Garimpeiro ilegal mostra no YouTube fugas e dribles à fiscalizaçãobetfair vascoterra yanomami:betfair vasco

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No território yanomami, onde se estima que haja até 20 mil garimpeiros, a atividade ganhou visibilidade nas últimas semanas após denúnciasbetfair vascoviolência sexual contra mulheres e meninas indígenas.
O garimpo também está associado à presençabetfair vascofacções criminosas no território e à contaminaçãobetfair vascoindígenas por mercúrio (leia mais abaixo).

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Rotina do garimpo
Os vídeos do canal "Fabio garimpo Junior" mostram garimpeiros à vontade diante das câmeras durante seus trabalhos, ainda que garimparbetfair vascoterras indígenas seja crime passívelbetfair vascoprisão.
Sem esconder o rosto, eles discursambetfair vascodefesa do garimpo e criticam a repressão à atividade, muitas vezes ecoando posições do presidente Jair Bolsonaro.
Os vídeos mostram ainda como o garimpo na terra yanomami ganhou uma escala industrial nos últimos anos.

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As gravações mostram helicópteros e aviões privados transportando os garimpeiros até as minas ilegais (não há acesso terrestre ao território).
Nos garimpos, máquinas pesadas abrem grandes clareiras na Floresta Amazônica e rios são desviados na busca por ouro e cassiterita. Alguns acampamentos parecem minicidades, com eletricidade e internet.
Segundo a Hutukara Associação Yanomami, a área desmatada por garimpeiros dentro do território indígena cresceu 46%betfair vasco2021betfair vascocomparação com o ano anterior.
A atividade, porém, implica sérios riscos para os garimpeiros. Dois vídeos mostram helicópteros a serviço do garimpobetfair vascodestroços após caírem na floresta.
Outras filmagens mostram manobras arriscadasbetfair vascobarcos com garimpeiros subindo corredeiras, helicópteros descendobetfair vascopequenas clareiras e aviões pousando sob forte chuva.
As cenas são exaltadas no canal como exemplos da coragem e perícia dos envolvidos.

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Perseguições com tiros
A rotina nos garimpos no território yanomami também abarca perseguições com tiros.
Um vídeo publicadobetfair vascojaneirobetfair vasco2020 tem como título "Piloto no garimpo do Uraricoera tenta fugir do Exército brasileiro".
As imagens mostram um piloto que navegavabetfair vascoalta velocidade enquanto era perseguido por um barco com quatro soldados no Uraricoera, principal rio do território yanomami.
Após quatro disparos, um homem na margem do rio grita: "Pegou, pegou". Ouvem-se então outros dois tiros, mas o vídeo termina sem que seja possível ver se o piloto foi realmente atingido nem qual foi o desfecho da perseguição.
Outra versão dessa cena, publicadabetfair vascofevereirobetfair vasco2022, envolveu um carro da Polícia Militarbetfair vascoRoraima que perseguiabetfair vascoalta velocidade um pequeno avião num aeroporto não identificado.
Segundos após a decolagem, ouve-se um disparo, mas a aeronave prossegue o voo, aparentemente ilesa.
Garimpeiro youtuber
O canal no YouTube que exibe os vídeos existe desde janeirobetfair vasco2018 e tem 324 inscritos. A última gravação foi publicadabetfair vasco28betfair vascoabrilbetfair vasco2022.
Em vídeobetfair vascoagostobetfair vasco2021, o dono do canal se apresenta como Fábio Júnior Rodrigues Farias e se define como garimpeiro, mas diz ter a ambiçãobetfair vascoviver como youtuber.
"Se um dia futuramente der, vou viver disso, mostrando a realidade do garimpo, mostrando a dificuldade que os garimpeiros passam", ele afirma no vídeo.

