Vacinas contra covid-19: os inesperados ‘efeitos colaterais’ positivos dos imunizantes na pandemia:sports bet io br

Dadossports bet io brIsrael — onde a vacinação está mais avançada —sugerem resultados além do esperado, com uma queda dramática nos casos, nas hospitalizações e nas mortes por covid-19. Também há indíciossports bet io brque as vacinas ajudam a combater sintomas leves, mas que mesmo assim necessitavamsports bet io brvisita dos pacientes a hospitais.

Mesma estratégia, vários desdobramentos

Para entender como os cientistas chegaram a essas conclusões, é preciso voltar para o dia 9sports bet io brabrilsports bet io br2020, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento que definiria as regras do jogo.

Nas diretrizes, a entidade estabeleceu os requisitos mínimos para que uma vacina contra o "novo" coronavírus fosse aprovada.

Entre uma sériesports bet io brcritérios técnicos e especificidades, uma regra se destacou como a mais importante: um imunizante contra a covid-19 deveria apresentar uma taxasports bet io breficácia mínimasports bet io br50% contra um desses três desfechos: a infecçãosports bet io brsi, a doença sintomática ou as formas graves da enfermidade.

Uma definição dessas não é exatamente uma novidade: há vacinas usadas contra outras doenças infecciosas que são ótimas para impedir que o vírus invada o organismosports bet io brum indivíduo e comece a se replicar ali dentro, causando uma sériesports bet io brtranstornos.

É o que ocorre, por exemplo, nas doses que resguardam contra o sarampo e a febre amarela. Quem as toma fica bem protegido dos vírus causadores dessas moléstias.

Já outros produtos, porsports bet io brvez, não são capazessports bet io brbarrar a infecçãosports bet io brsi, mas impedem que ela evolua e afete demais o organismo, o que exigiria internação e toda uma atenção médica especializada.

O imunizante contra a gripe se encaixa perfeitamente nesta categoria: quem recebe a dose no início do outono permanece com um risco considerávelsports bet io brpegar o vírus pelos próximos meses. Mas, se isso realmente acontecer, os sintomas da doença serão bem mais leves e não exigirão longas estadiassports bet io brenfermarias e unidadessports bet io brterapia intensiva.

Isso é bom para o indivíduo, que não sentesports bet io brsaúde prejudicada, e para o sistemasports bet io brsaúde como um todo, que não entrasports bet io brcolapso com a chegadasports bet io brvários pacientes ao mesmo tempo, principalmente no inverno, quando a circulação dos vírus que afetam o sistema respiratório cresce bastante.

O que foi feito na covid-19?

A pandemia, claro, trouxe alguns desafios extras à corrida científica: a humanidade precisavasports bet io bruma solução com rapidez, afinal não era factível esperar anos para o desenvolvimentosports bet io bruma vacina.

Foi para acelerar o processo que todas as farmacêuticas e os centrossports bet io brpesquisa desenharam os testes clínicossports bet io brseus candidatos a imunizantes para saber se eles seriam eficazes contra a doença com sintomas, o segundo desfecho estabelecido pela OMS.

Na atual conjuntura, não seria factível medir se os imunizantes preveniriam a infecção (o primeiro desfecho) por dois motivos principais.

Primeiro, porque uma parcela considerável dos infectados com o coronavírus não apresenta sintoma nenhum. E, segundo, uma estratégia dessas exigiria um aparato e um investimento financeiro absolutamente gigantescos.

"Cada estudo envolveu dezenassports bet io brmilharessports bet io brvoluntários e, para saber se cada um desses participantes não pegou o vírus, seria necessário fazer testessports bet io brdiagnósticosports bet io brtodos por várias semanas seguidas. Já imaginou o custo disso?", questiona a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questãosports bet io brCiência.

A outra opção seria avaliar o poderio dos imunizantes contra os quadros mais graves, que exigem hospitalização e apresentam maior riscosports bet io brmorte.

A dificuldade estaria no temposports bet io brobservação necessário: nos EUA, estima-se que, a cada 200 pessoas infectadas pelo coronavírus, uma morre.

Os pesquisadores então levariam vários meses para atingir um número mínimosports bet io bróbitos suficiente para realizar os cálculos estatísticos que determinam a taxasports bet io breficácia — e, como vimos mais acima, o prazo para criar uma solução nesta área nunca foi tão apertado.

Diante das limitações, todos os competidores acabaram seguindo pelo caminho do meio: os testes clínicossports bet io brfase 3 foram pensados para estabelecer o quanto as candidatas a vacinas protegem contra a covid-19 sintomática, como explicamos nos parágrafos anteriores.

Foi assim que muitas candidatas evoluíram nos ensaios clínicos, foram aprovadas ou são atualmente analisadas pelas agências regulatórias.

