Dia da Mulher: Brasileira pioneira usa supercomputador para estudar coronavírus:1xbet la liga
- Camilla Veras Mota - @cavmota
- Da BBC News Brasil1xbet la ligaSão Paulo

Crédito, Divulgação
1xbet la liga O Brasil tem três supercomputadores entre os 500 mais potentes do mundo. Dois são da Petrobras — Atlas e Fênix. O terceiro, o Santos Dumont, localizado no Laboratório Nacional1xbet la ligaComputação Científica (LNCC),1xbet la ligaPetrópolis (RJ), desde o ano passado tem sido usado nos esforços para combater a pandemia1xbet la ligacovid-19 no Brasil.
Entre outras atribuições, ele é utilizado no sequenciamento genético1xbet la ligaamostras do vírus que chegam1xbet la ligadiferentes regiões do país.
Foi com a ajuda dele que a equipe coordenada pela bióloga Ana Tereza Ribeiro1xbet la ligaVasconcelos, responsável pelo Laboratório1xbet la ligaBioinformática do LNCC, identificou1xbet la ligadezembro uma variante nova do coronavírus no Rio1xbet la ligaJaneiro, posteriormente batizada1xbet la ligaP.2.
A cientista trabalha no laboratório há quase 40 anos. Ela é uma das pioneiras no país da bioinformática — ciência que usa computação, matemática e estatística para processar e interpretar dados da biologia e responder questões1xbet la ligaaberto na Ciência.
Essa é uma área muito recente do conhecimento, ampliada exponencialmente nas últimas décadas graças ao avanço da tecnologia.
Isso porque, quando se fala1xbet la ligagenética — um dos campos que têm se beneficiado da bioinformática e a especialidade1xbet la ligaAna Tereza —, existe a necessidade1xbet la ligaprocessamento1xbet la ligaum oceano1xbet la ligadados. O DNA, apesar1xbet la ligamicroscópico, guarda um volume imenso1xbet la ligainformação.
No caso do genoma humano, o "receituário"1xbet la ligatodas as nossas características físicas está descrito1xbet la ligatrês bilhões1xbet la ligapares1xbet la ligabases nitrogenadas, estas representadas por quatro letras — C (citosina), G (guanina), A (adenina) e T (timina), os blocos que compõem a fita do DNA.
Entender o genoma e a função dos genes (uma sequência específica do DNA que contém a informação para fabricação1xbet la ligauma proteína ou uma molécula1xbet la ligaRNA — o que os biólogos chamam1xbet la liga"produto funcional específico") pode auxiliar na prevenção1xbet la ligadoenças, no desenvolvimento1xbet la ligamedicamentos e terapias.
Também tem uma larga aplicação na agricultura e pecuária, no melhoramento genético1xbet la ligaplantas e animais, e tem se mostrado um ingrediente fundamental no combate à pandemia. O "retrato" do vírus obtido pelo sequenciamento genético permite entender como ele funciona e como se propaga — informações fundamentais para subsidiarem a tomada1xbet la ligadecisão das autoridades1xbet la ligasaúde.

Crédito, Divulgação/LNCC
'Ciência do século 21'
Ana Tereza começou a trabalhar no LNCC1xbet la liga1984, um ano depois1xbet la ligase formar1xbet la ligaCiências Biológicas, para atuar com modelagem matemática. Nessa época, o laboratório ainda estava na cidade do Rio — desde 1998 ele funciona1xbet la ligaPetrópolis (RJ).
O trabalho naquela época era completamente diferente, já que a Ciência nem havia codificado o primeiro genoma completo ainda, apenas fragmentos sequenciais1xbet la ligaDNA.
O primeiro genoma completo viria em1995, o da bactéria Haemophilus influenzae, sequenciado nos Estados Unidos. Relativamente pequeno, tinha pouco mais1xbet la liga5% do tamanho do genoma humano, que seria decodificado cinco anos mais tarde, no ano 2000, pelo geneticista americano Craig Venter.
