Exclusivo: 80% dos intubados por covid-19 morreram no Brasilbellagio casino online2020:bellagio casino online

"Os dadosbellagio casino onlinemorte por intubaçãobellagio casino online2021 não estão consolidados, mas as informações disponíveis sobre morte hospitalar apontam para um aumento significativo da mortalidade", disse à BBC News Brasil o pesquisador da Fiocruz Fernando Bozza, chefe do Laboratóriobellagio casino onlinePesquisa Clínicabellagio casino onlineMedicina Intensiva do Instituto Evandro Chagas.

Uma primeira pesquisa dele sobre mortalidadebellagio casino onlinepacientesbellagio casino onlinecovid-19, publicada na revista médica The Lancet Respiratory Medicine, revelou que quase 80% dos doentes intubados no Brasil entre 16bellagio casino onlinefevereiro e 15bellagio casino onlineagostobellagio casino online2020 morreram. Para esse levantamento foram analisados dadosbellagio casino online254 mil internações.

Bozza terminoubellagio casino onlinecompilar os números do segundo semestrebellagio casino online2020 e eles revelam que a taxabellagio casino onlinemortalidade se manteve próxima a 80%. Ou seja, os números mostram que após a primeira ondabellagio casino onlinecovid-19 no Brasil, o país não foi capazbellagio casino onlinese organizar e adotar parâmetros nacionaisbellagio casino onlinetratamento a pontobellagio casino onlinereduzir a mortalidadebellagio casino onlinepacientes graves mesmo.

Para chegar ao percentual, foram analisadas 163,2 mil internaçõesbellagio casino onlinepacientes com covid-19 entre 15bellagio casino onlineagosto e 31bellagio casino onlinedezembro do ano passado. Os dados foram obtidos pelo sistema SIVEP-Gripe, do Ministério da Saúde, que determina que todos os hospitais comuniquem internações por síndrome respiratória.

O estudo revela que 78,8% dos pacientes que precisarambellagio casino onlineventilação mecânica invasiva morreram ao longo do segundo semestrebellagio casino online2020 no Brasil.

Entre as principais causas estão a faltabellagio casino onlineum protocolo nacional que unifique as técnicas utilizadas e o usobellagio casino onlinepessoal sem treinamento e experiência adequados.

"A taxa permaneceu alta ao longo do ano. Perdeu-se tempo discutindo tratamento precoce sem qualquer evidência científica e não se investiubellagio casino onlinedisseminar informação sobre tratamentos eficazes para pacientes graves, como usobellagio casino onlineesteroides, técnicasbellagio casino onlineidentificaçãobellagio casino onlineinsuficiência respiratória, uso da posição prona e outros", avalia Bozza.

Morre-se mais no Norte e Nordeste

Os dados obtidos pela BBC Brasil com os pesquisadores mostram grandes diferenças na taxabellagio casino onlinemortes por região. No Norte, a mortalidadebellagio casino onlinepacientes intubados sobe para 86,7% e, no Nordeste, para 83,7%. No Centro-Oeste, o percentual também é acima da média (83,6%). Já no Sul e Sudeste, a taxa ficabellagio casino online76,8%.

Segundo o pesquisador da Faculdadebellagio casino onlineMedicina da Universidadebellagio casino onlineSão Paulo (USP) Otavio Ranzani, que também é um dos autores do estudo, o percentual brasileiro é maior que a média mundial,bellagio casino onlinecercabellagio casino online50%, conforme estudo que analisou dadosbellagio casino online69 países, publicado noAmerican Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.

A médiabellagio casino onlinemortalidadebellagio casino onlinepacientes com covid intubados na Ásia ébellagio casino online47%, na Europa, ébellagio casino online36% e, na América do Norte, ébellagio casino online46%, completa o Ranzani, que também é pesquisador da Institute for Global Health,bellagio casino onlineBarcelona. "A taxabellagio casino onlinemortalidade brasileira para usobellagio casino onlineventilação mecânica (invasiva) é semelhante à do México,bellagio casino online80,9%", acrescenta.

Agora, no pior momento da pandemia no Brasil, médicosbellagio casino onlineUTIs ouvidos pela BBC News Brasil também alertam para o provável aumento da taxabellagio casino onlinemortalidade entre pacientes intubadosbellagio casino onlinetodas as regiões do país.

Isso porque, a superlotaçãobellagio casino onlinehospitaisbellagio casino onlineNorte a Sul está levando à demora na intubaçãobellagio casino onlinepacientes graves, agravando o quadro deles. E profissionaisbellagio casino onlinesaúde sem experiênciabellagio casino onlineventilação mecânica estão sendo alocados para UTIs improvisadas. Além disso, médicos e associações farmacêuticas alertam que o estoquebellagio casino onlinemedicamentos necessários para intubação está pertobellagio casino onlineacabar.

