Como Copa, Olimpíada e Bolsonaro implodiram imagem do Brasil no exterior:copa gol bet

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O estudo, encomendado pelo consultor britânicocopa gol betpolíticas públicas Simon Anholt, é feito desde 2005 por uma das maiores empresascopa gol betpesquisacopa gol betopinião pública do mundo, a Ipsos Mori.
Anholt, que já atuou como conselheirocopa gol betgovernantescopa gol bet56 países, disse à BBC News Brasil que a Olimpíada e a Copa do Mundo serviramcopa gol betpublicidade negativa ao Brasil porque o mundo passou a conhecer mais sobre a pobreza, a desigualdade social, a violência e a corrupção existentes no país.
Por quase dez anos, o Brasil vivenciou "estabilidade" nacopa gol betmarca externa, ou seja, na forma como era visto pelo mundo. No entanto, justamente nos anoscopa gol betque o país sediou os dois grandes eventos esportivos internacionais, houve uma piora acentuada na percepção externacopa gol betrelação ao país, conforme os dados da pesquisa Nation Brands.
Mas como isso aconteceu?
Holofote sobre o Brasil mostrou 'demais'

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Simon Anholt explica que quando um país sedia jogoscopa gol betenvergadura internacional, o noticiário do mundo inteiro passa a fazer matérias sobre a nação-sede. Nesse bojo, entracopa gol bettudo: aspectos da história, política, segurança, economia etc. Ou seja, no caso do Brasil, as reportagens jogaram os holofotes não apenas nos aspectos positivos, como cultura e belezas naturais, mas também nos problemas econômicos e sociais.
Em 2014, ano da Copa do Mundo, o Brasil vivia o iníciocopa gol betuma prolongada crise econômica. Em 2016, ano da Olimpíada do Riocopa gol betJaneiro, a Operação Lava Jato avançava, implicando políticoscopa gol betpeso no esquemacopa gol betcorrupção da Petrobras. Enquanto isso, o Senado estava prestes a confirmar o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A ampla divulgação do Brasil durante os dois campeonatos internacionais ajudou a derrubar, segundo Anholt, uma imagem "mistificada e irreal" que grande parte do mundo tinha do país —copa gol betaberto, tolerante, alegre e voltado à música e ao futebol.
"A Copa do Mundo e a Olimpíada foram,copa gol betcerta maneira, um despertar para a realidade das ideias afetivas que as pessoas tinham do Brasil", disse à BBC News Brasil.
"Havia, pelo menos fora da América, uma ideia romântica equivocada do tipocopa gol betpaís que o Brasil é, focado no futebol, samba, cachaça."
Anholt diz que o fatocopa gol beta Copa do Mundocopa gol bet2014 e a Olimpíadacopa gol bet2016 terem sido eventos bem-sucedidos, sem intercorrências graves, não mudoucopa gol betnada o impacto negativo que os holofotes provocaram.
O Brasil gastou maiscopa gol betR$ 41 bilhões para fazer a Olimpíada do Riocopa gol betJaneiro e outros R$ 26 bilhões para a Copa do Mundo.
"As pessoas já esperam que os eventos sejam bem-sucedidos. O que surpreendeu as pessoas foram as evidências da pobreza, desigualdade, violência, corrupção. E elas meio que não estavam esperando por isso", diz Anholt, que é autorcopa gol betseis livros sobre marca e imagem internacional dos países. "O mito do Brasil era ocopa gol betque ele seria um país muito mais desenvolvido e progressista. Eu me refiro à percepção fora da América Latina."
O que mostram os dados
O Brasil figura na posição 30 do ranking Nation Brands, que mede a percepção no exteriorcopa gol bet50 países, entre os quais Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Brasil e Argentina. A Alemanha é o país mais bem avaliado, seguido pelo Reino Unido.
Para fazer a lista, são ouvidas maiscopa gol bet20 mil pessoascopa gol bettodas as faixas etárias, poder econômico e nacionalidades. Elas respondem a 50 perguntas sobre diferentes aspectoscopa gol betum país —copa gol betqualidade do governo a belezas naturais e turismo. O recorte representa 70% da população mundial e 80% da economia global.
Os resultados não são divulgados ao público — são vendidos a governos e grandes empresas. Mas Anholt compartilhou com a BBC News Brasil dados relativos ao Brasil.