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Faria aparecebetfair vascovários vídeos num dos maiores garimpos no território yanomami, conhecido como garimpo do capixaba. O local foi alvobetfair vascosucessivas operações nas últimas décadas - a última delas,betfair vascomarçobetfair vasco2021, quando o Exército destruiu uma pistabetfair vascopouso usada por garimpeiros.
Mas as operações não foram capazesbetfair vascoparalisar os trabalhos. Os vídeos mostram que, assim que as forçasbetfair vascosegurança deixam os acampamentos, os garimpeiros saem dos esconderijos nas matas para retomar as atividades.
Ao se esconder, costumam levar consigo o ouro extraído e motores que usam para garimpar. Os equipamentos que ficam para trás costumam ser queimados pelos agentes.
Um vídeobetfair vascooutubrobetfair vasco2021 mostra uma distribuição gratuitabetfair vascocerveja a garimpeiros logo após forçasbetfair vascosegurança deixarem um acampamento, quando parte do local ainda estavabetfair vascochamas.
"Pode pegar que tá liberado", diz um homem, ele próprio com duas latas na mão. "Aqui é por conta da (Polícia) Federal", ironiza.

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Outras gravações mostram acampamentosbetfair vascogarimpeirosbetfair vascooutras áreas do território yanomami, como nos rios Catrimani e Uraricoera.
Procurado por meiobetfair vascoseu canal no YouTube, Faria não respondeu as perguntas da BBC.
Na última tentativabetfair vascocontato, na última quarta-feira (11/05), a BBC postou no canal uma mensagem questionando se Faria estava ciente das penas para o garimpo ilegalbetfair vascoterras indígenas.
No dia seguinte, porém, a mensagem tinha sido deletada.
Problema histórico
Com área equivalente àbetfair vascoPortugal, a Terra Indígena Yanomami abriga cercabetfair vasco27 mil membros dos povos yanomami e ye'kwana, que vivembetfair vasco331 aldeias.
O território ocupa porções do Amazonas ebetfair vascoRoraima e se estende por boa parte da fronteira do Brasil com a Venezuela. A região é alvobetfair vascogarimpeiros desde ao menos a décadabetfair vasco1980.
A atividade viveu um declínio com a demarcação da terra indígena,betfair vasco1992, mas voltou a crescer nos últimos anos.

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Eleitorbetfair vascoBolsonaro
No vídeobetfair vascoque se apresenta, Farias se declara eleitor do presidente Jair Bolsonaro. "Em 2022, é Bolsonaro na cabeça, vai arrebentarbetfair vasconovo", afirma.
Em outro vídeo, quando se escondia na mata durante uma operação policial, o garimpeiro critica as forçasbetfair vascosegurança e torce para que o presidente tome providências. "Espero que nosso presidente Bolsonaro veja isso", afirma.
Em várias ocasiões, Bolsonaro defendeu a aprovaçãobetfair vascoum projetobetfair vascolei - atualmentebetfair vascodebate no Congresso - que regulamentaria a mineraçãobetfair vascoterras indígenas.
O presidente também costuma criticar órgãosbetfair vascofiscalização ambiental e afirmar que garimpeiros "não são bandidos", mas sim trabalhadoresbetfair vascobuscabetfair vascomelhores condiçõesbetfair vascovida.
Discurso semelhante é ecoado pela categoria. Nos vídeos do canal, Farias e colegas dizem que os garimpeiros são perseguidos injustamente.
"Muita gente crucifica o garimpeiro, (diz) que o garimpeiro é sem vergonha, masbetfair vasconenhum momento você vê que a Bíblia condena o garimpo", diz Farias.
"Pelo contrário, Deus ama o ouro e deixou isso aqui que é pra tirar mesmo", defende.
A BBC questionou a Presidência da República sobre o conteúdo do canal e as menções dos garimpeiros a Bolsonaro, mas não houve resposta.

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Interação com indígenas
Embora os vídeos tenham sido gravados dentro do território yanomami, são raros os momentosbetfair vascoque indígenas aparecem nas gravações.
Numa dessas ocasiões, Faria e colegas se depararam com uma mulher e três crianças yanomami enquanto atravessavam um riacho numa pinguela.
"Ó os índios da tribo aí", disse o garimpeiro. "Uma fome, miséria", afirmou.
Os indígenas aguardavam a travessia dos garimpeiros, esperando porbetfair vascovez para cruzar o rio.
Bem mais comuns que os encontros são as menções a indígenas nos discursosbetfair vascoFarias.
No vídeobetfair vascoque se apresenta, o garimpeiro se refere aos indígenas como "uma raçabetfair vascogente imunda" e os acusabetfair vasco"roubar" os garimpeiros.
"É uma raçabetfair vascogente que não merece você nem dar um pratobetfair vascocomida para eles", afirma. "São bandidos".

