e os casosnovas plataformas de cassinoque a covid-19 foi confirmada", afirma Buelta.

Em outras palavras, na comparação com o passado recente, o númeronovas plataformas de cassinopessoas que não sobreviveu a um colapso das vias aéreasnovas plataformas de cassino2020 foi muito maior. E, dentro desse contingente, há uma quantidade enormenovas plataformas de cassinoóbitosnovas plataformas de cassinoque o agente por trás do problema não foi identificado.

Vamos aos números. Em 2019, o Brasil contabilizou 4.852 mortes por SRAG. Já no anonovas plataformas de cassino2020, o númeronovas plataformas de cassinoóbitos por essa mesma condição estavanovas plataformas de cassino229,1 mil até o dia 1ºnovas plataformas de cassinonovembro. Desse total registrado, 151,5 mil tiveram a covid-19 confirmada.

Numa conta simplesnovas plataformas de cassinosubtração, dá pra concluir que cercanovas plataformas de cassino75 mil mortes por SRAG ocorridas ao longo dos últimos meses não tiveramnovas plataformas de cassinoorigem esclarecida. Porém,novas plataformas de cassinoum anonovas plataformas de cassinopandemia, com alta circulaçãonovas plataformas de cassinoum novo tiponovas plataformas de cassinocoronavírus, especialistas dizem ser possível afirmar que a maioria dessas pessoas deve ter tido covid-19.

Fatores confundidores

E se forem, na verdade, pacientesnovas plataformas de cassinopneumonia? Buelta levou essa possibilidadenovas plataformas de cassinoconta.

"Algumas pessoas argumentaram que, ao longonovas plataformas de cassino2020, o númeronovas plataformas de cassinomortes por pneumonia caiu no Brasil. Segundo essa linhanovas plataformas de cassinoraciocínio, os médicos estariam colocando com mais frequência a SRAG do que a pneumonia nos atestadosnovas plataformas de cassinoóbito", conta Buelta.

O engenheiro resolveu, então, adicionar mais alguns números nanovas plataformas de cassinofórmula. "Mesmo se acrescentarmos esse eventual fatornovas plataformas de cassinoconfusão da pneumonia na conta, ele não é suficiente para explicar esse excedente todonovas plataformas de cassinomortes por SRAG que observamos", diz.

Vamos considerar um cenário considerado absurdo e irreal,novas plataformas de cassinoque 50% das mortes por SRAG notificadas no país eram, na verdade, pneumonias não diagnosticadas. "Mesmo assim, ainda teríamos uma subnotificaçãonovas plataformas de cassinomortes prováveis por covid-19 na casa dos 30%", observa Buelta.

Os especialistas acreditam que a explicação para essa queda nas mortes por pneumonia é muito mais simples: com as pessoas mais isoladasnovas plataformas de cassinocasa (especialmente as crianças, que emnovas plataformas de cassinomaioria não foram à escola nos últimos meses), a circulaçãonovas plataformas de cassinooutros agentes infecciosos relativamente comuns caiu no país.

É provável, portanto, que não apenas a pneumonia, mas doenças como gripe, diarreia e resfriado tenham sido bem menos impactantes neste anonovas plataformas de cassinorelação aos períodos anteriores.

Muito além dos dados oficiais

É preciso considerar que os cálculosnovas plataformas de cassinosubnotificação apresentados até agora levamnovas plataformas de cassinoconta apenas os dados dos pacientes que chegaram até o hospital, onde a notificaçãonovas plataformas de cassinoSRAG é compulsória.

"Nós sabemos que, ao longonovas plataformas de cassino2020, houve um excessonovas plataformas de cassinomortes ocorridasnovas plataformas de cassinocasa ou na rua,novas plataformas de cassinoindivíduos que nem chegaram a receber um atendimento", aponta Schrarstzhaupt.

Profissionalnovas plataformas de cassinosaúde paramentado com equipamentosnovas plataformas de cassinoproteção dá sinaisnovas plataformas de cassinocansaço

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Legenda da foto, Cansaço e acúmulonovas plataformas de cassinotrabalho no final do ano é um dos motivos para o atraso na atualização dos dados sobre a pandemia no Brasil

O cenário aqui fica um pouco mais nebuloso, pois não há muita informação disponível e confiável.

