Epidemiacassino brazino777fake news ameaça vacinaçãocassino brazino777terras indígenas:cassino brazino777

  • Juliana Gragnani
  • Da BBC News Brasilcassino brazino777Londres
Ilustração mostra resisênciacassino brazino777indígenas à chegadacassino brazino777helicóptero para vacinação contra covid-19

Crédito, Cecilia Tombesi/BBC

Legenda da foto,

'Contaminados' por notícias falsas, indígenas do povo Jamamadi recusaram vacinação contra covid-19

cassino brazino777 Um helicóptero da Força Aérea Brasileira carregadocassino brazino777agentescassino brazino777saúde e dosescassino brazino777vacina contra o coronavírus levanta voocassino brazino777Lábrea, no sul do Amazonas, rumo à terra indígena dos Jamamadi. Povocassino brazino777contato recente, os Jamamadi fazem parte, como todos os 410 mil indígenas adultoscassino brazino777aldeias do Brasil, do grupo prioritário para receber o imunizante.

Ao pousar, às margens do rio Purus, o helicóptero é recebido por homens e mulheres com arcos e flechas pedindo a retirada da equipe. Eles dizem temer pela própria vida se tomarem a vacina e exigem o retornocassino brazino777um missionário americano proibidocassino brazino777entrar na região pela Funai. Querem orientações dele sobre a imunização. A aeronave temcassino brazino777levantar voo com o carregamentocassino brazino777vacinas intacto.

O incidente, no dia 2cassino brazino777fevereiro, foi descrito à BBC News Brasil por testemunhas que pediram para não serem identificadas. Temem abalar a relação entre equipescassino brazino777saúde e indígenas. Esse nívelcassino brazino777tensão é incomum, mas cada vez mais frequente. E ilustra um fenômeno grave.

Em meio à pandemia, indígenas estão vulneráveis a outro tipocassino brazino777vírus, as chamadas "fake news", que se espalham principalmente pelo WhatsApp nas comunidades indígenas.

Indígenas jamamadi caminham pela mata com grandes cestoscassino brazino777palha nas costas

Crédito, Adriano Gambarini/OPAN

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Conteúdo falso pelo WhatsApp, missionários estrangeiros e pastores pregando contra imunização tem dificultado trabalhocassino brazino777agentescassino brazino777saúde, segundo relatos

Para o comunicador e empreendedor indígena Anápuàka Tupinambá, as ferramentascassino brazino777comunicação instantânea permitiram "um salto"cassino brazino777ações conjuntascassino brazino777indígenas na área da política e da educação.

"Mas viraram também uma facacassino brazino777dois gumes. Vi parentes indígenas falarem que viram que maiscassino brazino777900 indígenas no Xingu teriam morrido por conta da vacina. Uma senhora com maiscassino brazino77790 anos me disse que não iria se vacinar por causa disso", afirma. "Nenhuma região do país está a salvo (das notícias falsas), nem áreas isoladas como Amazônia e Pará."

A ideia da "facacassino brazino777dois gumes" serve também para o efeito da inclusão gratuita do usocassino brazino777dados por aplicativos como Facebook, Instagram e WhatsAppcassino brazino777planoscassino brazino777celular no Brasil. Acessar a internet, para muitos brasileiros, acaba se limitando a esses aplicativos.

Um simples clique "fora do pacote" para verificaçãocassino brazino777uma informação vista no WhatsApp, por exemplo, tem um custo adicional.

Casas e pessoas na terra Jamamadi, que fica no sul do Amazonas

Crédito, Adriano Gambarini/OPAN

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'Falsa internet': com oferta gratuitacassino brazino777dadoscassino brazino777aplicativos como Facebook, Instagram e WhatsApp, muitos brasileiros acabam se limitando a esses aplicativos e não clicamcassino brazino777links que levem para 'fora' das redes sociais.

"O que nós temos hoje é uma falsa internet. Quando tem as fake news, você não tem como checar", diz Anápuàka. "Então dá aquela sensaçãocassino brazino777'estou na internet', mas na verdade não, estou dentrocassino brazino777um sistema, quase uma 'intranet'cassino brazino777uma grande empresa."

