Covid longa: brasileiros investigam alterações cardíacasreclamações betboocrianças e adolescentes:reclamações betboo

Profissionais da saúde olham para bebê internadoreclamações betbooleito pediátrico

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, As repercussõesreclamações betboolongo prazo da Covid-19reclamações betboocrianças e adolescentes ainda são um mistério

Ao passar por uma avaliação médica, a menina também recebeu o diagnósticoreclamações betbooCovid-19 e precisou ser internada no Hospital Pequeno Príncipe,reclamações betbooCuritiba, no dia 29reclamações betboonovembro.

Para Joana, aquele período ficou marcado por um mistoreclamações betboosentimentos.

"Por um lado, tinha toda a preocupaçãoreclamações betbooela estar numa UTI [Unidadereclamações betbooTerapia Intensiva] e ficarmos isoladas, sem poder sair para nada", descreve.

"Por outro, sentia um alívioreclamações betboover que minha filha podia estar ainda pior, com a necessidadereclamações betboointubação, por exemplo."

Enquanto os incômodos respiratóriosreclamações betbooRafaela começaram a melhorar (e ela até recebeu alta após 10 diasreclamações betboointernação), um outro aspecto começou a chamar a atenção dos especialistas que acompanhavam o caso: os examesreclamações betboosangue da recém-nascida indicaram alterações importantesreclamações betbooenzimas relacionadas à saúde cardiovascular.

Era o casoreclamações betbooníveis anormais das substâncias D-dímero e troponina, que sinalizam o risco do aparecimentoreclamações betboocoágulos nos vasos sanguíneos ereclamações betboolesões no coração.

No dia 16reclamações betboodezembro, mesmo já liberada do hospital, mais um susto: uma nova levareclamações betbooexames revelou que a menina tinha miocardite, uma inflamação no coração.

"Desde então, minha filha vem sendo acompanhada por uma equipereclamações betboocardiologistas e infectologistas e recebendo remédios", relata Joana.

"Agora ela está bem, com um bom nívelreclamações betboooxigenação e segue bastante ativa, mas os médicos não sabem se essa condição poderá ser revertida no longo prazo. É tudo muito novo até para eles", completa.

Embora a históriareclamações betbooRafaela pareça única, ela está mais para regra do que exceção, ao menos na realidade do Pequeno Príncipe, o maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil.

Segundo os dados da própria instituição, metade das crianças e dos adolescentes com Covid-19 internados neste local apresentaram alterações cardiovasculares.

O volume tão grandereclamações betboocasos chamou a atenção dos especialistas e motivou a criaçãoreclamações betbooum ambulatório específico para acompanhar esses pacientes e ver como eles evoluirão com o passar dos meses (ou dos anos).

Uma demanda inesperada

A cardiologista pediátrica Lânia Romanzin Xavier, chefe do Serviçoreclamações betbooEletrofisiologia Cardíaca do Hospital Pequeno Príncipe, se lembrareclamações betbooter lido um artigo científico no primeiro semestrereclamações betboo2020 que descrevia o casoreclamações betboouma criança que teve morte súbita por complicações cardiovasculares no pós-covid.

"Me chamou a atenção o fatoreclamações betbooque essa alteração cardíaca aconteceu não na fase aguda da infecção, naqueles primeiros 14 dias após o diagnóstico, mas três meses depois", detalha.

"Diante dessa informação, fiquei preocupada com a possibilidadereclamações betbooo coronavírus atingir o coração. Mas estávamos no início da pandemia e sabíamos pouco sobre a Covid-19 e suas repercussões", conta.

Fachada do Hospital Pequeno Príncipe

Crédito, Camila Hampf - Hospital Pequeno Príncipe

Legenda da foto, Localizadoreclamações betbooCuritiba, o Hospital Pequeno Príncipe recebeu muitos dos casosreclamações betbooCovid-19 mais graves que acometeram menoresreclamações betboo18 anos na região

Xavier, que faz pesquisas sobre arritmia cardíaca, uma condição marcada pelo descompasso nas batidas do coração, decidiu então propor que o hospital criasse um sistemareclamações betbooacompanhamento dos pacientes pediátricos internados com a doença infecciosa.

"Dentro do nosso protocolo, a partir do momentoreclamações betbooque a criança tem um resultado positivoreclamações betbooCovid-19, ela passa por uma triagem cardiológica, independentemente se os sintomas dela são leves, moderados ou graves", diz.

Além dos examesreclamações betboosangue que mensuram a presençareclamações betbooenzimas específicas, como a D-dímero e a troponina citadas anteriormente, todos passam por um eletrocardiograma, que avalia a atividade elétrica do coração e se os batimentos estão dentro dos conformes.

"Para nossa surpresa, alguns pacientes não apresentam nenhum sinal preocupante nos primeiros 14 dias após o diagnóstico. Algumas semanas depois, porém, observamos as alterações cardiovasculares", destaca a cardiologista.