É possível ter uma pista desse fenômeno no Portal Transparência, mantido pela Associação Nacional dos Registradoresnovas plataformas de cassinoPessoas Naturais, entidade que representa os cartórios brasileiros.

A basenovas plataformas de cassinodados revela que,novas plataformas de cassino2019, 272 mil brasileiros morreram por causas respiratórias fora do ambiente hospitalar (na rua ounovas plataformas de cassinocasa, por exemplo). Jánovas plataformas de cassino2020, esse número estánovas plataformas de cassino323 mil, quase 50 mil óbitos a mais.

Não é possível, é claro, relacionar todo esse excedente à covid-19. Mas os especialistas indicam que o fatonovas plataformas de cassinoele aparecer justamente durante a pandemia é um sintomanovas plataformas de cassinodescompasso e possível desatualização das informações oficiais.

Segundo estimativas conservadoras dos três entrevistados pela reportagem, somando-se as mortes por SRAGnovas plataformas de cassinocausa não identificada mais as mortes fora do ambiente hospitalar, o totalnovas plataformas de cassinomortes por covid-19 no país até agora deve ser maisnovas plataformas de cassino50% superior às estimativas oficiais.

O outro lado da história

A reportagem da BBC News Brasil entrounovas plataformas de cassinocontato com o Ministério da Saúde para entender como o governo avalia essa questão da subnotificaçãonovas plataformas de cassinomortes por covid-19 no país.

Por meionovas plataformas de cassinonota, a assessorianovas plataformas de cassinoimprensa da pasta afirmou, sem entrarnovas plataformas de cassinodetalhes, que há um processo para fortalecer a redenovas plataformas de cassinovigilâncianovas plataformas de cassinoinfluenza e outros vírus respiratórios, "para cada vez mais qualificar a identificaçãonovas plataformas de cassinoagentes etiológicos causadoresnovas plataformas de cassinodoenças respiratórias, como a covid-19, principalmente por técnicasnovas plataformas de cassinobiologia molecular, incluindo mais tiposnovas plataformas de cassinovírus nos diagnósticos e com equipamentos capazesnovas plataformas de cassinoum maior númeronovas plataformas de cassinoprocessamento ao dia".

No texto, os representantes do ministério também apontaram que o processonovas plataformas de cassinonotificação não envolve apenas informar um novo caso. "Mesmo depoisnovas plataformas de cassinoinserido no sistemanovas plataformas de cassinoinformação, os técnicos retornam para atualizar as informações, bem como os resultados laboratoriais e assim encerrar os casos. O Ministério da Saúde regularmente discute e fortalece a necessidade da notificação e digitação oportuna dos casos suspeitos e confirmados para covid-19 com as equipesnovas plataformas de cassinovigilância dos Estados".

Um problema generalizado

A subnotificação não é algo que acontece apenas no nosso país. Na segunda-feira (28/12), a Rússia admitiu que o númeronovas plataformas de cassinomortosnovas plataformas de cassinorazão da covid-19 por lá era três vezes maior do que apontavam as estatísticas oficiais.

O governonovas plataformas de cassinoVladimir Putin contabilizava 55 mil óbitos. Agora, representantes do Ministério da Saúde russo calculam maisnovas plataformas de cassino186 mil mortes pela doença, o que colocaria o paísnovas plataformas de cassinoterceiro lugar no ranking global, só atrásnovas plataformas de cassinoBrasil (em segundo) e Estados Unidos (em primeiro).

Nos últimos meses, outras nações como a China, a Alemanha e a Coreia do Sul também corrigiram seus cálculos e modificaram os números divulgados até então.

Ainda no contexto internacional, um estudo realizado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, avaliou o graunovas plataformas de cassinosubnotificaçãonovas plataformas de cassinomortes pelo coronavírusnovas plataformas de cassino91 países diferentes.

De acordo com os resultados, que estão na fasenovas plataformas de cassinopré-publicação e ainda não foram avaliados por outros cientistas independentes, a defasagem nos dados acontecenovas plataformas de cassinomaior ou menor graunovas plataformas de cassinotodos os lugares.