As limitações do WhatsApp como fontecassino brazino777informação ecassino brazino777desinformação para muitos indígenas se soma à atuaçãocassino brazino777dois grupos com influência crescente: políticos e religiosos.

"A aldeia se pergunta: 'se o presidente não tomou, como é que a gente vai tomar?', diz a enfermeira Indianara Ramires Machado,cassino brazino77730 anos, vice-presidente da associaçãocassino brazino777jovens indígenas da Reservacassino brazino777Dourados, no Mato Grosso do Sul, e mestrandacassino brazino777fisiopatologia experimental pela faculdadecassino brazino777Medicina da USP.

Enfermeira indígena Indianara Machado

Crédito, Andyara Machado Rodrigues/Divulgação

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'Muitos parentes têm Bolsonaro como influência e acabam absorvendo suas narrativas', diz a enfermeira indígena Indianara Machado; 'Se o presidente não tomou, por que vamos tomar?'

Declarações do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ao longo da pandemia que já matou quase 300 mil pessoas no Brasil ecoam nas comunidades indígenas.

"Ninguém pode me obrigar a tomar a vacina", afirmoucassino brazino777setembrocassino brazino7772020. No mês seguinte, disse que "o povo brasileiro não será cobaiacassino brazino777ninguém". Depois, que não tomaria a vacina "e ponto final".

A fala que mais repercutiu nos grupos indígenas, no entanto, foi esta: "Se você virar um jacaré, é problemacassino brazino777você (…) Se você virar o super-homem, se nascer barbacassino brazino777alguma mulher ou um homem começar a falar fino, eles não têm nada a ver com isso".

Vítimascassino brazino777vídeos falsos pelo WhatsApp

Perder os pais era o maior medocassino brazino777Joel Paumari, coordenador pedagógicocassino brazino777um polocassino brazino777educação indígena do rio Ituxi, que banha o municípiocassino brazino777Lábrea, no sul do Amazonas. Ecassino brazino777preocupação crescia com o númerocassino brazino777mortes. Segundo a contagem oficial da Secretaria Especialcassino brazino777Saúde Indígena, a Sesai, morreram até agora 615 indígenas que viviamcassino brazino777aldeias. A populaçãocassino brazino777terras indígenas écassino brazino777517 mil, segundo o último dado disponível, o censo do IBGEcassino brazino7772010.

Os paiscassino brazino777Joel vivem na aldeia Ilha da Onça, que fica a um diacassino brazino777viagemcassino brazino777barcocassino brazino777Lábrea.

"Na minha aldeia tem internet. Meus pais não têm celular, mas meus irmãos, minhas irmãs e meus sobrinhos têm. Como estãocassino brazino777gruposcassino brazino777WhatsApp e recebem esses vídeos, eles mostram para os meus pais", conta.

Joel encaminhou à reportagem da BBC News Brasil exemploscassino brazino777vídeos que circulam nos gruposcassino brazino777indígenascassino brazino777seu WhatsApp. Um traz o pastor Silas Malafaia criticando a "vacina chinesa" e defendendo o usocassino brazino777ivermectina, remédio sem eficácia comprovada no tratamento da covid-19. Outros dois trazem conteúdo falso. Em um deles, um homem narra como a vacina "acabou com a vida"cassino brazino777uma família, modificando seu DNA e tirando dela seu "Deus".

Em outro, um suposto médico diz que a vacina altera o código genéticocassino brazino777"cobaias".

Foram três diascassino brazino777explicações e conversas - tudo por áudiocassino brazino777WhatsApp - para convencer os pais a tomarem a vacina. "Meu pai foi muito resistente", diz.

Uma irmã e um irmão decidiram não tomar.

Joel Paumari teve medocassino brazino777perder os pais, que não queriam tomar a vacina

Crédito, Joel Paumari/Arquivo pessoal

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Joel Paumari teve medocassino brazino777perder os pais, que não queriam tomar a vacina

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Podcast traz áudios com reportagens selecionadas.

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Áudios, textos escritos e vídeos mentirosos vêm sendo espalhados por grupos no WhatsApp há anos no Brasil. Durante as eleiçõescassino brazino7772018, o aplicativo foi inundado por uma campanhacassino brazino777desinformação.