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Um líder indígena yanomami ouvido pela BBC comentou a declaração.
"A população indígena yanomami não é bandida, não estamos colocandobetfair vascorisco a vidabetfair vasconinguém, não estamos invadindo a terrabetfair vasconinguém. Quem está invadindo são os garimpeiros", afirmou o indígena, que preferiu não ter o nome revelado por motivosbetfair vascosegurança.
Ele afirmou ainda que a existência do canal mostra que os garimpeiros "não têm medobetfair vasconinguém".

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"Eles não têm medo da PF (Polícia Federal), não têm medobetfair vascomostrar os rostos. Eles sabem que não vão responder absolutamente (por crimes), que não vão ser presos", diz o indígena.
Questionado pela BBC, o YouTube disse que "conteúdos que incentivem a violência ou ódio contra pessoas" com basebetfair vascocaracterísticas como etnia ou religião não são permitidos na plataforma, mas não comentou a exposiçãobetfair vascocenasbetfair vascogarimpo ilegal no canal.
"Quando não há violação à políticabetfair vascouso do YouTube, a análise final sobre a remoçãobetfair vascoconteúdo cabe ao Poder Judiciário, nos termos do Marco Civil da Internet", afirmou a empresa.
O YouTube disse ainda que o canal do garimpeiro está "sob análise".
Penas para o garimpo ilegal
A Constituiçãobetfair vasco1988 determina que a exploração mineralbetfair vascoterras indígenas só pode ocorrer se for regulamentada por leis específicas. Como as leis jamais foram aprovadas, a atividade é ilegal.
A exceção é quando o garimpo é realizado pelas próprias comunidades indígenas,betfair vascoescala artesanal.

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Segundo a Lei 9.605/98, extrair recursos minerais sem autorização é crime com penabetfair vascoseis meses a um anobetfair vascoprisão, alémbetfair vascomulta. Como terras indígenas pertencem à União, garimpar nessas áreas também pode ser enquadrado como crime contra o patrimônio da União (lei 8.176/91), com penabetfair vascoum a cinco anosbetfair vascoprisão e multa.
Porém, mesmo quando condenados na Justiça, garimpeiros raramente cumprem pena na cadeia.
Em audiência no Senadobetfair vascoabril, o procurador da República Alisson Marugal, que atua no combate ao garimpo no território yanomami, disse que as condenaçõesbetfair vascogarimpeiros não costumam ultrapassar 4 anosbetfair vascoprisão e são normalmente substituídas pela prestaçãobetfair vascoserviços.
Segundo Marugal, hoje o Ministério Público Federal tem como foco investigar o garimpo enquanto organização criminosa que promove lavagembetfair vascodinheiro, crimes que geram penas maiores para os líderes dos grupos.
O procurador citou denúnciasbetfair vascoque o "narcogarimpo" esteja presente no território yanomami, conforme facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) passam a se envolver com a atividade.
Para coibir os crimes na região, o procurador cobrou o fortalecimento da fiscalização, o bloqueio dos rios usados por garimpeiros e um maior controle da cadeiabetfair vascovenda e processamento do ouro.
Outro impacto do garimpo ilegal no território se dá pela contaminaçãobetfair vascoindígenas por mercúrio, usado pelos garimpeiros para aglutinar o ouro.
Em 2016, um estudo do Instituto Socioambiental (ISA)betfair vascoparceria com a Fiocruz e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que 92% dos moradoresbetfair vascouma aldeia yanomami vizinha a uma frentebetfair vascogarimpo tinham altos níveisbetfair vascomercúrio no sangue.