Abaixo, você confere um comparativo das características dos sete imunizantes que são (ou eventualmente serão) utilizados no Brasil,sports bet io bracordo com as últimas informações:

Pontosports bet io brinflexão

E aqui aparece uma controvérsia importante nessa história: como se define um sintomasports bet io brcovid-19?

Cada farmacêutica e cada centrosports bet io brpesquisa estabeleceu critérios próprios para enquadrar o que seria um quadro suspeitosports bet io brinfecção pelo coronavírus.

"Nos testes da CoronaVac, da Sinovac e do Instituto Butantan, por exemplo, os voluntários eram orientados a avisar qualquer incômodo que sentiam, por mais leve que fosse", descreve Pasternak.

Esses participantes passavam então pelo testesports bet io brRT-PCR, aquele feito com o swab no nariz e na boca que avalia a presença do vírus no organismo, para saber se estavam com a doença ou não.

"Já a farmacêutica Moderna estabeleceu que, para realizar um exame desses, o indivíduo deveria ter no mínimo dois sintomas ou um sinal bem clarosports bet io brcovid-19, como faltasports bet io brar", completa a especialista.

Essa diferença, claro, teve impacto nos resultados das análises preliminares. Não é exagero especular que um número considerávelsports bet io brparticipantes que recebeu a vacina da Moderna até tenha desenvolvido quadros leves e moderados da enfermidade. Porém, como eles não foram submetidos aos métodossports bet io brdiagnóstico, não ficaram sabendo que estavam com a infecção.

Esse é um dos motivos que fazem os cientistas não focarem tanto as suas análises nas taxassports bet io breficácia: no mundo real, pode ser que os 50,4% da CoronaVac se tornem um pouquinho maior, enquanto os 94% da Moderna acabem ligeiramente reduzidos — e não há problema nenhum nisso.

"Precisamos entender que a vacina não é como um remédio,sports bet io brque a gente trata a pessoa. Vacina é algo que protege a coletividade, a comunidade. Elas não podem ser analisadas do pontosports bet io brvista individual, mas, sim, como protegem toda uma população", explica a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin, uma organização internacional sem fins lucrativos que fomenta a imunização no mundo todo.

Observações paralelas

Para comprovar segurança e eficácia, toda nova vacina passa por um verdadeiro rito científico, que envolve uma sériesports bet io bretapas.

"Tudo começa com experimentossports bet io brculturassports bet io brcélulas animais, onde observamos se aquela molécula tem potencial para funcionarsports bet io brhumanos", ensina o médico Jorge Kalil, professor titularsports bet io brimunologia clínica da Faculdadesports bet io brMedicina da Universidadesports bet io brSão Paulo.

Se os resultados forem bons, o produto passa para os testessports bet io brseres humanos, que são divididossports bet io brtrês fases.

"Iniciamos com um número limitadosports bet io brvoluntários na fase um e, conforme o conhecimento avança, evoluímos para dezenassports bet io brmilharessports bet io brparticipantes na fase três", resume Kalil, que também é diretor do Laboratóriosports bet io brImunologia do Instituto do Coração (InCor),sports bet io brSão Paulo.

Os imunizantes contra a covid-19 passaram (e continuam a passar) por toda essa maratona.

A taxasports bet io breficácia sobre a covid-19 sintomática foi estabelecida justamente nessa fase três dos testes clínicos.

Mas isso não foi a única coisa que os cientistas medem: eles aproveitam toda a estrutura para fazer estudos e medições "paralelas", que são conhecidos como desfechos secundários.

Eles não são o objetivo principal daquele trabalho, mas são conhecimentos que também ajudam a entender o poderio daquele candidato a imunizante.

"Alémsports bet io brsabermos que a CoronaVac teve uma taxasports bet io breficácia globalsports bet io br50% contra a doença sintomática, a pesquisa mostrou uma proteçãosports bet io br78% contra sintomas leves com necessidadesports bet io brbuscar assistência médica. Esse foi um desfecho secundário observado", exemplifica Kalil.

Portanto, por mais que os estudos clínicos tenham sido desenhados para avaliar a capacidade das vacinas evitarem quadros sintomáticossports bet io brcovid-19, muitos dos testes já indicavam que os benefícios poderiam ser mais promissores.

E esses indícios estão sendo confirmados agora, com os primeiros resultadossports bet io brvida real das campanhassports bet io brimunização contra o coronavírus.

O exemplo israelense

Com cercasports bet io br8,8 milhõessports bet io brhabitantes, Israel foi o primeiro país do mundo a iniciar e expandir rapidamente uma campanhasports bet io brvacinação contra a covid-19.

"O país se tornou um estudosports bet io brcaso perfeito, pois está usando a mesma vacina [da Pfizer/BioNTech]sports bet io brtoda a população e aplicando as doses num ritmo muito rápido", observa Pasternak.

Dados divulgados na última semana pelo Ministério da Saúdesports bet io brIsrael e pelas farmacêuticas responsáveis pelo imunizante revelam resultados além do esperado, com uma queda dramática nos casos, nas hospitalizações e nas mortes por covid-19.