De lá para cá, o aplicativo limitou a cinco vezes o compartilhamentocassino brazino777mensagens e inseriu uma marcação que mostra quando uma mensagem foi encaminhada várias vezes. Para estas, o limitecassino brazino777encaminhamento é um contato por vez.

Procurado pela BBC News Brasil, o WhatsApp, que pertence ao Facebook, disse que não tem acesso ao conteúdo das mensagens e não faz mediaçãocassino brazino777conteúdo, mas que tem agido para combater a desinformação no aplicativo. Em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), lançou um serviço gratuito com informaçõescassino brazino777português sobre a covid-19 acessado pelo próprio aplicativo (leia mais no fim da reportagem).

Um porta-voz do Facebook disse que a empresa está trabalhando com ONGscassino brazino777formascassino brazino777ampliar campanhas sobre vacinação para atingir populações altamente vulneráveis, como comunidades indígenas.

Agentecassino brazino777saúde do Distrito Sanitário Especial Indígenacassino brazino777Manaus administra vacina contra coronavírusa um indígena da Aldeia Makira, da etnia Mura nas margens do rio Urubucassino brazino777Itacoatiara, Amazonas, 13cassino brazino777fevereirocassino brazino7772021

Crédito, REUTERS/Bruno Kelly

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Ritmo da vacinação do grupo prioritáriocassino brazino777indígenas decepciona especialistas; circulaçãocassino brazino777vídeos falsos criticando "vacina chinesa" e afirmando que imunizante "acabou com a vida" e "mudou DNA" dificulta

Rejeição a vacinas e 'fake news' via barco

Uma das perguntas cruciais quando se analisa o fenômeno da desinformação é qual é o impacto concreto do conteúdo falso oucassino brazino777baixa qualidadecassino brazino777quem recebe a desinformação. E um dos riscos claroscassino brazino777meio à pandemia é o aumento da rejeição à vacinação. São preocupantes os casos identificados pela BBC News Brasil e os índicescassino brazino777vacinação até agora. Segundo dados da Secretaria Especialcassino brazino777Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai), durante quase três mesescassino brazino777vacinação, receberam a primeira dose apenas 68% dos 410 mil indígenas que vivemcassino brazino777aldeias e são maiorescassino brazino77718 anos.

Para comparar o resultado com ocassino brazino777campanhas anteriores, a BBC News Brasil obteve, via via Leicassino brazino777Acesso à Informação, dados da imunizaçãocassino brazino777indígenas no Brasil desde 2011. De lá para cá, a cobertura vacinal da população indígena vinha aumentando. A vacina contra a gripe, que é aplicadacassino brazino777adultos, por exemplo, saltoucassino brazino77775%cassino brazino7772011 a 90%cassino brazino7772019. Além disso, nos últimos anos, a adesão a vacinas como a tríplice bacteriana, BCG (contra tuberculose), tetravalente, tetra viral, tríplice viral e varicela tem sido superior a 90%.

O risco é que esse possível retrocesso se consolide. "Sempre houve adesão. A vacinacassino brazino777gripe é dada duas vezes ao ano e aceitam numa boa, sem problema algum", diz a antropóloga médica Mariacassino brazino777Lourdes Beldicassino brazino777Alcântara, professora da USP (Universidadecassino brazino777São Paulo) que trabalhacassino brazino777campo, na Reserva Indígenacassino brazino777Dourados, Mato Grosso do Sul, onde vivem maiscassino brazino77715 mil indígenas.

Os maiores gargalos estão na região amazônica, onde, além da rejeição, há dificuldade para se chegar a determinadas regiões. Nas regiões do Alto Rio Juruá, no Acre, do Kaiapó e do Rio Tapajós, no Pará, menoscassino brazino777um quarto dos indígenas recebeu a primeira dose da vacina.

Uma agentecassino brazino777saúde da região amazônica que não quis ser identificada diz à BBC News Brasil que a situação é tão grave que está criando uma instabilidade na frágil e preciosa relação entre os trabalhadorescassino brazino777saúde e os indígenas. "Tinha aldeiascassino brazino777que a relação com a equipe era muito boa e agora está estremecida justamente por causa da insistência na vacinação, da equipe ir, orientar, conversar, tentar uma, duas, três vezes. Eles se sentem afrontados porque já disseram que não querem, já explicaram suas razões e a gente continua insistindo. É um trabalhocassino brazino777formiguinha", diz ela.