Acusações contra o Exército
O Exército também é alvobetfair vascoacusações constantes nos vídeos dos garimpeiros.
"O governo manda o Exército aqui para dentro, e o Exército, quando vem, vem morrendobetfair vascofome", afirmou Farias num vídeo publicadobetfair vascojunhobetfair vasco2019.
"Eles não querem tirar os garimpeiros, eles querem roubar o que o garimpeiro tem. Eles roubam celular, comida, qualquer coisa que beneficie eles", disse.
Contatado pela BBC desde a última terça-feira (10/05), o Exército não se posicionou sobre as acusações nem sobre os demais conteúdos do canal.
A corporação não tem como atribuição principal combater crimes ambientais, embora costume dar apoio logístico a operaçõesbetfair vascoterras indígenas na Amazônia.
Desde 2019, porém, vários decretosbetfair vascoGarantia da Lei e da Ordem (GLO) determinados pelo presidente Jair Bolsonaro deram às Forças Armadas o papelbetfair vascocoordenar o combate ao garimpo ilegal nesses territórios.

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A estratégia foi abandonadabetfair vascooutubrobetfair vasco2021, decisão que analistas atribuem a seus fracos resultados e aos altos custos das operações lideradas pelos militares.
Desde então, o Ministério da Justiça (MJ) passou a coordenar a ação da Polícia Federal, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais) e da Funai (Fundação Nacional do Índio) no combate ao garimpobetfair vascoterras indígenas.
Sob a coordenação do MJ, o ritmo das operações no território yanomami diminuiu.
Diretor-adjunto da Associação Nacional dos Servidores Ambientais (Ascema), o agente ambiental Wallace Lopes afirmoubetfair vasco9betfair vascomaio no Twitter que o Ibama não é convocado a atuar na Terra Indígena Yanomami desde dezembrobetfair vasco2021.
"Sem fiscalização, as atividades criminosas ganharam espaço para se desenvolver livremente, colocando sob risco não apenas os povos originários do Brasil, mas também toda a população, as futuras gerações, bem como a nossa megabiodiversidade", afirmou.
Este item inclui conteúdo extraído do Twitter. Pedimosbetfair vascoautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a políticabetfair vascousobetfair vascocookies e os termosbetfair vascoprivacidade do Twitter antesbetfair vascoconcordar. Para acessar o conteúdo cliquebetfair vasco"aceitar e continuar".
Finalbetfair vascoTwitter post
A BBC questionou o Ministério da Justiça sobre os vídeos dos garimpeiros e o crescimento da atividade na terra yanomami.
Em nota, o órgão afirmou que a Secretariabetfair vascoOperações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça está finalizando "um novo calendáriobetfair vascoações operacionais" no território.
"Tão logo esteja pronto poderá ser apresentado à mídia e à sociedade", disse o ministério.
Questionada se tinha conhecimento do canal no YouTube, a Polícia Federal disse que "não comenta eventuais investigaçõesbetfair vascoandamento".
A corporação disse ainda que realizou 31 operações policiais contra crimes ambientaisbetfair vascoterras indígenasbetfair vascoRoraimabetfair vasco2021, e que há maisbetfair vasco200 procedimentos investigativosbetfair vascoandamento, com maisbetfair vasco170 indiciados por crimes ligados ao garimpo ilegal.
A Funai dissebetfair vasconota que mantém bases para coibir crimes e controlar o acesso ao território yanomami.
"Cabe lembrar que a mineração ilegal na Terra Indígena Yanomami é um problema crônico, sendo que a atual gestão da Funai tem trabalhado firmemente para resolvê-lo, bem como outros problemas que são frutobetfair vascodécadasbetfair vascofracasso da política indigenista brasileira que, no passado, era guiada por interesses escusos, faltabetfair vascotransparência e forte presençabetfair vascoorganizações não-governamentais", afirmou a fundação.
Em entrevista à Jovem Pan Newsbetfair vasco12betfair vascoabril, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, disse que o garimpo no território yanomami "tem duas vítimas: tanto o indígena quanto o garimpeiro".
Ele defendeu a aprovaçãobetfair vascouma lei para regulamentar a atividade "para trazer transparência ao processo e, quem sabe, garantir uma soluçãobetfair vascovida mais digna para esses indígenas".

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