A bióloga entrou nesse mundo pouco depois1xbet la ligaingressar no LNCC, quando seu caminho se cruzou com o do cientista Darcy Fontoura1xbet la ligaAlmeida, precursor na área1xbet la ligagenética no país e àquela altura um nome conhecido na comunidade científica brasileira.
Formado1xbet la ligaMedicina, ele fora orientado por Carlos Chagas Filho, fundador do Instituto1xbet la ligaBiofísica da UFRJ (à época, Universidade do Brasil) e um dos que contribuíram para institucionalizar a pesquisa científica no país.
Em uma entrevista1xbet la liga2009 à revista Ciência Hoje, Almeida, falecido1xbet la liga2014, explica como foi parar no LNCC:
"Por volta1xbet la liga1989, concluí que a análise1xbet la ligaDNA ia evoluir e explodir. Era lógico, óbvio. No IB [Instituto1xbet la ligaBiofísica] não poderíamos fazer isso, pois precisaríamos1xbet la ligauma computação poderosa. Lembrei-me então do LNCC e fui falar com o Antônio Olinto, que à época era o diretor. Expliquei o que estava acontecendo na biologia e disse que achava um absurdo não haver ali uma única linha1xbet la ligapesquisa1xbet la ligabiologia, 'a ciência do século 21'. Ele quis saber então o que poderia ser feito. Disse que queria conversar com o pessoal jovem do LNCC."
O "pessoal jovem" era Ana Tereza. Ela e Darcy passaram então a trabalhar juntos. O cientista foi seu orientador no mestrado1xbet la ligabiofísica e no doutorado1xbet la ligagenética.
Naquela época, a internet não havia chegado ainda ao Brasil. O computador que a dupla usava era um mainframe, uma máquina1xbet la ligagrande porte, e as informações eram compartilhadas entre os cientistas por meio1xbet la ligadisquetes.
"O professor Darcy tinha assinatura do GenBank [banco1xbet la ligadados público1xbet la ligasequências criado1xbet la liga1982 nos EUA] e, como não tinha internet, a gente recebia tudo pelo correio, naqueles disquetes grandes. E o arquivo não vinha1xbet la ligatexto, tinha que programar pra extrair as informações."
Por volta1xbet la liga1998, ela conta, começaram a chegar ao país sequenciadores genéticos mais potentes, capazes1xbet la ligasequenciar fragmentos maiores1xbet la ligagenoma.
Foi aí que teve início o primeiro projeto nacional1xbet la ligasequenciamento1xbet la ligagenoma1xbet la ligaum organismo,1xbet la ligaque Ana Tereza organizou a formação1xbet la ligauma "rede do genoma nacional", com a capacitação1xbet la liga25 laboratórios1xbet la liga15 Estados.
O primeiro organismo sequenciado foi a Chromobacterium violaceum, bactéria encontrada1xbet la ligaregiões tropicais e subtropicais e que vive nas águas ácidas do rio Negro, no Amazonas. Ela é até hoje estudada no Brasil e lá fora por seu potencial biotecnológico, com possíveis aplicações1xbet la ligamedicamentos e cosméticos.
O projeto genoma nacional ajudou a capacitar grupos1xbet la ligadiferentes regiões do país e a formar recursos humanos que contribuiriam para descentralizar a pesquisa1xbet la ligabioinformática no país.
A primeira pós-graduação na área foi criada pela Capes1xbet la liga2003. Hoje há cursos1xbet la ligainstituições como Fiocruz, Universidade1xbet la ligaSão Paulo (USP), Universidade Federal1xbet la ligaMinas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e, mais recentemente, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Crédito, Arquivo pessoal
Força-tarefa contra o Sars-CoV-2
Desde então, os cientistas trabalham1xbet la ligarede e compartilham informações entre si, o que tem ajudado na atual crise sanitária. Um estudo publicado1xbet la ligasetembro do ano passado na revista Science analisando a evolução da pandemia1xbet la ligacovid-19 no Brasil é assinado por pesquisadores das mais diversas instituições, inclusive do LNCC.
A bioinformática e a genética têm tido papel importante nos esforços contra o novo coronavírus.
