Por que o Congresso quer demissãoapp bwinErnesto Araújo?:app bwin

A responsabilidade pela faltaapp bwinvacinas também pesa sobre Ernesto Araújo, segundo análise do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Foi isso o que o parlamentar ouviu sistematicamenteapp bwinembaixadores estrangeiros eapp bwinempresários brasileiros nas últimas semanas.

A mesma insatisfação chegava ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que aceitou enviar uma carta direta à vice-presidente americana Kamala Harris, sem intermediação do Itamaraty, para apelar por vacinas. Na avaliaçãoapp bwinum senador que conversou tanto com Pacheco quanto com Lira nos últimos dias, "está claro que Ernesto Araújo viveapp bwinfazer tweets e nada mais".

"Obviamente que as críticas estão externadasapp bwinrelação à política externa do Brasil e cabe ao presidente decidir quem é o melhor nome ora ser o chanceler do Brasil, se é o ministro atual ou se é outro ministro. Nós tivemos muitos erros no enfrentamento dessa pandemia e um deles foi o não estabelecimentoapp bwinuma relação diplomáticaapp bwinprodutividade com diversos países que poderiam ser colaboradores nesse momento agudoapp bwincrise que temos no Brasil. Então ainda estáapp bwintempoapp bwinmudar para poder salvar vida", afirmou Pacheco, na tarde desta quinta-feira.

Em 2 anos e 4 meses à frente do Itamaraty, Araújo esteve à frenteapp bwinuma guinada ideológica na política internacional do Brasil e feriu simultaneamente o relacionamento do país com Estados Unidos, China e Índia, três nações com produção própriaapp bwinimunizantes que poderiam ajudar imediatamente a aumentar o estoque do país.

Em relação aos EUA, o Brasil deixouapp bwinladoapp bwintradicional neutralidade e apoiou abertamente um candidato, o derrotado Donald Trump, e falhouapp bwinreconhecer a vitória do atual presidente Joe Biden eapp bwincondenar o ataqueapp bwintrumpistas ao capitólio.

No caso da China, Araújo fez ataques sistemáticos ao país e a seu embaixador no Brasil via Twitter. Eapp bwinrelação à Índia, o Brasil optou por quebrar outra tradição diplomática ao se alinhar a países ricos quando os indianos sugeriram quebrar patentesapp bwintratamentos contra a covid-19 na Organização Mundial do Comércio.

Chamado a se explicar tanto na Câmara quanto no Senado na quarta-feira, 24/3, Araújo respondeuapp bwintom considerado arrogante e impróprio até por congressistas aliados do governo. Ele defendeuapp bwingestão, disse que selou o acordo Mercosul-União Europeia,app bwinnegociação havia 20 anos, mas que ainda não foi colocadoapp bwinprática pelas resistências europeias à atual gestão ambiental brasileira.

Mencionou conversas recentes com quadros da gestão Biden como provaapp bwinque está revertendo o mal-estar com os americanos. Defendeu a aproximação com Israel, país que visitou recentemente, mas foi lembrado por parlamentares que não trouxe vacinasapp bwinlá. E argumentou que seu trabalho estava "mudando" o Brasil ao realinhar o país aos conceitosapp bwinconservadorismo, valores da família e espiritualidade e afastá-lo do globalismo.

Araújo acusou os parlamentaresapp bwinfazerem "perguntas retóricas" e não "questões objetivas" sobreapp bwinatuação na obtençãoapp bwinvacinas para o Brasil.

No Senado, queapp bwindezembro do ano passado já dera sinaisapp bwindesgaste ao chanceler ao não aprovar uma indicaçãoapp bwinpara posto no exterior, a reação foi dura e coordenada. A condiçãoapp bwinAraújoapp bwinnovo fusível queimado ficou evidente.

"Chama a atenção que nenhum senador ali, nem os mais governistas, o tenha defendido", analisou um embaixadorapp bwincondiçãoapp bwinanonimato.