A rejeição "gerou trabalho duplicado para a Sesai", diz o educador indígena Eliel Benites, professor da Universidade Federal da Grande Dourados, que viu conhecidos rejeitarem a vacina na Reserva Indígenacassino brazino777Dourados. As equipescassino brazino777saúde tiveramcassino brazino777ir e voltar duas vezes para tentar vacinar a população. "Estão cansados."

À BBC News Brasil, a Sesai informou que continua com uma campanhacassino brazino777aproximadamente seis mil aldeias envolvendo 14 mil profissionaiscassino brazino777saúde indígena. "Mesmo as equipes enfrentando dificuldadescassino brazino777acesso às aldeias, que é feito por meiocassino brazino777transportes aéreo, fluvial e rodoviário, e depende tambémcassino brazino777condições climáticas favoráveis para voos e deslocamentos, a vacinação indígena continuacassino brazino777ritmo favorável", disse,cassino brazino777nota. "Os profissionaiscassino brazino777saúde reforçam a importânciacassino brazino777que todos sejam imunizados, ressaltam a não obrigatoriedade da vacinação, e reafirmam que as vacinas são seguras e possuem autorização da Anvisa", acrescentou.

Uma trabalhadoracassino brazino777saúde municipal e um militar conversam com mulher indígena antescassino brazino777ministrar uma vacina contra a covid nela no dia 9cassino brazino777fevereirocassino brazino7772021, pertocassino brazino777Manaus

Crédito, REUTERS/Bruno Kelly

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Em quase três mesescassino brazino777vacinação, receberam a primeira dose apenas 68% dos 410 mil indígenas que vivemcassino brazino777aldeias e são maiorescassino brazino77718 anos.

Beto Marubo,cassino brazino77744 anos, faz parte do movimento indígena do Vale do Javari, região com a maior concentraçãocassino brazino777povos isolados do Brasil. Marubo diz que o discurso antivacinacassino brazino777um governo negacionista estácassino brazino777sintonia com a pregação antivacinacassino brazino777um ramo da igreja evangélica ecassino brazino777missionários.

"As aldeias que não querem receber vacina têm um grande vínculo com as igrejas. Fake news no Vale do Javari anda por barco e terra, não por celular. São os próprios indígenas vinculados às agremiações religiosas que levam", disse.

Marubo relata que precisou enviar um vídeo a seus contatos no WhatsApp rebatendo a informaçãocassino brazino777que vários indígenas haviam morrido após tomar a vacina. "Temos que conter essa ondacassino brazino777informação falsa, que o Nawa ("o Nada" ou o não indígena) chamacassino brazino777fake news. Enquanto Marubo, tenho que dizer pra vocês que nenhum Marubo morreu após a vacinação. Lembrando sempre que se essa vacina fosse ruim, os o Nawa não iam aplicar neles mesmos, nos avós deles", diz o indígena no vídeo.

O papel dos missionários estrangeiroscassino brazino777terras isoladas

Em 1963, o casalcassino brazino777missionários norte-americano Robert e Barbara Campbell chegou à terra indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamati, no sul do Amazonas e começou um trabalhocassino brazino777tradução da Bíblia para a língua jamamadi. Foi ali onde o episódio do helicóptero que abre este texto aconteceu no mês passado.

Um dos filhos do casal, Steve Campbell, foi criado na terra indígena, fala a língua e conhece a cultura do povo. Ele seria, segundo testemunhas, o pivô da recusa à vacinação por parte dos Jamamadi.

Jamamadi carrega cestacassino brazino777palha nas costascassino brazino777caminho pela mata

Crédito, Adriano Gambarini/OPAN

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Alguns dias depois da operação que não conseguiu vacinar os Jamamadi, o cacique mudoucassino brazino777ideia e equipe voltou ao território, mas maioria ainda não foi vacinada

"Nesses anos todos, a assistência à saúde jamamadi se firmou como a principal estratégia dos pastores norte-americanos: o Deus cristão, através da mão benéfica dos Campbell, garantiria aos Jamamadi a proteção das doenças dos brancos", escreveu o antropólogo Miguel Aparicio, pesquisador do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados ecassino brazino777Recente Contatocassino brazino777um texto sobre o tema.