Na média, estima-se que os númerosnovas plataformas de cassinoóbitos sejam 40% superiores ao que foi calculado até o momento. Isso significaria um acréscimo globalnovas plataformas de cassinocercanovas plataformas de cassino700 mil mortes provocadas pela infecção do Sars-CoV-2, o coronavírus responsável pela pandemia atual.

A pesquisa do MIT, no entanto, destaca que não conseguiu incluir na análise três países que sofreram ou sofrem bastante com a pandemia: China, Argentina e Brasil.

Segundo os autores, não foi possível obter dados confiáveis sobre a covid-19 nesses três países, especialmentenovas plataformas de cassinorelação aos programasnovas plataformas de cassinotestagem populacional.

Pandemia à brasileira

A faltanovas plataformas de cassinodiagnóstico rápido e preciso está entre as grandes dificuldades por aqui. "Ao mesmo temponovas plataformas de cassinoque vemos um aumento na notificaçãonovas plataformas de cassinomortes por SRAG não especificada no país, desde agosto há uma diminuiçãonovas plataformas de cassino10% a 15% ao mês no númeronovas plataformas de cassinotestes para detectar a covid-19", afirma o físico Domingos Alves, professor da Faculdadenovas plataformas de cassinoMedicinanovas plataformas de cassinoRibeirão Preto da Universidadenovas plataformas de cassinoSão Paulo.

Sem a realizaçãonovas plataformas de cassinotestesnovas plataformas de cassinolarga escala, a tendência é que a subnotificação das mortes só aumente daqui pra diante.

Profissionalnovas plataformas de cassinosaúde segura uma haste flexível e um tubonovas plataformas de cassinotestenovas plataformas de cassinocovid-19

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Legenda da foto, Desde agosto, Brasil diminuinovas plataformas de cassino10 a 15% ao mês númeronovas plataformas de cassinotestes realizados para detectar a covid-19

Alves também identifica um atraso muito grande das secretarias estaduaisnovas plataformas de cassinosaúde para disponibilizar seus dados. "O Rionovas plataformas de cassinoJaneiro, por exemplo, passou o mêsnovas plataformas de cassinonovembro inteiro informando uma quedanovas plataformas de cassinonovos casosnovas plataformas de cassinoinfecção, enquanto as hospitalizações subiam. Precisamos que os responsáveis por esse processo sejam cuidadosos e honestos", aponta o físico.

O que janeiro nos reserva?

Schrarstzhaupt observa uma piora na disponibilidadenovas plataformas de cassinoinformações sobre o cenário da pandemia no Brasil a partirnovas plataformas de cassinonovembro. "Conversamos com muitos profissionais e eles nos disseram que as equipes estão reduzidas, há um cansaço geral e ainda ocorreu um acúmulo e um atraso nas notificações que precisam ser feitas nos sistemas".

É preciso considerar aqui questões burocráticas. Há relatosnovas plataformas de cassinoque os sistemasnovas plataformas de cassinoinformática utilizados para computar as mortes não são nada fáceisnovas plataformas de cassinooperar e consomem muito temponovas plataformas de cassinotrabalho.

Vivemos também o final do mandatonovas plataformas de cassinomuitos prefeitos. Os novos responsáveis pela administração das cidades assumem a partirnovas plataformas de cassinojaneiro e a troca dos secretários e das equipes na áreanovas plataformas de cassinosaúde pode atravancar ainda mais esse processo.

Para completar, com o fimnovas plataformas de cassinoano, muitos funcionários do setor público e privado tiram férias ou entramnovas plataformas de cassinorecesso, restringindo ainda mais a mãonovas plataformas de cassinoobra necessária para manter tudo atualizado.

Com isso, eventuais quedas repentinas nos númerosnovas plataformas de cassinocasos e mortes por covid-19 observados nos últimos dias ounovas plataformas de cassinofinsnovas plataformas de cassinosemana (e que podem se repetir daqui para a frente) podem ser artificiais e não representar a realidade.

"É provável que a partir da segunda quinzenanovas plataformas de cassinojaneiro todos esses dados que estão represados apareçamnovas plataformas de cassinouma só vez", antevê Schrarstzhaupt. "No atual estágio da pandemia, tudo indica que vemos apenas a ponta do iceberg e há muita coisa escondida por baixo desse marnovas plataformas de cassinodados", completa o cientista.

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