"Faço um desafio para o senhor que acha que não atrapalha o Brasil nesse momentoapp bwinpandemia: peça exoneração por 30 dias. Vamos ver se, com esse gesto, não conseguimos mais rapidamente a vacina da Coronavac e mesmo a vacina Pfizer. Tenho certeza que com o gesto daapp bwinexoneração, estaríamos nos redimindo perante China e os Estados Unidos e teríamos muito mais facilmente as vacinas nos braços do povo brasileiro", afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

"O senhor não tem condiçõesapp bwinser ministro. Faça um favor,app bwinhomenagem aos maisapp bwin300 mil brasileiros que perderam a vida, renuncie a esse cargo, peça para sair", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

"Ministro, o senhor não tem mais condiçõesapp bwincontinuar no Ministério das Relações Exteriores. E, ao contrário do que muitos pensam, não é para criar uma crise, mas para acabar com a crise", afirmou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE)

Em meio à tensão da sessão, o assessor da Presidência para assuntos internacionais Filipe Martins, fez gestos considerados obscenos e racistas pelos senadores. Pacheco chegou a chamar a polícia legislativa para lidar com o assessor, que nega que tenha feito um gesto ofensivo e afirma que apenas ajeitava a lapela do paletó. Martins será investigado.

O episódio teria seladoapp bwindefinitivo o destinoapp bwinAraújo. Na manhã desta quinta, Ernesto teria ido a Lira para se desculpar, mas o presidente da Câmara não teria mudadoapp bwinpercepção e,app bwinconversa privada com Bolsonaro, teria dito que não haveria mais condiçõesapp bwino ministro das Relações Exteriores seguir no posto.

Cara a cara, Lira teria repetido o tom do discurso feito ainda ontem na Câmara: "estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromissoapp bwinnão errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados".

'Saída honrosa'

A demissãoapp bwinErnesto, segundo fontes, agora dependeria apenasapp bwindois acertos. O primeiro seria a busca por uma saída honrosa para o chanceler. Muito ligado ao filhoapp bwinBolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, e seguidor do escritor Olavoapp bwinCarvalho, Ernesto cumpria a funçãoapp bwinser uma ponte ideológicaapp bwinBolsonaro com parteapp bwinseu eleitorado doméstico.

"Estou dando toda a minha vida por isso, porque é nisso que eu acredito. Contarei aos meus netos que participeiapp bwinum projeto bem-sucedido, que livrou o Brasil da corrupção, do atraso e da faltaapp bwincondições", afirmou Araújoapp bwindado ponto da sessão, com a voz embargada.

Sua disposiçãoapp bwinser submetido ao que embaixadores consideraram como um papel "humilhante" e "sem precedentes na história do Itamaraty" no Congressoapp bwinnome da defesa do governo deve garantir a ele algum posto confortável dentro da carreira diplomática, a qual ele pertence.

Mas as possibilidades são escassas porque para boa parte dos altos postos diplomáticos no exterior, o nome indicado precisa ser aprovado pelo Senado. Hoje, é corrente a percepçãoapp bwinque o nomeapp bwinAraújo não seria aprovado para nada entre os senadores.

A segunda variável é o substitutoapp bwinAraújo. O Congresso faz pressão para indicar o sucessor, e assim reduzir a ascendênciaapp bwinEduardo Bolsonaro sobre os assuntos do Ministério das Relações Exteriores. O nome mais cotado é o do ex-presidente Fernando Collor.

Aliado a Lira, Collor tem se aproximadoapp bwinBolsonaro, que antes o chamavaapp bwin"grande mentiroso", e já demonstrou interesse no posto a colegasapp bwinSenado. Outro nome também cotado seria o do também senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Anastasia, no entanto, estaria reticente a abraçar a função e se ver como possível alvo do chamado "gabinete do ódio" do Planalto.

Mas Bolsonaro também gostariaapp bwinfazer um aceno àapp bwinbase eleitoral, o que poderia credenciar figurasapp bwinperfil mais conservador, oriundos do próprio Itamaraty, como o atual embaixador nos EUA, Nestor Forster, ou o embaixador na França, Luís Fernando Serra. A possibilidade é vista com má vontade por políticos do Centrão.

"Se quer continuar mandando desse jeito na política externa, que Bolsonaro coloque o filho Eduardo no postoapp bwinuma vez", disse um deles à BBC News Brasil,app bwincaráter reservado.

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