"As últimas análises revelam que indivíduos não vacinados têm 44 vezes mais riscosports bet io brdesenvolver infecção sintomática e 28 vezes mais probabilidadesports bet io brmorrer pela doença", afirmam as entidades,sports bet io brcomunicado divulgado à imprensa.

Repare: os testessports bet io brfase três do imunizantesports bet io brPfizer e BioNTech foram construídos para observar e medir a eficácia contra a covid-19 sintomática. Mas, na experiência da vida real, tudo indica que as doses sejam também capazessports bet io brevitar a infecção (o primeiro quesito citado pela OMS) e os quadros muito graves (o terceiro quesito).

Alémsports bet io brPfizer/BioNTech, os imunizantessports bet io brModerna e AstraZeneca/Universidadesports bet io brOxford já mostram efeitos parecidos nos lugares onde são aplicadossports bet io brlarga escala.

"Isso significa que as vacinas podem ter um impacto na transmissão viral e, quanto mais gente protegida, mais difícil o vírus encontrar alguém vulnerável", raciocina Garrett.

Pé no acelerador

Há um ingrediente extra que demanda ainda mais rapidez nas campanhassports bet io brimunização: a descobertasports bet io brnovas variantes do coronavírus.

Já se sabe que essas versões do agente infeccioso se espalham com maior facilidade e podem até atingir pessoas que tiveram a doença nos meses anteriores.

Outro medo é que essas mutações no código genético viral tornem as vacinas menos eficazes ou até as deixem totalmente desatualizadas.

É justamente por isso que a vacinação deve ser acelerada. "As variantes são preocupantes, mas os imunizantes que temos no momento dão conta dos tipos que foram descritos até agora. Por isso, não podemos dar margem e tempo para que outras versões apareçam e escapemsports bet io brvez da solução que possuímos", alerta Pasternak.

A microbiologista destaca que, alémsports bet io brbotar o pé no acelerador da vacinação, é preciso investir maissports bet io brsequenciamento genético e vigilância genômica para identificar essas novas ameaças emsports bet io brorigem, antes que elas se espalhem para outros cantos.

Por ora, a campanhasports bet io brproteção contra a covid-19 feita no Brasil ainda está aquém do desejado. "Nós podemos aumentar o ritmo se tivermos as doses necessárias. Nosso país é capazsports bet io brvacinar 80 milhõessports bet io brpessoas contra a gripe todos os anos", destaca Kalil.

Segundo o site Our World In Data, o Brasil administrou até o momento 11,9 milhõessports bet io brvacinas contra a covid-19. Pelo menos 5,6% da população recebeu uma dose desde janeiro, quando as primeiras candidatas começaram a ser aprovadas e usadas no público-alvo.

De acordo com informações oficiais, o Brasil já garantiu para 2021 cercasports bet io br520 milhõessports bet io brdoses, divididassports bet io brseis fornecedoras diferentes:

Além da negociação direta com as farmacêuticas, o país também vai receber 42,5 milhõessports bet io brdoses pela Covax Facility, um mecanismo criado pela OMS e outras instituições para a distribuiçãosports bet io brimunizantes aos países menos desenvolvidos.

Ainda há a promessa e tratativas para comprasports bet io broutras 13 milhõessports bet io brdoses do laboratório Moderna.

Se todos os prazos forem cumpridos, o Brasil teria maissports bet io br575 milhõessports bet io brdoses até o final do ano.

Apesarsports bet io brparecer um número suficiente para proteger todos os brasileiros, os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que as tratativas estão muito atrasadas: poderíamos ter garantido lotes muito antes, durante o segundo semestresports bet io br2020.

A própria Pfizer divulgou que ofereceu uma reservasports bet io br70 milhõessports bet io brdosessports bet io bragosto e setembro do ano passado, mas não recebeu nenhuma resposta do Governo Federal.

Com isso, as primeiras remessassports bet io brvacinas foram enviadas a outros países. O Brasil só fechou a compra esta semana, como foi anunciado pelo agora ex-ministro da saúde, o general Eduardo Pazuello.

Os grupos prioritários descritos no último planosports bet io broperacionalização das vacinas contra a covid-19 do Ministério da Saúde incluem idosos, profissionais da linha frente no combate à pandemia, indivíduos com comorbidades e uma sériesports bet io brprofissionais, como professores e forçassports bet io brsegurança.

No total, todas essas categorias somam maissports bet io br77 milhõessports bet io brpessoas.

A última meta estabelecida pelo governo federal era vacinar 50% da população brasileira (ou 105 milhõessports bet io brindivíduos) até junho deste ano.

Porém, na velocidade atual, esse objetivo não será cumprido a tempo:sports bet io bracordo com a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), se o ritmosports bet io brvacinação for mantido, o Brasil demorará maissports bet io brdois anos e meio para imunizar toda a população com maissports bet io br18 anos.

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