Graças aos avanços nessas áreas, cientistas1xbet la ligatodo o mundo já compartilharam mais1xbet la liga700 mil genomas do Sars-Cov-2, disponíveis na plataforma pública Gisaid.
Essa escala sem precedentes tem permitido ao planeta entender a disseminação do vírus e acompanhar as mutações que ele tem acumulado à medida que se espalha pelo globo. É quase como assistir à evolução1xbet la ligatempo real.
Algumas dessas variantes, como a encontrada1xbet la ligajaneiro1xbet la ligaManaus e batizada1xbet la ligaP.1, preocupam porque podem estar ligadas a um aumento da transmissibilidade do vírus. A cepa identificada no Amazonas tem duas mutações — a N501Y e E484K — localizadas1xbet la ligagenes que codificam a espícula, a proteína responsável por interagir com a célula do hospedeiro, e que, na prática, facilita a entrada do coronavírus nas células humanas.
A P.2, encontrada no Rio1xbet la ligaJaneiro pela equipe coordenada por Ana Tereza, que conta com cerca1xbet la liga25 pessoas, também apresenta a mutação E484K — estudos têm apontado que ela pode driblar a ação1xbet la ligaanticorpos.

Crédito, Getty Images
Antes1xbet la ligaser aplicado nos esforços contra a covid-19, o supercomputador Santos Dumont já foi usado para estudar os vírus que causam a dengue e a zika. Ele é utilizado não apenas pelo laboratório1xbet la ligabioinformática, mas também por outras especialidades — e está aberto a toda a comunidade científica brasileira.
Ana Tereza diz que seu laboratório tem hoje entre 15 e 20 projetos simultâneos1xbet la ligaandamento. Um deles, mais recente, visa entender porque algumas pessoas têm manifestações mais graves da covid-19. Para isso, a equipe vai começar a sequenciar DNA1xbet la ligapacientes, e não apenas o material genético do vírus.
"Precisamos entender a resposta imune do hospedeiro, a carga genética do paciente."
"A gente vê casos1xbet la ligaque um casal vive junto, mas apenas um desenvolve a doença", exemplifica.
Fazer Ciência no Brasil
Ana Tereza participou da criação e foi a primeira presidente da Associação Brasileira1xbet la ligaBioinformática e Biologia Computacional (AB3C) e foi membro do conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência entre 2015 e 2019.
Para ela, um dos aspectos mais difíceis1xbet la ligaser pesquisador no Brasil são os repentinos e frequentes cortes no financiamento da Ciência no país.
"É um horror a gente não ter continuidade1xbet la ligatrabalho, não saber se no próximo ano vai ter o mesmo edital para pedir financiamento para a pesquisa. As coisas são muito instáveis", afirma.
"Tem picos1xbet la ligaque há investimentos1xbet la ligalaboratório, mas depois não tem material1xbet la ligaconsumo,1xbet la ligabancada. Ou não tem aluno porque as bolsas estão cortadas. Quem sobrevive na pesquisa no Brasil são heróis, estão ali por uma causa1xbet la ligaque acreditam."
Desde 2016, segundo ela, a área1xbet la ligagenômica vem sofrendo sucessivas restrições1xbet la ligarecursos. E os cortes recentes no orçamento da Ciência e Tecnologia só agravaram o problema.
Como o Brasil não produz os insumos usados na pesquisa (os reagentes usados no sequenciamento genético, por exemplo, são todos importados), fica refém das flutuações cambiais —1xbet la ligaum momento como o atual,1xbet la ligaque o dólar custa cerca1xbet la ligaR$ 5,60, fazer ciência custa ainda mais caro.
O quadro é agravado pela redução1xbet la ligabolsas1xbet la ligapesquisa,1xbet la ligamestrado e doutorado,1xbet la ligaconcursos para novos professores, o que tem cada vez mais estimulado cientistas brasileiros a buscarem melhores condições1xbet la ligatrabalho1xbet la ligaoutros países, a famosa "fuga1xbet la ligacérebros".
"O Brasil investe muito na formação, tem uma formação1xbet la ligarecursos humanos muito boa, e depois não cria condições propícias para que os alunos fiquem aqui."

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