"Esses dados inéditos nos ensinam que a Covid-19 não acaba após o quadro agudo, quando o indivíduo melhora dos sintomas e recebe alta, mas precisa ser monitorado ao longoreclamações betboomais tempo", reforça.

Entre marçoreclamações betboo2020 e julhoreclamações betboo2021, um totalreclamações betboo258 pacientes, com idades que variam entre 15 dias e 18 anos, foram internados no Hospital Pequeno Príncipe.

"Desse grupo, pouco maisreclamações betboo50% deles apresentaram alguma alteração cardíaca", calcula Xavier.

Atualmente, esse ambulatório acompanha 70 pacientes pediátricos. Desses, pouco maisreclamações betboo30 apresentam repercussões cardíacas associadas à Covid-19.

Vale dizer que alguns casos são mais leves e logo se resolvem. Outros, porém, exigem exames mais aprofundados e até a prescriçãoreclamações betbooremédios, como foi o casoreclamações betbooRafaela.

A cardiologista ainda defende que os exames feitos no protocolo inicial são simples, acessíveis ereclamações betboobaixo custo.

"Com poucos recursos, nós conseguimos identificar problemas que ficariam escondidos e levariam a complicações sérias mais pra frente", diz.

"Ao realizarmos o diagnóstico precoce, podemos fazer o acompanhamento e, se necessário, até iniciar um tratamento, o que nos garantirá um prognóstico melhor no futuro", completa.

Possíveis explicações

Mas o que a Covid-19 tem a ver com problemas no coração? É possível estabelecer um vínculo entre uma coisa e outra?

Xavier entende que vários fatores podem contribuir para o surgimentoreclamações betbooalterações cardiovasculares, mas destaca a inflamação como um dos principais suspeitos.

"A própria presença do coronavírus gera um processo inflamatório que pode afetar o músculo cardíaco. E isso também comprometeria a circulação sanguínea e favoreceria o aparecimentoreclamações betboopequenos coágulos", explica a cardiologista.

O infectologista pediátrico Victor Horácio, que também trabalha no Hospital Pequeno Príncipe, concorda e aponta que a inflamação acontece por uma resposta do próprio sistema imunológico que, na tentativareclamações betboocombater o vírus, acaba prejudicando o próprio corpo.

"A inflamação pode deixar sequelas e complicações no pós-covid, o que sinaliza a necessidadereclamações betbooacompanhar os pacientes por mais tempo", conta.

Xavier afirma que os dados ainda não foram publicadosreclamações betboonenhuma revista científica, mas um colega que integra o ambulatório vai usar as informações numa tesereclamações betboodoutorado que ficará pronta ao longo dos próximos meses.

A experiência, portanto, ainda carecereclamações betboouma investigação mais aprofundada para entender todos os detalhes e as possíveis explicações por trás dessa observação inicial.

É preciso terreclamações betboomente também que o Pequeno Príncipe é o maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil — portanto, por ser um serviçoreclamações betbooreferência, acaba absorvendo os casos mais graves e que fogem do usual.

Eletrocardiograma

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O eletrocardiograma é um exame que mede a atividade elétrica do coração. Os resultados vêm na formareclamações betboocurvas, como na imagem, e são interpretados pelos médicos

Um fenômeno pouco observado até o momento

A BBC News Brasil entroureclamações betboocontato com outros serviços pediátricosreclamações betbooreferência no Brasil, mas nenhum deles observou até o momento essa mesma frequênciareclamações betbooalterações cardíacasreclamações betbooseus pacientes com Covid-19.

O infectologista e pediatra André Cotia, do Sabará Hospital Infantil,reclamações betbooSão Paulo, destaca que os sintomas mais vistos nas crianças após a infecção são "fadiga, tosse persistente, cansaço, dor muscular, transtornosreclamações betbooansiedade e dificuldades no aprendizado".

"Ainda temos poucos estudos sobre o pós-covidreclamações betboocrianças, até porque os quadros graves são bem menos frequentes nessa faixa etária. De modo geral, fala-se que 16% a 30% dos acometidos podem desenvolver incômodos mais persistentes", calcula.

Já o médico Marcelo Otsuka, que é responsável pelo Serviçoreclamações betbooInfectologia do Hospital Infantil Darcy Vargas, na capital paulista, cita uma outra complicação gravíssima da covid-19reclamações betboocrianças que já está documentada: a síndrome inflamatória multissistêmica.

"Felizmente esse quadro é bastante raro, mas está relacionado ao acometimentoreclamações betboodiversos órgãos do corpo, inclusive o coração", descreve.

"Os primeiros sintomas costumam ser dor abdominal, vômito, diarreia, febre e lesões na pele", lista o especialista, que também é diretor da Sociedade Brasileirareclamações betbooInfectologia.