"O problema é você ter um paciente muito grave, com comprometimentobellagio casino onlinevários órgãos, e você tratar ele numa situaçãobellagio casino onlinesobrecarga,bellagio casino onlineimproviso, com equipes mal treinadas e isso contribui com números ainda mais preocupantes", disse à BBC News Brasil o médico intensivista Ederlon Rezende, que coordena a UTI do Hospital do Servidor Público do Estadobellagio casino onlineSão Paulo.

Mas por que a mortalidadebellagio casino onlinepacientes que precisarambellagio casino onlineventilação invasiva se manteve alta durante todo o primeiro anobellagio casino onlinepandemia?

Faltabellagio casino onlineprotocolo nacional do Ministério da Saúde

Ao longobellagio casino online2020, muito se aprendeu sobre as melhores técnicas no tratamentobellagio casino onlinepacientes graves com a covid-19, destacou à BBC News Brasil Carlos Carvalho, diretor da Divisãobellagio casino onlinePneumologia do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP),bellagio casino onlineSão Paulo.

Mas, até agora, não foi divulgado pelo Ministério da Saúde um protocolobellagio casino onlineatuação para intubaçãobellagio casino onlineinfectados, enquanto tempo e recursos foram gastos com a defesabellagio casino onlinemedicamentos sem eficácia no tratamentobellagio casino onlinecovid, como cloroquina e ivermectina.

A pneumologista Carmen Valente Barbas, que atende no Hospital das Clínicas e no Albert Einstein,bellagio casino onlineSão Paulo, destaca que seguir alguns critérios, como o momento adequado para a intubação e o volumebellagio casino onlinear utilizado, pode definir a chancebellagio casino onlinesobrevivência do paciente.

Sem uma orientação nacional que reúna as melhores experiências internacionais e nacionais, cada Estado e hospital segue um critério. E aí surgem discrepâncias nas taxasbellagio casino onlinemortalidade entre hospitaisbellagio casino onlineuma mesma cidade e entre regiões do país.

"A ventilaçãobellagio casino onlinepaciente com covid não é fácil, é um pulmão fragilizado. Você precisa ser muito delicado com a máquina, porque ela pode causar barotrauma, que é um trauma associado à pressão do ar injetado nos pulmões", explicou Carmen Barbas à BBC News Brasil.

"O volumebellagio casino onlineoxigênio que entra no corpo deve serbellagio casino online6ml por quilobellagio casino onlinepeso predito ou menos. Peso predito é baseado na altura. Mas tem muito lugar que calcula pelo peso real e isso pode prejudicar o pulmão do paciente", diz a médica, que é professora da Universidadebellagio casino onlineSão Paulo e referência internacionalbellagio casino onlineventilação mecânica.

Em São Paulo, os profissionaisbellagio casino onlinesaúde estabeleceram um conjuntobellagio casino onlineprocedimentos a serem observados para pacientes graves, que foram publicados no site da Secretariabellagio casino onlineSaúde.

"Também lançamos um aplicativo com orientações sobre como proceder com a ventilação mecânica", conta Carlos Carvalho, diretor da Divisãobellagio casino onlinePneumologia do InCor do Hospital das Clinicas. Mas hospitaisbellagio casino onlineáreas mais pobres do país sofrem com faltabellagio casino onlinerecursos, informação e profissionais.

No Nordeste, 77% dos pacientes não idosos (com menosbellagio casino online60 anos) intubados morreram no primeiro semestrebellagio casino online2020, enquanto, no Sul, a taxa foibellagio casino online55%.

"Sem dúvida nenhuma, se tivesse um protocolo mais uniforme no país, talvez isso repercutissebellagio casino onlinemaneira positiva na taxabellagio casino onlinemortalidade. Desenvolver um protocolobellagio casino onlinecomum acordo com os especialistas e customizadobellagio casino onlinealguma maneira para as respectivas áreas, alémbellagio casino onlineinvestir na capacitação dos profissionais que vão aplicar esse protocolo, seria fundamental", diz o diretor do InCor.

Em que momento intubar?

Outra questão chave para a sobrevivênciabellagio casino onlinepacientes, segundo os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, é o momentobellagio casino onlineintubar.

Carlos Carvalho lembra que, no início da pandemia, a recomendação vinda da China era intubar o quanto antes, quando o paciente começasse a apresentar queda acentuadabellagio casino onlinesaturaçãobellagio casino onlineoxigênio.

"A orientação na China era intubar logo porque esses pacientes evoluíam para uma situação grave muito rapidamente", diz. Quando a doença chegou à Europa, muitos hospitais não tinham equipamentosbellagio casino onlineventilação mecânica suficiente.