Isso explicariacassino brazino777parte a confiança que muitos depositam no missionário.

Mas desde marçocassino brazino7772020, uma portaria da Funai estabeleceu que está proibida a entradacassino brazino777pessoas não essenciaiscassino brazino777terras indígenas para evitar a propagação do coronavírus. Além disso, o Ministério Público Federal investiga se Steve Campbell usou os Jamamadi para entrar ilegalmentecassino brazino777uma terracassino brazino777indígenas isolados, os Hi-Merimã.

Mapa mostra terra indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, na região dos rios Juruá e Purus, no sul do Amazonas
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Terra indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamanti fica na região dos rios Juruá e Purus, no sul do Amazonas

O missionário, portanto, não acompanhou a equipecassino brazino777vacinação, que tevecassino brazino777se retirar, como registrado no início desta reportagem. "Essa operaçãocassino brazino777helicópterocassino brazino777aldeias é muito solene, ela chama a atenção. É feitacassino brazino777missõescassino brazino777vacinação oucassino brazino777acidente grave. Tem que ter uma atitude muito marcadacassino brazino777rejeição para rejeitar um helicóptero da FAB e membros da Funai", diz o antropólogo Miguel Aparicio.

"Em quase 30 anos na região, nunca vi a rejeiçãocassino brazino777um helicóptero. Ela está atrelada a essa polêmica recente, ligada à política desse governo e à presença do missionário", avalia.

Segundo ele, o povo Banawá, que é vizinho ao povo Jamamadi e próximo àcassino brazino777cultura e história, foi totalmente vacinado. A diferença? "A presença missionária, ali, não é forte", diz o antropólogo.

A BBC News Brasil apurou que alguns dias depois, um cacique da aldeia São Francisco, a maior aldeia dos Jamamadi, fez contato com a Sesai dizendo que queria tomar a vacina. A equipe voltou e vacinou alguns indígenas.

A Funai e a Sesai continuam tentando resolver o problema das outras aldeias.

Povo Jamamadi tem forte presença missionária

Crédito, Adriano Gambarini/OPAN

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Povo Jamamadi tem forte presençacassino brazino777missionários estrangeiros, como ocorrecassino brazino777várias partes da Amazônia

Procurada, a Funai disse somente que não autorizou o ingressocassino brazino777Campbell na Terra Indígena Jamamadi. Em buscacassino brazino777um contato com Campbell, a BBC News Brasil pediu um posicionamento, por e-mail, à Greene Baptist Church, no Maine, e à Faith Baptist Church, no Texas, que o apresentamcassino brazino777seus sites como umcassino brazino777seus missionários apoiados pelo mundo, mas não obteve resposta das igrejas americanas.

'Pastor fala que vacina tem o chip da besta'

O caso dos Jamamadi é apenas um exemplo do impacto da multiplicaçãocassino brazino777missionários e igrejas evangélicas - principalmente pentecostais e neopentecostais -cassino brazino777territórios indígenas no Brasil.

A pressão que muitas vezes exercem é tão forte que,cassino brazino777fevereirocassino brazino7772020, um ex-missionário evangélico que trabalhou na Amazônia por uma década foi nomeado chefe do órgão da Funai responsável justamente pela proteção a indígenas isolados. Ricardo Lopes Dias, exonerado do cargo nove meses depois, atuou entre 1997 e 2007 na Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), organização com origem nos EUA que promove a evangelizaçãocassino brazino777indígenas brasileiros desde os anos 1950.

Indianara Ramires Machado, da associaçãocassino brazino777jovens indígenas da Reservacassino brazino777Dourados, diz que muitos dos vídeos que circularam nos gruposcassino brazino777WhatsAppcassino brazino777indígenas eramcassino brazino777pastores indígenas fazendo cultos.

"Vão na igreja, o pastor fala para não tomar a vacina, que ela tem o chip da besta, eles gravam e compartilham nos gruposcassino brazino777WhatsApp", diz ela.