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Desde 2008, o país possuía uma "nota geral" estável, mas no ano da Copa do Mundo houve uma queda forte na percepção das pessoas sobre o Brasilcopa gol betquase todos os aspectos, inclusive nas categorias "população" e "turismo".
Em 2015, houve uma leve recuperação, mas a Olimpíadacopa gol bet2016 provocou uma deterioração ainda maior na imagem do Brasil no exterior, principalmente no quesito "governança", que avalia a competênciacopa gol betum governo nacional e a percepção internacional sobre o seu comprometimento com questões globais, como paz, segurança, desigualdade e meio ambiente.
Simon Anholt explica que o mesmo fenômeno ocorreu na África do Sul, que sofreu queda acentuada nacopa gol bet"marca internacional" após a Copa do Mundocopa gol bet2010. O evento, assim como a Copa e a Olimpíada realizados no Brasil, foi um "sucesso". Mas as horas e horascopa gol betreportagens sobre o país africano deterioraram acopa gol betimagem,copa gol betvezcopa gol betpromovê-lo no imaginário mundial.
"Quando tem Olimpíada e Copa do Mundo, a imprensa internacional vai a esse país e tem que preencher a gradecopa gol betnotícias entre os jogos. E o que eles fazem é mostrar o país-sede e a cidade-sede. São horas e horascopa gol betvídeos sobre o país, e as pessoas assistem", destaca Anholt, que também é professorcopa gol betCiência Política da Universidadecopa gol betEast Anglia, no Reino Unido.
"O conhecimento sobre Brasil e África do Sul era limitado e,copa gol betalguns casos, romantizado, entre o público internacional. Mas agora elas estão vendo o Brasil e a África do Sul e pensam: 'meu Deus, esses são paísescopa gol betdesenvolvimento, com pobreza, violência e corrupção'. E a imagem se deterioracopa gol betfunção disso."
Queda ainda maior com o governo Bolsonaro
Desde a última queda acentuada nacopa gol betimagem internacionalcopa gol bet2016, o Brasil iniciou uma recuperação. Mas,copa gol bet2019copa gol betdiante, após o início do governo Jair Bolsonaro, a "marca" ou imagem externa do país parece ter entradocopa gol betqueda livre, conforme os dados do Nation Brands.
"A derrocada na imagem partircopa gol bet2019 é a mais significativamente negativa já registrada pelo Nation Brands Index. Isso tem correlação com o governo Bolsonaro, reação do governo à pandemia e ao furor internacional diante das queimadas na Amazônia", explica Anholt.
O pior desempenho do Brasil é no quesito governança, que mede a percepção sobre a competência do governo — o Brasil figuracopa gol bet44º no ranking nesse tópico. O melhor desempenho écopa gol bet"cultura", que mede a apreciação do mundo à música, filme, esporte, arte e literaturacopa gol betum país. Nessa área, o Brasil aparece na décima posição no ranking.