A boa notícia é que, se identificada a tempo, essa síndrome pode ser tratada e revertida.

E no exterior?

Ainda na seara das complicações depois da Covid-19reclamações betboomenoresreclamações betboo18 anos, a pediatra Maria Fernanda Badue, do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicasreclamações betbooSão Paulo, destaca três pesquisas internacionais que exploraram o assunto.

A primeira delas, feita no Hospital Great Ormond Street,reclamações betbooLondres, no Reino Unido, avaliou 46 pacientes pediátricos durante seis meses após o diagnóstico da infecção.

Embora tenham sido observadas algumas alterações pontuais no grupo, a maioria das sequelas estava resolvida dentro do semestrereclamações betbooacompanhamento — inclusive, todos passaram por um ecocardiograma (examereclamações betbooimagem do coração) e não foram observadas alterações dignasreclamações betboonota.

O segundo trabalho, da Universidadereclamações betbooZurique, na Suíça, estudou 109 crianças por três meses após a Covid-19.

Os pais delas precisaram responder alguns questionários e relataram queixas como cansaço, dificuldadereclamações betbooconcentração e aumento da necessidadereclamações betboodormirreclamações betbooseus filhos.

Mas é preciso dizer que uma minoria dos participantes apresentou esses incômodos.

Por fim, o terceiro artigo vem da Universidade Columbia, dos Estados Unidos, e se debruçou justamente sobre a síndrome inflamatória multissistêmica, que acometeu 45 pacientes com menosreclamações betboo21 anos no pós-covid, que acabaram incluídos no estudo.

De acordo com os dados, 44% tiveram alterações moderadas e graves no ecocardiograma (aquele exame do coração).

A boa notícia é que a maioria absoluta melhorou consideravelmente com o passar das semanas e, após nove meses, apenas uma criança continuava a apresentar problema persistente no músculo cardíaco.

"Pelas evidências científicas que temos até o momento, mesmo nos quadros mais graves do pós-covid, as alterações parecem se resolver e as crianças costumam se recuperar", resume Badue.

"E isso vaireclamações betbooencontro ao que vemos na prática clínica e no dia a dia do hospital e do consultório. As crianças são menos atingidas pela Covid-19 e, mesmo nos casos severos e com complicações, existem formasreclamações betbootratamento", completa.

Profissional da saúde interage com duas crianças

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, É provável que pediatras tenham que ficar atentos aos possíveis efeitosreclamações betboolongo prazo da Covidreclamações betboocrianças

O que tirarreclamações betboolição?

Para o pediatra e infectologista Marcio Nehab, do Instituto Nacionalreclamações betbooSaúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FioCruz), os trabalhos científicos sobre a Covid longa na faixa etária mais jovem ainda estão bem longe da qualidade ideal.

"As pesquisas que temos atualmente se baseiam muitas vezes nos relatos dos pais ou dos próprios pacientes, que nem sempre é o método mais confiável", interpreta.

"E essa dificuldadereclamações betbooproduzir pesquisas melhores está diretamente relacionada ao fatoreclamações betbootermos poucas crianças com sequelas e complicações, já que a Covid-19 é mais branda e benigna nessa faixa etária", diz.

A observação feita no Hospital Pequeno Príncipe, então, pode servirreclamações betbooalerta e motivar uma investigação mais aprofundada — será que o mesmo não pode estar acontecendoreclamações betboooutras instituições e isso ainda não foi descoberto ou estamos diantereclamações betbooum fenômeno pontual e específico?

Do pontoreclamações betboovista dos pais e cuidadores, não há motivos para pânico: as crianças que tiveram Covid-19 devem continuar as avaliações periódicas com o pediatra, como, aliás, já acontecereclamações betboorotina muito antesreclamações betbooa pandemia virar realidade.

Nessas consultas, é possível perguntar sobre a necessidadereclamações betbooexames complementares ou uma avaliação mais personalizada.

Enquanto a medicina avança e aprende com cada experiência, a cardiologista Lânia Xavier sente alegriareclamações betboocontribuir e alertar para problemas que potencialmente só seriam conhecidos no futuro.

"O prazerreclamações betbooser médica estáreclamações betbooajudar e detectar as coisas da forma mais precoce possível, com o objetivoreclamações betboopreservar ou garantir a saúdereclamações betboonossos pacientes", diz.

Passado o susto, Joana também diz estar felizreclamações betboocontribuir e ver que o caso da pequena Rafaela pode servirreclamações betbooalerta para que outras crianças com Covid-19 também sejam avaliadas com mais cuidado.

"Não desejo que ninguém passe pela mesma situação que vivemos, mas, se o que aconteceu com minha filha servir para criar protocolos e ajudar outras pessoas, já será um grande alívio", completa.

*Os nomes foram trocados para preservar a identidade da entrevistada ereclamações betboosua filha

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