Pastor Henrique Terena diz que pessoas influenciando indígenas a não tomarem a vacina apenas se dizem pastores evangélicos

Crédito, Zoom/Reprodução

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Pastor Henrique Terena diz que pessoas influenciando indígenas a não tomarem a vacina apenas se dizem pastores evangélicos

Segundo o último Censo do IBGE, o percentualcassino brazino777indígenas evangélicos cresceucassino brazino77714% a 26% entre 1991 e 2010. O Conselho Nacionalcassino brazino777Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (Conplei) disse à BBC News Brasil haver 4 mil lideranças que atuamcassino brazino777comunidades indígenas no Brasil hoje "com a visãocassino brazino777ver Deus glorificado entre as tribos do Brasil". Um slogan do grupo é: "Em cada povo uma igreja genuinamente indígena".

O pastor Henrique Terena, presidente da Conplei, admite que no Mato Grosso do Sul há "um segmento neopentecostal que afirma que as vacinas não são boas, são do Diabo, e colocaram seus membros dizendo que não pode vacinar".

Em entrevista por vídeo à BBC News Brasil, Terena diz que nem é a igreja evangélica, nem são pastores indígenas que estão professando palavras contra a vacina. São pessoas "que se dizem evangélicas, que são pastores", mas que não são. "São pessoas individualistas, tipo aventureiros, que vêm aí e começam a disseminar situações que não são verdades. São pastorescassino brazino777fora que vêm disseminar dentro da comunidade. E aí o indígena escuta tudo e acaba disseminando isso."

Reação com campanhas indígenas

Diante da crescente rejeição, membros da própria comunidade criaram diversas campanhas pró-vacina. Na Reservacassino brazino777Dourados, a associaçãocassino brazino777jovens colheu relatos e produziu "cards" para serem distribuídos por WhatsApp.

"Perdi um tio amado por causa dessa terrível doença. Protejacassino brazino777vida ecassino brazino777sua família! Jau'ke vacina" ("Vamos tomar a vacina"), diz um com a fotocassino brazino777uma jovem indígena.

Campanhas a favor da vacinacassino brazino777guarani kaiowá: 'Vacina contra coronavírus já chegou' e 'Não fique com medo, a vacina é boa'

Crédito, Divulgação

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Campanhas a favor da vacinacassino brazino777guarani kaiowá: 'Vacina contra coronavírus já chegou' e 'Não fique com medo, a vacina é boa'

O educador indígena Eliel Benites, da Reservacassino brazino777Dourados, está fazendo um livro com financiamento da Fiocruz explicando a pandemia do pontocassino brazino777vista da cosmologia indígena do seu povo guarani. "Os indígenas acreditam muito que cada doença tem seus donos", diz. A partir dessa lógica, ele explica como o vírus "tem donoscassino brazino777outros lugares" e, por isso, são necessários remédios, como a vacina,cassino brazino777outros lugares.

A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) lançoucassino brazino777janeiro a campanha "Vacina, parente!" e há iniciativas pipocando pelo Brasil, como programascassino brazino777rádio transmitidos justamente via áudioscassino brazino777WhatsApp.

Mas as iniciativas são "limitadas" e falta apoio do governo, segundo Eliel. "Há uma ausênciacassino brazino777comunicação adequada do governo à população indígena", critica. Para Indianara, a enfermeira indígenacassino brazino777Dourados, "é preciso haver um 'choque'cassino brazino777educaçãocassino brazino777saúde para combater as fake news".

"Tem que fazer, tentar sensibilizar, uma hora alguém vai ouvir", diz ela. "Com esse governo e infelizmente com a igrejas, a gente tem que se desdobrar. Se não tivesse o negacionismo do governo e a frente radical das igrejas pentecostais, estaríamoscassino brazino777uma melhor situaçãocassino brazino777vacinação."

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Para checar informações sobre a covid-19 no WhatsApp, o aplicativo oferece um serviço automatizado que podem ser acessado pelos números +1 727 291-2606, +55 21 98217-2344, +55 21 99193-3751, +55 21 99956-5882 e +55 11 97683-7490.

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