Crédito, REUTERS/Adriano Machado
Segundo o consultorcopa gol betpolíticas públicas britânico, líderes nacionalistas como Donald Trump, Bolsonaro ou Viktor Órban, da Hungria, podem ser popularescopa gol betseus países, mas não costumam gozarcopa gol betboa imagem internacional.
"Em geral, pessoas não gostamcopa gol betlíderes com o estilo do presidente Bolsonaro. Domesticamente, pode haver um apelo, mas internacionalmente eles não costumam ser populares", diz.
"Se formos comparar com Trump, ambos os líderes usavam o mesmo 'manual' e Trump era dramaticamente impopular no exterior, embora fosse muito popular entre parte da população americana."
A BBC News Brasil encaminhou e-mail para o Itamaraty pedindo comentário sobre essas declarações e sobre o resultado do Brasil no ranking e aguarda resposta.
Efeito pandemia
A postura negacionista do governo federal brasileiro diante da gravidade da pandemia também contribuiu, segundo Anholt, para prejudicar a "marca Brasil"copa gol bet2020.
"Em geral, as pessoas não estão tão interessadas assimcopa gol betcomo outros países lidam com a pandemia, elas querem saber da pandemia no próprio país. A não ser que haja algo que chame muita atenção. E, nesse caso, novamente há o fator Bolsonaro", diz o professorcopa gol betpolítica.
"Você tem um presidente que, aparentemente copiando Trump, diz que isso não é nada, é um mito, é uma trapaça. E isso é chocante. Essas são as questões que afundaram a imagem do Brasil. Não é algo permanente, mas levará tempo para uma recuperação."
Imagem está piorando entre jovens estrangeiros
Um fenômeno que o Nation Brands Index capta é que a imagem do Brasil no exterior está se deteriorando mais rapidamente entre os jovens, principalmente por causa da posição atual do governo Bolsonarocopa gol betrelação a direitoscopa gol betminorias e proteção da Amazônia.
O discurso do presidentecopa gol betabrir a floresta para a mineração ecopa gol betminimizar desmatamento e queimadas teve um impacto forte entre o segmentocopa gol bet18 a 29 anos, diz Anholt. Essa faixa etária é a que posiciona o Brasil pior no rankingcopa gol bet"governança",copa gol bet45º entre 50 países.
"O entendimento claro é que Bolsonaro não promoveria um diálogo construtivo com a comunidade internacional sobre proteção do meio-ambiente. E, recentemente, a imprensa internacional mostrou horas e horascopa gol betimagenscopa gol betárvores na Amazônia queimando", lembra.
"Foram imagens poderosas. Principalmente entre os jovens a bandeira da luta contra mudanças climáticas é cada vez mais forte."
Qual o impactocopa gol better uma imagem externa ruim?
Segundo Simon Anholt, a imagemcopa gol betum país no exterior tem impacto profundocopa gol betdiferentes aspectos —copa gol betturismo e atraçãocopa gol betinvestimentos externos, ao podercopa gol betinfluenciar decisões políticas no cenário internacional.
"A imagemcopa gol betum país afeta até mesmo a capacidadecopa gol betfechar acordos. O Reino Unido ou a União Europeia pode, por exemplo, não se empenharcopa gol betfechar um acordo comercial com o Brasil porque os jovens eleitores desaprovam a conduta do governo brasileirocopa gol betrelação à Amazônia", exemplifica.

Crédito, REUTERS/RICARDO MORAES
É o que está ocorrendo com o amplo acordo comercial negociado entre o Mercosul e a União Europeia. Em vários países europeus, a aprovação da proposta nos parlamentos sofre resistência por causa da imagem negativa da política ambiental do governo brasileiro.
Mas Anholt enxerga o "despertar" do mundo para a realidade do Brasil, iniciado na Copa do Mundocopa gol bet2014 e na Olimpíadacopa gol bet2016, como "positivo a longo prazo".
"De certa forma, ainda que seja prejudicial à imagem, é bom que as pessoas comecem a enxergar o Brasilcopa gol betmaneira mais complexa e adulta", diz.
"Os EUA sempre apresentaram essa imagem do Brasil como sendocopa gol betfesta constante. E tudo bem para algumas coisas, mas isso não é bom se você é a Embraer e se você tem ambiçãocopa gol betser uma economia séria no cenário mundial."
Além disso, diz Anholt, a pressão internacional pode favorecer a que o Brasil "corrija rumos"copa gol betquestõescopa gol betimportância global, como proteção ambiental.
"O Brasil agora está sendo observado e julgado. E no momento está sendo julgado severamente no governo Bolsonaro", avalia.
"Acho que a festa acabou no que diz respeito à imagem do Brasil no exterior. Embora isso seja triste e crie pressões econômicas, no longo prazo será uma coisa boa. Já é horacopa gol beto mundo reconhecer o Brasil como algo mais que apenas Carnavalcopa gol betrua."

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