Enquanto os governos se organizavam para comprar, os profissionaisbellagio casino onlinesaúde usavam máscaras e cateteresbellagio casino onlineoxigênio, a chamada ventilação não-invasiva, para tentar manter os pacientes vivos.

A estratégia serviu para mostrar que não era necessário intubar muito precocemente e que vários pacientes se recuperavam sem precisarbellagio casino onlineventilação mecânica invasiva. Mas adiar demais a intubação também trouxe problemas.

"Saiu-sebellagio casino onlineum extremobellagio casino onlineintubar todo mundo a um extremobellagio casino onlineadiar ao máximo a intubação. Aí começou a haver outro problema. Quando você adia demais, o paciente, por respirar com dificuldade, por forçar muito, ele machuca o próprio pulmão", explica o diretorbellagio casino onlinePneumologia do Hospital das Clínicas.

"Então, alguns pacientes quando eram intubados já estavam com pulmão muito inflamado, muito machucado pelo próprio esforçobellagio casino onlinerespirar."

Segundo o ex-presidente da Associaçãobellagio casino onlineMedicina Intensiva Brasileira Ederlon Rezende, atualmente, a melhor prática prevê ventilação não invasiva para quem tiver síndrome respiratória leve e intubação para a grave. Ébellagio casino onlinepacientes com gravidade moderada que a dificuldadebellagio casino onlinedecisão é maior.

"Na moderada, tem que se encontrar o meio-termo. Vale começar com a não-invasiva e observar atentamente o paciente para verificar sinaisbellagio casino onlineque ele não está tolerando bem. Se não responder bem, você deve rapidamente indicar a ventilação invasiva, porque é muito prejudicial para o doente postergar a intubação".

Intubação prolongada gera riscobellagio casino onlineinfecção

Uma vez intubado o paciente, o profissionalbellagio casino onlinemedicina intensiva precisa ter qualificação e treinamento para saber o momento mais adequadobellagio casino onlineretirar a ventilação mecânica. Mais uma vez, a decisão pode ser um fatorbellagio casino onlinevida ou morte.

"Existem parâmetrosbellagio casino onlinerecuperação da lesão no pulmão que devem ser observados para a retirada do aparelho", diz Rezende. Desintubar antesbellagio casino onlineo corpo ter criado anticorpos para combater o vírus e recuperado a capacidade pulmonar, pode ser arriscado. Por outro lado, quanto mais tempo o paciente permanecer intubado, maior o riscobellagio casino onlinepegar infecções bacterianas.

"Quando você coloca uma prótese na via aérea, para a ventilação, você está criando uma situação que facilita que as bactérias que estão no nosso intestino e que normalmente ficam lá, possam chegar à via aérea, e isso aumenta o risco das infecções", diz o ex-presidente da Associaçãobellagio casino onlineMedicina Intensiva Brasileira.

"Estudos mostram que a chancebellagio casino onlineum paciente com covid desenvolver pneumonia associada à ventilação mecânica é duas vezes maior quebellagio casino onlinepacientes sem covid. E, quando os pacientes que têm covid desenvolvem esse quadro, o riscobellagio casino onlineevolução desfavorável é bem maior."

E para aplicar todas as melhores práticas na intubaçãobellagio casino onlinepacientes com covid é, naturalmente, necessário ter profissionais treinados.

"As pessoas acham que basta colocar no ventilador e que ele vai fazer tudo. De maneira alguma. Manusear o equipamento requer treinamento, experiência, sensibilidade para perceber a resposta do paciente", destaca Ederlon Rezende.

É aí que entra um outro fator que, segundo os médicos, tem levado ao número elevadobellagio casino onlineóbitosbellagio casino onlinepacientes intubados no Brasil: escassezbellagio casino onlinemédicos e enfermeiros especializadosbellagio casino onlineUTI.

Faltabellagio casino onlinetreinamento e profissionais especializados

O supervisor da UTI do Hospital Emílio Ribas, Jaques Sztajnbok, aponta a qualificação falha e o treinamento insuficientebellagio casino onlineparte dos médicos no Brasil como um dos principais fatores para a alta taxabellagio casino onlinemortalidadebellagio casino onlinepacientes que precisambellagio casino onlineintubação.

"Existe um aspecto que é a qualidadebellagio casino onlineformação profissional dos colegas que estão na linhabellagio casino onlinefrente. O paciente covid é quase um compêndiobellagio casino onlinemedicina intensiva, porque é uma doença gravíssima,bellagio casino onlinecomprometimento multissistêmico, provocando trombose, insuficiência renal, inflamação pulmonar, insuficiência respiratória, riscos cardíacos...", cita.

A capacitação dos profissionais e a gestãobellagio casino onlinerecursos pode ajudar a explicar porque hospitaisbellagio casino onlinereferência, como Emílio Ribas, Albert Einstein e Hospital das Clínicas conseguem manter uma taxabellagio casino onlinemortalidade que variabellagio casino online30% a 45%- bem abaixo da média brasileira.

"A nossa letalidade, na minha UTI, com médicos concursados, num centrobellagio casino onlineformação, estavabellagio casino onlinetornobellagio casino online34%bellagio casino onlinepacientes com ventilação mecânica. E nós somos serviço público. A covid é uma doença para qual é preciso ter profissionais bem preparados", completa o supervisor da UTI do Hospital Emílio Ribas.

Carlos Carvalho, do InCor do Hospital das Clinicas, defende que governo federal e Estados invistam no treinamentobellagio casino onlineequipes da linhabellagio casino onlinefrentebellagio casino onlinecombate à covid-19.

Ele tem promovido aulas virtuais para profissionaisbellagio casino onlineSão Paulo e sugere que os hospitais universitários - federais e estaduais - formem um consórcio para treinamentosbellagio casino onlinetodo o país.

"A capacitação e educação dos profissionaisbellagio casino onlinesaúde é falho no sentidobellagio casino onlineaplicar um protocolobellagio casino onlineconhecimento nacional e internacional. Hoje, depoisbellagio casino onlineum ano, já temos mais informações sobre como atender um paciente com covid, mas falta qualificação", diz.

"Você consegue duplicar leito, ventilador, mas você não tem enfermeiros e médicos capacitados para dirigir todos esses equipamentos ou extrair deles a melhor informação possível."

Sem confinamentos, descontrole da infecção levou a improvisos

Outro aspecto que contribuiu para aumentar as mortes no Brasil, segundo médicos, foi a necessidadebellagio casino onlineimproviso nos atendimentos, devido ao descontrole das infecções no Brasil. Com hospitaisbellagio casino onlinecolapso,bellagio casino onlinediferentes momentos da pandemia, foi preciso alocar profissionaisbellagio casino onlineoutras áreas da saúde para UTIs.

Sem treinamento adequado nem experiênciabellagio casino onlineterapia intensiva, essas pessoas tiveram que lidar com maquinário complexo e decisões que definem se um paciente vai viver ou morrer.

Os números da pesquisabellagio casino onlineRanzani e Bozza evidenciam que um paciente intubado numa UTI tem muito mais chancesbellagio casino onlinesobreviver que os atendidos com ventilação mecânica na enfermaria ou nos corredores.

No Nordeste, onde a taxabellagio casino onlinemortalidadebellagio casino onlineintubados foi maior que a média nacional, 16% dos pacientes atendidos no primeiro semestrebellagio casino online2020 receberam ventilação mecânica forabellagio casino onlineUTIs- nos corredores ou enfermarias, por exemplo. No Sul, região com a menor mortalidade, só 8% dos pacientes foram intubados forabellagio casino onlineuma UTI.

"Quanto mais especializado o serviço, menor a mortalidade", diz a pneumologista do Albert Einstein Carmen Valente Barbas, professora da Faculdadebellagio casino onlinemedicina da USP.

"O que tem sido feitobellagio casino onlinealguns hospitais do país é uma tentativabellagio casino onlinetreinamentosbellagio casino onlineurgência para os médicos, enfermeiros e fisioterapeutas que acabaram tendo que trabalhar na área intensiva, devido à situaçãobellagio casino onlineemergência. Mas não é a mesma coisa que ter formação e experiência na área."

Os médicos ouvidos pela BBC News Brasil dizem que o cenáriobellagio casino onlineimproviso e caos, que impacta diretamente o númerobellagio casino onlinemortes, poderia ter sido minimizado, se medidasbellagio casino onlinedistanciamento social e isolamento tivessem sido adotadas,bellagio casino onlineconjunto com uma mensagem nacionalbellagio casino onlinedefesa do usobellagio casino onlinemáscara e lavagem constante das mãos.

"Existe um problemabellagio casino onlinecomunicação grande no país, porque não tem uma orientação única no sentidobellagio casino onlinedizer que precisa usar máscara e manter distanciamento", critica o professor da USP Carlos Carvalho, diretor da Divisãobellagio casino onlinePneumologia do Hospital das Clínicas

"Qualquer deslize, se você tiver a infelicidadebellagio casino onlineestar pertobellagio casino onlinealguém com covid e não tomar cuidado, você pega rapidamente. Pode acontecer ao baixar a máscara para comer um sanduíche", destaca Carmen Valente Barbas, que ficou sete dias intubada após pegar covid-19 no ano passado.

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